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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

DIREITO

Estudos Avançados em Direito Privado - A2


Cesar Leandro de Almeida Rabelo

Beatriz Souza de Brito: 817125448


Christian Muner: 81710916
Nayara Olinda: 817124805
Emanuela Soares: 52124487
Jéssica Rocha: 519210790
Luana Lelis: 817119911
Katharyna Costa: 81711043
Gabriela Lima Vieira: 818231509
Lucas Antonio Candido: 81725954
Rebeca Estancioni: 81716041
Fernanda Cardoso: 818233476
Bianca Carolina: 81614235
Debora Taiar: 819161825
Joyce Albuquerque: 8162256487
Viviane Rosendo: 201501300
Danilo Barbosa: 819154567

São Paulo - 2021


Estudo Dirigido de Direito das Coisas - Questões

1. A quem pertencem os frutos e produtos da coisa?


Frutos são aqueles bens periodicamente produzidos por outro bem, sem que isso lhe altere
a substância já os produtos não são utilidades periodicamente produzidas por
determinados bens, por esse motivo, sua retirada resulta numa diminuição de sua
substância até seu esgotamento. Ambos pertencem ao proprietário da coisa (bem
principal) que origina os frutos ou produtos.

2. O que prevê o Código Civil (CC/02) a respeito das benfeitorias realizadas pelo
possuidor de boa-fé?
O possuidor de boa-fé é aquele que enquanto possuidor, ignora o vício da posse ou
obstáculo que impede a aquisição da coisa. O artigo 1.219 do Código Civil prevê que o
possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem
como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem
detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias
necessárias e úteis.

3. Segundo o CC/02, quais são os direitos reais válidos no direito brasileiro?


São direitos reais: I - a propriedade; II - a superfície; III - as servidões; IV - o usufruto; V
- o uso; VI - a habitação; VII - o direito do promitente comprador do imóvel; VIII - o
penhor; IX - a hipoteca; X - a anticrese; XI - a concessão de uso especial para fins de
moraria; XII - a concessão de direito real de uso, nos termos do art.1125 do Código Civil.

4. Cite e explique os poderes inerentes ao direito de propriedade, previstos no art.


1.228 do CC.
Os poderes inerentes a propriedade, conforme o artigo 1.228 do Código Civil são:
a) Usar: que é o direito de utilizar a propriedade conforme entender conveniente, podendo
até excluir terceiros de igual uso. Tão poder consiste na faculdade de usar a coisa,
conforme entender melhor.
b) Dispor: é o direito que envolve a faculdade de quem dispõe da coisa de transferi-la, de
aliená-la a outrem a qualquer título. Porém isso não significa que tenha a prerrogativa de
abusar da coisa ou destruí-la gratuitamente, pois a CF/88 em seu artigo 5° XXXIII
prescreve que o uso da propriedade dever ser condicionado ao bem estar social.
c) Gozar: é o direito de usufruir ou gozar de forma a perceber os frutos naturais e as
benfeitorias feito na propriedade, além de aproveitar economicamente os seus produtos.
d) Reaver: é o poder que o dono tem sobre a coisa, podendo reivindicá-la das mãos de
quem possua ou detenha de forma injusta e irregular.

5. Quais são as características do direito de propriedade?


O direito de propriedade tem as seguintes características: é absoluto, exclusivo, perpétuo
e ilimitado. Ele é absoluto, pois o proprietário tem poder jurídico total sobre sua
propriedade, incluindo direitos e deveres. Além disso, possui o proprietário, direito de
exclusividade sob o objeto, pois uma coisa não comporta dois ou mais proprietários. É
perpetuo, pois o proprietário só deixa de ser “dono” por vontade ou disposição legal
(exemplo: venda ou penhora). Além disso é um direito ilimitado, pois o dono poderá fazer
legalmente o que quiser com o seu bem.

