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o/esqueumorfos-eles-tambem-estao-na-industria-de-fundos
No último Dia das Crianças, um banco digital que tem o valuation bem esticado na Bolsa
divulgou uma campanha publicitária com crianças que tentavam adivinhar o que seriam
alguns objetos dos anos 1990 e do início dos anos 2000 – lembrando muito os quadros
do apresentador americano Jimmy Kimmel em seu talk show.
“Trambolho, né? É a palavra certa, trambolho”, diz um garoto ao conhecer pela primeira
vez um Super Nintendo, desejo de muitas crianças nascidas nos anos 1980. “Eu acho que
era um projetor isso”, arrisca outra criança, também sobre o clássico videogame.
Simples e efetivo. Os leitores mais atentos perceberam que, nas entrelinhas, os objetos
apresentados são representações diretas de atividades hoje encapsuladas no
smartphone: jogar, telefonar, armazenar informações, ouvir música e tirar fotos.
Isso explica, por exemplo, que o botão Salvar nos programas do Microsoft Office é
representado pelo ícone de um disquete, o avô do pen drive . O fato é que ninguém
mais usa disquete, mas seu ícone continua sendo utilizado como símbolo digital de
armazenamento.
Os esqueumorfos estão por toda a parte e cada nova geração sempre terá dificuldade de
reconhecer a origem e o significado desses itens. Assim como as crianças do vídeo não
relacionam um disquete com coisa alguma do cotidiano, é plausível que, no futuro, meu
filho me pergunte por que algo totalmente online — sem rodas — chama-se “carrinho de
compras”. Talvez ele nem chegue a frequentar supermercados como eles são hoje para
entender a referência histórica.
Seguindo essa linha, será que as perspectivas estruturais de juros globais negativos,
juros reais próximos de zero no Brasil e prêmios de risco mais consistentes serão uma
estranheza apenas da nossa geração? E se tornarão completamente natural na seguinte,
como algo que sempre existiu?
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Talvez o esqueumorfismo explique por que gostamos tanto das metáforas simples em
investimentos. Precisamos nos segurar a algo que evoque o histórico vencedor da renda
fixa, que encontremos familiaridade nas novas condições para que a transição seja a
mais suave possível.
É aquele negócio: já que éramos acostumados com renda fixa pagando CDI alto, por que
não aquele crédito privado pagando um prêmio sobre o novo CDI baixo com um mínimo
de volatilidade? No jargão de mercado, é o “cash enhanced”. Seu cérebro entende como
uma renda fixa turbinada e fica tranquilo com o termo renda fixa.
Tem também a expansão das “ações renda fixa”, empresas boas pagadoras de
dividendos, com perfil de receita razoavelmente estável por vários anos. Utilities e
saneamento são setores sempre no radar, sendo personagens dessa outra metáfora
igualmente tranquilizadora. Afinal, se te perguntarem se você passou a apostar em
ações, poderá responder sem culpa que “Bolsa é muito risco pra mim, isso aqui é tipo
renda fixa, mas melhor”.
Vermelha de alerta, atenção ou perigo, você escolhe. Pode ser também a cor do extrato
negativo, retirando uma rentabilidade que deveria estar no seu bolso e que vai virar um
número no balanço trimestral dos bancos através de fundos passivos que cobram taxas
abusivas.
Mas isso você já está careca de saber. Talvez você já esteja entre os brasileiros que
retiraram mais de R$ 6 bilhões da poupança neste ano e tenha dado o primeiro passo,
aprendendo sobre outros fundos de renda fixa, multimercados, de ações, imobiliários e
até tenha despertado a curiosidade por investimento no exterior, ouro ou
criptomoedas.
Para refletir: o que aconteceria se uma grande empresa decidisse não pagar uma
debênture investida por vários desses fundos de crédito? E se, assustados, os
investidores resolvessem sacar rapidamente seus recursos no momento que
perceberem os 105% do CDI se tornarem 95%?
Vou fazer um reforço para que não me entenda mal: você deve subir a escada da
diversificação, pois é isso que vai te levar à independência financeira no longo prazo.
Mas é igualmente importante entender bem onde pisar em cada degrau.
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E um desses degraus que vem tendo menor visibilidade são os fundos multimercados de
baixo risco. Pragmaticamente, o discurso comercial é o mesmo que nos fundos de
crédito privado : o gerente ou assessor te recomenda um fundo multimercado “feijão
com arroz” para você ir se acostumando com a volatilidade. “É muito risco de uma só vez,
vai nesse aqui que é menos arriscado”, ele afirma.
É aí que mora o perigo. O banco ou a corretora não ganhava nada com seu dinheiro na
poupança ou em um fundo DI com taxa zero. De repente, você transfere parte do
dinheiro para um fundo multimercado com baixa volatilidade e alto custo (2% de taxa de
administração e 20% de performance sobre o CDI, por exemplo). O distribuidor e a
gestora passam a ganhar uma parte dessas duas taxas e você fica com o que sobrar.
