Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS
EFEITOS DA POSSE E
CONTRATOS IMOBILIÁRIOS
E DIREITO DO CONSUMIDOR
A u la 0 2
3
LLM Em Direito e Negócios Imobiliários
4
LLM Em Direito e Negócios Imobiliários
Essa proteção pode se dar de forma judicial, pedindo a proteção da posse em juízo por
uma tutela jurisdicional, decorrida através de interditos possessórios (ações para pleitear a
reintegração, manutenção e o interdito proibitório). Esses três interditos que são obtidos por
estas três ações judiciais, e são o caminho para proteção judicial da posse.
A posse é protegida por uma ação que não se dá em juízo, mas sim fora da jurisdição. Este
modelo de proteção está previsto no art. 1.210, do Código Civil:
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído
no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§ 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria
força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do
indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
§ 2º Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de
outro direito sobre a coisa.
A proteção extrajudicial pode ocorrer pelo que se chama de legítima defesa da posse ou pelo
chamado desforço imediato.
Como a posse pode ser agredida?
• Esbulho
A posse pode ser esbulhada, ou seja, a perda injusta da posse. Se alguém for esbulhado,
significa que perdeu a posse de forma injusta. O esbulho pode ser parcial ou total.
5
LLM Em Direito e Negócios Imobiliários
Exemplo 1: Arnaldo expulsa Eric de sua residência a pauladas por conta de uma discussão. Nes-
te caso, ocorre a perda da posse por agressão física.
Exemplo 2: Arnaldo ameaça seu vizinho Eric, e o faz abandonar sua residência por medo das
consequências. Neste caso, ocorreu a perda da posse por ameaça e agressão moral.
Exemplo 3: Possuo um terreno de 100 alqueires, porém a propriedade foi invadida e 40 alquei-
res foram ocupados. Caracterizado como esbulho parcial, pois não perdi a posse completa da
propriedade, apenas de uma parte.
Ambos os casos podem ser caracterizados como esbulho. O primeiro por conta de agressão
física e o segundo por conta de ameaças.
• Turbação
A turbação ocorre quando alguém injustamente coloca um obstáculo ao exercício pleno da
posse de terceiros. Na turbação não existe perda da posse, a posse foi perturbada, impossibili-
tando o seu exercício pleno. A turbação é injusta e ilícita.
Exemplo 1: Preciso sair com meu carro da minha casa, porém meu vizinho estacionou o seu
carro em frente a minha garagem, me impedindo de sair.
Exemplo 2: O vizinho jogou lixo no meu terreno.
• Ameaça
A ameaça se dá quando existe ameaça à posse. As ameaças podem ser de esbulho ou turbação.
Exemplo de Ameaça por Esbulho: O vizinho A diz ao B que irá expulsá-lo de seu terreno no dia
seguinte.
Exemplo de Ameaça por Turbação: O vizinho A diz ao B que irá jogar um caminhão de lixo na
porta de entrada de sua casa.
Nenhuma outra ameaça que não seja de esbulho ou turbação pode ser protegida pela ação
ou tutela possessória. Esta ameaça deve ser caracteriza como mau iminente contra a posse
e causar justo receio ao possuidor que ela seja cumprida. Atendendo essas características, a
posse pode ser protegida pela tutela possessória.
6
LLM Em Direito e Negócios Imobiliários
Art. 1.210.
§ 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria
força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do
indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
Se estiver diante de uma hipótese de turbação, será feita a defesa da posse, para assim
mantê-la.
Exemplo: Alguém está forçando a porta da minha residência. Neste caso, usarei a força para
manter a posse de minha propriedade e impedir a entrada do invasor.
Em caso de excesso de uso de força para manter a propriedade, o código reconhecerá essa
atitude como ilícita, e sendo assim, é passível de reparação.
Exemplo 2: Carlos percebe que em sua garagem há um morador de rua deitado no chão, im-
pedindo de estacionar meu veículo. Avisa a ele para se retirar, pois está em uma propriedade
privada. Com a sua recusa em sair da propriedade, Carlos puxa uma arma e dá sete tiros no
indigente.
Neste caso não existe argumentação válida de proteção de posse. O que ocorreu nesta situação
foi um homicídio, visto que não se justificava de forma alguma essa força excessiva frente à tur-
bação representada pelo morador de rua.
Em caso de esbulho, o código fala em “desforço”, ou seja, é a força realizada com o objetivo
de retirar as pessoas de dentro da propriedade invadida. De acordo com o Código Civil, o des-
forço precisa ser feito imediatamente após a confirmação de esbulho e de forma moderada.
