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As 10‘ ideias para junho

1 de junho de 2023

O mês de maio foi marcado pelo aumento do apetite a risco globalmente. A percepção de que o Fed (banco
central americano) pausará a subida de juros animou o índice Nasdaq (+8% em dólar), particularmente nas 3
primeiras semanas do mês.

A bolsa brasileira se beneficiou desse movimento, intensificado pelas surpresas positivas na inflação local,
que continuou vindo abaixo da expectativa. Tanto o IPCA de abril (+0,61%) quanto o IPCA-15 de maio
(+0,51%) indicam diminuição da inflação no olhar de 12 meses, o que prepara o terreno para o BC cortar os
juros no 2º semestre. Com isso, o juro real implícito na curva continuou a cair, o que traz um benefício direto
para as ações: no mês, o Ibovespa subiu 4%, e o Bovespa Small Cap, +13%.

Por sua vez, a Carteira 10 Ideias subiu 2% em maio. Os destaques positivos foram Oncoclínicas (+19%) e
Hypera (+11%), que surpreenderam nos números divulgados. Vale notar também as boas performances de
Iguatemi (+7%) e Localiza (+8%), ações bastante correlacionadas aos juros reais. Na ponta negativa, tivemos
Assaí (-10%) e Vale (-11%); a primeira, afetada pela deflação dos alimentos, e a segunda, pelo temor de
recessão global.

Olhando à frente, parece-nos que o mercado americano exagerou na percepção de pausa do aperto
monetário: dirigentes do Fed deixaram claro, nos últimos dias, que o trabalho contra a inflação ainda não
acabou. Com isso, aumentaram as apostas para mais um aumento de juros na próxima reunião do Fomc,
marcada para meados de junho. Alguma correção pode estar a caminho lá fora.

Para a bolsa brasileira, contudo, acreditamos que o juro local tem grande peso na precificação dos ativos. Se
a inflação continuar arrefecendo, como tudo indica, a curva de juros tende a se descomprimir mais um pouco.
Caso esse cenário se materialize, as ações cíclicas tendem a se beneficiar, mais uma vez. É nesse espírito que
retiramos Cosan (CSAN3), Hypera (HYPE3) e Oncoclínicas (ONCO3), que têm um perfil defensivo, para
aumentar o peso em Localiza (RENT3) e acrescentar Magazine Luiza (MGLU3), B3 (B3SA3) e Hapvida (HAPV3),
de perfis mais agressivos.

Sendo assim, a Carteira 10 Ideias de junho fica da seguinte maneira:


As 10 ideias para junho

Atuando desde 1999, a Equatorial (EQTL3) é hoje o terceiro maior grupo de


distribuição de energia do Brasil. Focada na estratégia de turnaround de
concessões deficitárias e com grande potencial de melhorias e incremento
da Base de Ativos Regulatórios (RAB), a Equatorial se tornou uma das Companhia: Equatorial (B3: EQTL3)
maiores histórias de valorização da bolsa desde o seu IPO. Além de seis
Recomendação: Compra
concessões de distribuição de energia, a companhia também possui lotes de
transmissão, uma concessão de saneamento no Amapá, além de ativos de Valor de mercado: R$ 32 bi
geração de energia. Liquidez média diária: R$ 233 mi

A EQTL conta com um management de extrema qualidade, histórico Preço ação: R$ 28,15
comprovado de execução em regiões extremamente difíceis de operar (e P/L: 15,4x (23E)
com maior potencial de crescimento de energia distribuída) e por atuar em
EV/Ebitda: 8,2x (23E)
segmentos de necessidade básica (distribuição de energia, transmissão de
energia e saneamento), seus resultados são menos sensíveis à uma possível DY: 1,9% (23E)

desaceleração da economia – perfil defensivo. Performance: +5,6% (2023); +20,0% (12M)

Além da expectativa de turnaround das últimas quatro concessões de


distribuição de energia elétrica adquiridas (Piauí, Alagoas, Amapá e CEEE-D),
com melhoria de resultados via redução de perdas e investimento na Base
de Ativos Regulatórios – que posteriormente devem se traduzir em mais receita e Ebitda –, não
descartamos a possibilidade de novas aquisições no segmento de distribuição (por exemplo, Amazonas
Energia).

Apesar da enorme qualidade e histórico, hoje a Equatorial negocia com taxas de retorno atrativas, e em
termos de EV/Ebitda está abaixo do patamar médio dos últimos anos (9 vezes) – em nossa visão, um ótimo
ponto de entrada.

