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Analise -

Marlim
Abril, 2023

Informações Gerais da Indústria

Informações do setor e empresa

Breve explicação da Empresa


A Marlim é uma fintech da indústria de meios de pagamentos, focada em atender câmbio e criptomoedas. A empresa
trabalha com parceiros, sendo estes, grandes empresas já consolidadas na área de câmbio como a PagSeguro e, seus
clientes são igualmente grandes, como a WesternUnion, Coinext, Nomad, etc.

A Marlim se apresenta como um ponto de venda que oferece uma solução de intermediador financeiro para empresas.
Embora não haja nenhuma tecnologia disruptiva na companhia em si, ela atua como intermediadora, oferecendo aos
clientes uma variedade de produtos e a possibilidade de parcelamento em crédito em parceria com bancos que assumem o
risco, partilhando os lucros com os outros parceiros que possibilitam os meios de pagamento.

Para exemplificar, a imagem acima demonstra a Hax-Delta Model. Em termos de proposta de valor, a Marlim parece se
enquadrar no que é denominado como Total Customer Solutions. Isso se deve ao fato de que a empresa oferece
fundamentalmente uma economia de rede, não possuindo um produto em si e sendo essencial ao serviço por ela
prestado uma abundância de parceiros disponíveis.

No entanto, um dos riscos a se considerar é que a Marlim não consegue conceder crédito e também não possui nenhum
grande banco parceiro que o conceda, estando limitada a parceiros menores que podem recusar este crédito e gerar
grande frustração para o cliente.

Por um lado, faz sentido para empresas que prestam serviços de câmbio/financeiro de maneira geral agrupar-se e dividir
parte de seus lucros com uma empresa como a Marlim. Um estudo feito pelo Hubspot em 2022 demonstrou que o CAC
para empresas de câmbio como a Western Union chega em média a 303 dólares por cliente. Já o CAC para bancos sobe
ainda mais, para em média 700 dólares. Com a Marlim, essas empresas poderiam tentar diminuir seu CAC ou até mesmo
ser indiferentes quanto a tal custo.
Breve explicação da Empresa
A empresa alega possuir as vantagens competitivas em termos de serviços descritas acima. Basicamente, os termos
utilizados são fundamentalmente relacionados a customização de serviço. Entretanto, essa customização não existe
realmente. O que existe é a economia de rede formada pela empresa, onde os diversos parceiros permitem, em alguma
medida, realizar diferentes tipos de transação, mas, por definição, a empresa opera por escala e não por customização de
serviço. Outro fator relevante é que, em última instância, o cliente da empresa é o B2C, dessa forma a Marlim possui uma
base varejista e um público disperso. Grande parte do mercado e das transações em câmbio no Brasil são realizados por
empresas exportadoras, até então a Marlim não deve conseguir atender a esse público (os quais são o que dá mais dinheiro
no final).

Não é apenas a Marlim que permite o tipo de transação de compra parcelada de câmbio, há outras empresas no Brasil que
também permitem compras parceladas como a: Confidence Câmbio, Cotação Cãmbio, Ouro Minas Câmbio e assim por
diante.

Um fator um pouco mais distintivo da Marlim é a sua operação sobre o mercado de cripto-ativos.

Existe um enorme potencial de crescimento sobre o mercado de cripto-ativos. Além de diversos projetos focados em
produtos de tecnologia — como softwares, inteligência artificial, criadores de site, música — até produtos como moedas
digitais. Um fator de risco para a tese de cripto-ativos têm relação com o próprio princípio da criação da tecnologia: um
aceleracionismo. Alguns autores influentes no meio cripto como Nick Land e outros filosofos influenciados por Deleuze e
Guatarri argumentam que o único jeito de acabar com o atual sistema é o colapsando a partir de uma aceleração da
tecnologia. O grande e principal apelo do Bitcoin, em sua ideia formalizada, é ser uma moeda realizada em contra-
economia, ou seja, descentralizada e não controlada pelo Estado. Em diversos países já se discute um meio de taxar e saber
quem e quanto dinheiro diversos indivíduos possuem em cripto-ativos, algumas corretoras como a Binance e outras
menores são pressionadas a fornecer informações pessoais de clientes ao governo. Isso gerou uma grande discussão no
meio e medidas estão sendo tomadas, para prevenir esse tipo de imposição. A solução é precisamente não comercializar e
comprar mais cripto-ativos por meio de corretoras. Um risco para a Marlim é justamente esse, como ela conseguirá se
adequar e prever como esse mercado irá se comportar.
Análise Financeira:
A empresa, atualmente, possui mais passivos do que ativos. Esse fator demonstra a má estrutura de capital da empresa,
tendo fatores negativos quando realizamos a análise de alguns indicadores - NCG, Saldo de tesouraria e CDG - vemos que a
empresa possui um altíssimo risco:
Vemos que, no caso da Marlim, o efeito tesoura está sendo bem prejudicial, a necessidade de capital de giro está
aumentando cada vez mais, o CDG não está bancado a operação e o saldo de tesouraria está ficando cada vez mais
negativo. De longe a empresa ainda não conseguiu se estabelecer, muito menos resolver os problemas intrínsecos a sua
necessidade de escalabilidade.

