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Tem algo no comportamento do investidor pessoa física que fica muito evidente

quando grandes quedas no preço de alguma ação acontecem.

Se o investidor comprou a ação antes da queda, fica muito desconfortável em


realizar o prejuízo.

A pessoa acredita que enquanto não vender de fato a ação, algum milagre pode
acontecer e livrá-la da sensação dolorosa de ter que confirmar as perdas.

O segundo comportamento comum é quando o investidor vê uma queda grande e


acredita que o preço da ação tem grandes chances de voltar a ser o que já foi um
dia.

Então ele resolve comprar a empresa na esperança de que as ações voltem aos
seus tempos gloriosos.

Mas pouca gente se dá conta de como a matemática é perversa quando o assunto


é recuperação de preços.

Veja o quadro abaixo:

Se você compra uma ação e ela cai -50%, você


precisa que ela volte a subir +100% para que seu
investimento retorne ao 0x0.

À medida que as quedas se intensificam, a


necessidade de ganho passa a ser extremamente
improvável. Uma ação que cai -90% precisa de um
ganho de +900% só para voltar ao preço inicial.

Apesar dessa matemática ingrata, muitos investidores resolvem não vender suas
ações em prejuízo, pois acham que se o papel da empresa já valeu R$ 50,00 em
algum momento, não importa que esteja custando apenas R$ 2,00 hoje, logo vai
voltar para R$ 50,00.

Pode até acontecer, mas se for o caso, não será pelo seu preço do passado e sim
pelos resultados melhores que a companhia está apresentando.

Então não fique com uma ação na carteira só por receio de “realizar o prejuízo”.
Também não segure uma ação que caiu muito só porque ela já “foi mais cara” um
dia.
Esses dois comportamentos são extremamente prejudiciais, pois atrapalham
demais a rentabilidade do investidor.

O seu preço médio em um investimento não importa. O quanto você já ganhou ou


perdeu com a ação no passado não importa.

Você deve focar 100% no que vai acontecer de hoje em diante.

Se as perspectivas da empresa para o futuro forem boas, compre a ação ou mantenha


o papel na carteira.

Se forem ruins, livre-se imediatamente, não importando se você está ganhando ou


perdendo dinheiro.

O que já foi já foi. Todo dia sua carteira de investimentos começa do zero e você
precisa tomar suas decisões baseado no futuro.

Toda Queda é uma Oportunidade?


Hoje vamos falar de 10 ações.

São 10 empresas brasileiras muito conhecidas pelo público e


pelos investidores, mas que têm uma coisa em comum: quedas
da ordem de -70%, -80%, -90%.

Se você não é investidor de nenhuma delas e se depara com


quedas dessas ordem, qual é sua primeira reação?

- “Nossa, essa empresa está muito barata agora, vou aproveitar e comprar!”

- “Nossa, essa empresa está muito arriscada agora, vou ficar longe!”

Qual é a reação mais correta?

A resposta é: depende dos resultados da empresa em questão.


Uma queda pode ser uma oportunidade. Vimos isso em março de 2020 quando a
pandemia se tornou uma realidade.

Mas TODA queda é uma oportunidade? Com certeza não.

Por isso, trouxemos 10 análises simples e diretas de 10 das maiores quedas da


Bolsa brasileira (Nubank está na lista, apesar de estar listada na bolsa americana).

Algumas delas são oportunidades, já outras, nossos analistas entendem que a


relação risco/retorno não é convidativa e recomendam que você fique de fora.

Para não ficar demasiadamente extenso, trouxemos apenas um resumo da análise.


Os assinantes da Nord Research têm acesso aos conteúdos completos e detalhados.

Queremos, com este relatório, ajudar você a tomar melhores decisões, livrando-se
de empresas que não apresentam boas perspectivas ou comprando empresas que
entendemos serem ótimas oportunidades.

Vamos agora ao resumo de cada uma das 10 escolhidas:

Via Varejo (VIIA3)

Resultados fracos

Em meio a um cenário macroeconômico desafiador e ainda distante da estabilização,


a Via Varejo reportou resultados fracos para o primeiro trimestre do ano. O GMV
(volume bruto de mercadoria) apresentou crescimento de +3% a/a, enquanto a
receita líquida retraiu 2% no mesmo período. Com taxas de comissão maiores (+2,0
pontos percentuais) e razoável controle das despesas, a Companhia apresentou
uma evolução de 15,2% no EBITDA Ajustado.

