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Publicado em: 20/03/2023

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Tem algo no comportamento do investidor pessoa física que fica muito
evidente quando grandes quedas no preço de alguma ação acontecem.

Se o investidor compra a ação antes da queda, fica muito desconfortável


em realizar o prejuízo.

A pessoa acredita que enquanto não vender de fato a ação, algum milagre
pode acontecer e livrá-la da sensação dolorosa de ter que confirmar as
perdas.

O segundo comportamento comum é quando o investidor vê uma queda


grande e acredita que o preço da ação tem grandes chances de voltar a
ser o que já foi um dia.

Então ele resolve comprar a empresa na esperança de que as ações


voltem aos seus tempos gloriosos.

Mas pouca gente se dá conta de como a matemática é perversa quando


o assunto é recuperação de preços.

Veja o quadro abaixo:

Se você compra uma ação e ela cai -50%,


você precisa que ela volte a subir +100%
para que seu investimento retorne ao 0x0.

À medida que as quedas se intensificam,


a necessidade de ganho passa a ser
extremamente improvável. Uma ação que
cai -90% precisa de um ganho de +900%
só para voltar ao preço inicial.

Apesar dessa matemática ingrata, muitos investidores resolvem não


vender suas ações em prejuízo, pois acham que se o papel da empresa
já valeu R$ 50,00 em algum momento, não importa que esteja custando
apenas R$ 2,00 hoje, logo vai voltar para R$ 50,00.

Pode até acontecer, mas se for o caso, não será pelo seu preço do
passado, mas sim pelos resultados melhores que a companhia está

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apresentando.

Então não fique com uma ação na carteira só por receio de “realizar o
prejuízo”. Também não segure uma ação que caiu muito só porque ela
já “foi mais cara” um dia.

Esses dois comportamentos são extremamente prejudiciais, pois


atrapalham demais a rentabilidade do investidor.

O seu preço médio em um investimento não importa. O quanto você já


ganhou ou perdeu com a ação no passado não importa.

Você deve focar 100% no que vai acontecer de hoje em diante.

Se as perspectivas da empresa para o futuro forem boas, compre a ação


ou mantenha o papel na carteira.

Se forem ruins, livre-se imediatamente, não importando se você está


ganhando ou perdendo dinheiro.

O que já foi já foi. Todo dia sua carteira de investimentos começa do


zero e você precisa tomar suas decisões com base no futuro.

Toda Queda é uma Oportunidade?


Hoje vamos falar de 11 ações.

São 11 empresas brasileiras muito conhecidas pelo


público e pelos investidores, mas que têm uma coisa
em comum: quedas da ordem de -30%, -40%, -50%.

Se você não é investidor de nenhuma delas e se


depara com quedas dessa ordem, qual é sua primeira
reação?

• “Nossa, essa empresa está muito barata agora, vou aproveitar e


comprar!”

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• “Nossa, essa empresa está muito arriscada agora, vou ficar longe!”

Qual é a reação correta?

A resposta é: depende dos resultados da empresa em questão.

Uma queda pode ser uma oportunidade. Vimos isso em março de 2020,
quando a pandemia se tornou uma realidade.

Mas TODA queda é uma oportunidade? Com certeza não.

Por isso, trouxemos 11 análises simples e diretas das quedas da Bolsa


brasileira.

Algumas delas são oportunidades, já outras, nossos analistas entendem


que a relação risco/retorno não é convidativa e recomendam que você
fique de fora.

Para não ficar demasiadamente extenso, trouxemos apenas um resumo


da análise. Os assinantes da Nord Research têm acesso ao conteúdo
completo e detalhado.

Queremos, com este relatório, ajudar você a tomar melhores decisões,


livrando-se de empresas que não apresentam boas perspectivas ou
comprando empresas que entendemos serem ótimas oportunidades.

Vamos agora ao resumo de cada uma das 11 escolhidas:

Hapvida (HAPV3)
A Hapvida (HAPV3) divulgou, no 4T22, mais um resultado
decepcionante, e pelo visto a paciência do mercado chegou
ao limite, suas ações caíram -33% em um único pregão.

Ao contrário do que a companhia havia indicado, a tendência na


sinistralidade continua negativa, tendo em vista que os reajustes de
preços não estão sendo suficientes para compensar a alta dos custos.

