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Aula V – Procedimento Especial das Ações Possessórias

Proteção possessória e sua forma de defesa: o Código Civil ao proteger a posse lhe atribuindo
valor jurídico conforme da Teoria de Hiering, trás em seu bojo duas formas de realizar sua

D e fe s a d a p o s s e
defesa. A primeira dela é denominada de autotutela da posse e a segunda heterotutela da
posse.

autotuela da posse

heterotutela da
posse

Autotutela da Posse/Legitima defesa da posse: como se sabe cabe ao Estado o monopólio da


jurisdição, sendo ele o responsável pela solução dos conflitos, sob pena de incorrer o cidadão
no crime de uso arbitrário das próprias razões. Entre as exceções, encontra-se o Direito de
autotutela da posse descrito no Art.1210§1º do Código Civil.

O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá


manter-se ou restituir-se por sua própria força,
contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou
de desforço, não podem ir além do
indispensável à manutenção ou restituição da
posse.

Heterotutela da Posse: não sendo feita a defesa da posse pela própria força, deverá então ser
chamada a jurisdição para realizar a defesa da posse através das ações possessórias, quais
sejam AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE, MANUTENÇÃO DE POSSE E INTERDITO
PROIBITÓRIO.
H ETERO D EFESA D A PO SSE
REINTEGRAÇÃO DE
POSSE
MANUTENÇÃO DE
POSSE
INTERDITO
PROIBITÓRIO

Fundamento Jurídico das Ações Possessórias: precisamos delimitar o entendimento de que o


fundamento jurídico das ações possessórias é a discussão da relação jurídica da posse e não da
propriedade.

Ação de Imissão de Posse: A ação de imissão de posse é aquela atribuída ao adquirente de um


bem, que tenha se tornado seu proprietário, para ingressar na posse pela primeira vez,
quando o alienante não lhe entrega a coisa. Essa ação nunca poderia ter natureza possessória,
porque o seu autor não tem nem nunca teve posse. O seu objetivo é obtê-la pela primeira vez,
quando se obtém a propriedade da coisa. Aquele que compra um bem tem o direito de o ter
consigo. Se o vendedor não o entrega, a ação adequada não será possessória, porque o
adquirente não quer a coisa para si por ser um possuidor esbulhado ou turbado, mas por ter
adquirido a propriedade e ser o novo dono da coisa.

Clausula Constituti e Ação possessória: às vezes, no contrato de alienação de bens, as partes


fazem constar uma cláusula especial, pela qual, por meio daquele instrumento, o vendedor
transfere ao comprador não só a propriedade, mas a posse do bem. Com isso, o comprador
tornarse- á possuidor, ainda que não apreenda a coisa. A sua posse é decorrência da cláusula
contratual, que se chama constituti. Havendo recusa do vendedor em entregar a coisa, o
comprador poderá valer-se da ação possessória, já que pela cláusula constituti houve
transferência da posse, e se o vendedor não a entregar, ficará configurado o esbulho. Mas só se
houver a cláusula. Sem ela, o comprador só terá a propriedade tendo que se valer da ação de
imissão de posse, que nada mais é que uma espécie de ação reivindicatória, de ação do
proprietário para, com fundamento no domínio, haver a posse do bem.

Ação de Nuncição de Obra Nova é ação possessória?: Conquanto pressuponha que o autor
seja proprietário ou possuidor do bem, a nunciação de obra nova não é possessória, porque
não tem por finalidade proteger a posse. Sua função é permitir àquele que tem posse ou
propriedade impedir a construção de obra nova em imóveis vizinhos; ou ao condômino, que
impeça que o coproprietário altere a coisa comum.
Pressupostos indispensáveis para manifestação das ações possessórias:]

esbulho: pressupõe que a vítima seja desapossada do bem, que o perca para o autor da
agressão. É o que ocorre quando há uma invasão e o possuidor é expulso da coisa;

turbação: pressupõe a prática de atos materiais concretos de agressão à posse, mas sem
desapossamento da vítima. Por exemplo: o agressor destrói o muro do imóvel da vítima; ou
ingressa frequentemente, para subtrair frutas ou objetos de dentro do imóvel;

ameaça: não há atos materiais concretos, mas o agressor manifesta a intenção de consumar a
agressão. Se ele vai até a divisa do imóvel, e ali se posta, armado, com outras pessoas, dando a
entender que vai invadir, há ameaça.

Fungibilidade das ações possessórias: Vem expressamente prevista no art. 554 do CPC: “A
propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do
pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela, cujos pressupostos estejam
provados. Em outras ocasiões, vemos que a lei processual se vale da fungibilidade para evitar
prejuízo aos litigantes, em situações nas quais pode haver dúvida sobre qual a providência
adequada.

Art. 554. A propositura de uma ação


possessória em vez de outra não obstará a que
o juiz conheça do pedido e outorgue a
proteção legal correspondente àquela cujos
pressupostos estejam provados.

Cumulação de Pedidos na Ação possessória: é licito ao demandante realizar a cumulação de


pedidos nas ações possessórias, ou seja, havendo a necessidade de ser formular pedidos
específicos na mesma petição, será possível. Visa-se privilegiar o principio da economia
processual.

O pedido mais comum que deriva das ações possessórias são os de perdas e danos, lógico que
quando cabalmente provados no crivo do contraditório e os de percepção dos frutos.

Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido


possessório o de:

I - condenação em perdas e danos;

II - indenização dos frutos.


Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda,
imposição de medida necessária e adequada
para:

I - evitar nova turbação ou esbulho;

II - cumprir-se a tutela provisória ou final.

Reparação de danos. Da agressão à posse podem decorrer prejuízos. O invasor é capaz, por
exemplo, de provocar destruição e danos à coisa. E pode impedir o possuidor de usála, e retirar
os frutos que ela produz. Pode haver lucros cessantes e danos emergentes.

Indenização dos frutos. Se o réu tiver mantido a posse com boa-fé, ele tornará seus os frutos
colhidos. Mas, se for possuidor de má-fé, terá que restituí-los todos (se não for possível a
restituição, deve-se pagar o equivalente em dinheiro) e indenizar aqueles frutos que, por sua
culpa, se perderam. O autor pode, na inicial, postular esse ressarcimento.

Imposição de medida para evitar novas agressões à posse ou para compelir ao cumprimento
da tutela provisória ou final: A medida, por excelência, é a multa cominatória. É instrumento
de prevenção. O autor pede ao juiz que fixe uma multa suficientemente elevada para
atemorizar o réu de, no futuro, tentar novas agressões à posse.

Natureza de Duplicidade das Ações Possessórias (não reconvenção): trata-se em verdade da


possibilidade de na própria contestação formular o Réu pedidos. Não é reconvenção.

Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que


foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção
possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes
da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.

Ação de ano e dia e os efeitos antecipados da tutela: considera-se ação de ano e dia aquela
que é distribuída dentro de ano e dia contato da turbação ou esbulho firmado na inicial, o que
acarreta possibilidade de pedido de antecipação dos efeitos da tutela. Quando intentada ação
fora do prazo de ano e dia não cabe mais o pedido de liminar, não perdendo contudo o caráter
de ação possessória.

 Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de


reintegração de posse as normas da Seção II deste
Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e
dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição
inicial.

Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput ,


será comum o procedimento, não perdendo, contudo,
o caráter possessório.

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