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INTELIGÊNCIA FINANCEIRA

OS 6 PASSOS PARA COMEÇAR A INVESTIR EM RENDA VARIÁVEL


Almoço com Gustavo Cerbasi – Live 20/11/2019

Os 6 passos para começar a investir em renda variável

Para alcançar a independência financeira, é necessário ter um patrimônio mínimo que


gere uma renda mensal e cubra seus gastos fixos.

Para exemplificar, vamos dizer que você precise de R$ 20 mil para viver com tranquilidade
no futuro, e aplica 100% do seu capital em renda fixa. Considerando o rendimento médio
atual líquido de 0,2% ao mês (subtraindo imposto e inflação), você precisará acumular um
patrimônio de R$ 10 milhões para alcançar este objetivo.

A renda mensal exagerada acima foi propositalmente colocada para avaliarmos que exis-
tem outras oportunidades de investimento para, com muito menos dinheiro e rentabili-
dade melhor, garantir este acúmulo. Ações, Fundos Imobiliários e desenvolvimento de um
projeto empreendedor são algumas dessas alternativas.

Mas, para quem só aplica em renda fixa – ou, pior, ainda é adepto da conta-poupança –,
quais são os primeiros passos para começar a investir em renda variável?

Vamos a eles…

Passo Zero
Abrir conta em uma corretora ou banco de investimento

Os melhores produtos de renda variável não são disponibilizados pelos clássicos bancos
de varejo (aqueles considerados “grandes”). Por isso, antes de partir para o primeiro pas-
so, abra uma conta em uma corretora ou banco de investimento.

Na maioria destas instituições, o processo de abertura é rápido e pode ser feito pelo
próprio aplicativo, de fácil acesso. Você faz o cadastro, preenche o API (análise de perfil
do investidor) e passa a ter à sua disposição uma infinidade de produtos financeiros mais
eficientes e mais rentáveis.
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Passo Um
Invista em um bom plano de previdência privada

Como a construção da independência financeira é um objetivo de longo prazo, devemos


procurar planos de previdência privada com um perfil moderado ou arrojado. Muitos des-
ses planos, oferecidos pelos bancos de varejo, têm perfil conservador e taxas de adminis-
tração/carregamento altíssimas.

Se você possui um plano de previdência nas condições mencionadas acima, leve em consi-
deração solicitar uma portabilidade para um plano de previdência de perfil moderado ou
mais agressivo.

Só uma observação: a portabilidade pode ser feita apenas de PGBL para PGBL ou de
VGBL para VGBL. É possível mudar o regime de tributação de progressiva para regressiva
em fundos abertos, mas não o inverso. Caso mantenha o regime regressivo, os prazos se
mantêm para a tributação no resgate.

Atenção: se você for orientado a realizar o resgate para fazer a migração, leia o regula-
mento do seu plano atual e procure um consultor para lhe auxiliar nesta decisão.

Alguns investidores não gostam de planos de previdência privada. Mas lembre-se: além
de serem um ótimo produto para objetivos de longo prazo (quando bem escolhidos) tam-
bém são uma ferramenta importantíssima para o planejamento sucessório, já que garan-
tem liquidez imediata aos beneficiários em caso de falecimento do titular.

Passo Dois
Invista em Fundos Imobiliários

Alguns produtos podem ser considerados como renda variável para o investidor iniciante,
mas funcionam perfeitamente como renda fixa para os mais experientes. Um exemplo
clássico são os Fundos Imobiliários.

Os Fundos Imobiliários são tipicamente um produto de renda variável, pois os preços das
cotas variam de acordo com a oferta/demanda e notícias sobre aquele papel específico ou
sobre o mercado em geral.

Mas, independentemente do preço que você compra, terá um rendimento em potencial


para receber, isento de imposto de renda.

