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9.

º) Habeas corpus contra decisão judicial negando


liberdade provisória a acusado por tráfico ilícito de drogas

“W” foi denunciado pela prática de tráfico ilícito de drogas (art. 33, , Lei 11.343/2006), após prisão em
flagrante, regularmente realizada. Notificado, o denunciado apresentou defesa preliminar, onde destacou ser
usuário e não traficante, devendo ser rejeitada a denúncia. Por cautela, requereu, desde logo, caso recebida a peça
acusatória, o direito à liberdade provisória, lastreado no princípio constitucional da presunção de inocência. O
juiz, recebendo a denúncia, indeferiu a liberdade provisória. Proponha a medida cabível para a obtenção do
benefício de aguardar o processo em liberdade.

Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente da Seção


Criminal do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo. 1

“N” (nome), (nacionalidade), (estado civil), (profissão),


titular de carteira de identidade Registro Geral n.º ____,
inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas sob o n.º ____, 2
domiciliado em (cidade), onde reside (rua, número, bairro),
vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência impetrar
a presente ordem de

HABEAS CORPUS,

com pedido liminar, 3 em favor de “W” (nome), (nacionalidade),


(estado civil), (profissão), titular de carteira de
identidade Registro Geral n.º ____, inscrito no Cadastro de
Pessoas Físicas sob o n.º ____, atualmente recolhido no
presídio ____, com fundamento no art. 5.º, LXVIII, da
Constituição Federal, em combinação com o art. 648, I, do
Código de Processo Penal, apontando como autoridade coatora o
MM. Juiz da ____.ª Vara Criminal de ____, pelos seguintes
motivos:

1. O paciente foi denunciado pela prática de tráfico ilícito


de drogas. Houve a apresentação de defesa preliminar,
afirmando ser ele somente usuário de entorpecente e não
traficante; rejeitada essa afirmação inicial, o MM. Juiz
recebeu a peça acusatória e indeferiu o pedido de liberdade
provisória, que lhe havia sido dirigido.

2. Entretanto, o ilustre magistrado baseou-se, para negar a


soltura do réu, exclusivamente, na gravidade abstrata do
delito. Não abordou, em sua decisão, nenhum dos requisitos do
art. 312 do Código de Processo Penal, que cuida da prisão
preventiva.

3. Equivocou-se o MM. Juiz, pois toda prisão cautelar, para


evitar mácula direta ao princípio da presunção de inocência
e, em último grau, ao princípio regente da dignidade da
pessoa humana, somente pode ser decretada e mantida, caso
lastreada nos requisitos da prisão preventiva. Inexiste
possibilidade legal para a negativa, sem fundamentação
explícita, calcada nos elementos fáticos constantes dos
autos, do inafastável direito do réu de aguardar em liberdade
o seu julgamento.

4. Ademais, após a reforma processual penal, introduzida


pelas Leis 11.689/2008 e 11.719/2008, tornou-se evidente a
ligação entre a prisão provisória e a preventiva, razão pela
qual é essencial que magistrado exponha, detalhadamente,
quais dos requisitos previstos pelo art. 312 do CPP estão
presentes para a sua decretação ou mantença.

5. No caso presente, o paciente é primário, sem antecedentes,


possui emprego e residência fixas, não representando nenhum
perigo à sociedade, nem inconveniência à instrução criminal
ou à aplicação da lei penal. 4

6. Além disso, somente para argumentar, havendo condenação


nos termos da denúncia, vislumbra-se a possibilidade de
aplicação do disposto pelo § 4º do art. 33 da Lei
11.343/2006, implicando a diminuição da pena em patamares de
um sexto a dois terços, visto ser o paciente primário, sem
antecedentes e desvinculado de qualquer tipo de organização
ou atividade criminosa. A eventual redução pode provocar,
também, a substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos, nos termos já decididos pelo C.
Supremo Tribunal Federal. 5

7. Em suma, acrescente-se ter o Pretório Excelso considerado


inconstitucional a vedação à liberdade provisória, constante
do art. 44, da Lei de Drogas (HC 104.339/SP, Pleno, rel.
Gilmar Mendes, 10.05.2012, m. v.). Portanto, por qualquer
ângulo que se visualize a situação do paciente, pode-se
deduzir ser ele merecedor da liberdade provisória.

8. Doutrina 6

9. Jurisprudência 7

Da Concessão de Liminar

Requer-se seja concedida a ordem de habeas corpus,


liminarmente, em favor de “W”, para o efeito de,
reconhecendo-se a ilegalidade praticada, determinar a
imediata expedição do alvará de soltura, para que possa
aguardar o transcurso da instrução em liberdade. O cabimento
da medida liminar justifica-se por ter ficado evidenciado o
fumus boni juris (direito de permanecer em liberdade
provisória) e o periculum in mora (o réu já se encontra
encarcerado por decisão do juiz do feito).
Ante o exposto, distribuído o feito a uma das Câmaras
Criminais, 8 colhidas as informações da autoridade coatora e
ouvido o Ministério Público, requer-se a definitiva concessão
da ordem de habeas corpus, mantendo-se o acusado solto até a
decisão final.

Termos em que,
Pede deferimento.

Comarca, data.

_______________
Impetrante 9

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