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DOS FATOS
A paciente, MARIA, encontra-se atualmente presa em razã o de suposta depositá ria infiel,
conforme decisã o proferida por esse r. Juízo nos autos da açã o de busca e apreensã o, ora
convertida em açã o de depó sito pelo agente financeiro.
Ocorre que, à época da decretaçã o de sua prisã o, a paciente já havia alienado o veículo objeto
do contrato de arrendamento mercantil (leasing) a PEDRO.
Em decorrência dessa alienaçã o, a responsabilidade sobre as prestaçõ es em atraso e demais
obrigaçõ es contratuais passaram a ser de Pedro. No entanto, este ú ltimo deixou de cumprir
suas obrigações, o que, por sua vez, resultou na suspensão dos pagamentos e, por fim, na
tentativa de busca e apreensão do veículo por parte do agente financeiro.
Diante da impossibilidade de efetivar a busca e apreensã o do veículo, a açã o foi convertida em
açã o de depó sito, e Maria foi erroneamente considerada depositá ria infiel, levando à sua prisã o.
Além disso, a paciente sofreu prejuízos consideráveis em razã o da medida ilegal e arbitrá ria,
tendo perdido seu emprego em decorrência da prisã o.
Desta forma, trata-se de nítida violência e coaçã o em sua liberdade, por ilegalidade e abuso de
poder praticado pelo MM. Juiz, motivando o presente pedido.
Cumpre ressaltar ainda o Pacto de Sã o José da Costa Rica, incorporado ao nosso ordenamento
jurídico, que em seu art. 7º, preconiza que toda pessoa possui o direito à liberdade, vedando o
encarceramento arbitrá rio.
DA NULIDADE DA DECISÃO
É importante ressaltar que a decisão que determinou a prisão de Maria é nula, pois viola
princípios constitucionais fundamentais. A detençã o foi fundamentada na suposiçã o de que
MARIA era depositá ria infiel do veículo, o que nã o encontra respaldo legal e contraria
entendimento consolidado do Supremo Tribunal Federal. .
Súmula 37.”É ilícita a prisã o civil de depositá rio infiel, qualquer que seja
a modalidade de depó sito.”
O entendimento nos tribunais é pacifico, como corroborado por recente decisã o proferida pela
Segunda Turma do STF, a qual destacou que a prisã o civil nã o pode ser utilizada como medida de
coerçã o para compelir o devedor inadimplente, em respeito aos princípios da legalidade e da
proporcionalidade:
Além disso, a prisã o foi determinada sem que Maria tivesse a oportunidade de exercer seu
direito à ampla defesa e ao contraditó rio, garantidos pelo art. 5º, LV, da Constituiçã o Federal.
Assim, a decisã o que ordenou a prisã o de Maria é manifestamente nula, por violar tais preceitos
constitucionais.
Ademais, a manutençã o da paciente sob custó dia ilegal resulta em danos irrepará veis, incluindo
a perda de seu emprego, o que agrava ainda mais sua situaçã o de vulnerabilidade econô mica e
social. Portanto, estã o presentes os requisitos do fumus boni iuris, considerando a ilegalidade da
prisã o, e do periculum in mora, dada a urgência em garantir a liberdade e a reintegraçã o da
paciente à sociedade.
DOS PEDIDOS
Advogado
OAB/UF