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Os 5 Passos Essenciais para a Construção

de uma Carteira de Investimentos.

Se você acabou caindo de paraquedas neste e-book e o tem em mãos agora, pode
nem ter percebido, mas seguramente já deu um primeiro passo no caminho
certo. A vontade de deixar a zona de conforto, sair da inercia de manter seu
dinheiro estagnado – ou melhor, perdendo para a inflação - e buscar
conhecimento técnico para iniciar seus investimentos já são, por si só, um amplo
primeiro passo.
Há, no entanto, muito trabalho a ser realizado. Ao se ponderar sobre a construção
de um portfólio de investimentos, o investidor depara-se com uma série de
fatores a serem considerados para que seja certeiro e inteligente em suas
escolhas, e que estas, por sua vez, o levem a maior probabilidade de uma carteira
vencedora no longo prazo.
Se você tem vontade de investir, proteger seu patrimônio e/ou buscar por ganhos
mais expressivos, porém não compreende como ou de que forma o fazer, este
artigo pode ajudá-lo. Vejamos a seguir o passo a passo fundamental na
construção de uma carteira de investimentos condizente com o perfil e objetivos
do investidor, que permitirá aproximá-lo da conquista pela liberdade e
independência financeira.

Passo 1 – Entendendo seu Perfil de Investidor

Antes de dar início aos investimentos, é de extrema importância ter claramente


definido seu Perfil de Investidor. Obrigatório no processo de abertura de conta
em bancos ou corretoras, este teste diz respeito ao nível de risco que
determinado investidor aceita ou pode possuir de exposição em sua carteira de
investimentos.
Apesar de ser aplicado de maneira singular por cada instituição financeira, há
pontos em comum que serão compreendidos neste teste. Objetivos do
investimento, necessidade de liquidez, tolerância a riscos, nível de conhecimento
acerca do mercado e familiaridade com os produtos são informações essenciais
para que se chegue à conclusão acerca do Perfil do Investidor.

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A ANBIMA reconhece três grandes tipos de Perfil, com os quais as Instituições
Financeiras trabalham: Conservador, Moderado ou Arrojado. Estes, por sua vez,
deverão possuir diferente alocação e exposição a determinadas classes de ativos
em seus portfólios.
Na tabela a seguir, pode-se entender melhor os possíveis tipos de Perfil de
Investidor e as estratégias utilizadas por cada um deles.

Perfil de Investidor Estratégia Utilizada

Preza pela segurança em primeiro lugar,


prefere investir em produtos com baixo ou
Perfil Conservador
nenhum risco, ainda que isso signifique
menor ganho potencial.

Aceita correr alguns riscos em busca de


retornos mais atrativos. Procura proteger
Perfil Moderado
parte do PL em investimentos de menor
risco, e designar outra parte para classes de
ativos de maior risco.

Perfil Agressivo Está disposto a correr riscos maiores em


busca de retornos mais expressivos, ainda
(ou Arrojado)
que isso signifique a perda de parte do seu
patrimônio atual

Figura 1 - Tipos de Perfil do Investidor

É importante ressaltar que embora o questionário automático apurado pela


Intuições Financeiras seja de fato preciso, é sempre interessante conversar com
um assessor de investimentos sobre seu Perfil. É possível que haja fatores
pontuais sobre objetivos ou momento de vida não perspectiveis ao teste, mas
que o especialista, através das perguntas certas, poderá identificar e auxiliá-lo na
elaboração do portfólio adequado.
Definido o Perfil de Investidor, pode-se dar sequência para a próxima etapa na
construção da carteira de investimentos.

