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A pessoa acredita que enquanto não vender de fato a ação, algum milagre pode
acontecer e livrá-la da sensação dolorosa de ter que confirmar as perdas.
Então ele resolve comprar a empresa na esperança de que as ações voltem aos
seus tempos gloriosos.
Apesar dessa matemática ingrata, muitos investidores resolvem não vender suas
ações em prejuízo, pois acham que se o papel da empresa já valeu R$ 50,00 em
algum momento, não importa que esteja custando apenas R$ 2,00 hoje, logo vai
voltar para R$ 50,00.
Pode até acontecer, mas se for o caso, não será pelo seu preço do passado e sim
pelos resultados melhores que a companhia está apresentando.
Então não fique com uma ação na carteira só por receio de “realizar o prejuízo”.
Também não segure uma ação que caiu muito só porque ela já “foi mais cara” um
dia.
Esses dois comportamentos são extremamente prejudiciais, pois atrapalham
demais a rentabilidade do investidor.
O que já foi já foi. Todo dia sua carteira de investimentos começa do zero e você
precisa tomar suas decisões baseado no futuro.
- “Nossa, essa empresa está muito barata agora, vou aproveitar e comprar!”
- “Nossa, essa empresa está muito arriscada agora, vou ficar longe!”
Queremos, com este relatório, ajudar você a tomar melhores decisões, livrando-se
de empresas que não apresentam boas perspectivas ou comprando empresas que
entendemos serem ótimas oportunidades.
Resultados fracos
Fonte: Via
Efeitos não recorrentes e cenário macro
Negociando a 8,4x EBITDA 2022, Via Varejo encontra-se 30% abaixo da sua média
histórica, 12x EBITDA, o que pode ser considerado como potencial oportunidade.
Entretanto, acreditamos que a diferença de preços se dá por riscos percebidos pelo
mercado, dentre eles: (i) cenário macro bastante desafiador; e (ii) resultados ainda
não tão satisfatórios.
O valor de mercado atual do Inter está MUITO longe de fazer jus ao potencial de
crescimento dos lucros da empresa, que não depende de soluções criativas para
se tornar factível (como no caso do Nubank, que inexplicavelmente tem múltiplos
3x mais altos que os do Inter atualmente).
Méliuz (CASH3)
Desde o IPO, Méliuz foi do céu ao inferno. De +300% de valorização para uma
amargurada queda de -87% desde o pico.
A companhia não conseguiu manter níveis estáveis de lucro (estando em prejuízo a
maior parte do tempo), o que se perpetuou no resultado recém-divulgado do 1T22.
No gráfico acima, olhamos para a linha de lucros (verde) com relação ao traço
vermelho (marco 0 de lucro). Em boa parte de seu histórico, Méliuz roda em prejuízo
devido aos altos custos operacionais (pessoas) e marketing.
Para nós, as promessas não são suficientes. Por isso, recomendamos que fique de
fora das ações de Méliuz.
De 2016, quando fez o pedido de recuperação judicial (RJ), até o dia 11 de maio
de 2022, as ações acumulam uma queda de -68%. Em 12 meses, as ações da Oi
recuaram -59%.
A Nova Oi está se aproximando. Com foco total na fibra, veremos uma empresa
totalmente diferente, muito mais enxuta e com capacidade de voltar a crescer no
futuro.
Natura (NTCO3)
Um processo de reestruturação
Em vista disso, os resultados da Natura seguem fracos. No 1T22, a receita líquida caiu
12,7% a/a enquanto o EBITDA caiu 37,8% no mesmo período. Os principais fatores
que influenciaram essa queda expressiva foram (i) pressão de custos na cadeia
de suprimentos (ii) inflação, reduzindo os gastos discricionários e (iii) efeitos da
guerra entre Rússia x Ucrânia.
Fonte: Natura
Negociando a 7,8x EBITDA 2022, Natura encontra-se abaixo de sua média histórica
(13,4x), entretanto, vemos na precificação atual um reflexo dos resultados presentes
e das incertezas quanto ao resultado futuro. Nos preços atuais, preferimos aguardar
maiores entregas/resultados.
