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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ___

Advogado(a), com inscrição na OAB de número___, com endereço para comunicações


judiciais na ___, bairro ___,cidade ___, estado ___, endereço eletrônico __,(procuração
anexa), nos termos do artigo 287do CPC, vem, respeitosamente, perante Vossa
Excelência, impetrar, com fulcro no artigo 5, LXVIII, da Constituição Federal e artigos
647 e 648 do Código de Processo Penal,

HABEAS CORPUS COM PEDIDO DE MEDIDA LIMINAR, em favor da Paciente


Maria ___, estado civil, nacionalidade, profissão, residente e domiciliada na ___, bairro
___, cidade ___, estado ___, inscrita no cadastro de pessoas físicas (CPF) sob o número
___e Registro de Identidade Geral (RG) sob o número ___, contra ato da autoridade
coatora ___,Juiz de Direito da ___Vara Cível competente que determinou a sua prisão
civil, pelos fatos e fundamentos que passa a expor:

I –DOS FATOS

A Paciente adquiriu veículo por meio de contrato de arrendamento mercantil,


comprometendo-se a pagá-lo em 60 parcelas. Na 24ª prestação, devido à sua dificuldade
financeira, vendeu o veículo a terceiro, Pedro, que, apesar de ter se comprometido a
pagar as parcelas restantes, não o fez. Como não houve transferência formal da dívida
para a instituição financeira, ingressou com ação de busca e apreensão do veículo, a
qual restou frustrada, pois o veículo não se encontrava com Maria, ora Paciente. Desta
forma, a instituição financeira pediu ao judiciário a transformação da busca e apreensão
em ação de depósito, requerendo no mesmo a prisão da paciente, a qual restou deferida.
O juiz da __Vara Cível competente determinou, então, a prisão inconstitucional da
Paciente, que se encontra presa.
II–DO FORO COMPETENTE

A competência da presente ação de Habeas Corpus é determinada pela legitimidade


ativa, que em respeito ao princípio da simetria, caberá ao Egrégio Tribunal de Justiça do
Estado __, pois figura-se no polo passivo o Excelentíssimo Sr. Juiz da __Vara Cível
__da Comarca de __.

III –DO CABIMENTO

Conforme preleciona o artigo 5 °, LXVIII da Constituição Federal, o Habeas Corpus


será concedido sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violação na
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Neste mesmo sentido
preceitua o artigo 647 do Código de Processo Penal. No presente caso temos que a
paciente, atualmente presa, encontra-se com o seu direito de locomoção violado por
decisão inconstitucional da autoridade coatora. Portanto, cabível a presente ação de
Habeas Corpus.

IV –DA LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA

O impetrante, ora advogado, está legitimado a figurar no polo ativo da presente ação.
Nestes termos diz o artigo 654, caput, do Código de Processo Penal que diz: “O Habeas
Corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem
como pelo Ministério Público.” Neste sentido, ainda que advogado da paciente, o
impetrante pode perfeitamente impetrar o presente Habeas Corpus. Poderia ainda assim,
impetrá-lo, ainda que nem fosse advogado constituído, pois assim a lei prevê. No
tocante à legitimidade passiva, vê-se, pois, notório o excesso de poder praticado pelo
Exmo. Juiz da __Vara Cível de __, visto que não há no ordenamento jurídico vigente
hipótese que justifique a prisão da paciente. Portanto, é autoridade coatora.

V –DA VIOLAÇÃO AO DIREITO DE LOCOMOÇÃO

A prisão da paciente decorre do fato de a paciente ter sido considerada, em processo


cível, depositária infiel do veículo objeto de contrato de arrendamento na qual figura-se
como devedora. Ocorre que a prisão cível pelo depositário infiel foi abolida de nosso
ordenamento jurídico pelo Decreto Lei 678/92 - Pacto de São José da Costa Rica, que
em seu artigo 7 °, inc. 7, diz: “Ninguém deve ser detido por dívida. Este princípio não
limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de
inadimplemento de obrigação alimentar.” De tal modo, embora a redação do artigo 5,
LXVII da Constituição expressamente prevê tal hipótese, o Decreto Lei 678/92, norma
dotada de supra legalidade alterou seu sentido, deixando de existir no ordenamento
jurídico brasileiro a hipótese da prisão do depositário infiel.
Ainda, a Súmula Vinculante n º 25 do Supremo Tribunal Federal tornou ainda mais
claro tal entendimento, tornando ilícita a prisão civil do depositário infiel, qualquer que
seja a modalidade de depósito. Portanto, é inconstitucional a prisão da paciente.
Cumpre ainda dizer que Maria, paciente, estando presa sofre em sua dignidade humana,
princípio fundamental consagrado no artigo 1°, III da Constituição Federal.

VI –DA MEDIDA LIMINAR

A paciente encontra-se presa e tutelada pelo estado por decisão judicial proferida pela
autoridade coatora. Sua prisão é ilegal e inconstitucional e sua condição de presa,
inclusive, já a fez perder o emprego. De tal modo, é urgente que seja concedida a
liminar à paciente no sentido de evitar que tal erro do judiciário cause ainda mais
prejuízo e sofrimento.

VII–DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer deste Egrégio Tribunal, que se digne pela:


a) Concessão da medida liminar para que seja expedido, de ofício o alvará de soltura da
Paciente Maria que se encontra presa por ato ilegal da autoridade coatora, nos termos do
artigo 654, § 2° do Código de Processo Penal;
b) Intimação da autoridade coatora, o Excelentíssimo Juiz da __Vara Cível da Comarca
de __ para prestar as informações por escrito;
c) Vistas ao Ministério Público, para apresentar o seu parecer;
d) Concessão definitiva da ordem de Habeas Corpus, tornando definitiva a concessão da
Medida Liminar.
Valor da Causa R$1.000,00 (hum mil reais).

Termos em que,

Pede e espera deferimento.

Local, data.

Advogado (a)/OAB.

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