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1 de junho de 2023
O mês de maio foi marcado pelo aumento do apetite a risco globalmente. A percepção de que o Fed (banco
central americano) pausará a subida de juros animou o índice Nasdaq (+8% em dólar), particularmente nas 3
primeiras semanas do mês.
A bolsa brasileira se beneficiou desse movimento, intensificado pelas surpresas positivas na inflação local,
que continuou vindo abaixo da expectativa. Tanto o IPCA de abril (+0,61%) quanto o IPCA-15 de maio
(+0,51%) indicam diminuição da inflação no olhar de 12 meses, o que prepara o terreno para o BC cortar os
juros no 2º semestre. Com isso, o juro real implícito na curva continuou a cair, o que traz um benefício direto
para as ações: no mês, o Ibovespa subiu 4%, e o Bovespa Small Cap, +13%.
Por sua vez, a Carteira 10 Ideias subiu 2% em maio. Os destaques positivos foram Oncoclínicas (+19%) e
Hypera (+11%), que surpreenderam nos números divulgados. Vale notar também as boas performances de
Iguatemi (+7%) e Localiza (+8%), ações bastante correlacionadas aos juros reais. Na ponta negativa, tivemos
Assaí (-10%) e Vale (-11%); a primeira, afetada pela deflação dos alimentos, e a segunda, pelo temor de
recessão global.
Olhando à frente, parece-nos que o mercado americano exagerou na percepção de pausa do aperto
monetário: dirigentes do Fed deixaram claro, nos últimos dias, que o trabalho contra a inflação ainda não
acabou. Com isso, aumentaram as apostas para mais um aumento de juros na próxima reunião do Fomc,
marcada para meados de junho. Alguma correção pode estar a caminho lá fora.
Para a bolsa brasileira, contudo, acreditamos que o juro local tem grande peso na precificação dos ativos. Se
a inflação continuar arrefecendo, como tudo indica, a curva de juros tende a se descomprimir mais um pouco.
Caso esse cenário se materialize, as ações cíclicas tendem a se beneficiar, mais uma vez. É nesse espírito que
retiramos Cosan (CSAN3), Hypera (HYPE3) e Oncoclínicas (ONCO3), que têm um perfil defensivo, para
aumentar o peso em Localiza (RENT3) e acrescentar Magazine Luiza (MGLU3), B3 (B3SA3) e Hapvida (HAPV3),
de perfis mais agressivos.
A EQTL conta com um management de extrema qualidade, histórico Preço ação: R$ 28,15
comprovado de execução em regiões extremamente difíceis de operar (e P/L: 15,4x (23E)
com maior potencial de crescimento de energia distribuída) e por atuar em
EV/Ebitda: 8,2x (23E)
segmentos de necessidade básica (distribuição de energia, transmissão de
energia e saneamento), seus resultados são menos sensíveis à uma possível DY: 1,9% (23E)
Apesar da enorme qualidade e histórico, hoje a Equatorial negocia com taxas de retorno atrativas, e em
termos de EV/Ebitda está abaixo do patamar médio dos últimos anos (9 vezes) – em nossa visão, um ótimo
ponto de entrada.
Como opcionalidade de graça, eventuais melhorias entregues mais rápidas do que o mercado espera nas
concessões recém-adquiridas destravariam ainda mais valor.
Entre os principais riscos temos: i) falha na capacidade de entregar melhorias nos ativos recém-adquiridos;
ii) piora relevante das condições econômicas capazes de provocar uma retração no consumo de energia; iii)
novas aquisições feitas por preços muito elevados e baixa taxa de retorno aos acionistas.
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As 10 ideias para junho
O setor de locação de veículos ainda é muito pequeno e pulverizado no P/L: 22,0x (23E)
Brasil (subpenetrado). Entre as empresas privadas, apenas 20% têm frotas EV/Ebitda: 8,6x (23E)
terceirizadas, enquanto na Europa são de 55% a 60%. No todo, a penetração DY: 1,5% (23E)
da terceirização de frotas em nosso país é de apenas 10%, contra mais de 37%
Performance: +17,5% (2023); +10,6% (12M)
na Espanha e 47% no Reino Unido, por exemplo.
Por ser líder do mercado brasileiro, possuir um balanço sólido e os melhores ratings entre seus pares, a
Localiza consegue captar recursos a um custo baixíssimo. No final do dia, essa captação mais barata faz com
que a empresa entregue um retorno sobre capital investido (ROIC) muito superior ao custo da dívida e ao
dos concorrentes.
No preço atual, apesar do prêmio frente aos pares (justificado dado o histórico e qualidade da companhia)
vemos RENT3 negociando em um patamar atrativo (19 vezes P/L estimado para os próximos 12 meses) e
inferior à sua média histórica (26 vezes) – desconto da ordem de 26%.