6. Quais as classificações da propriedade?


O artigo 1.228 do Código Civil não oferece uma definição de propriedade, limitando-se
a enunciar os poderes do proprietário:
“Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de
reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.”
Para Carlos Roberto Gonçalves, refere-se do mais completo dos direitos subjetivos, a
matriz dos direitos reais e o núcleo do direito das coisas. (GONÇALVES, p.228).
Ademais, a configuração do instinto da propriedade recebe diretamente e profundamente
influência dos regimes políticos em cujos sistemas jurídicos é concebida.
(GONÇALVES, p. 229).
Em consoante, o conceito de propriedade, embora não aberto, há de ser necessariamente
dinâmico. Deve-se reconhecer que a garantia constitucional da propriedade está
submetida a um intenso processo de relativização, sendo interpretada, fundamentalmente,
de acordo com parâmetros fixados pela legislação ordinária. Desta feita, é árdua se mostra
a tarefa de conceituar a propriedade. Esta “mais se sente do que se define”, na visão de
Mário da Silva Pereira.
A própria origem do vocabulário é obscura, entendendo alguns que vem do latim
“proprietas”, derivando de proprius, designando o que pertence a uma pessoa. Assim, a
propriedade indicaria toda relação jurídica de apropriação de um certo bem corpóreo ou
incorpóreo. Importante pontuar que o direito de propriedade recai tanto sobre coisas
corpóreas (domínio) como incorpóreas. Conforme Cunha Gonçalves: “o direito de
propriedade é aquele que uma pessoa singular ou coletiva efetivamente exerce numa coisa
determinada em regra perpetuamente, de modo normalmente absoluto, sempre exclusivo,
e que todas as outras pessoas são obrigadas a respeitar.”
Considerando-se apenas os seus elementos essenciais destacados no Art. 1.228 CC/02,
pode-se definir o direito de propriedade com o poder jurídico atribuído a uma pessoa de
usar, gozar e dispor de um bem, corpóreo ou incorpóreo, em sua plenitude e dentro dos
limites estabelecidos na lei, bem como de reivindicá-los de quem injustamente o detenha.

7. Em se tratando da extensão da propriedade, o que prevê o CC/02 quanto uso do


solo, subsolo ou espaço aéreo correspondente?
Disposto no art. 1.228, parágrafo primeiro do CC/02, O direito de propriedade deve ser
exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que
sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna,
as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como
evitada a poluição do ar e das águas.

8. A quem pertence os bens minerais encontrados sob o solo?


Conforme previsto no art.176 da Constituição Federal, os recursos minerais “constituem
propriedade distinta do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à
União”.
Entende-se que, independentemente de quem for a propriedade (que se estende apenas a
coluna de ar e solo), havendo ali recursos minerais (subsolo), estes não lhe pertencerão,
pois, seu único proprietário (monopólio) e possuidor é a União. Por isso os proprietários
de terra são comumente chamados de superficiários pelas empresas do setor da
mineração.