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Lucro U12M (branco) e cotação (verde). Fonte: Bloomberg.

Mais uma vez, a empresa disse que a sinistralidade vai voltar aos
patamares históricos nos próximos trimestres, que irá fazer reajustes
de preços mais agressivos e aumentar o nível de verticalização na
operação para recompor margens, mas o mercado não compra mais
essa a narrativa.

Para completar, ela está com dificuldades para capturar as sinergias


potenciais da fusão com a Notredame Intermédica e a forte queima de
caixa tem levado a um aumento do endividamento, pressionando ainda
mais o resultado da empresa.

Como resposta à enxurrada de questionamentos que a Hapvida vem


recebendo do mercado acerca de sua saúde financeira, a companhia
até enviou ao mercado uma atualização sobre a situação atual de suas
opções de captações de recursos.

Ela informou que concluiu com sucesso a 4ª emissão de debêntures

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e que vem estudando mecanismos de venda de seus ativos fixos no
modelo sale & lease back (vender e alugar de volta), assim como
eventuais vendas de ativos não relacionados à sua atividade principal.

Por fim, a empresa disse que também considera alternativas de


fortalecimento de sua estrutura de capital junto aos seus acionistas, ou
seja, emitir novas ações em um aumento de capital.

Com tantas desconfianças, muitos investidores estão migrando suas


posições de Hapvida para Rede D’Or (RDOR3), que é a nossa preferência
no setor, pois possui fundamentos e perspectivas muito melhores
e negocia praticamente ao mesmo múltiplo de HAPV depois da forte
queda (14x Ebitda vs 13x Ebitda).

Veredito: Vender HAPV3.


Rafael Ragazi, CNPI

Americanas (AMER3)
Em 11 de janeiro de 2023, a companhia divulgou ao mercado o
rombo que causou o colapso no varejo, de R$ 20 bilhões.

Após os episódios de problemas contábeis, brigas judiciais com bancos


credores e possíveis injeções de liquidez na empresa por parte dos
controladores, Americanas se tornou uma empresa totalmente “não
investível” para o cenário Brasil.

Olhando o histórico de resultados da companhia e a ausência de


visibilidade de resultados futuros, achamos que não é interessante ter
as ações da empresa.

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Histórico de Ebitda (azul) e lucro (verde). Fonte: Bloomberg.

Apesar do que o mercado “aposta”, a companhia poderá apresentar muitos


problemas daqui para frente, e uma possível injeção de liquidez pode
não ser suficiente para recuperar a confiança do mercado, fornecedores,
credores e clientes para que as ações tenham uma possibilidade de
gatilho.

O varejo não é um setor fácil de operar no Brasil. Com margens bastante


apertadas, competição e, no caso de AMER, governança corporativa
questionável, recomendamos que fique longe das ações de Americanas.

Veredito: Vender AMER3


Danielle Lopes, CNPI

Light (LIGT3)
A Light (LIGT3) é uma empresa do setor elétrico, que atua na
geração e distribuição de energia no estado do Rio de Janeiro.

Sendo o terceiro estado mais populoso do Brasil, o mercado carioca


pode parecer interessante, mas a complexidade da operação no Rio de
Janeiro é alta e vem impactando os resultados da Light faz alguns anos.

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Os índices de perdas de energia (energia que passa pelas redes da
companhia, mas é comercializada) no Rio de Janeiro são elevados, as
perdas totais de energia da Light ficaram em 26% no 3T22. Para efeito
de comparação, as perdas das distribuidoras Cemig (MG), CPFL (SP), Enel
(SP) e Copel (PR e SC) ficam entre 8% e 12%.

Isso somado ao aumento na inadimplência e o pagamento de créditos


fiscais tem impactado de forma relevante os resultados da Light nos
últimos trimestres.

Queimando caixa, com montante significativo de dívidas no curto


prazo e com dificuldade de tomar novas dívidas, os riscos em relação à
capacidade da empresa em conciliar a manutenção das suas operações
e o pagamento das suas dívidas aumentaram bastante.

A Light reportou uma dívida líquida de R$ 8,7 bilhões no terceiro trimestre


de 2022 (3T22). O resultado representa uma alavancagem de 3,7 vezes
Ebitda ajustado, um salto comparado ao 3T21, quando reportou uma
alavancagem de 2,8x.