Os principais riscos são: i) uma nova piora no mercado de veículos; ii) eventuais dificuldades na integração e
captura de sinergias com a Unidas; iii) mudanças regulatórias (reajuste da alíquota de IPVA pago pelas
locadoras e isenção de ICMS, por exemplo).
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As 10 ideias para junho
Há cerca de dois anos, a companhia passou por uma troca de gestão que Recomendação: Compra
ii) Ganho de eficiência e rentabilidade superior à dos pares: o crescimento e qualidade da carteira de
crédito deve se aliar a um controle de despesas relativamente melhor que os concorrentes, como
registrado nos últimos trimestres. Assim, enxergamos potencial para a companhia continuar entregando o
melhor retorno sobre patrimônio líquido entre os bancos privados.
iii) Final de ciclo de aperto monetário: dado o nível atual da taxa básica de juros brasileira e o cenário de
crédito apertado, a probabilidade de estarmos no fim deste ciclo de aperto monetário nunca foi tão alta.
Nesse cenário, os bancos tendem a ser privilegiados, pois seus custos de captação tendem a começar a cair
antes que as taxas cobradas nos empréstimos caiam de acordo.
Em termos de valuation, justificado pela sua qualidade e crescimento acima dos pares, Itaú (ITUB4) negocia
com prêmio. Contudo, em uma análise absoluta em relação a sua média histórica, ainda enxergamos o
momento atual como um bom ponto de entrada. As ações do banco negociam a 1,5x seu preço sobre valor
patrimonial, desconto de 14% em relação à média histórica dos últimos 5 anos.
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As 10 ideias para junho
Tendo em vista que a companhia já realizou todo o processo de reajuste de preço de sua carteira e, aliada a
estabilização nos custos dos sinistros, temos visto uma sequencial recuperação nos últimos resultados. Como
o efeito dos reajustes aparecem gradualmente no resultado, a expectativa é que que os próximos resultados
sejam ainda melhores.
Nos preços atuais PSSA3 negocia a 8 vezes o seu lucro estimado para os próximos 12 meses – vs média
histórica dos últimos cinco anos de 11 vezes.
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As 10 ideias para junho
balanço, também acreditamos que seja mais “defensivo” do que outras Performance: +2,2% (2023); +7,9%
histórias que se beneficiam do ambiente de queda dos juros. (12M)
Negociando a múltiplos atrativos, B3 é uma de nossas opções preferidas para "arriscar" nos mercados de
capitais do Brasil, que acreditamos que continuarão a funcionar bem no curto prazo. Caso o sentimento
melhore um pouco, o potencial de alta pode ser bem grande, principalmente porque acreditamos que a
queda das taxas de longo prazo aumenta as chances de que a Selic finalmente comece a cair nos próximos
meses, o que naturalmente seria positivo para as ações da B3.
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As 10 ideias para junho
Além das qualidades do negócio e expectativas positivas para os próximos trimestres, o momento de entrada
nos parece oportuno. As ações caem 48% da sua máxima histórica (R$ 21) alcançada em janeiro deste ano,
abrindo uma boa janela para se posicionar no ativo. Um dos fatores que tem pressionado a ação é a
expectativa de mais uma venda de participação do seu principal acionista, o Grupo Casino, que ainda detém
cerca de 11% da companhia — consideramos uma saída integral do Casino da base acionária como positiva
para o Assaí, dada o controverso histórico de governança corporativa do Grupo, além da desinflação dos
alimentos.
Em termos de múltiplos, ASAI3 negocia hoje a atrativas 15 vezes os seus lucros projetados para 2023, 35%
abaixo da sua média histórica.
Enxergamos como risco para o case i) performance das lojas convertidas aquém do esperado; ii)
desalavancagem mais lenta do que o esperado; iii) pressão de curto prazo no preço devido a mais vendas do
Casino.
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As 10 ideias para junho
o consumo do seu cliente médio é menos afetado por deteriorações das +11,8% (12M)
condições econômicas, como a restrição do crédito observada pela elevação
da taxa de juros no último ano.
Em suma, a tese de investimento em Iguatemi é composta por três fatores: i) múltiplos exageradamente
baixos se comparados a média histórica – IGTI11 negocia a um P/FFO de aproximadamente 12,6 vezes
para 2023; ii) diante da forte correlação com os juros, qualquer arrefecimento da curva tende a gerar valor
para o ativo no curto/médio prazo; e iii) por fim, apesar da boa performance da companhia no último ano,
suas ações vem sendo negociadas com desconto em relação ao seu principal par, a Multiplan (MULT3), o
que acreditamos estar descorrelacionado com a qualidade do seu portfólio.