Além disso, aspectos intrínsecos ao seu negócio, como o elevado nível de competição
no varejo generalista brasileiro, principalmente no online, com a entrada das
companhias asiáticas no mercado, e também o erro pontual na gestão de estoques
(que está obrigando a empresa a realizar relevantes liquidações), elevam os gastos
com marketing e pressionam a receita da empresa.
O Magalu está valendo R$ 27,5 bilhões na bolsa atualmente, o que representa 241x
seu lucro ajustado. Isso pode parecer muito, mas é preciso levar em consideração
que a margem de lucro da empresa está extremamente comprimida; em 2021, a
margem líquida foi de apenas 0,32%. Como referência, em 2019, antes do cenário
começar a virar, a companhia entregou uma rentabilidade líquida de 2,54%.
Contudo, faz mais sentido esperar por sinalizações concretas de mudança desse
cenário antes de montar uma posição na empresa, mesmo que às custas de abrir
mão de parte do movimento inicial de alta quando o humor do mercado em relação
ao Magalu mudar.
À medida que o preço da ação cai, essa espetacular empresa vai se tornando uma
oportunidade de investimento cada vez mais interessante. Mas essa oportunidade
pode ficar ainda mais interessante se o cenário atual for mantido.
BRF (BRFS3)
Fonte: BRF
Dificuldades persistem
No primeiro trimestre, em especial no Brasil, a BRF optou por abaixar seus preços e
mudar a composição do mix de produtos, visando combater o cenário mais adverso
pelos fatores mencionados acima. Com uma inflação persistente em 2022 e preços
de commodities mais elevados – reflexo da guerra entre Rússia e Ucrânia –, temos
pouca visibilidade quanto à melhora efetiva do cenário macro em que a Companhia
está inserida.
Por mais que esteja negociando a 6,3x EBITDA (24% abaixo da média histórica), não
vemos gatilhos para melhora de resultado que justifiquem uma alta nas ações.
Acreditamos que o preço atual reflete as diversas dificuldades de crescimento e
rentabilidade e, por isso, optamos por ficar de fora do papel.
E, é claro, os resultados ruins refletiram nas ações, que acumulam uma queda de
-39% em 12 meses e uma derrocada de -80% desde janeiro de 2020.
IRB (IRBR3)
IRB Brasil (IRBR3) era tida como queridinha pelo mercado, era lucrativa e rentável
e suas ações negociavam a múltiplos elevados. Mas tudo mudou em fevereiro de
2020, quando a gestora carioca Squadra anunciou uma posição short nas ações de
IRB e soltou um relatório com mais de 150 páginas revelando as fraudes contábeis
da resseguradora.
Nubank (NUBR33)
Explicar o que o Nubank faz dispensa apresentações. Desde o IPO, nós alertamos
nossos leitores, em 12 de novembro, para ficarem de fora (AQUI). Em 8 de dezembro,
quando foi precificada a 9 dólares, a ação do banco digital acumula queda de -60
por cento e a maré de azar está longe de acabar.
Após enormes promessas no prospecto de IPO (de um crescimento que não virá),
o Nubank passa por dificuldades de oferecer empréstimos e créditos com juros de
volta aos dois dígitos no Brasil e passa por mais complicações com a alta de juros
lá fora.
E, para melhorar, nos últimos dias, o Nubank se viu envolto em torno de uma
polêmica sobre a remuneração da sua diretoria. A informação de que os oito
diretores do banco podem receber uma bolada de até 804,4 milhões de reais este
ano, sendo 787,2 milhões de reais por meio de remuneração baseada em ações,
chamou a atenção do mercado.
Como comparação, o Itaú Unibanco (ITUB4), que chegou a ficar com um valor de
mercado abaixo do Nubank quando do IPO do banco digital, pagou o montante de 444
milhões de reais, incluindo opções de ações e remuneração fixa. A remuneração foi
dividida, no ano passado, entre os seus 45 membros do conselho de administração,
diretoria estatutária e conselho fiscal, segundo seu formulário de referência.
Em observância aos Artigos 20 e 21 da Resolução CVM nº 20/2022, o Analista Rafael Ragazi declara que é
detentor das Ações: BIDI11, e o Analista Fabiano Vaz declara que é detentor das Ações: OIBR3.
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