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OLIVEIRA FILHO, Vicente Gomes de. Código civil anotado: com ementas de acórdãos
e indicação de doutrina. 1 ed. São Paulo LTr 2007. 391 p. ISBN 9788536106786.
ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: parte geral e LINDB, v.1. 15.ed.
Salvador: JusPodium, 2017. 878 p. ISBN 9788544211021 (v.1).
CASO PRÁTICO
TJ/RJ: Herdeiros do bordel mais famoso do Brasil nos anos 50,
conhecido como Casa Rosa, ganham ação de reintegração de
posse.
No imóvel funcionou na década de 50 o bordel mais famoso do
Brasil, conhecido como a Casa Rosa.
Alugado em 2016, o imóvel foi abandonado pela inquilina, com
vários meses de atraso no aluguel, motivando a ação de despejo
por abandono, ganha pelo espólio. O imóvel, então, foi invadido
por várias pessoas, o que levou o espólio a requerer a
reintegração de posse.
Justiça nega reintegração de fazendeiros em terras
ocupadas pelo MST
O juiz titular da Vara do Meio Ambiente, Desenvolvimento
Urbano e Fundiário do DF negou pedido de urgência (liminar),
feito pelo autor, para ser reintegrado na posse de imóvel
público, atualmente ocupado por famílias do Movimento dos
Sem Terra – MST.
Os autores alegam que são os legítimos ocupantes do imóvel
rural, denominado de Lote nº 012, do Núcleo Rural Rio Preto,
em Planaltina (DF), e que adquiriram os direitos sobre o
contrato de arrendamento 133/84, firmado com a Fundação
Zoobotanica Distrital. O imóvel está em processo de
regularização de ocupação de terras públicas na Secretaria de
Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento do DF.
Contam que ocupam o imóvel desde maio de 2021 e que na
madrugada de 30 de abril de 2022, a fazenda foi invadida por
quase 100 integrantes do MST, que ingressaram no imóvel de
forma clandestina, ocuparam a casa principal e construíram
guarita de bambu para impedir o acesso. Diante do ocorrido,
requereram liminar para imediata reintegração no imóvel.
Em sua decisão, o magistrado explicou que no próprio contrato
de arrendamento, consta cláusula que proíbe qualquer tipo
de cessão ou transferência dos direitos para
terceiros. Logo, o juiz concluiu que “a cessão de direitos
outorgada pelos sucessores do arrendatário afigura-se nula de
pleno direito, posto que violadora da expressa disposição aposta
no contrato administrativo, o que impede a consideração da
continuidade da posse, posto que fundadas em causas distintas”.
Segundo o magistrado, "não há configuração suficiente de
posse juridicamente válida que dê suporte ao deferimento de
tutela interdital liminar". Além disso, é necessário ouvir as outras
partes, inclusive a proprietária do bem, para uma análise mais
segura do caso.
Da decisão cabe recurso.
INTRODUÇÃO
Arts. 1.196 a 1.510 do Código Civil.
Direito das Coisas x Direitos Reais
Direito das Coisa = relações de domínio
• Fático: posse
• Jurídico: propriedade
OBSERVAÇÃO: A usucapião é uma das formas de converter a posse em
propriedade.
SUJEITO ATIVO: aquele que exerce o domínio da coisa (bem
corpóreo: bens que têm existência material).
SUJEITO PASSIVO: toda a coletividade / efeito “erga
omnes”/contra todos.
OBSERVAÇÃO:
Entendimento: sobre bens incorpóreos/imateriais não existe posse ou
propriedade.
▪ Não se utiliza a expressão: “propriedade intelectual”, o correto
seria “direito intelectual” (José de Oliveira Ascensão e Silmara
Chinellato).
Direitos reais: institutos relacionados à propriedade.
Seriam apenas aqueles previstos no art. 1.225 do Código Civil.
▪ Rol exemplificativo ou taxativo?
R: taxativo (maioria da doutrina entende assim).
OBSERVAÇÃO: Muitas das vezes o direito real tem origem na
autonomia privada.
