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Americanas em recuperação judicial: o que fazer com as

ações AMER3?

Olá, investidor! Tudo bem?

Com a recente divulgação de um rombo multibilionário na varejista Americanas S.A.


(AMER3), as ações da companhia despencaram de preço e levantaram inúmeras
questões entre os acionistas minoritários, que estavam completamente alheios ao
fato.

Muitos investidores perderam milhares – ou até mesmo milhões – de reais no pregão


que se sucedeu à notícia, no dia 12 de janeiro de 2023, quando as ações despencaram
77%, já abrindo em queda vertiginosa.

Apesar das especulações sobre um possível plano estratégico de recuperação


extrajudicial, os principais credores da companhia (alguns dos maiores bancos do país)
têm recorrido à justiça para pedir o bloqueio de recursos da varejista, visando mitigar
o risco de calote. Dessa forma, a empresa entrou com um pedido de recuperação
judicial no dia 19 de janeiro.

Mas, afinal, o que esperar das ações da Americanas daqui em diante? A crise da
empresa afeta outros ativos? Como fica a confiança do investidor com o setor varejista
depois desse caso? Pensando em esclarecer essas e outras dúvidas, o time da Levante
elaborou este relatório.

Boa leitura!

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De onde veio o rombo bilionário?

A Americanas S.A. é uma velha conhecida dos brasileiros, principalmente pelos seus
estabelecimentos físicos, as Lojas Americanas, que foram fundadas em 1929, no Rio de
Janeiro, por cinco estrangeiros: os americanos John Lee, Glen Matson, James Marshall,
Batson Borger e o austríaco Max Landesmann.

Criada inicialmente como uma espécie de “loja de 1,99”, a empresa cresceu com o
passar dos anos e se transformou em um dos maiores players do varejo brasileiro, com
destaque para o boom de crescimento iniciado nos anos 1980, com a entrada da 3G
Capital, private equity dos megainvestidores Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann
Telles e Carlos Alberto Sicupira.

A companhia já vinha reportando resultados decepcionantes ao longo dos últimos


trimestres, com prejuízos recorrentes, que vinham sendo acompanhados por uma
natural desvalorização das ações. Ainda assim, muitos investidores enxergavam uma
oportunidade na desvalorização dos papéis, acreditando na habilidade de seus
acionistas de referência em contornar períodos de dificuldade.

Tais esperanças caíram por terra com a divulgação do rombo estimado em R$ 20 bilhões
pelo recém empossado CEO da companhia, o economista Sergio Rial, que renunciou ao
cargo nove dias após sua nomeação, em virtude dos problemas encontrados.

Explicando de forma simplificada, a Americanas vinha tomando empréstimos com


instituições financeiras para pagar seus fornecedores, operação conhecida como risco
sacado. Entretanto, essas operações não estavam sendo lançadas no balanço da
companhia, ou seja, os credores e os investidores não conheciam o verdadeiro tamanho
da dívida da empresa. A dívida bruta reportada no último balanço era de R$ 20 bilhões,
mas caso as estimativas divulgadas estejam corretas, esse montante seria, na realidade,
de R$ 43 bilhões. Em outras palavras, a Americanas estaria escondendo mais de metade
da sua dívida.

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Reação dos credores

Evidentemente, os credores da Americanas S.A. não receberam bem a notícia, e


rechaçaram a possibilidade de uma solução extrajudicial para o caso.

Estimativas do JP Morgan e do Citi indicam que Bradesco (BBDC4), BTG Pactual


(BPAC11) e Santander Brasil (SANB11) estão entre os bancos mais expostos à
Americanas. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) concedeu uma liminar ao BTG
que permitiu o bloqueio de R$ 1,2 bilhão da varejista, de forma a oferece alguma
segurança ao banco contra um possível calote da dívida.

Dessa forma, com caixa reduzido e dívida maior, a varejista entrou com um pedido de
recuperação judicial em caráter emergencial no dia 19 de janeiro. Com a sanção da
recuperação judicial, todas as obrigações de dívidas da companhia serão suspensas por
180 dias, e a Americanas terá o prazo de 60 dias para apresentar um plano de
reestruturação aos seus credores. Feito isso, o plano terá que ser aprovado pelos
credores em uma assembleia, a ser convocada em até 150 dias.

Além disso, em decorrência do processo de recuperação judicial, a Americanas passa a


estar excluída de todos os índices de referência da B3, inclusive do Ibovespa, no qual a
empresa tinha peso de 0,031% de acordo com dados do dia 19 de janeiro.