Dívida líquida (coluna) e Alavancagem (linha) de Light. Fonte: Light e elaboração:


Nord Research.

O momento delicado da empresa reflete nas suas ações, que acumulam


uma queda de 47,3% em 2023 e 70% nos últimos 12 meses (fechamento

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do dia 16 de março de 2023).

Com um cenário macro desfavorável e a deterioração dos seus


fundamentos, o grande risco da Light é não ter capacidade de renovar
sua única concessão de distribuição, que vence em 2026, representando
70% do Ebitda total da companhia.

Veredito: Vender
Fabiano Vaz, CNPI

Marisa (AMAR3)
Uma das empresas mais afetadas pela crise do varejo e após o
escândalo com os credores da Americanas foi a Lojas Marisa.

Logo após a divulgação da Americanas, a Marisa havia contratado


a BR Partners e a Galeazzi Associados para apoiar reestruturação de
dívida e custos. Em fato relevante ao mercado, informou a substituição
do comando da varejista, com a intenção de renegociar suas dívidas,
envolvendo um montante de cerca de R$ 600 milhões.

A rede varejista optou por adiar as divulgações de resultados em meio


a turbilhões, o que já nos passa uma mensagem ruim pensando na
governança do varejo. Mas o problema da companhia não é de hoje.

Embora ela tenha conseguido manter o endividamento sob controle,


a crise de 2013 a 2018 trouxe redução nas vendas e na participação de
mercado.

Histórico de Ebitda (azul) e lucro (verde). Fonte: Bloomberg.

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O que segurou os resultados da companhia na época foram seus cartões
de crédito. Linha de crédito que hoje está sendo revisitada pelas grandes
complicações de ceder crédito para consumo com juros tão elevados

Com histórico de resultados bastante deteriorados há muito tempo e com


pouquíssima visibilidade para melhorar ou reestruturações, achamos
que não é a hora de ter ações de Marisa na carteira.

Veredito: Vender
Danielle Lopes, CNPI

DASA (DASA3)
Fundada em 1961, a Dasa (DASA3) é uma das maiores empresas
do setor de saúde do país, com cerca de 40 marcas de laboratórios,
hospitais e centros médicos.

A companhia se consolidou no setor pela sua forte atuação em medicina


diagnóstica (laboratórios), mas após mudanças no controle da empresa,
em 2019, o foco era se tornar um ecossistema de saúde.

Com a mudança de estratégia, a Dasa iniciou uma estruturação e iniciou


aquisições de hospitais e centros médicos.

Atualmente uma rede praticamente completa em saúde, a Dasa é líder


do mercado de laboratórios, com cerca de 17% de market share, e a
terceira maior empresa listada em bolsa no segmento de hospitais, com
aproximadamente 2,5% dos leitos privados.

A estratégia de entrar no segmento parece acertada e a receita da


companhia praticamente dobrou entre 2019 e 2021.

Entretanto, a busca pelo crescimento acelerado com sua estratégia


de aquisições e os altos investimentos pressionaram as margens
da companhia e impulsionaram o endividamento. A dívida líquida
da Dasa saltou de R$ 1,9 bilhão no 4T20 para R$ 8 bilhões no 3T22.

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Receita líquida (coluna branca), Ebitda (azul) e margem Ebitda (linha vermelha) de
Dasa. Fonte: Bloomberg.

O endividamento elevado e a alta dos juros refletiram na forte queda


das ações da companhia. Em 2023, as ações da Dasa acumulam uma
queda de 43,8% e em 12 meses 64,7%.

Apesar da expectativa de crescimento dos resultados nos próximos


anos, o grande desafio da Dasa será incorporar as operações das últimas
aquisições e equalizar seu endividamento.

Havendo sinais positivos em relação aos desafios atuais, Dasa pode ser
uma boa oportunidade no futuro. Vamos continuar com DASA no nosso
radar.

Veredito: Vender
Fabiano Vaz, CNPI

Multilaser (MLAS3)
Quem ouve a palavra “Multilaser” provavelmente associa a marca
diretamente – e quase que exclusivamente – a produtos de informática
como computadores, notebooks, tablets e acessórios (teclados, mouses
etc.).