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Passo 2 – Definindo Objetivos e Necessidade de Liquidez

“Se você não sabe para onde quer ir, qualquer caminho serve”. Ao ouvir esta frase
pela primeira vez, assistindo ao diálogo entre Alice e o Gato de Cheshire em ‘Alice
no País das Maravilhas’, jamais poderia imaginar o tamanho do seu significado e
a importância de se ter objetivos claros e definidos.
Objetivo é o propósito de se construir ou realizar algo, é onde você quer chegar.
É ele que indica a direção em relação ao que queremos e devemos fazer, e
funciona como um guia para que o sonho seja por fim realizado. No mundo dos
investimentos, não é nada diferente.
Todos têm objetivos quando se trata do destino de seus recursos, seja no curto,
médio ou longo prazo. Alguns procuram juntar dinheiro para comprar um carro,
outros o primeiro apartamento, o casamento dos seus sonhos, uma viagem com
os amigos ou cursar uma pós-graduação (objetivos de curto-médio prazo).
É possível ainda ter como objetivo acumular recursos para a tão sonhada
conquista da liberdade e independência financeira, garantindo a sua
aposentadoria ou o bem-estar de sua família (longo prazo). Independente de qual
sejam seus objetivos, uma coisa é certa: tê-los bem definidos será a etapa inicial
para que seja possível traçar metas e se planejar para posteriormente alcançá-
los.
Outro conceito para o qual devemos nos atentar é a necessidade de liquidez. A
liquidez está relacionada a facilidade ou rapidez de se retirar o dinheiro de uma
aplicação, se assim for necessário. Em outras palavras, em quanto tempo você
conseguiria tê-lo novamente em mãos.
Enquanto um investimento de alta liquidez é aquele em que se pode resgatar a
qualquer momento sem grandes penalidades, a baixa liquidez é representada por
investimentos em que não há possibilidade (ou há maior dificuldade) de sacar o
dinheiro antes do prazo preestabelecido no momento da aplicação.

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Figura 2 - Investimentos de Alta e Baixa Liquidez

Você, neste momento, pode se perguntar “Ué, já que a escolha é minha, será que
não faz mais sentido simplesmente deixar tudo em liquidez?” Calma, esta pode
não ser a melhor estratégia. Isso acontece porque, geralmente, quanto mais
tempo abrimos mão do dinheiro e o deixamos por exemplo “emprestado” à uma
instituição, maior tende a ser a rentabilidade oferecida por ele.
Assim sendo, é interessante entender qual a parcela de seu patrimônio que deve
ser destinada à liquidez, para que se faça um planejamento condicionado às suas
necessidades, e ainda, monte-se uma reserva considerável para possíveis
eventualidades (Reserva de Emergência) ou para aproveitar oportunidades
momentâneas (Reserva de Oportunidades). O restante deve ser utilizado, na
medida do possível, para investimentos de menor liquidez, porém, que ofereçam
maior rentabilidade potencial.
Neste momento, finaliza-se as considerações a respeito do próprio investidor na
construção do seu portfólio ideal, entendendo que o mesmo já conhece seu perfil
de risco, seus objetivos de curto, médio e longo prazo, assim como a necessidade
de liquidez com a qual sua carteira deve contar. Introduz-se então tópicos
relacionados não apenas ao investidor, mas também ao cenário e panorama
macroeconômico

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Passo 3 – Entendendo o Cenário Macroeconômico
É possível que você já tenha lido notícias com o título como Copom eleva Selic a
11,75% ao ano, no nono aumento consecutivo da taxa básica de juros ou Inflação
fecha o ano em 10,06% com o IPCA, pior alta desde 2015 e refletido qual seria a
relevância disso para sua vida, na prática. Pois bem! Estes indicadores não apenas
afetam os preços dos produtos e negócios a sua volta, mas também tem impacto
direto no retorno dos seus investimentos.
O cenário macroeconômico é amplo e representa o comportamento da economia
de um país. Desta maneira, seus principais indicadores são imprescindíveis para
qualquer investidor, que deve acompanhar e analisá-los, ao mesmo tempo que
compreende o momento do ciclo econômico pelo qual estamos passando, para
assim tomar a melhor decisão em relação aos seus investimentos.
É evidente que não é necessário ser um mestre em economia para poder investir.
No entanto, há conceitos fundamentais que todo investidor deve conhecer,
independente de seu perfil ou objetivos. São eles:

Índice Definição

É a taxa básica de juros da nossa economia. A


partir dela, derivam-se todas outras taxas da
Taxa Selic
economia brasileira, como as taxas para
investimentos, financiamentos e para
empréstimos.