Fonte: Via
Efeitos não recorrentes e cenário macro

A partir do segundo semestre de 2021, com o aumento dos juros, as ações da


Via começaram um movimento de queda, refletindo as expectativas do mercado
em relação a uma economia mais fraca e de menor consumo. Entretanto, alguns
fatores internos – como provisões trabalhistas e ajustes não recorrentes, aliados
a dificuldades no processo de turnaround – aceleraram esse processo. Em 2021, as
ações da varejista caíram 67% e, no acumulado do ano de 2022, as ações caem mais
51%.

Está barata, porém embute riscos

Negociando a 8,4x EBITDA 2022, Via Varejo encontra-se 30% abaixo da sua média
histórica, 12x EBITDA, o que pode ser considerado como potencial oportunidade.
Entretanto, acreditamos que a diferença de preços se dá por riscos percebidos pelo
mercado, dentre eles: (i) cenário macro bastante desafiador; e (ii) resultados ainda
não tão satisfatórios.

No gráfico abaixo, vemos o histórico de 10 anos de resultados e preço; acreditamos


que a cotação hoje reflete os resultados mais desafiadores e ainda muito longe de
tempos áureos passados. Preferimos ficar de fora do papel no momento.

Via (em branco), EBITDA (em azul)


Fonte: Bloomberg

Veredito: Fique de fora de VIIA3.

André Zonaro, CNPI.


Inter (BIDI11)

Número de clientes. Fonte: Inter.

Em 2020, o Inter dobrou sua base de clientes, e em 2021 dobrou novamente, a


empresa saiu de 4 milhões para 16 milhões de clientes em apenas 2 anos. A
companhia tem como meta manter o ritmo de crescimento atual e adicionar 8
milhões de clientes à sua base novamente neste ano.

Ao que tudo indica, 2022 será


um ano de transição, no qual
o Inter vai se aproximando
do tamanho ideal de sua
estrutura (o que desacelera
o crescimento dos custos),
mas continua entregando um
forte crescimento de base e
de receitas. Essa combinação
de fatores poderá fazer com
que, a partir de 2023, os lucros
do Inter comecem a crescer de
maneira acentuada.

BIDI11. Fonte: Bloomberg.


Enquanto o Inter continua executando muito bem sua estratégia e melhorando
seus fundamentos a cada trimestre, suas ações foram uma das que mais sofreram
na bolsa com a mudança de humor do mercado e acumulam uma queda de -84%
desde a máxima alcançada em julho/21.

A empresa está valendo apenas R$ 12 bilhões atualmente, o que representa menos


de R$ 645 por cliente e suas ações estão negociando a apenas 3,8x receita.

O valor de mercado atual do Inter está MUITO longe de fazer jus ao potencial de
crescimento dos lucros da empresa, que não depende de soluções criativas para
se tornar factível (como no caso do Nubank, que inexplicavelmente tem múltiplos
3x mais altos que os do Inter atualmente).

Para entregar lucros bilionários, o Inter depende apenas do ganho de escala


(diluição dos gastos) e da redução dos investimentos em marketing, que vão ocorrer
naturalmente ao longo dos próximos anos.

Apesar disso, enquanto o mau-humor do mercado com as ações de crescimento


prevalecer, é pouco provável que as ações do Inter voltem a subir forte; no preço
atual, BIDI11 é uma excelente oportunidade de investimento para aqueles com foco
no longo prazo.

Veredito: Compre BIDI11.

Rafael Ragazi, CNPI

Méliuz (CASH3)

Méliuz (CASH3) é dinheiro de volta, é cashback. O trabalho da Méliuz é conectar


vendedores e compradores utilizando ofertas de cashback e cupons de desconto.

O modelo de negócio é simples: é o “ganha-ganha-ganha”. Ganha o cliente com


descontos e dinheiro de volta (cashback). Ganha o e-commerce expondo e vendendo
seus produtos e serviços. Ganha a Méliuz (sua merecida comissão).

Desde o IPO, Méliuz foi do céu ao inferno. De +300% de valorização para uma
amargurada queda de -87% desde o pico.
A companhia não conseguiu manter níveis estáveis de lucro (estando em prejuízo a
maior parte do tempo), o que se perpetuou no resultado recém-divulgado do 1T22.

Histórico de preços (branco) e lucros/prejuízos (verde) Méliuz. Fonte: Bloomberg,


elaborado por Nord Research.

No gráfico acima, olhamos para a linha de lucros (verde) com relação ao traço
vermelho (marco 0 de lucro). Em boa parte de seu histórico, Méliuz roda em prejuízo
devido aos altos custos operacionais (pessoas) e marketing.