9. No tocante a aquisição da propriedade móvel e imóvel, diferencie os modos


originários e derivados.
No modo originário, é quando não há nenhuma vinculação com o proprietário anterior,
ou seja, não há existência de relação jurídica de transmissão, o indivíduo adquire a coisa
livre de qualquer ônus que recaia sobre a coisa. Há inúmeros entendimentos de doutrinas
que entendem o modo originário, aquisições por acessão natural, usucapião, aluvião,
avulsão, dentre outros que justifiquem tal autonomia e independência. Neste modo
também não há menção de recolhimento de impostos e exigência de retificação de área
por exemplo, pois os mesmos não seguirão na nova matrícula recorrente de tal aquisição.
Já a aquisição no modo derivados, é quando há alguma espécie de relação jurídica com o
antecessor, e ao contrário do modo originário, existe a transmissão de um indivíduo para
o outro. Nesta modalidade, a principal regra é a de que nenhum indivíduo pode transferir
mais direito do que possui “nemo plus iuris ad alium transferre potest, quam ipse haberet”.
Nesta modalidade, a transmissão pode ocorrer tanto por inter vivos assim ou também pela
mortis causa, onde o patrimônio da pessoa falecida, é transferido para seus herdeiros.
10. Explique os princípios informadores do registro de imóveis apresentados em
sala.
Os princípios são:
Legalidade: Usufrui a obrigação de averiguar a legalidade, validade e eficácia dos títulos
expostos à inscrição imobiliária, evitando aqueles casos que apresenta vícios materiais ou
formais.
Publicidade: O feito registral dispõe pretensão absoluta de quaisquer pessoas têm
instrumento de sua aparição, asseverando a oponibilidade erga omnes.
Fé Pública: Os registros e as certidões feitas pelo registrador são garantia da existência e
autenticidade dos atos praticados na serventia
Presunção: é iuris tantum, ou seja, até prova em contrário.
Prioridade: O título que primeiro ingressar no Livro Protocolo terá a prioridade e
preferência à inscrição. É um princípio que afasta a contradição entre títulos, que pode
ser resumido no seguinte brocardo: “prior in tempore, portior in iure”.
Continuidade: Necessita haver uma cadeia de atos e de titularidade de direitos,
constituindo uma coerência jurídica dos atos, tornando-se os mais vigentes assentados
nos mais antigos.
Disponibilidade: Não é capaz de passar mais bens ou direitos do que dispõe.
Territorialidade: O registrador imobiliário só é capaz de perpetrar atos inerentes a imóveis
da sua circunscrição, que é estipulada por lei, sob pena de nulidade.
Retificação: O ato inscrito pode ser abolido se não externar a verdade dos fatos.
Cindibilidade: Um título que inclua mais de um ato a ser arrolado será capaz de causa de
inscrição parcial, sendo que um não consista do outro. Unitariedade Matricial: O imóvel
só precisa ter uma matrícula, e a cada matrícula só coincide um imóvel

11. O que é a aquisição da propriedade por acessão?


A aquisição de propriedade por acessão é o modo originário de aquisição do domínio por
meio de incorporação ou acréscimos, de forma artificial ou natural, de bem
inesperadamente. Portanto, são acréscimos que a coisa sofre no seu valor ou no volume
devido a um elemento externo, geralmente pela natureza. A Acessão é modalidade de
aquisição de propriedade dividida em cinco espécies elencadas no art. 1.248 do CC, tais
como: por formação de ilhas; por aluvião; por avulsão; por abandono de álveo e por
plantação ou construções.
12. Como podem ser divididas as acessões? Quais suas modalidades?
A acessão natural do imóvel ocorre em quatro hipóteses: formação de ilhas (art. 1.429,
CC e arts. 24 e 25 do Código de Águas), aluvião (art.1.250, CC e arts. 17 e 18 do Código
de Águas), avulsão (art. 1.251, CC e art.19 do Código de Águas) e abandono de álveo
(art. 1.252, CC). A formação de ilhas é o aparecimento de terra descoberta em local onde
existia um curso de água, podendo ocorrer por diversas razões (abalos sísmicos; depósito
paulatino de sedimentos trazidos pela própria corrente; rebaixamento das águas; e etc.).
A aluvião é o acréscimo de terra às margens de um rio, por movimento lento e
imperceptível; ou o desvio natural das águas, descobrindo uma parte do terreno marginal.
A avulsão é o repentino deslocamento de uma porção de terra por força natural violenta.
O abandono de álveo é o rio que seca ou que se desvia em virtude de fenômeno natural.
A acessão artificial é aquela que possui intervenção humana que podem ocorrer mediante
as construções e plantações. (arts. 1.253 a 1259, CC). As exceções estão previstas no art.
1.254, CC. “Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes,
plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes
o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé.