7
LLM Em Direito e Negócios Imobiliários
Quem é proprietário, não é e nunca foi possuidor do imóvel, não tem a possibilidade de
demandar a tutela possessória. Nestas hipóteses, podem ingressar com ações reivindicatórias
para reivindicar a coisa, e não a posse.
Posse Precária:
A posse precária é caracterizada por ter um individuo obrigado a restituir a coisa, mas ainda
não a restituiu, encontrando-se em mora.
Exemplo: Caio empresta um imóvel para Carlos por 30 dias através de contrato de comodato
verbal. Ao final do período, Carlos precisa devolver o imóvel para Caio. Em caso de não de-
volução, Carlos estará em posse precária do imóvel, pois a qualquer momento ele pode ser
retirado do local.
A posse sempre vai ser injusta se for possível afirmar que é uma posse contrária ao direito, ou
seja, ilícita. Quando a posse é violenta, clandestina ou precária fica mais fácil a possibilidade
desta afirmação.
Porém, há outras situações que isso se verifica sem violência, clandestinidade ou precarieda-
de. Nesses casos, a posse continua sendo injusta, pois é contrária ao direito e não há justifica-
tiva para sua existência, entretanto não há vícios característicos do art. 1200, CC.
CC, Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o
terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era.
O indivíduo A para propor ação contra o indivíduo C (recebeu a posse do indivíduo B), precisa
provar que C sabia que a posse de B foi obtida por esbulho, ou seja, que o C é possuidor de
má-fé, pois sabe e não ignora o vício pendente e existente sobre a posse.
Em caso de C ter sido engado por B, e não estar ciente que essa posse foi obtida através de
esbulho, o C é considerado adquirente de boa-fé. Neste caso, o indivíduo A propõe ação reivin-
8
LLM Em Direito e Negócios Imobiliários
dicatória. As ações de reintegração de posse são de natureza mandamental, não havendo fase
de execução, o juiz não condena, e sim manda na sentença, ou seja, julga procedente o pedido
e reintegra o autor na posse.
Não existe fase de impugnação de cumprimento de sentença, intimação ou embargo do devedor. É
uma ação mandamental, em que não há prazo para o esbulhador desocupar o imóvel. Após a expe-
dição do mandado, o oficial de justiça retira o esbulhador e coloca o autor da ação dentro do imóvel.
A ação de reintegração de posse como todas as ações possessórias, pode se dar por força nova ou
força velha. Se o esbulho ocorreu a menos de ano e dia, a ação possessória é de força nova, com
direito a liminar. Se ocorreu a mais de ano e dia, é uma ação de força velha, sem direito a liminar.
Há uma razão para que seja assim. Uma posse que tenha mais de um ano e um dia, pode-se di-
zer que é um fato consolidado. O Código Civil presume que o possuidor é proprietário da coisa,
e quanto mais tempo o indivíduo tem a posse, mais forte a presunção.
Então, o código não acha aceitável o risco de o juiz conceder uma liminar para remover da
posse alguém que tenha uma posse velha (mais de ano e dia), pois a presunção em favor desse
possuidor é mais forte, e o risco que o juiz tem de errar em sua decisão é maior. Portanto, não
se pode definir uma liminar para quem tem posse com mais de ano e dia, ou seja, posse velha.
Podemos concluir que a posse do réu (não leva em consideração a posse do autor) determi-
nará se a ação possessória é de força nova ou de força velha.
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído
no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
Quando ocorre esbulho, a ação é reintegração de posse. Quando ocorre turbação, a ação é
de manutenção de posse. O autor precisa provar que é possuidor, que a posse foi turbada pelo
réu, e apesar de turbada ele continua possuidor. No caso de turbação, o autor nunca deixou de
ser possuidor, existe apenas um embaraço para exercer a posse.
Na ação de manutenção de posse, se pede ao juiz para ser mantido na posse, pois autor pre-
tende ser mantido na posse, livre dos atos de turbação. A posse para ser exercida livremente
dos atos de turbação, precisa receber a manutenção jurisdicional, ou seja, o juiz precisa assegu-
rar que o autor exerça a posse livre dos atos de turbação.
Neste caso, o juiz aplica multas em caso de novas turbações do réu, além de garantir a perma-
nência do autor como possuidor do imóvel através do oficial de justiça e dos meios necessários.
Portanto, na ação de manutenção de posse, existe a tutela contra os atos de turbação.
9
LLM Em Direito e Negócios Imobiliários
Dúvidas Frequentes:
10