Ao longo da jornada, a companhia fez aquisições importantes em 2021 para crescer


com mais rapidez no meio de cupons no mercado brasileiro e externo e serviços
financeiros.

Segundo o CEO, Israel Salmen, a proposta da companhia é focar em aumento de


receita por cliente. Basicamente, utilizar a base de 23,6 milhões de contas para
oferecer serviços além do cashback, como conta digital, cartões (crédito, débito e
pré-pago) e também a compra e venda de criptoativos.

Grosso modo, a estratégia da companhia se equipara ao atual momento do Nubank:


sofrendo com juros subindo (desestimula consumo e crédito), mercado descrente
com as promessas feitas no IPO e tentativas audaciosas para crescer.

Para nós, as promessas não são suficientes. Por isso, recomendamos que fique de
fora das ações de Méliuz.

Veredito: Fique de fora de CASH3.

Danielle Lopes, CNPI


Oi (OIBR3)

A Oi (OIBR3) é a maior e mais complexa reestruturação de todos os tempos da


bolsa brasileira, e o desempenho das suas ações evidencia as dificuldades que a
empresa vem enfrentando.

De 2016, quando fez o pedido de recuperação judicial (RJ), até o dia 11 de maio
de 2022, as ações acumulam uma queda de -68%. Em 12 meses, as ações da Oi
recuaram -59%.

Cotação OIBR3 nos últimos 12 meses. Fonte: Bloomberg.

Mas durante esses 6 anos de reestruturação, os avanços foram significativos: a


companhia reestruturou sua dívida, avançou sua governança, recuperou-se
operacionalmente, vendeu ativos e definiu a fibra óptica como o seu novo core
business.

E a expansão da fibra no atacado com a V.tal e no varejo com a ClientCo nos


últimos anos já dá resultados. A Oi terminou 2021 com um market share de 30% e
3,4 milhões de conexões, o que refletiu em uma receita de R$ 2,9 bilhões, alta de
+222% desde 2018.

Com foco na fibra, a companhia concluiu recentemente a venda da unidade de


telefonia móvel e está pronta para, enfim, sair da recuperação judicial nos próximos
meses.
Os desafios não vão terminar com a saída do RJ. Conciliar grandes investimentos
na expansão da fibra com o pagamento das dívidas vai continuar refletindo em
queima de caixa nos próximos trimestres.

Os riscos existem, estamos falando de uma empresa em reestruturação, mas as


perspectivas para a Nova Oi são interessantes, principalmente pelo seu supertrunfo.

A V.tal é o grande supertrunfo da Nova Oi por conta da expectativa de crescimento


da estrutura de fibra (atacado) no Brasil e pelo mercado que ela vai proporcionar
para a Oi no varejo.

A Nova Oi está se aproximando. Com foco total na fibra, veremos uma empresa
totalmente diferente, muito mais enxuta e com capacidade de voltar a crescer no
futuro.

Veredito: Compre OIBR3.

Fabiano Vaz, CNPI

Natura (NTCO3)

Um processo de reestruturação

Após a aquisição da Avon, concluída em jan/20, a Natura precisou enfrentar alguns


momentos mais adversos, entre eles o início da pandemia no primeiro trimestre de
2020. Desde então, a Companhia vem buscando se reinventar em meio às diversas
dificuldades e passa, inclusive, por um processo de reestruturação interna, focando
na simplificação do portfólio e implementação de novo modelo comercial.

Em vista disso, os resultados da Natura seguem fracos. No 1T22, a receita líquida caiu
12,7% a/a enquanto o EBITDA caiu 37,8% no mesmo período. Os principais fatores
que influenciaram essa queda expressiva foram (i) pressão de custos na cadeia
de suprimentos (ii) inflação, reduzindo os gastos discricionários e (iii) efeitos da
guerra entre Rússia x Ucrânia.
Fonte: Natura

Muitos desafios, algumas oportunidades

Conforme informado pela própria empresa, a combinação de desafios internos


(simplificação do portfólio, mudança do modelo comercial) e externos (inflação,
guerra, suprimentos) fará com que a empresa continue adotando medidas de
contenção de gastos e disciplina financeira. Recentemente, a Natura informou ao
mercado que suas metas, anteriormente previstas para 2023, foram postergadas
para 2024.