O CDI é a taxa pela qual as instituições


financeiras emprestam dinheiro entre si, no
CDI
curtíssimo prazo. Costuma acompanhar bem de
perto a taxa Selic.

É o índice oficial de Inflação no Brasil. Calculado


pelo IBGE, ele mede a variação de preços total
IPCA
da economia do país, com foco nos produtos
mais consumidos.

Figura 3 - Principais Indicadores Macroeconômicos

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Os indicadores vistos acima têm relação direta com o rendimento de aplicações
de diversas classes de ativos, porém principalmente com a Renda Fixa. Os títulos
de renda fixa são aqueles nos quais já conhecemos a taxa ou modelo de
renumeração no momento da aplicação, diferente da Renda Variável, que
promove rendimento condicional a um evento, tendo como o próprio nome já
diz, retorno também variável e incerto.
A classe de investimentos conhecida como renda fixa Pós Fixada se beneficia de
uma Selic elevada. Quanto maior a taxa de juros (e, consequentemente, maior o
CDI), maior o retorno de um título público pós fixados (conhecido como Tesouro
Selic ou LFT), e maior o rendimento de um CDB ou LCA de taxa X% do CDI, por
exemplo.
É importante também introduzir o conceito de taxa nominal e real. A taxa real de
um investimento sempre será a nominal corrigida pela inflação, uma vez que o
dinheiro perde valor no tempo, fato que também promove ajuste no rendimento
de nossas aplicações em determinado período. Portanto, um título de alta taxa
nominal pode ter boa parte de seu retorno corroído pela inflação, caso esta
também se mantenha elevada.
Há uma estratégia que garante uma taxa real desde o momento inicial da
aplicação, representada pelos ativos atrelados a Inflação. Um investimento no
Tesouro IPCA, CDB, LCI/LCA de um ano com taxa ‘IPCA + Prefixado’ indica que
você receberá de juros da aplicação o valor acumulado do IPCA ao final de um
ano acrescido da taxa prefixada. Estes títulos, portanto, representam uma
maneira eficaz de se proteger contra a inflação.
Outra possível estratégia em renda fixa são os títulos Prefixados, aqueles que não
são atrelados a nenhum indexador (Selic, CDI, IPCA). Estes oferecem uma taxa
fixa no momento da aplicação e se comprometem a entregá-la ao final do
período, como por exemplo, taxa de 12% ao ano. Independentemente do que
ocorra com taxa de juros ou inflação no país durante este período de um ano, o
retorno do título será de 12% sobre o valor aplicado.
O impacto taxa de juros não se restringe apenas a Renda Fixa, podendo também
trazer influência sobre a Renda Variável, como as ações e fundos imobiliários.
Uma taxa de juros elevada aumenta o retorno dos investimentos de renda fixa,
podendo fazer com que investidores migrem de ativos de maior para menor risco.
A taxa de juros baixa, em contrapartida, pode deixar o potencial ganho da renda
variável mais atrativo, além de promover os investimentos pelas empresas e
aumento da produtividade, o que beneficia também os preços dos papeis.
Por último, os juros também afetam o valor do Dólar no país. A alta taxa de juros
oferecida nos títulos brasileiros atrai investidores estrangeiros gerando fluxo de

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capital para o Brasil, de maneira que, com maior oferta de dólar no país, a moeda
se desvaloriza em relação ao real. Da mesma forma, juros baixos podem afastar
esses investidores, gerar fuga de capital, comprometer nossas reservas em dólar
e assim causar a valorização do dólar em relação ao real.
Tendo em vista a definição e importância dos principais indicadores
macroeconômicos relacionados a taxa de juros e inflação, e como estes afetam
os investimentos em suas diversas classes de ativos, entenderemos a seguir como
montar uma carteira usando uma estratégia simples, porém invencível, a
chamada diversificação.