Impacto nos mercados

A revelação do rombo e o posterior pedido de recuperação judicial da empresa


afetaram ainda ações de outras empresas e até mesmo alguns fundos imobiliários.

Evidentemente, as notícias afetaram as ações dos principais credores da Americanas,


trazendo bastante volatilidade para as ações de Bradesco, BTG e Santander nos últimos
dias. Contudo, a exposição desses bancos à varejista, embora não possa ser desprezada,

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é insuficiente para provocar um forte impacto nas carteiras de crédito multibilionárias
dessas instituições. Dessa forma, a recuperação judicial pode forçar essas instituições a
aumentarem as provisões para devedores duvidosos no curto prazo, mas não afeta a
saúde dos bancos envolvidos.

No caso dos fundos imobiliários, a situação é mais delicada, já que alguns fundos
possuem parcelas significativas de seus rendimentos atreladas ao aluguel de imóveis
para a Americanas.

Pelo menos oito FIIs possuem exposição expressiva à varejista: MAXR11 (FII Max
Retail), GGRC11 (GGR Covepi Renda FII), XPLG11 (XP Log FII), LVBI11 (FII VBI Logístico),
BRCO11 (Bresco Logístico), VIUR11 (Vinci Imóveis Urbanos FII), RBRL11 (Rbr Log – Fundo
de Investimento Imobiliário) e HGLG11 (CSHG Logística).

MAXR11, GGRC11 e XPLG11 são os fundos mais expostos à varejista, que responde por
34%, 19% e 8% de suas receitas, respectivamente. É importante ter em mente que ainda
não sabemos como o processo de recuperação judicial pode afetar a capacidade da
Americanas de pagar seus aluguéis, e é preciso aguardar a divulgação do plano de
reestruturação que será apresentado aos credores nos próximos meses.

O que esperar das ações AMER3?

O cenário para as ações da Americanas é negativo e cheio de incertezas, e nossa


recomendação é de que os investidores não comprem papéis AMER3. Mesmo antes da
notícia dos problemas contábeis, já não recomendávamos as ações da empresa por não
gostarmos de seu modelo de negócios, que resultava em prejuízos recorrentes para a
varejista.

Na visão do nosso analista Flávio Conde, a Americanas está diante de uma recuperação
judicial muito complicada, que não deve ser rápida e cujo desfecho deve ser

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desfavorável para os papéis da companhia. Para Conde, a Americanas precisa seguir os
seguintes passos:

1. Republicar os balanços dos últimos anos e mostrar para os credores onde está
esse rombo de aproximadamente R$ 20 bilhões identificado pelo time de Sergio
Rial.
2. Mostrar para os credores que a empresa tem condições de pagar a dívida
atual, traçando um plano e estabelecendo prazos.

Contudo, o custo desse plano de reestruturação deve ser alto. A Americanas não tem
muitos ativos valiosos para vender. As redes Hortifruti, Natural da Terra e a
participação que a empresa possui na Vem Conveniência podem ser vendidas para
levantar recursos, mas os valores não fazem frente à dívida multibilionária. Outros
ativos que a companhia possui são a Shoptime, a Submarino e 70% do grupo Uni.co,
dono das marcas Imaginarium, Puket, MinD e Lovebrands. Isso significa que a empresa
pode realizar uma nova capitalização e pedir a renegociação das dívidas.

Ainda segundo Flávio Conde, a empresa deve diminuir muito de tamanho em


decorrência do processo de recuperação judicial. Unidades de rua da Lojas Americanas
devem ser fechadas, devido ao alto custo de manutenção e às baixas margens desses
estabelecimentos, e os preços de alguns produtos podem subir no site da companhia, o
que pode reduzir o volume de vendas, mas trazer alívio para as margens.

Sobre a possibilidade de aquisição da empresa, é difícil que algum outro player deseje
comprar a Americanas, já que a varejista não possui nenhum grande atrativo ou
diferencial frente a seus pares.

Por fim, empresas que devem se beneficiar da crise da Americanas são os principais
players do varejo no Brasil, tanto digital quanto físico, que devem disputar a fatia de
mercado anteriormente ocupada pela companhia. Destacamos o Magazine Luiza
(MGLU3), o Mercado Livre (NASDAQ: MELI) e a Via (VIIA3), dona das marcas Casas
Bahia e Ponto.

Independente do futuro da Americanas, 2023 deve trazer inúmeras oportunidades para


os investidores brasileiros. E para aproveitar essas oportunidades, é importante contar
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Abraços e bons investimentos,


Equipe Levante

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