Apesar de o preço da cota oscilar diariamente, você terá uma certa consistência no rece-
bimento dos rendimentos, algo que tranquiliza o investidor mais conservador, que gosta
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de uma certa previsibilidade em seus investimentos.

Este movimento é muito parecido com o mercado imobiliário, em que o valor do imóvel
pode variar, mas o recebimento do aluguel é constante.

Passo Três
Invista em Fundos Multimercado

Apesar de muitos investidores experientes serem contra, para um investidor iniciante, ao


se deparar com uma infinidade de informações, é mais simples e prático investir em um
bom Fundo Multimercado.

Os bons fundos são oferecidos por corretoras e bancos de investimentos, e conseguimos


analisar sua qualidade avaliando o histórico de rentabilidade, a volatilidade e a consis-
tência de bater o seu benchmark (ou ativo de referência) – que pode ser o CDI (para os
fundos mais conservadores) ou o Ibovespa.

Vale lembrar que Fundos Multimercado diluem o seu rendimento por conta da sua aloca-
ção em renda fixa e, portanto, têm um comportamento mais suave diante o Ibovespa.

Bons fundos entregaram nos últimos meses resultados próximos a 200% do CDI, com
apenas algumas oscilações negativas pelo caminho.

Passo Quatro
Invista em Fundos de Ações, Fundos Cambiais e Fundos de Ouro

Estas classes de fundos investem em ativos que têm uma certa oscilação em suas negocia-
ções diárias.

Para esta categoria, você não investirá no ativo, mas sim na estratégia do gestor do fundo
em questão. Por exemplo, se a estratégia de um Fundo de Ações é bater o Ibovespa, você
vai avaliar historicamente o quanto este fundo acompanha o benchmark. Se este fundo
cai menos com a queda da Ibovespa e sobe mais quando o indicador é positivo, você terá o
rendimento acumulado superior ao da bolsa.

Alguns especialistas recomendam que investidores iniciantes apliquem em ETFs (Exchan-


ge Traded Funds), conhecidos como fundos de índice, para obterem o retorno com base
em determinado índice de ações, com suas cotas negociadas em bolsa.
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O fundo de índice mais conhecido no mercado brasileiro é o BOVA11. Muitos investido-


res procuram este ETF como uma forma de investir no Índice Bovespa. Eu, particularmen-
te, não gosto desta modalidade de investimento, pois a bolsa brasileira ainda tem muitas
empresas de má qualidade, de caráter especulativo, que deixam o Ibovespa poluído.

Dois pontos importantes neste tipo de modalidade de investimento:

1) Quando você escolhe um Fundo de Ações, está escolhendo os melhores gesto


res. O histórico de resultado é o que conta, não a taxa de performance ou taxa de
administração, pois o resultado apresentado pelo gestor já é líquido dessas taxas.

2) Quando a cota de um Fundo de Ação cair, comemore. Se a cota cai, mas a


estratégia do fundo se mantém, é um momento oportuno para comprar mais cotas.

Passo Cinco
Familiarize-se com o Homebroker

O homebroker nada mais é do que um sistema disponibilizado pela sua corretora ou ban-
co de investimentos que permite a compra e venda de ações e outros ativos financeiros
por meio da Internet.

Utilizá-lo ao menos uma vez deveria ser uma lei para todo investidor. Costumo dizer que a
vida do investidor não é mais a mesma depois de operar o homebroker.

No início, familiarize-se com o ambiente: veja a lista de compra e venda de papéis, quem
está comprando ou vendendo, a variação dos preços e as funcionalidades (onde clicar
para comprar, onde clicar para vender...).

Quando se sentir confortável, deposite uma pequena quantia na conta da sua corretora
e comece a operar compra e venda de ações. Se você ainda não sabe qual papel comprar,
siga as recomendações da sua corretora, pois existe um especialista que analisa as cente-
nas de papéis negociados na bolsa e elege os melhores para você investir. Ao pegar gosto
pelo assunto e se aprofundar no tema (por exemplo, em Small Caps), você passará a tomar
decisões por conta própria.