13. Explique as regras de aquisição de propriedade por meio da Aluvião, Avulsão,


da formação de ilhas e do Álveo abandonado.
Aluvião: De acordo com o art. 1.250 do Código Civil, os acréscimos formados, sucessiva
e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das
correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais,
sem indenização e em seu parágrafo único diz ainda que, o terreno aluvial que se formar
em frente de prédios de propriedade diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da
testada de cada um sobre a antiga margem. Se aplica também a regra em que o acessório
segue o principal, pelo que o aumento da propriedade marginal que ocorre naturalmente
e de maneira lenta, imperceptível, pertencerá ao respectivo proprietário do imóvel.
Avulsão: De acordo com o art. 1.251 do Código Civil, quando, por força natural violenta,
uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a
propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em
um ano, ninguém houver reclamado e em seu parágrafo único, recusando-se ao
pagamento de indenização, o dono do prédio a que se juntou a porção de terra deverá
aquiescer a que se remova a parte acrescida.
Formação de Ilha: De acordo com o art. 1249 do Código Civil as ilhas que se formarem
em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros,
observadas as regras seguintes: as que se formarem no meio do rio consideram-se
acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na
proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais; as que
se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acréscimos aos
terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado; as que se formarem pelo
desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer aos proprietários dos
terrenos à custa dos quais se constituíram.
Álveo abandonado: De acordo com o art. 1.252 do Código Civil o álveo abandonado de
corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham
indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se
que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo. Porém existe uma
Circunstância peculiar é que o Código Civil não distingue a corrente de água pública da
particular, mas o Código de Águas, no art. 26, nos orienta da seguinte forma: “Art. 26. O
álveo abandonado da corrente pública pertence aos proprietários ribeirinhos das duas
margens, sem que tenham direito a indenização alguma os donos dos terrenos por onde
as águas abrigarem novo curso.”

14. Quais os elementos configuradores da Usucapião? Diferencie as modalidades de


Usucapião.
Usucapião é o direito que o indivíduo adquire em relação à posse de um bem móvel ou
imóvel em decorrência da utilização do bem por determinado tempo, contínuo e
incontestadamente. Em caso de imóvel, qualquer bem que não seja público pode ser
adquirido através da usucapião, verificando- se os elementos configuradores de toda
usucapião: coisa hábil, posse e tempo.
Além disso, existem as modalidades de usucapião, que são:
Usucapião ordinária: Adquirirá a propriedade o possuidor do imóvel que contínua e
incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por 10 anos. O prazo será reduzido
para 5 anos se o imóvel tiver sido adquirido onerosamente, com base no registro do
cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores estiverem estabelecidos, no
imóvel, a sua moradia ou realizado investimentos de interesse social e econômico.
Usucapião extraordinária: É denominada extraordinária, pois são dispensados o justo
título e a boa-fé. Sendo assim, a origem da posse na violência ou na clandestinidade,
quando cessarem, autorizam essa espécie de usucapião. Para a aquisição, por usucapião
extraordinário, o Código Civil exige-se o prazo de 15 anos. Todavia, se o possuidor tiver
utilizado o imóvel para sua moradia habitual ou tiver investido no imóvel realizando obras
ou serviços de caráter produtivo, como por exemplo, plantações e construção de uma
fábrica, o prazo será reduzido para 10 anos.
Usucapião constitucional urbano: Trata-se de uma modalidade de usucapião especial
trazida pela Constituição Federal, onde são exigidos os seguintes requisitos: posse mansa
e pacífica, sem oposição; que o possuidor aja como se dono fosse; lapso temporal de 5
anos e o imóvel urbano não poderá ultrapassar a 250m².
Usucapião constitucional rural: Trata-se de uma modalidade de usucapião especial trazida
pela Constituição Federal, onde são exigidos os seguintes requisitos: posse mansa e
pacífica, sem oposição; lapso temporal de 5 anos; que o possuidor aja como se dono fosse,
mas aqui acrescenta a necessidade de o possuidor ou a sua família torne a propriedade
produtiva e que o imóvel rural não ultrapasse a 50 hectares.
Usucapião coletiva: Trata-se de uma modalidade trazida pelo Estatuto da Cidade. Para
adquirir a propriedade por essa modalidade são exigidos os seguintes requisitos: posse
mansa e pacífica, sem oposição. Mas deverá ser exercida em conjunto com diversos
possuidores, cuja área total, dividida pelo número de possuidores não suplante 250m² por
possuidor, considerada a área total pretendida; lapso temporal de 5 anos; que os
possuidores ajam como se donos fossem, mas também devem residir no imóvel que
pretendem usucapir e além disso, não podem ser proprietários de outro imóvel, seja ele
rural ou urbano; o objeto deve ser imóvel urbano qualquer que seja a metragem.
Usucapião por abandono do lar: Adquirirá a propriedade o cônjuge ou companheiro
abandonado que exercer a posse sem qualquer oposição, por 2 anos ininterruptos, com
exclusividade, em imóvel urbano de até 250m², cuja propriedade dividida com ex-
cônjuge, ou ex-companheiro que abandonou o lar, para sua moradia ou de sua família,
desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

