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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO

COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - STJ.

PACIENTE PRESO ILEGALMENTE


PRECEDENTES DESTA CORTE SUPERIOR.
Nulidade decorrente de intimação por Whatsapp comercial sem
foto ou comprovante de documento – prejudicada eficácia plena
– ausência de denúncia.

O advogado MATHEUS HENRIQUE DE OLIVEIRA LOPES, solteiro,


inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Estado do RJ, sob o nº
226.895, com seu escritório profissional e e-mail consignado no timbre desta,
onde receberá intimações. Vem, com o devido respeito à presença de Vossa
Excelência, para, sob a égide do art. 5º, inciso LXVIII da Lei Fundamental,
impetrar o presente:

HABEAS CORPUS
(com pedido de “medida liminar”)

Em favor de VINICIUS CUPT CORREA, brasileiro, solteiro,


empresário, inscrito no RG nº 27830151-0 SSP/DETRAN, e inscrito no CPF sob
Nº 149.781.967-95. Residente e domiciliado em: Rodovia RJ 116 3025 KM 44
Bairro: Castália, Cachoeiras de Macacu,RJ. Qualificado nos autos nº 0000594-
70.2023.8.19.0012, que tramita no Juizado Especial Adjunto Criminal da
Comarca de Cachoeiras de Macacu – RJ e sob acórdão DE AUTORIDADE
COATORA DA SÉTIMA CÂMARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO RJ nos autos de nº 0069814-94.2023.8.19.0000.

Rua São João, 205, Centro, Niterói – RJ. | whatsapp (21) 99586-5894
I. SÍNTESE DO PROCESSADO

Colhe-se dos autos originários deste Habeas Corpus que o Paciente fora
preso em 22.08.2023 por decorrência de um cumprimento de mandado de prisão
por um suposto descumprimento de medida protetiva em seu desfavor que
dormita nos autos de nº 0000594-70.2023.8.19.0012.

Neste sentido, o magistrado entendeu que o paciente foi intimado no dia


21.07.23 pelo aplicativo de mensagens “whatsapp” acerca da decisão que deferiu
uma medida protetiva, e que neste mesmo dia teria efetuado uma ligação de
celular para a suposta vítima, sua ex-companheira. Ressalta-se, no mesmo dia em
que em tese teria ocorrido a suposta intimação do deferimento de tal medida
protetiva através de aplicativo de mensagens “whatsapp” pelo Oficial de Justiça.

Em face disso, fora impetrada a ordem de Habeas Corpus em liça (HC nº.
0069814-94.2023.8.19.0000). Do exame do mérito, a 7ª Câmara Criminal do
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, à unanimidade de
votos, conheceu do Habeas Corpus, contudo negou provimento. Mantivera,
assim, a decisão combatida irretorquível, conforme acórdão em anexo.

Asseverou-se, como se depreende do acórdão em testilha, que a decisão de


piso, a qual negara o pedido de liberdade fora fundamentada em uma suposta
validade da intimação do paciente, visto que o argumento de que tal intimação
que ocorreu por “whatsapp comercial”, sem confirmação de identidade, nem de
sua eficácia plena, validou-se ao entendimento dos julgadores a quo.

Porém, ao contrário do quanto asseverado no decisório ora guerreado, a


segregação acautelatória do Paciente carece de fundamentação e resta
evidenciada em crivo de nulidade, de acordo com precedentes desta corte
superior. Essas são, pois, algumas considerações necessárias à elucidação fática.

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II. DA NULIDADE DA INTIMAÇÃO PESSOAL FEITA POR
“WHATSAPP COMERCIAL” SEM FOTO – AUSÊNCIA DE
COMPROVANTE DE SUA EFICÁCIA PLENA – PRECEDENTES DESTA
CORTE SUPERIOR.

Diante do retro exposto, em suma, o paciente encontra-se segregado


preventivamente por um suposto descumprimento de medida protetiva por ter
ligado para a ex companheira, sem qualquer teor violento ou de ameaça. Ocorre
que tal decisão de medida protetiva, em sua intimação restou falha, visto que o
Oficial de justiça realizou a suposta notificação do paciente acerca de tal medida
através de um número comercial, sem foto ou confimação por seus documentos,
conforme pode se observar em tela colacionada a seguir, ter sido realizada a
intimação em uma conta comercial chamada “PEDRART”.

Neste sentido, resta pacífico em conformidade com o entendimento desta


corte que restou prejudicada a sua eficácia quanto a intimação de qualquer
medida protetiva, tendo em vista que a eficácia plena de tal ato jurisdicional deve

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ser indúbia, sob pena de incorrer em uma nulidade, o que ora vem ocorrendo.

