O paciente foi preso em flagrante por tráfico de drogas e teve sua prisão convertida em preventiva. O advogado alega que a conversão foi ilegal e sem fundamentação válida, violando o direito fundamental à liberdade de locomoção. Pede que seja concedida ordem de habeas corpus para revogar a prisão preventiva.
O paciente foi preso em flagrante por tráfico de drogas e teve sua prisão convertida em preventiva. O advogado alega que a conversão foi ilegal e sem fundamentação válida, violando o direito fundamental à liberdade de locomoção. Pede que seja concedida ordem de habeas corpus para revogar a prisão preventiva.
O paciente foi preso em flagrante por tráfico de drogas e teve sua prisão convertida em preventiva. O advogado alega que a conversão foi ilegal e sem fundamentação válida, violando o direito fundamental à liberdade de locomoção. Pede que seja concedida ordem de habeas corpus para revogar a prisão preventiva.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE
DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Distribuido por prevenção a 5ª CACRI
DAVID VIEIRA HALLACK, advogado regularmente inscrito nos quadros da
OAB/MG sob o nº 100.620, com escritório profissional situado na Ataliba de Barros, nº 182, sala 306, bairro São Mateus, Juiz de Fora - MG, vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 5º, inciso LXVIII, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1.988, 647, 648, inciso I, e seguintes, do Código de Processo Penal Brasileiro, e 448 e seguintes do Regimento Interno deste Ínclito Sodalício, impetrar ORDEM DE HABEAS CORPUS com pedido liminar, em razão de ato praticado, nos autos de origem do processo n. 0033071-81.2019.8.13.0521, pela MMº. Juiz de Direito da 2ª Vara Criminal da Comarca de Ponte Nova/MG, FELIPE ALEXANDRE VIEIRA RODRIGUES, ora apontado como autoridade coatora, em favor de BRUNO SANTOS GERHEIM, brasileiro, solteiro, vendedor autônomo, nascido em 19 de setembro de 1984, filho de Luiz Gerheim e de Maria Madalena Santos Gerheim, inscrito no RG sob o nº 14.609.863 (SSP/MG), residente e domiciliado na Rua Luiz Fávero, nº 475, bairro Bom Jardim, Juiz de Fora/MG -, ora apontado como paciente, pelas razões de fato e de direito a seguir consignadas.
EPÍTOME O paciente foi preso em flagrante delito em 21 de fevereiro de 2019
em flagrante delito por ter praticado, em tese, os delitos de tráfico de drogas,
associação para o tráfico e lavagem de dinheiro, tendo sido concedida liberdade provisória mediante pagamento de fiança em 23 de fevereiro daquele ano.
É que, na oportunidade, policiais militares de Ponte Nova teriam
recebido uma denúncia anônima informando que indivíduos de outra cidade estaria negociando veículos suspeitos e, em abordagem no estabelecimento comercial, o Paciente foi encontrado em posse de um veículo Hilux suspeita de estar clonada.
Iniciadas as investigações através de quebra de sigilo em
aparelhos celulares apreendidos pela Polícia Civil, verificou-se em conversas entre o Paciente e demais acusados, sem quaisquer provas ou indícios, que o Paciente comercializava veículos em dívidas relacionadas ao tráfico.
No dia 09/10/2019, então, o MMª. Juiz de Direito, aqui apontado
como autoridade coatora, entendendo, pois, estarem preenchidos o fumus commissi delicti e o periculum libertatis, promoveu, de forma ilegal, para o opróbrio do Paciente, a desditosa conversão em preventiva.
Nada obstante, como será, agora, demonstrado, com acuidade, os
fundamentos plasmados para justificar o preenchimento do decreto extremo são insipientes, conjecturais e inidôneos, não servindo para restringir, acima de qualquer dúvida razoável, o direito fundamental à liberdade de locomoção consagrado na Carta Política desta régia República.
É o relatório, sucinto e objetivo. Vou aos fundamentos de plexo,
pois.
DA COGNOSCIBILIDADE
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1.988, em
seu rol de direito e garantias fundamentais, mais precisamente em seu artigo 5º, inciso LXVIII, estabelece que “conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder” (destaquei).
O Código de Processo Penal Brasileiro, por sua vez, considera
ilegal a coação “quando não houver justa causa1”.
In casu, há clara ofensa à liberdade de locomoção do Paciente,
vez que, sem fundamentação válida, foi promovida, em desconformidade com a lei, a conversão de sua prisão em preventiva, sem que exista, pois, necessidade de se precatar, de fato, a ordem pública.
Não há, para o exame da presente ordem de habeas corpus,
dilação probatória (matéria invocada é exclusivamente de direito, sendo consentânea com a via estreita), muito menos, ainda, a substituição de recurso próprio.
Já não fosse o bastante, o § 2º, do artigo 654, do Código de
Processo Penal2, prescreve que “os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal”, de modo que, ainda que não se admita ser este o meio pertinente para impugnar a matéria, torna-se patente a concessão da ordem, por este Colegiado, ex officio. É que, a ordem, como cediço, se verte no great writ of liberty, sufragando garantia casta ao ius libertatis de todo e qualquer cidadão.
Conforme ensina Guilherme de Souza Nucci, “a legitimação,
conferida por lei, envolve matéria de ordem pública, que é a inviolabilidade da liberdade individual. Chegando ao conhecimento do juiz ou Tribunal competente, mesmo que não seja pela via processual, a ocorrência de um abuso contra a liberdade de locomoção, torna-se cabível a concessão da ordem de habeas corpus de ofício3” (grifei).
Ademais, a autoridade coatora, Flávia de Vasconcellos Araújo, é
Juíza de Direito da Vara Criminal da Comarca de Leopoldina/MG, sendo este 1 Artigo 648, incisos I, do Código de Processo Penal Brasileiro 2 Colendo Sodalício, portanto, competente para apreciar a presente ação autônoma de impugnação, ex vi do artigo 106, inciso I, alínea “d”, da Constituição deste Estado de Minas Gerais.
2 Respectivo dispositivo encontra paridade, vale mencionar, no
artigo 456, do Regimento Interno deste Egrégio Tribunal de Justiça, que assim consigna, in verbis: “Art. 456. Os órgãos julgadores do Tribunal têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso do processo for verificado que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal”.
3 NUCCI, Guilherme de Souza / Habeas corpus. – Rio de Janeiro:
Forense, 2014; p. 54, epub.
Desta forma, ante as flagrantes coações e ilegalidades que serão,
hic et nunc, especificamente apontadas, a concessão da presente ordem, até mesmo de ofício, é medida que impera.
Da não violação ao princípio constitucional da presunção de inocência (art. 5º, LVII, CF/88) em face da execução provisória da pena após condenação em segunda instância
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