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Sim, esse é o seu principal negócio (corresponde a 32% das vendas),
entretanto, a companhia fundada em 1987 já vem diversificando seu
portfólio de produtos vendidos há pelo menos 10 anos, sejam eles
estampados com sua marca própria ou através de parcerias com grandes
empresas como Fisher-Price em produtos infantis, DJI em drones e
câmeras e Toshiba em TVs.

Atualmente, o portfólio da empresa conta com mais de 7 mil produtos


diferentes (SKUs), divididos em 28 marcas próprias, 22 licenciadas e 9
parceiras. Com a ampliação na oferta em seu ecossistema, a Multilaser
passou não somente a adentrar novos nichos no varejo como também
a atingir uma participação relevante (e, muitas vezes, a liderança) na
venda de determinados produtos.

Participação de mercado por produto vendido no Brasil. Fonte: Multilaser.

Ainda assim, em meio a um cenário macroeconômico altamente


desafiador (ainda mais para o setor que atua), a empresa vem enfrentando
dificuldades em entregar bons resultados e visibilidade de crescimento
a longo prazo para os seus acionistas.

Além disso, o momento do país eleva a tensão do mercado e faz com que
a bolsa sofra – em especial, as empresas de menor capitalização como
a Multilaser. Com fundos tomando resgate e grandes bancos rebaixando
suas recomendações ou reduzindo seus preços-alvo para MLAS3, os
papéis já acumulam queda de -40% em 2023.

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Cotação das ações da Multilaser em 2023. Fonte: Bloomberg.

Com as quedas recentes, a Multilaser passou a ser negociada por menos


de 5x Ebitda. O valor pode parecer baixo (representa cerca de metade do
múltiplo médio histórico da nossa bolsa), mas sem grandes expectativas
para os resultados dos próximos anos em meio ao cenário atual e sem
muitos “gatilhos” que possam destravar seu valor, não vejo MLAS3 como
boa oportunidade no momento.

Veredito: Vender
Victor Bueno, CNPI

Infracommerce (IFCM3)
A Infracommerce é uma empresa que fornece soluções “white
label” (produtos ou serviços que podem ser personalizados e revendidos
sem a marca do criador) para diversos segmentos no mercado digital.

As soluções visam simplificar o processo de digitalização e são


divididas em cinco verticais principais, que compõem um ecossistema
independente e integrado na América Latina: (i) Digital (marketing digital
e performance); (ii) Shop (e-commerce/marketplace); (iii) Log (logística);

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(iv) Data (soluções em dados e inteligência) e (v) Pay (pagamentos e
sistemas antifraudes).

Ecossistema de soluções. Fonte: Infracommerce

Expandindo sua oferta de soluções e também crescendo inorganicamente


com aquisições, a Infracommerce viu sua receita mais do que dobrar em
2022 e o Ebitda saltar +300% com sinergias obtidas junto às adquiridas
e diluição de despesas operacionais.

Porém, com seu endividamento quase dobrando no período de um


ano, a companhia é mais uma a ser pressionada pelo cenário atual de
juros elevando suas despesas financeiras, o que contribuiu para que
entregasse um prejuízo de R$ -179 milhões em 2022 (20x maior que em
2021).

Devido ao momento desafiador, o mercado passou a adotar uma maior


cautela com IFCM3 e grandes bancos como o Credit Suisse rebaixaram
suas recomendações enquanto aguardam uma maior visibilidade. Sem
grandes perspectivas de curto prazo (principalmente para seu lucro), as

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ações da empresa já acumulam baixa de -55% no ano.

A Infracommerce até trouxe um guidance (projeção) para 2023 de que seu


Ebitda fechará o ano entre R$ 150 mm a R$ 170 mm, o que representaria
um múltiplo de cerca de 6-7x Ebitda considerando o preço atual de seus
papéis.

Cotação das ações da Infracommerce em 2023. Fonte: Bloomberg.

Porém, ainda é preciso aguardar e acompanhar para ver se a companhia


vai, de fato, concretizar essa projeção ao longo dos próximos trimestres.
Por ora, seguiremos de fora de IFCM3.

Veredito: Vender
Victor Bueno, CNPI

Grupo SBF (SBFG3)


Dono da Centauro e responsável pelas operações da Nike no
Brasil, o grupo SBF vem se consolidando como um dos principais players
no varejo esportivo no país, com 265 lojas espalhadas por território
nacional (233 da Centauro e 32 da Nike) e aprimorando cada vez mais
sua omnicanalidade (junção do varejo físico com o digital).