15. É possível haver redução nos prazos previstos para a Usucapião


(extraordinária e ordinária) dos bens imóveis? Justifique sua resposta.
A usucapião pode ser classificada como ordinária quando: há comprovação de animus
domini, posse mansa e pacífica com boa-fé e de forma ininterrupta, justo título (é o
documento que teria, em tese, o poder de transferir o domínio, mas não o faz em virtude
de algum vício que contenha, documento suficiente para o ato translativo ou constitutivo
da propriedade, emitido por quem tem o domínio do bem), e que possibilita o registro no
ofício imobiliário. O prazo mínimo para que haja a usucapião ordinária geral é de 10
anos e só pode haver a redução deste prazo no caso de o imóvel houver sido adquirido,
onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada
posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou
realizado investimentos de interesse social e econômico (conforme § único do art. 1.242,
CC)
Pode ser classificada como extraordinária quando: há posse mansa e pacífica por período
mínimo, independentemente de título ou boa-fé. O prazo temporal da posse deve ser de
quinze anos, havendo, pois, uma usucapião que abrange toda e qualquer tipo de posse.
De acordo com Fábio Ulhoa (2012, p. 199), “[...] essa é a hipótese mais ampla de
usucapião, destinada a consolidar em direito de propriedade a situação de fato surgida
com qualquer tipo de posse”. Para que haja redução do prazo, é necessário que o possuidor
tenha o imóvel como sua moradia habitual, ou que demonstre a realização de benfeitorias
ou serviços de caráter produtivo. Dessa forma, valoriza a função social do bem,
facilitando a possibilidade de redução para dez anos.