Nos últimos três anos, os juros despencaram de 14,25% para 5,5%, caminhando para os
4,5%. Só que isso não impactou em nada a precificação dos fundos multimercados
brasileiros. É verdade que surgiram fundos passivos bem baratos, ETFs que negociam
em Bolsa e novos fundos com estilos de gestão mais arrojados. Mas os fundos mais
antigos, com baixa volatilidade, altas taxas e, consequentemente, menores retornos,
continuam abertos, sendo ofertados ativamente e captando dinheiro de investidores
desavisados.
Para ilustrar, a figura abaixo calcula o percentual do excesso de retorno (alfa) que fica
com o cliente e o percentual que fica com a gestora para diferentes cenários de retorno,
assumindo 2% de taxa de administração e 20% de taxa de performance sobre o CDI. Por
exemplo, para um fundo que rende CDI + 4% (antes de taxas), a gestora ficará com 60%
desse retorno adicional.
Como parte relevante do custo é fixo com a taxa de administração, quanto mais alfa o
gestor gerar, maior é a parcela que fica com o cliente. Porém, o conceito de retorno
ainda é, pelo menos nos multimercados, proporcional ao risco incorrido. É por isso que
fundos com menor volatilidade acabam sendo piores para os investidores.
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Em resumo, um fundo que cobra o padrão 2% de administração com 20% de
performance hoje deveria render pelo menos 5% acima do CDI para que esse retorno a
mais gerado pelo gestor seja dividido igualmente entre gestor e investidor — 50% para
cada.
Passamos longe desses fundos. Como todo esqueumorfo que tem o propósito de fazer
uma transição estrutural e temporária parecer suave, as altas taxas cobradas em fundos
multimercados precisam ter prazo de validade.
Voltando à campanha do Dia das Crianças, assim que a nova geração de investidores
perceber que ainda paga 70% de custo sobre todo o retorno adicional gerado, a palavra
certa será, mais uma vez, “trambolho”.
Um abraço,
Bruno Mérola
PRINCIPAIS INDICADORES
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Petrobras: em linha com a estratégia
A Petrobras (PETR4) divulgou ótimos números em seu relatório de produção do 3T19. Na
comparação com o 3T18, houve aumento de 15 por cento nos volumes produzidos,
impulsionados, principalmente, pelo aumento de 40 por cento na extração na região do
pré-sal, reflexo do ramp-up das novas plataformas nos campos de Búzios, Lula e
Tartaruga Verde. De quebra, a companhia ainda atingiu o recorde de produção diária e
mensal nos meses de agosto.
Em linha com a estratégia de aumentar a participação do pré-sal no portfólio, a produção
nessa região subiu de 39 por cento para 47 por cento do total, e deve continuar
crescendo nos próximos anos, o que contribuirá para aumentar a produtividade e
reduzir o custo de extração.
No segmento de refino, a companhia apresentou aumento tímido na produção total,
com destaque positivo para a elevação no fator de utilização das plantas. A competição
culminou em menores vendas de derivados no mercado interno, mas isso acabou sendo
compensado por maiores exportações.
Se no 2T19 a produção deixou a desejar por causa de dificuldades operacionais, no 3T19
os números foram bem mais animadores e trazem boas perspectivas para os resultados
que serão divulgados na semana que vem (24 de outubro). A Carteira Empiricus e o PRP
seguem comprados em PETR4.
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Essa será uma oferta restrita. Isto é, somente investidores qualificados podem participar
da operação.
Entrando, quem tinha posição em LPSB3 no fechamento de ontem (17/10, primeira data
de corte) tem direito a participar da oferta prioritária na quantidade de 0,165936 novas
ações para cada uma que tiver em carteira no fechamento de 24/10 (segunda data de
corte).
Vale informar que a precificação ocorrerá no dia 29/10 e as novas ações começarão a ser
negociadas em 31/10.
Além de ser líder em seu mercado, Lopes Brasil decidiu colocar em prática um projeto de
digitalização da função de venda de imóveis. Em paralelo, o setor imobiliário continua
mostrando sinais claros de recuperação com a expansão do volume de lançamentos e
construtoras divulgando ótimos números em suas prévias operacionais. Por isso, LPSB3
segue presente na carteira Microcap Alert.
O candle formado ontem sugere algum tipo de cansaço dos compradores, pois deixou
uma longa sombra superior e fechou próximo à pontuação mínima.
Ainda há esperanças de que o índice possa atingir o topo histórico em 106.650 pontos no
pregão de hoje, mas as chances são bem baixas, dado o comportamento de recuo no
pregão de ontem.
O suporte mais próximo fica em 103.500 pontos, patamar que precisa ser respeitado
para a manutenção do viés de alta de curto prazo do nosso mercado.
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