Passo 4 – Definindo a Macro Estratégia (Classes de Ativos)

A diversificação de carteira possibilita ao investidor distribuir seus recursos entre


diversas estratégias e produtos distintos, diminuindo o risco da carteira como um
todo, já que este não se encontra em uma situação de “tudo ou nada”, o que
ocorreria caso estivesse totalmente exposto a uma única estratégia, por exemplo.
É possível dizer que a diversificação colabora de maneira significativa para
redução dos riscos enquanto aumenta a probabilidade de retornos sustentáveis.
Como visto, é possível diversificar mesmo dentro da renda fixa. Investidores estão
cada vez mais migrando da caderneta de poupança para investimentos que
apresentam o mesmo nível de segurança, porém de melhor rentabilidade, e ainda
com a possibilidade de diversificar entre títulos pós fixados, prefixados e
atrelados à inflação.
Ainda que cada caso seja um caso, costuma-se usar para investimentos de curto
prazo (como a reserva de emergência) a renda fixa pós fixada com liquidez diária,
enquanto para objetivos de médio prazo, como comprar um carro ou planejar
uma viagem, uso da renda fixa pre ou pós fixada, enquanto para investimentos
de longo prazo a exemplo de construir a aposentadoria, títulos indexados à
inflação.
Além da renda fixa e suas subclassificações, há também outras classes e
estratégias, como o Multimercado, representado através de Fundos de
Investimento Multimercado (FIM). Os últimos podem ter diversas estratégias
dependendo do regulamento do fundo, cabendo ao gestor, um profissional e
especialista na seleção de investimentos, definir qual será a alocação ideal,
escolhendo investimentos tanto em renda fixa quanto renda variável conforme
conveniente naquele momento.

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Diferente da renda fixa, a Renda Variável é representada pelos investimentos de
maior risco, porém também com maior ganho potencial. Os ativos podem ser
Ações, Fundos Imobiliários, ETFs e Fundos de Renda Variável, por exemplo. Há
também os Investimentos Internacionais, uma forma de diversificar ainda mais e
se proteger contra o risco brasil, também representados pelos Fundos
Internacionais (com hedge cambial ou não), BDRs, ETFs.
Finalmente, os chamados Investimentos Alternativos são aqueles que não se
enquadram nas categorias tradicionais e são interessantes para investidores com
aptidão ao risco. A título de exemplo, temos as criptomoedas, investimentos
relacionados ao carbono, metaverso, alumínio, cannabis, ESG, entre muitos
outros.

Classe de Ativo Estratégia

Renda Fixa Pós Fixada Selic ou CDI

Renda Fixa Prefixada Taxa Prefixada

Renda Fixa Atrelada à inflação IPCA +

Multimercado Fundos Multimercado

Renda Variável Ações, FIIs, ETFs

Internacional (Hedge Cambial) Investimentos Internacionais

Internacional (sem Hedge Investimentos Internacionais +


Cambial) Dólar

Alternativos Criptomoedas, Metaverso, ESG


etc.

Figura 4 - Resumo das Classes de Ativos e Estratégias Correspondentes

Realizadas as devidas considerações, entenderemos a seguir algumas


possibilidades de macro alocação para cada tipo de perfil de investidor, com base
no atual cenário macroeconômico. Vale ressaltar que isto não é uma
recomendação ou sugestão de investimento, e sim uma das várias perspectivas

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ou possíveis alternativas, que podem se alterar ou sofrer ajustes conforme
variações de cenário ou mudanças no momento de vida de determinado
investidor.