16. Quais são os modos originários de aquisição de propriedade móvel?


São modos de aquisição de propriedade de bens que não possuem donos (bens que nunca
foram apropriados “res nullius” ou bens que foram abandonados “res derelictae”).
Se diferenciam por algumas especificidades do modo derivado. No modo originário, é
necessário que se prove a titularidade do proprietário anterior, e nesta modalidade também
é possível a restrição de propriedade. Esse modo abrange as seguintes modalidades: a
usucapião, a ocupação, o tesouro, a tradição, a especificação, a confusão, a comissão e a
adjunção.
Como visto anteriormente, a popular Usucapião, caracteriza-se pela posse de um bem,
qualificada e prolongada por determinado período de tempo. No caso de bens móveis,
deve possuir o bem por dez anos, de forma contínua e incontestadamente, com justo título
e boa-fé (arts. 1.242 e 1.262 CC).
Já a ocupação, é a aquisição da “coisa” simplesmente pela tomada de posse, em nome
próprio (PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de Direito Privado, t.
XV, 4ª ed., São Paulo, RT, 1983, p. 29). Em consonância também com o descrito no art.
1.263 do CC.
O achado do tesouro: Nada mais é, do que bens que estavam escondidos, e foram
encontrados, neste caso, o tesouro deve ser dividido por igual entre o descobridor e o
dono do terreno (enfiteuta), ou será deste por inteiro quando ele mesmo seja o descobridor
(arts. 1.264 a 1.266 CC).
Tradição: consiste na entrega de bem móvel, com a intenção de se transferir a
propriedade, feita por alguém que não necessariamente seja o proprietário, mas sim o
possuidor. Se o adquirente estiver de boa-fé e o alienante adquirir depois a propriedade,
considera-se realizada a transferência desde o momento em que ocorreu a tradição. Feita
por quem não seja proprietário, a tradição não aliena a propriedade, exceto se a coisa,
oferecida ao público, em leilão ou estabelecimento comercial, for transferida em
circunstâncias tais que, ao adquirente de boa-fé, como a qualquer pessoa, o alienante se
afigurar dono (arts. 1.267-1.268 CC).
Especificação: consiste no fato de um sujeito, denominado especificador, transformar
uma matéria-prima já existente (de outro sujeito de direitos), em uma coisa nova, desde
que não seja possível retornar o bem à forma anterior (art. 1.269 CC).
Confusão, comissão e adjunção: São diversos bens ou coisas pertencentes a diversos
donos, confundidas, misturadas ou adjuntadas sem o consentimento deles, continuam a
pertencer-lhes, sendo possível separá-las sem deterioração. Não sendo possível a
separação das coisas, ou exigindo dispêndio excessivo, entende-se como algo indivisível,
cabendo a cada um dos donos o quinhão proporcional ao valor da coisa com que entrou
para a mistura ou agregado. Se uma das coisas puder ser considerada como principal, o
dono considerará como o todo, e terá de indenizar os outros.
Se a confusão, comissão ou adjunção se operou de má-fé, à(s) outra(s) parte(s) caberá(m)
escolher entre adquirir a propriedade do todo, pagando o que não for seu, abatida a
indenização que lhe for devida, ou renunciar ao que lhe pertencer, caso em que será
indenizado.

17. Diferencie as regras da descoberta e do achado de tesouro


A Descoberta de coisa alheia, encontrado ou “achado”, refere-se à coisa perdida por seu
dono, onde o descobridor não adquire a propriedade do bem, devendo- se a restituição do
objeto ao dono ou possuidor legitimo. O descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o
encontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente. Conforme previsto nos
Artigos 1233 à 1237, do Código Civil.
A legitimidade do Achado do tesouro é respaldada por quatro requisitos: o tesouro deve
ser antigo, deve estar escondido, o dono deve ser desconhecido e o descobridor venha
encontra-lo de forma inesperada. De acordo com os Artigos 1264 a 1266 do Código Civil,
determina que a divisão do tesouro encontrado, seja realizada em partes iguais com o
proprietário do terreno. Caso o descobridor tenha realizado as buscas no local sem previa
autorização, ou venha a ser contratado pelo proprietário do terreno para realização das
buscas, não terá direito algum sobre o objeto ou valor encontrado.

18. São as regras para a Usucapião das coisas móveis?


A usucapião se estabelece como função social da propriedade em detrimento daquele que
abandonou a coisa ou a exploração indevidamente, atrelado ao rol de direitos e garantias
fundamentais respaldadas pela Constituição Federal e pelos Artigos 1260 a 1262, do
Código Civil.
A aquisição de bens móvel se exerce através do exercício contínuo da posse por certo
lapso temporal e ânimo em ser dono, proeminente no Direito real. De acordo com Ruy
Barbosa Marinho, são requisitos da usucapião ordinária/comum de bens móveis com a
posse de três anos: Coisa hábil para prescrever, Posse continua e pacífica, Animus domini,
Justo título, Boa-fé e Lapso do tempo. Já a Usucapião Extraordinária, o justo título de
boa-fé é dispensado se a posse se prolongar por 5 anos.