Negociando a 7,8x EBITDA 2022, Natura encontra-se abaixo de sua média histórica
(13,4x), entretanto, vemos na precificação atual um reflexo dos resultados presentes
e das incertezas quanto ao resultado futuro. Nos preços atuais, preferimos aguardar
maiores entregas/resultados.

Natura (em branco), EBITDA (em azul) Fonte: Bloomberg


Veredito: Fique de fora de NTCO3.

André Zonaro, CNPI

Magazine Luiza (MGLU3)

Os últimos resultados do Magalu demonstram que a companhia está entregando


um excelente trabalho em relação aos seus 5 pilares fundamentais de crescimento:
o crescimento exponencial do 3P (marketplace), as novas categorias (de produtos
vendidos), o Super App, a Entrega mais rápida e o MaaS (Magalu as a Service, no
qual a empresa vende serviços financeiros, logísticos, de marketing etc. para os
sellers em sua plataforma).

Ecossistema Magalu. Fonte: Magazine Luiza.

Foram 20 aquisições em 2 anos. Agora, a empresa está focada em integrar tudo


isso em sua estrutura e principalmente em seu app, capturando os ganhos com
as sinergias e potencializando o crescimento dos negócios incorporados ao seu
ecossistema.
MGLU3. Fonte: Bloomberg.

Apesar de a companhia ter uma excelente estratégia e comprovada capacidade


(financeira e operacional) de execução, suas ações não param de cair. Desde que a
bolsa virou, em julho de 2021, a queda acumulada das ações do Magalu é de -83%.

Com o combo situação fiscal frágil + efeitos da Covid-19 na economia + incertezas


relacionadas às eleições, a expectativa para a inflação e consequentemente para
os juros brasileiros já não era positiva. Depois da guerra declarada pela Rússia
contra a Ucrânia, a situação ficou ainda mais complicada.

Além disso, aspectos intrínsecos ao seu negócio, como o elevado nível de competição
no varejo generalista brasileiro, principalmente no online, com a entrada das
companhias asiáticas no mercado, e também o erro pontual na gestão de estoques
(que está obrigando a empresa a realizar relevantes liquidações), elevam os gastos
com marketing e pressionam a receita da empresa.

O Magalu está valendo R$ 27,5 bilhões na bolsa atualmente, o que representa 241x
seu lucro ajustado. Isso pode parecer muito, mas é preciso levar em consideração
que a margem de lucro da empresa está extremamente comprimida; em 2021, a
margem líquida foi de apenas 0,32%. Como referência, em 2019, antes do cenário
começar a virar, a companhia entregou uma rentabilidade líquida de 2,54%.

Com a receita atual e a margem de 2019, o lucro da companhia já seria de R$ 900


milhões. Multiplicando sua receita por 2x, o Magalu seria capaz de entregar o R$
1,8 bilhão de lucro, que a faria negociar com um múltiplo de Preço/Lucro de 15x
(média histórica da nossa bolsa).
Dado tudo que a empresa tem feito em relação ao seu planejamento estratégico,
pensando no longo prazo, daqui a 5-10 anos, o crescimento esperado implícito nos
múltiplos atuais da empresa não é algo tão fora da realidade assim.

Contudo, faz mais sentido esperar por sinalizações concretas de mudança desse
cenário antes de montar uma posição na empresa, mesmo que às custas de abrir
mão de parte do movimento inicial de alta quando o humor do mercado em relação
ao Magalu mudar.

À medida que o preço da ação cai, essa espetacular empresa vai se tornando uma
oportunidade de investimento cada vez mais interessante. Mas essa oportunidade
pode ficar ainda mais interessante se o cenário atual for mantido.

Veredito: Fique de fora de MGLU3.

Rafael Ragazi, CNPI

BRF (BRFS3)

Resultados pressionados pelo aumento nos custos

O primeiro trimestre de 2022 se mostrou bastante desafiador para a BRF. Com


o aumento persistente da inflação brasileira – afetando o poder de compra da
população brasileira –, a BRF enfrentou uma perceptível quebra em volumes, o que
trouxe um crescimento modesto de +7,0% a/a.

Apesar da evolução de 13,7% nas receitas, o custo do produto vendido aumentou


+28,6% a/a, impulsionado por (i) aumento no preço de grãos e (ii) efeitos
inflacionários sobre insumos produtivos.

Fonte: BRF
Dificuldades persistem

No primeiro trimestre, em especial no Brasil, a BRF optou por abaixar seus preços e
mudar a composição do mix de produtos, visando combater o cenário mais adverso
pelos fatores mencionados acima. Com uma inflação persistente em 2022 e preços
de commodities mais elevados – reflexo da guerra entre Rússia e Ucrânia –, temos
pouca visibilidade quanto à melhora efetiva do cenário macro em que a Companhia
está inserida.