Muitas corretoras não cobram pelas operações de homebroker. Porém, como qualquer
tipo de serviço, quanto mais barato, mais você terá de operar por conta própria, sem o
apoio da instituição. Analise os prós e contras ao tomar esta decisão.

Lembre-se que não há um mal negócio na bolsa de valores e, sim, aprendizados. Muito
melhor do que treinar é calçar as chuteiras e entrar em campo.
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Passo Seis
Comece a fazer operações mais arrojadas em renda variável

Neste passo entram as opções de ações, estratégias como day trade ou swing trade e
operações com criptomoedas.

Estes tipos de operações são como apostar em um cassino. Normalmente, ao operar no


day trade, você recebe uma notícia ou fato relevante que faz os preços de um determina-
do ativo, analisado por meio dos gráficos, indicar certa tendência de preço – e você aposta
nesta tendência. Para este negócio se concretizar, é necessário um outro investidor que
acredite no movimento inverso.

Temos de entender que, ao transformar R$ 1 mil em R$ 2 mil nesta operação, alguém teve
de perder R$1 mil. Isso mostra que as chances de ganhar e perder são muito grandes.

Não recomendo este tipo de estratégia para quem não tem experiência no mercado em
que está operando ou não pode destinar no máximo 5% do seu patrimônio para este tipo
de operação.

É triste ver tantas pessoas perderem tudo após uma má decisão de alocar todo o patrimô-
nio nesta modalidade de investimento. Elas não necessariamente caíram em uma pirâmi-
de financeira, mas executaram uma péssima estratégia para operar no mercado.

EXTRAS

Na atual situação econômica, vale a pena ter investimentos em dólar?

Apesar de a cotação do dólar estar em sua máxima histórica, a tendência é que ela termi-
ne na casa dos R$ 4 em 2019, segundo as projeções dos principais economistas do país,
compiladas pelo Boletim Focus.

A variação atual da moeda se deve a remessas de lucros de empresas brasileiras para


matrizes no exterior e incertezas no acordo comercial EUA x China.

Para os investidores que acham que o Real se desvalorizará, é o momento oportuno para
investir em ações de empresas exportadoras, que têm receitas em dólar e custos em reais.

Neste momento, sugiro este tipo de investimento caso você tenha algum compromisso
em dólar, como uma viagem ao exterior, por exemplo.
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Qual é o número ideal de Fundos de Ações (FIA) para a sua carteira?

Para uma estratégia de diversificação, um bom fundo já é o suficiente, pois o próprio ges-
tor fará este serviço para você.

Se você não está acostumado à variação na rentabilidade, pode investir em outros fundos
de ações ou em um FIC de FIA (ou Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Inves-
timento em Ações), em que o gestor escolhe os melhores fundos disponíveis no mercado
e os coloca em um único pacote. Esta lógica também serve para Fundos Multimercado e
Fundos Imobiliários.

Saiba apenas que, ao escolher esta modalidade de investimento, você pagará um pouco
mais devido à sua comodidade.

Para planos de médio prazo, aplico apenas em renda fixa? Nesta modalidade de
investimento, avaliar a taxa é o mais importante?

Para objetivos de médio prazo, você pode aplicar em um Fundo Multimercado com uma
estratégia moderada e uma boa liquidez, com uma data de resgate em até 7 dias após a
solicitação.

Sobre a taxa de administração, não é ela o único fator que você deve levar em conta para
avaliar sua escolha.

Você pode escolher um fundo com uma liquidez menor (maior prazo para resgate após
a solicitação), em que o gestor traça estratégias para tentar superar constantemente o
CDI. Claro que, para isso, ele cobrará mais pela operação. Mas os resultados podem valer
muito a pena. Pode acreditar.

Compilado por André Fernandes Esteves, da equipe MaisDinheiro.com.br

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