Macroestratégia - Perfil Conservador

Renda Fixa Pós Fixada


15%
Renda Fixa PreFixada
40%
30% Renda Fixa Inflação

15% Multimercado

Figura 5 - Macro Alocação - Perfil Conservador

Macroestratégia - Perfil Moderado

10% Renda Fixa Pós Fixada

10% 30% Renda Fixa PreFixada


Renda Fixa Inflação
10% Multimercado
Renda Variável
15%
25% Internacional

Figura 6 - Macro Alocação - Perfil Moderado

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Macroestratégia - Perfil Arrojado

5% Renda Fixa Pós Fixada


10%
25% Renda Fixa PreFixada
Renda Fixa Inflação
15%
Multimercado
10% Renda Variável
10% Internacional
25% Alternativos

Figura 7 - Macro Alocação - Perfil Arrojado

Passo 5 – Definindo a Micro Estratégia (Produtos de Investimento)

Definida alocação macro estratégica, o investidor encontra-se na última etapa do


processo, a alocação micro estratégica ou escolha dos produtos de investimento.
Em síntese, houve a definição do percentual de destino para cada classe, como
30% em Pós Fixado, 15% em Multimercado etc., restando assim escolher quais os
ativos específicos que representarão cada classe.
Com esta finalidade, é necessário conhecer um pouco sobre os variedade de
Produtos de Investimento. Na Renda Fixa, há possibilidade de ser credor do
governo e investir no Títulos do Tesouro Direto, emprestar dinheiro para os
bancos e aplicar em CDBs, LCAs/LCIs, ou ainda investir em crédito privado através
de Debêntures, CRAs/CRIs.
É importante lembrar que LCA/LCI, CRA/CRI e Debêntures de Infraestrutura
(incentivadas) são títulos que contam com a isenção do Imposto de Renda,
enquanto para os outros há alíquota de IR de acordo com a tabela regressiva.
Além disso, os títulos de crédito bancário – como CDBs e LCA(I)s – contam com
garantias do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que garante até R$ 250.000,00
por CPF e Instituição, protegendo o investido contra o risco de crédito da
instituição.
Quanto aos Fundos de Investimento, há uma gama de estratégias diferentes e
fundos de distintos níveis de risco (alguns mais voláteis e outros menos). As
estratégias mais conhecidas são Macro, Trading, Long and Short, Quantitativo,

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Juros e Moedas, Capital protegido, Livre, Investimentos no Exterior. É
recomendável o auxílio de um assessor de investimentos, que poderá ajudá-lo a
fazer uma análise e avaliação dos fundos, selecionando os ideais para a
composição de sua carteira.
Em relação a Renda Variável, o investidor pode optar por também investir através
de um fundo, ou então aplicar diretamente nos ativos negociados em bolsa.
O Ibovespa é o principal índice de desempenho das ações negociadas na B3 e
reúne as empresas mais importantes do mercado de capitais brasileiro. É possível
montar uma carteira diversificada de ações ou fundos imobiliários, customizada
para estratégia e objetivos de cada investidor.
Ao construir uma carteira de investimentos robusta, além de diversificar por
estratégia e por produto, é de relevante significância diversificar também pela
liquidez. Produtos de diferentes prazos de vencimentos garantem liquidez
recorrente para a conta, trazendo maior segurança para o investidor, que no
momento da liquidação de cada título poderá decidir entre reaplicar o valor
correspondente ou resgatá-lo.
Após todas estas considerações, propõe-se um exercício para visualização prática
da elaboração de uma carteira de investimentos diversificada, com objetivos
específicos e diferentes possibilidades de perfil do investidor.

A construção de uma Carteira de Investimentos na Prática

Neste exercício, usaremos o exemplo de Pedro, um jovem de 27 anos que


trabalha como analista sênior dentro de uma multinacional e está construindo
seu portfólio de investimentos com o valor disponível de R$ 100.000,00. Pedro
não tem dependentes e recebe um salário de R$ 7mil/mês sendo que seu custo
de vida mensal é de R$ 3mil/mês e tem poder de poupança de R$ 4mil/mês
Pedro tem um objetivo de curto prazo, fará uma viagem internacional daqui a 3
anos, para a qual necessitará R$10.000,00. Além disso, deseja se aposentar com
65 anos com renda mensal vitalícia de R$ 5mil/mês, através de um plano de
previdência complementar.
O primeiro passo será calcular a reserva de emergência que Pedro deve possuir.
Com um custo de vida de R$ 3mil/mês, devemos manter uma reserva de pelo
menos 6x seus gastos mensais, no caso, R$ 18mil. Para deixar uma folga um
pouco maior, façamos de R$ 20mil. Esse valor deverá ficar investido em renda
fixa pós fixada e liquidez diária.