Por mais que esteja negociando a 6,3x EBITDA (24% abaixo da média histórica), não
vemos gatilhos para melhora de resultado que justifiquem uma alta nas ações.
Acreditamos que o preço atual reflete as diversas dificuldades de crescimento e
rentabilidade e, por isso, optamos por ficar de fora do papel.

BRF (em branco), EBITDA (em verde) Fonte: Bloomberg

Veredito: Fique de fora de BRFS3.

André Zonaro, CNPI


Cogna (COGN3)

A crise pela pandemia impactou fortemente os resultados da Cogna (COGN3), que


viu ali uma oportunidade de começar uma reestruturação para se tornar uma
“edutech”, focando em cursos a distância (EAD) e híbrido (semipresencial).

E, é claro, os resultados ruins refletiram nas ações, que acumulam uma queda de
-39% em 12 meses e uma derrocada de -80% desde janeiro de 2020.

Na Kroton, principal unidade de negócio com cursos de graduação, a empresa


apresentou avanços por meio da venda e do fechamento de campos, além do
crescimento no digital. Porém, a grande dificuldade da Cogna na reestruturação é
manter uma boa rentabilidade, já que, em geral, o ticket médio no EAD é mais baixo
que no ensino presencial.

A queda da receita do ensino presencial vem sendo maior do que o crescimento do


EAD, o que explica a queda na receita líquida da Cogna em 2021. Já o aumento do
Ebitda é explicado pela forte queda da Provisão para Devedores Duvidosos (PDD)
no ano passado.

Receita (coluna verde) e Ebitda (azul) da Cogna. Fonte: Bloomberg.

Essa dificuldade na reestruturação é reflexo da alta dependência da empresa de


uma economia aquecida e também de programas governamentais de bolsas de
ensino.

Taxas elevadas de desemprego e níveis baixos de renda impactam diretamente os


resultados da empresa.
A Vasta, sistema de ensino para escolas, tem o maior potencial e visibilidade de
crescimento da Cogna, mas também depende de economia e representa apenas
12% do Ebitda total da empresa.

Apesar dos avanços na reestruturação, a empresa é altamente dependente da


economia e as perspectivas ruins para os próximos trimestres devem impactar nos
resultados da Cogna.

Veredito: Fique de fora de COGN3.

Fabiano Vaz, CNPI

IRB (IRBR3)

IRB Brasil (IRBR3) era tida como queridinha pelo mercado, era lucrativa e rentável
e suas ações negociavam a múltiplos elevados. Mas tudo mudou em fevereiro de
2020, quando a gestora carioca Squadra anunciou uma posição short nas ações de
IRB e soltou um relatório com mais de 150 páginas revelando as fraudes contábeis
da resseguradora.

Com as fraudes reveladas, as ações de IRB despencaram. De janeiro de 2020 a maio


de 2022, os papéis da companhia acumulam uma queda de mais de -90%. Só nos
últimos 12 meses, as ações caíram -59%.

Cotação IRBR3 nos últimos 12 meses.


Fonte: Bloomberg.
IRB Brasil é uma empresa de Resseguros, basicamente ela faz seguros de seguros.
Mas seu negócio não é tão simples quanto parece e a complexidade do balanço de
empresas desse setor facilita a manipulação.

Após os escândalos, a empresa iniciou uma reestruturação, fez mudanças na gestão,


reapresentou seus balanços e ajustou a forma de contabilização.

Com os balanços revisados e ajustados, aquela IRB altamente lucrativa e rentável


era irreal.

Os prejuízos acumulados dos últimos trimestres mostram a dificuldade em trazer a


lucratividade e a rentabilidade da companhia pelo menos para a média de outras
resseguradoras do mundo.

Para investir em empresas de ciclo longo, como seguradoras e bancos, precisamos


de alguma confiança na gestão, já que elas possuem uma grande flexibilidade na
forma de contabilizar resultados. A nova gestão de IRB vem tentando recuperar
essa credibilidade junto ao mercado financeiro.

Apesar do preço de tela de IRBR3 parecer bem atrativo, principalmente quando


observados os preços que ela já negociou, os riscos em investir na empresa ainda
são bem elevados.

O IRB possui um negócio extremamente complexo, com um passado incerto e


que não voltará a ser rentável e lucrativo como foi no passado. Além disso, a
Squadra, maior especialista em IRB, segue com sua posição short e enxerga muitas
dificuldades no futuro da resseguradora.