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Assim como outras companhias do setor, o Grupo SBF também tem
como pilares de seus planos de crescimento três fatores: (i) a expansão
do número de lojas; (ii) o investimento em seus canais digitais e (iii) a
construção de um completo ecossistema de marcas.

Vale destacar que, além da Centauro e Nike, o SBF possui investimentos


em outras empresas menores por meio de seu programa de CVC
(Corporate Venture Capital), com participação em nomes como NWB
(dona de canais do YouTube como Desimpedidos) e FitDance.

A expansão já vem trazendo frutos para a empresa, que bateu recorde


de vendas em 2022, atingindo quase R$ 8 bilhões no período (+23% vs.
2021) e com a maior margem bruta desde 2019 (47%), mostrando que
está conseguindo repassar preço aos seus clientes.

Por outro lado, as maiores despesas operacionais com a expansão de


seus negócios e despesas financeiras elevadas devido ao cenário de
juros em alta contribuíram para que o lucro do Grupo SBF apresentasse
queda de -56% no ano passado, enquanto a margem líquida foi de
apenas 3%.

Lucro líquido no 4T22 e 2022. Fonte: Grupo SBF.

A queda no resultado líquido da companhia colaborou para que suas


ações caíssem -28% em 2023. Logo, mesmo com um

menor lucro no consolidado do ano, o movimento dos papéis fez com


que o Grupo SBF permanecesse negociando a um múltiplo baixo, de
cerca de 10x lucros.

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Cotação das ações do Grupo SBF em 2023. Fonte: Bloomberg.

Ainda assim, o cenário de inflação e juros em patamares elevados tende


a continuar sendo uma pedra no caminho do SBF em seus planos de
crescimento e consolidação de seu ecossistema. Por ora, seguimos
acompanhando de fora as perspectivas e ações da companhia.

Veredito: Vender
Victor Bueno, CNPI

Raízen (RAIZ4)
Com uma participação no agro, a Raízen (RAIZ4) nasceu da
combinação de negócios da Cosan e Shell atuando nos segmentos
de energia e combustíveis. O seu portfólio de negócios conta com a
produção e comercialização de açúcar, etanol e bioenergia, distribuição
de combustíveis, geração de energia e lojas de conveniência.

A combinação de duas grandes empresas e as aquisições dos últimos


anos fizeram da Raízen uma das líderes mundiais na produção e
comercialização de etanol e açúcar e uma das maiores distribuidoras
de combustíveis do Brasil.

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A grande alavanca de crescimento nos próximos anos é o seu negócio de
renováveis, através da produção e comercialização de bioenergia, mas
principalmente do etanol de segunda geração (E2G), produzido a partir
das sobras do processo convencional de produção do etanol (palha e
bagaço de cana-de-açúcar).

Apesar dos avanços nos renováveis, o mercado ainda tem dúvidas sobre
a capacidade de produção em larga escala do etanol E2G. Além disso,
os resultados da companhia nos últimos anos foram por alguns fatores
como: (i) aumento dos custos, reflexo da inflação; (ii) queda do preço
do açúcar; (iii) menor produtividade da cana-de-açúcar; (iv) queda da
gasolina com a desoneração fiscal, e consequentemente do etanol.

Ebitda ajustado dos últimos 12 meses. Fonte: Raízen e elaboração: Nord Research.

Refletindo esses fatores e o cenário macro, as ações da Raízen


despencaram. Só em 2023, os papéis da empresa acumulam queda de
43% e, desde o seu IPO em agosto de 2021, 62%.

Apesar de negociar a múltiplos baixos, 4,4x Ebitda e 8,7x lucro, a Raízen


depende de um cenário macroeconômico mais favorável e está exposta
à volatilidade dos preços das commodities açúcar e etanol.

Por tudo isso e pelas perspectivas de crescimento ainda tímidas, para


o próximo ano, preferimos ficar fora de RAIZ4.

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Veredito: Vender
Fabiano Vaz, CNPI

3R Petroleum (RRRP3)
A 3R dobrou a sua produção no 4T22 e apenas no 1T23 vai
aumentar sua produção em 65% novamente, com o primeiro trimestre
completo de produção do polo Papa Terra (adicionando 9 mil barris/
dia a produção). Além disso, faltam entrar o polo Potiguar e os 65%
restantes do polo Pescada, que elevarão a produção da companhia para
o patamar de 45 mil barris/dia.

