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EXMO SR. DR.

DESEMBARGADOR 1º VICE-PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

MATILDE, nacionalidade..., estado civil..., desempregada, portadora do RG nº ..., e do


CPF nº ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliada ..., nesta cidade, por seu advogado
in fine assinado, conforme procuração anexa..., com escritório localizado à Rua... nº...,
Bairro... Cidade..., CEP...., endereço que indica para fins do art. 77, V, do CPC, com
fundamento nos termos do art. 5º, LXVIII da CRFB/88 e art. 647 do CPP e Súmula
Vinculante nº 25 STF, vem impetrar a presente ordem de

HABEAS CORPUS PREVENTIVO COM PEDIDO LIMINAR

em favor da própria liberdade, que está em risco de ser cerceada por decisão judicial proferida
pelo Juízo da 10ª Vara de Família da Comarca da Capital determinando sua prisão, processo nº
XXX, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos:

I – DOS FATOS

Matilde, está sendo executada, em ação de alimentos, por seus filhos Jane e Gilson Pires,
menores, com treze e seis anos, respectivamente, que estão sendo representados por seu pai,
Gildo. Na execução de alimentos no processo acima citado, a impetrante foi citada para pagar
a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), referente aos últimos cinco meses impagos dos
alimentos fixados por sentença pelo juízo da mesma Vara de Família.

Diante do não pagamento, no dia XX/XX/XXXX, o magistrado coator proferiu decisão


decretando a prisão da impetrante, pelo prazo de sessenta dias.

Ocorre, Excelentíssimo, que Matilde está desempregada há 1 ano, fruto da grave situação
econômica em que passa o país, com isso não está conseguindo se inserir novamente no
mercado de trabalho e nem possui condições financeiras para quitar a dívida alimentar.

Sendo assim, não deixou de pagar por negligência, mas sim por absoluta impossibilidade
financeira, bem como por estar em tratamento de uma depressão profunda.

O presente caso não corresponde à uma devedora voluntária e inescusável do pagamento de


pensão alimentícia, conforme preceitua o art. 5º, LXVII da Carta Magna.

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Além disso, há evidente excesso na execução, tendo em vista que a prisão civil autorizadora
da prisão, prevista no artigo 911, da Lei 13.105/2015, segundo entendimento da Sumula 309 do
STJ, refere-se aos 03 últimos meses, sendo certo que a presente ação vem executando os últimos
05 meses, havendo, portanto, excesso de execução na ação seguida por esse rito.

Por conseguinte, evidente é, também, a violação ao artigo 1º, III, CRFB/88 diante do
cerceamento da liberdade de locomoção da impetrante, sendo certo que a manutenção da
decisão, ora guerreada, culminará em prejuízos irreparáveis, que poderá ser presa em razão de
débito fulminado de excesso de execução, sendo certo que sua prisão impedirá de continuar sua
busca incessante por emprego, e por consequência, não terá como pagar os alimentos, sendo
prejudicial também aos exequentes.

II – DA TUTELA DE URGÊNCIA

O fumus boni iuris está presente, pois flagrante os fatos narrados no item anterior, restando
pacífico o entendimento jurisprudencial acima transcrito quanto a prisão apenas por dívida dos
últimos 03 meses, bem como a necessidade de haver o descumprimento voluntário e
inescusável, o que não se verifica no presente caso.

O periculum in mora também está presente, pois a lesão ao direito de locomoção da paciente
encontra-se assaz iminente – haja vista a decisão judicial ora guerreada – a qual não pode
persistir, restando imprescindível a concessão da liminar para sanar a ilegalidade que está preste
a constranger a liberdade de locomoção da paciente, que intimada para pagar seu vultoso débito,
obviamente não poderá fazê-lo de uma só vez, circunstância que resultará na sua prisão civil.

III – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

De acordo com o art. 5º, LXVIII, da CRFB/88 será concedido o habeas corpus sempre que
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.

No mesmo sentido, o art. 5º, XV, da CRFB/88 dispõe que é livre a locomoção no território
nacional em tempos de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanece
ou dele sair com seus bens.

No presente caso, a prisão de Matilde se afigura ilegal, motivo pelo qual deve ser
determinado o recolhimento do mandado de prisão, que, a qualquer momento, de forma ilegal
e inconstitucional, poderá cercear o direito de ir e vir da impetrante.

IV – DOS PEDIDOS E DOS REQUERIMENTOS FINAIS

Pelo exposto, requer a Vossa Excelência que:

a) Determine a notificação da autoridade coatora;

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b) Seja deferida a liminar para determinar ao Juízo o recolhimento, independentemente de
cumprimento, do mandado de prisão já expedido, ou, alternativamente, caso já tenha sido
cumprido o mandado até a apreciação deste remédio constitucional, sendo, então, determinada
a imediata colocação em liberdade da paciente;

c) Junte dos documentos anexos;

d) Intime o representante do Ministério Público;

e) Determine, em caráter definitivo, a manutenção da liberdade da impetrante, confirmando


posteriormente a concessão do presente remédio.

Valor da causa de acordo com o art. 319, V do CPC/15.

Nesses termos.
Pede deferimento.

LocalXXX E DataXXX

AdvogadoXXX
OABXXX

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