19. Quais Diferencie confusão, comistão e adjunção.


O direito de propriedade é transferido sem formalidades, por meio da cessão. Assim,
mesmo sem haver a tradição real, poderá ser cedida a propriedade de bem móvel verbal
ou expressamente. Nesse sentido, a lei civil prevê a confusão, comistão e adjunção como
formas de aquisição da propriedade móvel. A confusão é a mistura de coisas líquidas; a
comistão é a mistura de coisas sólidas ou secas; enquanto a adjunção é a justaposição de
uma coisa móvel a outra. Segundo a doutrina de Flávio Tartuce, confusão é a “mistura
entre coisas líquidas (ou mesmo gases), em que não é possível a separação.” Exemplos
de confusão citados pelo próprio autor são a mistura de água e vinho ou álcool e gasolina.
Já a comistão é a mistura de coisas sólidas ou secas, em que não é possível a separação.
O exemplo citado por Tartuce é a mistura de areia e cimento ou de cereais de safras
diferentes. Por fim, a adjunção é a “justaposição ou sobreposição de uma coisa sobre a
outra, sendo impossível a separação.” Como exemplo de adjunção temos a tinta já pintada
na parede ou um selo valioso em álbum de colecionar, que seria danificado na tentativa
de separação dos objetos.
20. Diferencie Posse de Detenção. Apresente exemplos para complementar.
Posse: Trata-se da exteriorização da propriedade, não há legitimação da posse derivada
de documentos temos ela estabelecida como um acontecimento no mundo. Ou seja,
alguém pode estar ou não em poder da posse de um determinado objeto móvel ou imóvel
conforme artigo 1196 do CC. Ser possuidor é estar em uma situação fática e praticar o
comportamento de posse, logo, é atuação como se dono fosse.
O proprietário segundo o artigo 1228 do Código Civil é aquele que o direito reconhece
como sendo o legitimo titular dos poderes de dono, usar, gozar, dispor e reaver. O
Possuidor sendo reconhecido ou não está se comportando como dono fosse.
Como exemplo é a compra de um veículo em prestações, ao levar o bem consigo nesse
momento é adquirida a posse do carro, no entanto, a propriedade será conquistada após o
pagamento da última parcela.
Detenção: Conforme artigo 1198. Considera-se detentor aquele que, achando- se em
relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em
cumprimento de ordens ou instruções suas.
Para exemplificar a detenção o papel do CASEIRO, ele é detentor atuando no cuidado da
posse de seu patrão ou posse alheia, fica evidente aqui a relação de dependência
econômica e o vínculo de subordinação. O caseiro/detentor também é chamado de
FÂMULO DA POSSE, exercendo uma posse em nome de um terceiro, mas não poderá
se valer das ações possessórias, no entanto, poderá o caseiro utilizar da AUTOTUTELA
em defesa da propriedade. A
Autotutela em defesa da posse é uma exceção aceita no ordenamento conforme artigo
1210 §1º do Código Civil.

21. Quais são as Teorias da Posse? Qual teoria possessória é adotada pelo Código
Civil brasileiro? (explique)
A posse possui várias teorias, mas há duas que são mais aceitas a SUBJETIVA e a
OBJETIVA.
Pela teoria Subjetiva de Savigny a posse se caracteriza com a junção de dois institutos,
corpus (apreensão física da coisa) e animus domini (vontade de ter/exercer como dono).
Teoria Objetiva de Ihering: Diz que a posse é a união de dois elementos, corpus
(apreensão física) e aparência (visibilidade de que alguém detém a posse do objeto).
O nosso código civil adotou a teoria objetiva conforme artigo 1.196. “Considera- se
possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes
inerentes à propriedade”.
22. Qual a natureza jurídica da posse?
Quanto a natureza jurídica da posse, Savigny sustenta que a posse é ao mesmo tempo um
direito e um fato. Se considerada em si mesma é um fato; considerada nos efeitos que
gera, sendo eles usucapião e interditos, ela se apresenta como um direito. Para Ihering, a
posse nada mais é que um direito. Partindo-o, de sua definição de direito subjetivo,
segundo o qual aquele é o interesse juridicamente protegido.