Produção projetada. Fonte: 3R.

Levando em consideração os planos de revitalização dos campos, a


produção total da 3R saltará para mais de 101 mil barris por dia até o
fim de 2025, ou seja, estamos falando de um incremento de produção de
708% em relação a 2022.

Vale ressaltar que com a entrada do Terminal Portuário de Guamaré,


que vem junto com o conjunto de ativos Potiguar, a 3R vai passar a ter
acesso a mercados internacionais para exportar seu petróleo, reduzindo

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a dependência da Petrobras como cliente e passando a poder exportar
74% de sua produção total.

Adicionalmente, a infraestrutura instalada vai permitir o processamento,


refino, armazenamento, transporte e escoamento do petróleo e gás
produzidos. A integração logística de todos os campos do Polo permitirá
a redução do lifting cost (custo de extração), que está em US$ 17,7
atualmente devido à recente integração da maioria dos ativos, que
herdaram baixas produtividades dos antigos operadores.

Grande parte do receio do mercado em relação a 3R vinha dos riscos


relacionados à capacidade de execução da empresa. No entanto,
recentemente, a Gerval, veículo de investimentos da família Gerdau,
aumentou sua posição de 6% para 11% da 3R e trocou a gestão da
companhia por uma diretoria muito mais focada na produção.

Já operando 7 dos 9 ativos adquiridos (2 processos de transição sendo


concluídos em breve), com o foco em manter o custo baixo e aumentar
a produção, RRRP3 é uma excelente oportunidade de compra para quem
quer surfar seu enorme potencial de crescimento, se protegendo do
cenário macro local ao mesmo tempo.

Veredito: Comprar
Rafael Ragazi, CNPI

CVC (CVCB3)
O inferno astral de CVC perdura desde o encerramento das
operações da Avianca Brasil.

Somado a isso, vieram, de 2020 a 2023 (ordem cronológica), desvalorização


cambial, derramamento de óleo nas praias do Nordeste (região que
corresponde a cerca de 60% do turismo do país), a notícia veiculada
por parte do CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), que
considerou a atividade da companhia como “agência de turismo”, e não
uma atividade “intermediadora”, trazendo enormes problemas judiciais,
crise da COVID-19 e crise global.

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Eis o “resultado disso em seus resultados”.

Histórico de Ebitda (azul) e lucro (verde). Fonte: Bloomberg.

Com os problemas macro (e micro), o histórico de resultados de CVC tem


ficado cada vez pior, com muito mais dificuldades de se recuperar no
longo prazo.

No meio do caminho, a companhia levantou capital para reforçar o caixa


e pagar dívidas no meio de 2022. Correndo tudo bem, seria a última vez
que a empresa precisaria de um fôlego.

Ela já se comprometeu com um aumento de capital de até R$ 125 milhões


no final do ano.

Com as taxas de juros ainda elevadas e resultados fracos divulgados,


com geração de caixa advinda da antecipação de recebíveis (o que é
ruim), a situação de CVC ainda pode piorar.

Veredito: Vender
Danielle Lopes, CNPI

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“Em observância aos Artigos 20 e 21 da Resolução CVM nº 20/2021, a Analista Danielle Lopes declara que:

1. é a responsável principal pelo conteúdo do presente Relatório de Análise;


2. as recomendações constantes no presente Relatório de Análise refletem única e exclusivamente suas
NOSSA CENTRAL DE AJUDA
opiniões pessoais e foram elaboradas de forma independente, inclusive com relação à Nord Research;

A Nord Research esclarece que oferece produtos contendo recomendações de investimento pautadas por
diferentes estratégias e/ou elaborados por diferentes Analistas. Dessa forma, é possível que um mesmo va- CONHEÇA A NOSSA PLATAFORMA
lor mobiliário encontre recomendações distintas em diferentes produtos por nós oferecidos. As indicações
do presente Relatório de Análise, portanto, devem ser sempre consideradas no contexto da estratégia que
o norteia.”

Nord Research, 2022. Todos os direitos reservados. Rua Joaquim Floriano, 100 - Itaim Bibi, São Paulo - SP, 04534-000

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