A Marlim possui um custo extremamente elevado sobre o seu CAC (como toda empresa desse setor), ainda pior, a empresa
fundamentalmente divide os lucros com outras empresas parceiras, portanto, cada vez mais a sua margem vai diminuindo.
Como não existe, em essência, diferenciação de produto no seto (além disso, um dólar e um dólar, no máximo a empresa
poderia cobrar um spread maior, contudo, naturalmente ela perderia um enorme público por decorrência da enorme
pressão de spread em cima de transações em dólar. Pode-se esperar que a empresa tenha uma margem bruta constante.
Analisando alguns outros indicadores, temos que a empresa finalmente
conseguiu conquistar algum lucro em 2022 com uma margem bruta de 27%,
entretanto, como não há disponibilidade sobre as demonstrações de fluxo de
caixa, não podemos inferir sobre a qualidade desses lucros. A companhia ainda
possui um ROA negativo.

É natural que empresas no estágio que a Marlim está tenham problemas


financeiros e, tentar conseguir venture debt poderia ajudar sem gastar capital dos
sócios. Contudo, a Marlim não explicou como ela pretende lidar com o efeito
tesoura nem nenhum banco parece demonstrar muito interesse. A Marlim não
possui patente ou produtos altamente desenvolvimentos, ela pode ter alguns
sistema de inteligência artificial sobre a análise de crédito mas é muito duvidoso
que tal inteligência seja algo muito disruptivo - é relativamente simples utilizar o
Python para fazer modelos preditivos de risco de crédito. Não vejo o motivo pelo
qual um banco poderia querer adquirir a Marlim, nem corretoras em geral pois ela
não parece conseguir entrar no mercado de atacado para vender para empresas

Além da dificuldade do mercado, a empresa ainda apresenta caracteristicas


muito pobres de crédito justamente por decorrência da sua operação, ela possui
poucos ativos, práticamente nenhum ativo imobilizado, não possui estoques a
serem vendidos. Caso a empresa necessite de mais dinheiro, não é plausivel se
esperar que ela venha a conseguir empréstimos a taxas acessiveis.

Atualmente, a empresa possui um CAC de R$ 0,591 por real, não existe


informações a respeito do LTV da empresa, contudo, em geral, deve ser um baixo
LTV pois empresas de câmbio geralmente não conseguem ter um alto índice.

A empresa possui uma relação de ativos e passivos de 0,60x o que é um fator


bem negativo para a empresa, principalmente pela operação não ser rentável e
provavelmente, ela necessitará de mais caixa para financiar novos investimentos
sobre o CAC, já que ela não possui receita recorrente e sua margem é baixa.
A tabela abaixo demonstra algumas pré-suposições realizadas sobre a empresa, como o CTLV como se fosse 0.

Um fator que leva a certa preocupação com a empresa é apresentado na tabela abaixo:

Os administradores da empresa não possuem experiência sobre a área de câmbio e meios de pagamento, a indústria depende
certa forma de um bom ajuste da economia global e brasileira, como a empresa não possui qualquer patente ou tecnologia
disruptiva, não deve-se esperar um M&A.

Conclusão:
A Marlim não possui bons indicadores, mesmo tendo um alto crescimento, acredito que a empresa tenha muitos problemas com
resoluções ainda não dispostas. O principal fato contra na minha visão é a falta de um produto ou ativo real, o que desqualifica a
empresa para ser alvo de um M&A e, por sua natureza precisar de um altissimo CAC, a empresa precisa correntemente de capital
de giro, somado a um saldo de tesouraria negativo, o efeito tesoura pode acabar invibializando a operação antes que a empresa
consiga bater os seus custos fixos. A gerência não possui experiência na área e a em geral, a área de câmbio para pessoa física é
bem complicada, pois ocorre uma constante briga por preço.

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