Diferença entre Direitos Reais e Direitos pessoais
patrimoniais
Direito real: propriedade/ sujeito
ativo+coisa+dominio/permanente/ Efeitos “erga omnes”
(absolutos) / Princípio da publicidade (tradição ou
registro).
Direito pessoal patrimonial: contrato / sujeito
ativo+sujeito passivo+prestação/ transitório/ Efeitos “inter
partes” (relativos)/ Princípio da autonomia privada.
OBSERVAÇÃO: há uma tendência de aproximação entre os direitos
reais e os direitos pessoais patrimoniais.
POSSE
Arts. 1.196 a 1.224 do Código Civil
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato
o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à
propriedade.
A posse é o dominio de fato exercido sobre uma coisa
determinada.
É presente quando a pessoa tiver pelo menos um dos atributos
relativos à propriedade.
Atributos da propriedade – art. 1.228, CC
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar
e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem
quer que injustamente a possua ou detenha.
Gozar/fruir.
Reaver/buscar.
Usar/utilizar.
Dispor/alienar.
Propriedade:
(diferenciação)
Plena: todos os atributos.
Limitada: alguns atributos.
Posse: basta um atributo.
Afirmações:
Todo proprietário é possuidor (direto ou indireto).
Nem todo possuidor é proprietário. Exemplos:
locatário, comodatário e depositário.
OBSERVAÇÃO: Não existe hierarquia entre a propriedade
e a posse.
NATUREZA JURÍDICA:
“A posse é o poder sobre a coisa, está restrita à coisa e
tem por conteúdo o direito de propriedade” (Min. Moreira
Alves).
FATO + DIREITO
TRÊS TEORIAS JUSTIFICADORAS DA POSSE
1) Teoria subjetiva (Savigny)
Posse = “corpus” (domínio fático) + “animus domini” (intenção
de ser proprietário da coisa).
P=C+AD
Seguindo o entendimento desta teoria, o locatário, o
comodatário e o depositário não seriam possuidores, pois não
teriam a intenção de dono.
NÃO ADOTADA PELO CÓDIGO CIVIL.
2) Teoria objetiva ou simplificada (Ihering)
Posse = “corpus” (domínio fático).
P=C
Não se quer ser proprietário, mas sim, explorar economicamente
a coisa.
Exemplos: Por essa teoria, o locatário, o comodatário e o
depositário são possuidores.
ADOTADA NO BRASIL
3) Teoria da posse social ou da função social da posse
(Apoiadores: Saleilles – França; Perozzi – Itália;
Hernandez Gil – Espanha).
Posse = “corpus” (domínio fático) + função social.
P=C+FS
Deste modo a função social é componente da posse.
EX: desapropriação judicial privada por posse-trabalho (art.
1.228, §§ 4º e 5º,CC).
ADOTADA NO BRASIL
POSSE X DETENÇÃO
O detentor tem a coisa em nome de outra pessoa, com quem
tem relação de dependência, recebendo ordens e instruções
suas.
Exemplos:
Exemplo 1: “Uma pessoa para o carro em um
estacionamento e entregua as chaves ao manobrista”:
Empresa de estacionamento: depositária
(possuidora).
Manobrista: detentor.
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se
em relação de dependência para com outro, conserva a
posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou
instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do
modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à
outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o
contrário.
Exemplo 2: ocupação irregular de terras públicas: a posição do
STJ sempre foi no sentido de detenção.
Súmula 619, STJ: “A ocupação indevida de bem público
configura mera detenção, de natureza precária,
insuscetível de retenção ou indenização por acessões e
benfeitorias.”
Exemplo 3: caseiro:
Em relação à sede da fazenda: detentor.
Em relação à “casa de colono”, onde reside com a família
(comodato): possuidor.
OBSERVAÇÃO: o detentor pode fazer uso das medidas de
autotutela para defesa de posse alheia.
Enunciado 301, IV JDC: “É possível a conversão da
detenção em posse, desde que rompida a subordinação,
na hipótesede exercício em nome próprio dos atos
possessórios.”