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As 10 ideias para junho
Além da exposição à commodities, onde a reabertura da economia chinesa é EV/Ebitda: 3,4x (23E)
um forte vento favorável – o minério de ferro tem se mantido em um patamar DY: 9,5% (23E)
bastante atrativo para a companhia, que é uma das mineradoras de menor Performance: -26,6% (2023); -20,2% (12M)
custo de extração do mundo – acreditamos que o patamar de valuation é
atrativo (4 vezes EV/Ebitda) e o nível de remuneração ao acionista é elevado
(via proventos e recompra de ações).
No mais, não descartamos destravamento de valor com a venda de uma parcela da operação de Metais
Básicos (ou até com um IPO), assim como o avanço na agenda de melhoria operacional, capacidade de
licenciamento e aprimoramento da gestão com a ajuda da Cosan, que é acionista de referência da
companhia.
Os principais riscos são: i) queda acentuada do preço do minério de ferro; ii) eventuais problemas
ambientais.
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As 10 ideias para junho
Agora, acreditamos que podemos estar próximos de um momento de virada para a companhia, com gatilhos
de curto prazo que sustentam a nossa sugestão de inclusão do papel na Carteira de 10 Ideias para junho:
1. Competição combalida: além dos problemas que vem sendo enfrentados pela Americanas, a Via
também não está em uma situação fácil. O exemplo mais recente foi a queda inesperada do antigo
CEO, que ficou no cargo por 3,5 anos;
2. Redução da alavancagem: a companhia vem trabalhando para melhorar os níveis de estoque, de
modo a reduzir a necessidade de promocionamento e da necessidade de capital de giro. Além disso,
renovou a parceria com o BNP Paribas Cardiff na Luizaseg, garantindo um reforço de caixa de R$ 1
bilhão;
3. Melhora de mix de produtos: nos últimos trimestres, a Magalu tem feito um grande esforço para
melhorar o seu mix de produtos e reduzir a dependência por bens duráveis, que são mais sensíveis
aos ciclos econômicos. Nesse último trimestre, as vendas das novas categorias (moda, beleza,
esportes, delivery de comida etc.) representaram mais de 50% das vendas online no Magalu;
4. Queda dos juros: muito sensível a ciclos econômicos e a queda de juros, acreditamos que o papel
poderá ter um bom desempenho nas próximas semanas tendo em vista a expectativa do início do
ciclo de corte da taxa de juros.
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As 10 ideias para junho
Valor de mercado: R$ 30 bi
A companhia tem a menor sinistralidade do setor devido ao seu modelo de
negócio verticalizado, que consiste em, além de ser a seguradora, também é Liquidez média diária: R$ 418 mi
dona dos hospitais e demais unidades que atenderão os segurados, Preço/ação: R$ 3,99
permitindo a companhia ter maior controle dos seus custos. Em nossa visão, EV/Ebitda: 13,5x (23E)
uma robusta vantagem competitiva no setor.
DY: 0,0% (23E)
Os dois últimos anos foram extremamente difíceis para HAPV3 e todo o setor Performance: -21,5% (2023); -40,6% (12M)
de saúde. A sinistralidade “explodiu” com nível de utilização dos planos
substancialmente acima do histórico e devido à dificuldade em reajustar o
ticket médio. Ainda, neste início do ano, o endividamento elevado da
companhia resultou em dúvidas sobre sua solvência, levando a ação para sua
mínima histórica.
Contudo, acreditamos que a companhia pode estar em um momento de inflexão e o preço atual ainda não
reflete esse cenário.
i) As dúvidas sobre a solvência já foram endereçadas. Através do follow-on, venda de ativos e operações de
sale and leaseback (SLB), a Hapvida levantou cerca de R$ 2,5 bilhões esse ano, o que deve reduzir sua
alavancagem financeira de 2,4x (1T23) para saudáveis 1,6x DL/Ebitda, segundo nossas estimativas.
ii) Tendência de melhora na sinistralidade. No 1T23, a sinistralidade-caixa da companhia caiu para 72,3% (-
2,6 p.p vs 1T22) em função do bom crescimento do ticket médio (+9,7% vs 1T22). Pela sua mecânica, os
reajustes repassados para os beneficiários aparecem somente de forma gradual no resultado, assim,
acreditamos que o 1T23 foi apenas uma amostra de um ticket médio que deve seguir crescendo.
iii) Hapvida Day. A companhia realizará este mês um evento com investidores para trazer atualizações sobre
a operação, principalmente a estratégia de longo prazo. Se positivo, o evento pode ser um trigger para
revisão de preço-alvo para HAPV3 pelos bancos e impulsionar a ação no curto prazo.
As ações da companhia estão 78% abaixo da sua máxima histórica (R$ 18,51), atingida em janeiro/21, e,
mesmo com uma recuperação nas últimas semanas, ainda caem 22% no ano. Bom ponto de entrada.
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As 10 ideias para junho
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