Neste sentido, em uma rápida análise jurisprudêncial, pode se observar


que esta corte superiora vem adotando a seguinte e brilhante linha de
entendimento:

Dito isto, esta corte vem afirmando pela necessidade há presença de “três
elementos indutivos da autenticidade do destinatário” quais sejam, número de
telefone, confirmação escrita e foto individual” Neste sentido, o objeto deste
remédio heróico, encontra-se enraizado em uma intimação dada em Whatsapp
comercial, sem foto ou comprovante de documento de autenticidade de que o
destinatário de fato tomou ciência plena do teor jurisdicional objeto.

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Da mesma forma, tais decisões desta corte são nítidas em afirmar que a
intimação por whatsapp até pode ser válida, se cumprir na totalidade sua eficácia
plena, o que deve ser feito de forma clara, no sentido que sendo o paciente pessoa
hipossuficiente, de endereço sabido, tal decisão de extrema precisão técnica não
pode ser simplesmente banalizada de tal forma, sem se quer se atentar se o
destinatário é de fato a pessoa a ser notificada.

Em rápida busca por notícias jurídicas, pode se deparar com diversos


julgados desta corte neste sentido, conforme colacionamos a seguir link do site
migalhas;

Desta forma, não se pode dizer que o paciente tomou ciência da eficácia
plena de tal medida protetiva, visto que a intimação por whatsapp comercial, sem
foto ou confirmação de documento de identidade, não ocorreu de forma legítima,
sendo pessoa leiga e de pouca instrução, de endereço conhecido, não podendo
estar presa hoje preventivamente decorrente de ato nulo.

II. DA AUSÊNCIA DE DENÚNCIA.

O paciente encontra-se preso preventivamente por mais de um mês, sendo

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certo que até a presente data não houve se quer a denúncia no juizado de piso,
conforme pode se observar nos autos de nº 0000594-70.2023.8.19.0012. Dito
isto, temos que prejudicada está a defesa plena, quando se quer tomou ciência da
imputação penal ao paciente, visto que não chegou-se a qualquer indício concreto
que o autor tenha dado causa até o momento.

Neste pique, diante a própria dificuldade do parquet em deflagrar uma


ação penal, como sendo notório que a sua prisão processual não pode ser objeto
de manutenção, visto que decorrente ao suposto descumprimento de medida
protetiva, se quer chegou a uma lógica processual para deflagrar uma ação penal,
sendo certo que o paciente não pode permanecer em segregação cautelar sem
nem se quer saber qual o tipo penal está sujeito.

III. PEDIDO DE LIMINAR

O “habeas corpus” é “remedium juris” destinado a garantir de modo


rápido e imediato, a liberdade de locomoção. É a verdadeira garantia
constitucional a amparar o direito a liberdade ambulatória do cidadão.

Portanto, é princípio basilar em pedido de “habeas corpus” fazer estancar o


constrangimento ilegal, ou a ameaça de um ilegal constrangimento, concretizado
ou a se concretizar, imposto ou a ser imposto a qualquer cidadão. A liminar da
Ordem se guia pelo pressuposto das medidas cautelares, que são o “periculum in
mora” e “fummus boni iure”.

É por essas medidas que a eficácia se caracteriza, jugulando-se o arbítrio, o


abuso de poder e de autoridade, cessando o constrangimento ilegal e a coação, até
que seja apreciado o mérito pelo juízo de piso. A lei processual penal codificada,
em seu artigo 660, § 2o. contempla a concessão da liminar, haja vista que
textualmente impõe:

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“Se os documentos que instruem a petição evidenciam a
ilegalidade da coação, o juiz ou o tribunal ordenará que
cesse imediatamente o constrangimento.”

Neste pique, resta configurada a flagrante ilegalidade objeto, decorrente


nulidade evidente da intimação pessoal, ocorrida em oposto sentido ao que
entende como legal esta corte superior, bem como pela ausência em longo lapsto
temporal de denúncia aos autos originários.

IV. DO PEDIDO FINAL

Isto posto, comprovado o constrangimento ilegal da liberdade de ir e vir do


paciente, face ao desrespeito aos princípios constitucionais do devido processo
legal, requer a V. Exa. a concessão da ordem de habeas corpus, com
medida liminar, expedindo-se o competente alvará de soltura em
favor do paciente VINICIUS CUPT CORREA, que se pede por ser
de Direito e Justiça. SUBSIDIARIAMENTE, em atenção a todos os
requisitos subjetivos favoráveis que possui o paciente, por medida muito
mais homogênea do que a prisão processual, requer a aplicação de medidas
cautelares previstas no art. 319 do cpp, como o uso de acompanhamento
eletrônico ou até mesmo o recolhimento domiciliar, por ser a prisão preventiva
medida descabida e sem fundamentação neste momento.

Nesses Termos,
pede deferimento.
Niterói, RJ. 25 de setembro de 2023.

MATHEUS HENRIQUE DE OLIVEIRA LOPES


OAB/RJ 226.895

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