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Na sequência, vamos ao objetivo de curto prazo de Pedro, que necessita de R$
10mil para resgatar em 3 anos. Com as taxas atuais de renda fixa prefixada, há
possibilidade de ganho de 11,65% (líquido) ao ano com vencimento em três anos,
de maneira que se Pedro investisse hoje R$ 7.000,00, alcançaria os R$ 10.000,00
no vencimento do título.
Por fim, vamos analisar o objetivo de longo prazo, o planejamento para
aposentadoria. Pedro quer garantir um futuro confortável sem depender da
previdência pública (paga pelo INSS). Para contar com uma renda mensal de R$
5mil após seus 65 anos, considerando uma taxa de juros real de 0,50% ao mês,
Pedro pode começar com R$10mil e investir aproximadamente R$ 380,00/mês
em seu fundo de previdência, dos seus 27 aos 65 anos de idade para atingir seu
objetivo.
Após a construção da reserva de emergência e vistos os objetivos de curto, médio
e longo prazo, destinaremos o restante do patrimônio para investimentos
diversificados por estratégia, produto e liquidez, porém sempre tendo em mente
os limites permitidos pelo perfil de risco. Considerando todos os conceitos
discorridos, vamos analisar as propostas para a carteira de Pedro nos diferentes
possíveis perfis (conservador, moderado e arrojado).

 Portfólio de Pedro para o Perfil Conservador

Macroestratégia - Perfil Conservador

15% Renda Fixa Pós Fixada

40% Renda Fixa PreFixada

30% Renda Fixa Inflação

15% Multimercado

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Figura 8 - Macro Alocação - Perfil Conservador

Caso Pedro tenha Perfil Conservador e como principal objetivo a preservação de


seu patrimônio, seria apropriada a construção de uma carteira de investimentos
com foco em Renda Fixa, com possível alocação de 40% Pós Fixada, 30% de Renda
Fixa atrelada à Inflação e 15% em Pre Fixados. Por último, 15% do patrimônio
seria destinado para Fundos Multimercado de baixa volatilidade, onde Pedro
procuraria por ganhos superiores à Renda Fixa.
O gráfico abaixo indica a micro alocação da carteira de Pedro, ou seja, uma
possível escolha dos ativos (produtos de investimento) pertencentes a cada uma
das classes.

Pedro - Carteira Conservadora CDB Liquidez diária ou Fundo DI

CDBs/LCIs/LCAs Pós Fixado

8% 10% Fundo de Renda Fixa CP


7%
10%
CDB/LCI/LCA Prefixado
10%
10%
CDB/LCI/LCA Inflação
10%
10% Fundo de Debêntures Incentivadas
10%
5% 10%
Fundo de Previdência

Fundo Multimercado

Figura 9 - Micro Alocação - Perfil Conservador

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 Portfólio de Pedro para o Perfil Moderado

Macroestratégia - Perfil Moderado

10% Renda Fixa Pós Fixada


10% 30% Renda Fixa PreFixada
Renda Fixa Inflação
10% Multimercado

15% Renda Variável


25%
Internacional

Figura 10 - Macro Alocação - Perfil Moderado

Num cenário em que Pedro apresente Perfil Moderado, ou seja, aceite correr
determinados riscos em busca de retornos mais expressivos, poderia ser
conveniente uma alocação de 70% em Renda Fixa, das quais 30% em Pós Fixado,
25% em Inflação e 15% de ativos Prefixados. Pedro poderia ainda investir 10% em
Multimercados, 10% em Renda Variável e 10% em Internacional.
O gráfico abaixo apresenta uma sugestão de micro estratégia para carteira de
Pedro no Perfil Moderado.