23. O que é quais são os requisitos da composse?


A composse pode ser entendida como a “posse em comum de coisa indivisível, exercida
por duas ou mais pessoas”. Cada uma delas pode utilizar a coisa de maneira livre e sobre
ela ter os direitos compatíveis com a indivisão. A composse encontra-se prevista
no artigo 1.199 do Código Civil de 2002 e também pode ser chamada de compossessão,
posse simultânea ou posse comum.
Para caracterizar a composse é necessário a presença de dois pressupostos: a pluralidade
de sujeitos e a existência de uma coisa indivisa ou que esteja em estado de indivisão. A
composse pode ser entendida como um estado de comunhão, que se relaciona com a
posse. Assim, nela é identificada uma só posse, que é exercida, de maneira simultânea,
por vários possuidores, sobre a mesma coisa

24. Como se classifica a Posse?


As classificações de posse, são:
Posse justa: aquela que possui ausência de vícios possessórios e não é violenta,
clandestina ou precária, assim descrevendo o art. 1.200 do código civil.
Posse injusta: a posse injusta é o oposto da posse justa, como citado acima. sendo assim,
ela é violenta, clandestina e precária.
Posse de boa-fé: o possuidor desconhece/não possui ciência dos vícios que existem na
posse do determinado bem, descrito ao art. 1.201 do código civil.
Posse de má-fé: considera-se posse de má-fé aquela que o possuidor do bem, tem ciência
dos vícios possessórios enquadrados no bem e mesmo assim, não ignora.
Posse direta: o art. 1.197 do código civil descreve a posse direta, onde o possuidor está
presente, exercendo a posse do determinado bem de forma pessoal.
Posse indireta: ao contrário, a posse indireta é aquela que o possuidor não está exercendo
seu poder de forma pessoal e/ou por intermédio de um terceiro.
Posse “ad interdicta”: adotada pelo Código Civil, classificando-se como uma posse de
boa-fé, onde a mesma não há presunção de usucapião futuramente.
Posse “usucapionem”: seguindo outra linha, a posse é regida pela intenção de obter para
si o bem, “animus domini”. podendo assim, futuramente, a posse se tornar um direito real.
Posse nova: aquela que possui atos possessórios menor que 1 ano e 1 dia.
Posse velha: ao contrário, é aquela que possui atos possessórios maior que 1 ano e 1 dia
Posse jurídica: aquela que o possuidor detém a posse por força da lei.
Posse de fato: chamada também de posse natural, aquela que a pessoa detém o poder de
fato sobre a coisa/material.
Composse: classifica-se quando 2 ou mais pessoa são possuidoras do mesmo bem e vão
exercer a posse de forma conjunta, conforme o art. 1.199 cc.

25. Esclareça os modos de aquisição da Posse.


A aquisição da posse pode ser feita de maneira Originária, aquela que a pessoa de fato
obtém a coisa, mas não lhe foi transmitido, nesta fase pode ocorrer a aquisição da posse
através da apreensão da coisa quando se trata de um bem que não possui dono e/ou
encontra-se em estado de abandono. Também pode ser pelo exercício do direito,
adquirindo direitos reais sobre coisas alheias, como descrito ao Art 1.379 e Parágrafo
único do mesmo artigo.
A aquisição também tem sua maneira Derivada, ao caso que a pessoa recebe transmissão
da posse de outrem, podendo ser se forma Tradicional Real, sendo a entrega real do bem;
Tradicional Simbólica, sendo algo que represente o bem (chaves do bem) e Tradicional
Ficta, aquela que o adquirente se encontra na posse por negócio jurídico.
E por fim a posse também pode ser adquirida através de sucessão “Inter vivos e Causa
mortis”.

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