Veredito: Fique de fora de IRBR3.

Fabiano Vaz, CNPI

Nubank (NUBR33)

Explicar o que o Nubank faz dispensa apresentações. Desde o IPO, nós alertamos
nossos leitores, em 12 de novembro, para ficarem de fora (AQUI). Em 8 de dezembro,
quando foi precificada a 9 dólares, a ação do banco digital acumula queda de -60
por cento e a maré de azar está longe de acabar.
Após enormes promessas no prospecto de IPO (de um crescimento que não virá),
o Nubank passa por dificuldades de oferecer empréstimos e créditos com juros de
volta aos dois dígitos no Brasil e passa por mais complicações com a alta de juros
lá fora.

A alta de juros arrefece a busca por crédito, o consumo e, do ponto de vista de


precificação de empresas, impacta diretamente as empresas de tecnologia (que
possuem retornos distantes e devem ser precificadas a menores níveis hoje).

No histórico de resultados publicado, o Nubank não conseguiu crescer ou entregar


resultados expressivos. Na véspera do IPO, o banco reportou o lucro líquido de
76 milhões de reais no primeiro semestre no Brasil, o seu primeiro lucro desde o
lançamento há oito anos – e foi só.

Logo depois, o Banco Central ampliou a exigência prudencial para instituições de


pagamentos (IPs) de acordo com o porte e complexidade. As novas regras de capital
do BC são ruins não somente para o Nubank como também para a Stone (STOC31)
e a PagSeguro (PAGS34). Basicamente, os novos requerimentos tornarão mais caras
as operações de grandes instituições de pagamentos, encarecendo também o custo
de crédito para seus clientes.

E, para melhorar, nos últimos dias, o Nubank se viu envolto em torno de uma
polêmica sobre a remuneração da sua diretoria. A informação de que os oito
diretores do banco podem receber uma bolada de até 804,4 milhões de reais este
ano, sendo 787,2 milhões de reais por meio de remuneração baseada em ações,
chamou a atenção do mercado.

Como comparação, o Itaú Unibanco (ITUB4), que chegou a ficar com um valor de
mercado abaixo do Nubank quando do IPO do banco digital, pagou o montante de 444
milhões de reais, incluindo opções de ações e remuneração fixa. A remuneração foi
dividida, no ano passado, entre os seus 45 membros do conselho de administração,
diretoria estatutária e conselho fiscal, segundo seu formulário de referência.

Para “autorizar” o pagamento em ações ao CEO e cofundador David Vélez, o acordo


estabelece, entre outros termos, que o preço dos papéis se mantenha acima de
determinados patamares por 60 pregões seguidos. A remuneração por desempenho
de ações é ruim e seria mais interessante que todos os incentivos fossem atrelados
ao crescimento dos resultados para não criar incentivos perversos de chacoalhar
o preço da ação.
Mais recentemente, a companhia anunciou a parceria com uma corretora para
investimentos em criptomoedas a partir de R$ 1 e o pronunciamento do CEO de
investir 1% do caixa em Bitcoin. No mesmo dia, a companhia chegou a cair -15%.

Histórico de preços (branco) e/prejuízos (verde) Nubank. Fonte: Bloomberg,


elaborado por Nord Research.

Com dificuldade para crescer os resultados, monetizar a base de clientes,


cenário macro e governança atrelada à promessa de ganhos em cima das ações,
recomendamos que você fique de fora das ações do Nubank.

Veredito: Ficar de fora de NUBR33.

Danielle Lopes, CNPI

Em observância aos Artigos 20 e 21 da Resolução CVM nº 20/2022, o Analista Rafael Ragazi declara que é
detentor das Ações: BIDI11, e o Analista Fabiano Vaz declara que é detentor das Ações: OIBR3.

A Analista Danielle Lopes declara que:


NOSSA CENTRAL DE AJUDA
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2. as recomendações constantes no presente Relatório de Análise refletem única e exclusivamente suas
opiniões pessoais e foram elaboradas de forma independente, inclusive com relação à Nord Research;
A Nord Research esclarece que oferece produtos contendo recomendações de investimento pautadas por CONHEÇA A NOSSA PLATAFORMA
diferentes estratégias e/ou elaborados por diferentes Analistas. Dessa forma, é possível que um mesmo va-
lor mobiliário encontre recomendações distintas em diferentes produtos por nós oferecidos. As indicações
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o norteia.

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