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Pedro - C. Moderada CDB Liquidez diária ou Fundo DI

CDB/LCI/LCA Pós Fixado

Fundo de Renda Fixa CP


5% 10%
5% CDB/LCI/LCA Prefixado
10% 10%
CDB/LCI/LCA Inflação

10% 10% Fundo de Debêntures Incentivadas

10%
10% Fundo de Previdência

8% 5% Fundo Multimercado
7%
Ações Brasil

Fundo Internacional

Figura 11 - Micro Alocação - Perfil Moderado

 Portfólio de Pedro para o Perfil Arrojado

Macroestratégia - Perfil Arrojado

5% Renda Fixa Pós Fixada


10% 25%
Renda Fixa PreFixada
Renda Fixa Inflação
15%
Multimercado
10% Renda Variável
10% Internacional
25% Alternativos

Figura 12 - Macro Alocação - Perfil Arrojado

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Na hipótese de Pedro possuir Perfil Arrojado e aptidão para correr mais riscos,
ainda acreditamos na importância da proteção de 60% da carteira em Renda Fixa
(devido principalmente aos níveis atuais da taxa de juros e volatilidade esperada
para o ano de 2022), porém, há também 40% do PL destinado a ativos de maior
risco e potencial de retorno. A carteira de Pedro poderia contar com 10% em
Multimercados, 15% em Renda Variável, 10% na classe Internacional e 5% em
Investimentos Alternativos.
A seguir, uma possível alocação de produtos de Pedro para o Perfil Arrojado:

Pedro - C. Arrojada CDB Liquidez diária ou Fundo DI

CDB/LCI/LCA Pós Fixado

Fundo de Renda Fixa CP


5% 10% CDB/LCI/LCA Prefixado
5%
5% 7% CDB/LCI/LCA Inflação
7% Fundo de Debêntures Incentivadas
15%
5%
Fundo de Previdência
10% 5%
Fundo Multimercado
8%
10% 8% Ações Brasil

Fundo Internacional

Fundos Alternativos

Figura 13 - Micro Alocação - Perfil Arrojado

Considerações Finais

Este e-book descreveu o passo a passo para a construção de uma carteira de


investimentos, passando pelas etapas iniciais de definição do perfil de Investidor,
objetivos de curto, médio e longo prazo, além da necessidade de liquidez. Na
sequência, estabeleceu-se sobre a importância do entendimento acerca do
cenário e principais indicadores macroeconômicos, e quais fatores devem ser
levados em consideração na definição da macro e micro estratégia.

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Por fim, realizou-se um caso prático de construção do portfólio de investimentos,
usando a diversificação como estratégia de redução de risco não sistêmico,
procurando atingir objetivos de curto, médio e longo prazo, e promovendo ainda
a busca por rentabilidade de maneira sustentável dentro dos limites do perfil de
risco.
Faz-se necessário destacar ainda que os títulos de renda fixa e taxas utilizadas
neste estudo são citadas a título de exemplo, uma vez que oscilam diariamente
de acordo com o cenário e condições do mercado.
Além disso, a alocação de produtos para cada investidor está sujeita a uma série
de fatores e singularidades que deverão ser identificadas pelo seu assessor de
investimentos, profissional autorizado e credenciado à CVM, capaz fazer
recomendações práticas e construir uma carteira de investimentos diversificada
e condizente com o perfil do investidor.

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Disclaimer

Esse material não deve servir como única fonte de informações no processo decisório do investidor, que, antes de
tomar qualquer decisão, deverá realizar uma avaliação minuciosa do produto e respectivos riscos, face aos seus
objetivos pessoais e ao seu perfil de risco ("Suitability"). É importante ressaltar que rentabilidade passada não
representa nenhuma garantia de desempenho futuro. Assim, não é possível prever o desempenho futuro de um
investimento a partir da variação de seu valor de mercado no passado. O BTG não assume que os investidores vão
obter lucros, nem se responsabiliza pelas perdas. LEIA O FORMULÁRIO DE INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES,
LÂMINA DE INFORMAÇÕES ESSENCIAIS E O REGULAMENTO ANTES DE INVESTIR. RENTABILIDADE PASSADA NÃO
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Ressaltamos também, que as opiniões expressas neste material refletem a opinião do respectivo profissional que
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