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6 EFEITOS DA POSSE
Os efeitos da posse estão previstos nos arts. 1210-1222, CC. São eles:
– Proteção Possessória;
– Percepção dos Frutos;
– Responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa;
– Indenização por benfeitorias;
– Direito de Retenção.
• PROTEÇÃO POSSESSÓRIA
As ações possessórias (previstas no art. 554 e ss, CPC) diferem-se das ações
petitórias. Enquanto que naquelas o objeto é a posse (não se discute a propriedade, via de
regra – Súmula 487, STF), nestas (ex.: reivindicatória) o objeto é a propriedade.
São elas:
– Ação de Reintegração de Posse: em caso de esbulho (posse é subtraída);
– Ação de Manutenção de Posse: em caso de turbação da posse (atos
preparatórios que antecedem o esbulho. Ex.: cortar as cercas);
– Interdito Proibitório: caso em que a posse é ameaçada (ameaça de esbulho
ou de turbação).
Previsto no art. 556, CPC. Via de regra, quem realiza o pedido em uma ação
judicial é o autor. Em contrapartida o réu, na sua contestação, apresenta a sua defesa.
Caso tenha interesse em fazer algum pedido que esteja ligado aos fatos da inicial, deve
ingressar com uma ação incidental denominada reconvenção.
Nas ações possessórias, entretanto, o réu pode (deve) fazer o pedido na própria
contestação, não havendo a necessidade de se propor a reconvenção. Esse é o caráter
dúplice das ações possessórias. Ex.: pedido de indenização de benfeitorias em uma ação
de reintegração de posse.
Desse modo, não interessa o nome dado a ação, mas sim os fatos narrados na
peça vestibular e as provas contidas nesta.
O proprietário sem posse pode ingressar com ação de imissão de posse ou ação
reivindicatória (dependerá do caso concreto), mas não poderá ingressar com ação
possessória, uma vez que jamais teve a posse.
Com relação à composse (em ambas as espécies: pro diviso e pro indiviso), os
compossuidores podem agir autonomamente, ou seja, um compossuidor pode ingressar
com ação possessória sem a presença ou anuência do outro. EXCEÇÃO: art. 73, § 2º, CPC
(“Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é
indispensável nos casos de composse ou de ato por ambos praticado”).
Sendo pelo rito especial, caberá o pedido liminar previsto no art. 562, do CPC. O
mesmo será deferido se a petição inicial estiver devidamente instruída, ou seja, se o autor
provar: a sua posse; a turbação, esbulho ou ameaça praticados pelo réu e sua data; a
continuação da posse, embora turbada ou ameaçada, na ação de manutenção e interdito
proibitório, a perda da posse, na ação de reintegração.
Quando a petição inicial cumprir seus requisitos, mas não convencer o Juiz, este
designará audiência de justificação prévia (não é necessário haver tal pedido expresso na
inicial, mas é conveniente já arrolar as testemunhas) para haver o saneamento do processo.
Somente o autor poderá produzir prova testemunhal nesta solenidade para comprovar as
suas alegações. Na oportunidade, será deferido ou indeferido o pedido liminar.
Não está mais prevista no NCPC (estava prevista no art. 934, do CPC/73).
Compete esta ação ao proprietário ou possuidor, a fim de impedir que a edificação de obra
nova em imóvel vizinho lhe prejudique o prédio, suas servidões ou fins a que é destinado;
ao condomínio, para impedir que o co-proprietário execute alguma obra com prejuízo ou
alteração da coisa comum; e, ao Município, a fim de impedir que o particular construa em
contravenção da lei do regulamento ou de postura.
O possuidor do bem (mesmo que não seja proprietário) tem legitimidade para
propor tal ação. Por tal razão, alguns doutrinadores mencionam se tratar de ação
possessória, o que é um equívoco, haja vista que a causa de pedir não é a posse, mas o
reforço desta (embargar a obra).
Terá legitimidade passiva para suportar a ação o dono da obra ou a pessoa por
conta da qual está a obra sendo erguida.
Previstos no art. 674 e seguintes, do CPC. Têm por escopo a defesa da posse dos
bens quando esta for esbulhada ou turbada por meio de atos judiciais (apreensão judicial).
Não se trata de ação possessória, uma vez que nos Embargos de Terceiro o
esbulho e a turbação decorrem de ATO LÍCITO (ato judicial), enquanto que naquela estes
decorrem de ato ilícito.
Prevista no art. 1.277, do CC. Visa à defesa preventiva da propriedade, frente aos
possíveis prejuízos que podem advir do prédio vizinho, provocado pelo uso nocivo ou ruína
do mesmo. Como a causa de pedir não é a posse, não se configura ação possessória.
Tal ação visa à cessação do mau uso da propriedade. O réu deverá fazer ou deixar
de fazer alguma coisa.
Embora não prevista mais no CPC (anteriormente estava prevista no capítulo das
ações possessórias), a mesma ainda é utilizada, uma vez que não houve a eliminação do
direito subjetivo processual da ação que tenha por objetivo à imissão da posse.
Trata-se de uma ação petitória, uma vez que tem por base direito de propriedade.
Destina-se a dar a posse a quem, tendo o direito a ela, não a tem.
Não é necessário que o proprietário esteja figurando como titular do bem junto ao
Cartório de Registro de Imóveis. Somente é necessário existir um contrato de compra e
venda em que exista uma obrigação contratual que não foi cumprida.
– Possuidor de boa-fé
– Possuidor de má-fé
Tem apenas direito à indenização das benfeitorias necessárias, não tem direito de
retenção do bem até que o pagamento seja efetuado. Não pode levantar as voluptuárias.
Em resumo:
– Possuidor de boa-fé
Tem direito aos frutos percebidos e aos consumidos. Não tem direito aos frutos
pendentes ao tempo em que cessou a boa-fé, tampouco aos colhidos antecipadamente, os
quais devem ser restituídos, deduzidas as despesas de produção e custeio.
– Possuidor de má-fé
Responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por sua
culpa, deixou de perceber. Tem direito à dedução das despesas de produção e custeio, sob
pena de enriquecimento sem causa.
– Possuidor de boa-fé
Não responde pela perda ou deterioração da coisa a que não der causa (desde
que não atue com dolo ou culpa, portanto).
– Possuidor de má-fé
Responde pela perda ou deterioração da coisa, ainda que acidentais (caso fortuito
ou força maior), salvo se provar que o dano sobreviria de igual forma se estivesse na posse
do efetivo proprietário/possuidor.