Como opcionalidade de graça, eventuais melhorias entregues mais rápidas do que o mercado espera nas
concessões recém-adquiridas destravariam ainda mais valor.

Entre os principais riscos temos: i) falha na capacidade de entregar melhorias nos ativos recém-adquiridos;
ii) piora relevante das condições econômicas capazes de provocar uma retração no consumo de energia; iii)
novas aquisições feitas por preços muito elevados e baixa taxa de retorno aos acionistas.

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A Localiza (RENT3) é a maior locadora de veículos da América Latina em


número de agências. Fundada em 1973, com uma pequena agência no centro
de Belo Horizonte, Minas Gerais, a companhia iniciou suas atividades com seis
fuscas usados e financiados. A primeira loja distante das terras mineiras foi Companhia: Localiza (B3: RENT3)
inaugurada ainda na década de 70, quando a empresa iniciou um plano de Recomendação: Compra
expansão e abriu sua primeira filial em Vitória, no Espírito Santo. O grupo
Valor de mercado: R$ 61 bi
possui como acionistas de referência a família Mattar, fundadora da
companhia, com 15% de participação e os fundadores da Locamerica, com Liquidez média diária: R$ 516 mi

6%. Preço ação: R$ 62,04

O setor de locação de veículos ainda é muito pequeno e pulverizado no P/L: 22,0x (23E)

Brasil (subpenetrado). Entre as empresas privadas, apenas 20% têm frotas EV/Ebitda: 8,6x (23E)
terceirizadas, enquanto na Europa são de 55% a 60%. No todo, a penetração DY: 1,5% (23E)
da terceirização de frotas em nosso país é de apenas 10%, contra mais de 37%
Performance: +17,5% (2023); +10,6% (12M)
na Espanha e 47% no Reino Unido, por exemplo.

Oportunidades de expansão para novas categorias. Além do setor de aluguel


e veículos (RAC) e de gestão de frota, a companhia tem expandido sua
operação para novas frentes. Recentemente, a Localiza lançou o Localiza Meoo, modelo de carro por
assinatura de longo prazo para pessoas físicas e pequenas e médias empresas, o Zarp, solução desenvolvida
pela empresa para os aplicativos de mobilidade e o Localiza+, plataforma para prestação de serviços a donos
de caros particulares;

Por ser líder do mercado brasileiro, possuir um balanço sólido e os melhores ratings entre seus pares, a
Localiza consegue captar recursos a um custo baixíssimo. No final do dia, essa captação mais barata faz com
que a empresa entregue um retorno sobre capital investido (ROIC) muito superior ao custo da dívida e ao
dos concorrentes.

No preço atual, apesar do prêmio frente aos pares (justificado dado o histórico e qualidade da companhia)
vemos RENT3 negociando em um patamar atrativo (19 vezes P/L estimado para os próximos 12 meses) e
inferior à sua média histórica (26 vezes) – desconto da ordem de 26%.

Os principais riscos são: i) uma nova piora no mercado de veículos; ii) eventuais dificuldades na integração e
captura de sinergias com a Unidas; iii) mudanças regulatórias (reajuste da alíquota de IPVA pago pelas
locadoras e isenção de ICMS, por exemplo).

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Fruto da fusão, em 2008, dos bancos Itaú e Unibanco, o Itaú Unibanco


(ITUB4) atua em mais de 18 países e é o maior banco privado da América
Latina, com R$ 1 trilhão em volume de empréstimos. Companhia: Itaú (B3: ITUB4)

Há cerca de dois anos, a companhia passou por uma troca de gestão que Recomendação: Compra

melhorou substancialmente a sequência de resultados entregues, fazendo o Valor de mercado: R$ 239 bi


Itaú chamar atenção frente aos pares. Alguns pontos sustentam nossa
Liquidez média diária: R$ 850 mi
preferência por ITUB4:
Preço ação: R$ 26,31
i) Performance melhor que a dos pares na parte de crédito: os níveis de
P/L: 7,4x (23E)
inadimplência mais controlados e maior ritmo de crescimento da carteira do
P/VPA: 1,4x
Itaú devem se manter superior aos pares ao longo de 2023.
DY: 4,8% (23E)
Estruturalmente, sua carteira de crédito é mais defensiva por ter
Performance: 6,9% (2023); 5,9% (12M)
participação relevante em linhas de maior garantia, como imobiliário e
consignado, adequando-se ao momento mais delicado de crédito no país e
permitindo um crescimento saudável.

ii) Ganho de eficiência e rentabilidade superior à dos pares: o crescimento e qualidade da carteira de
crédito deve se aliar a um controle de despesas relativamente melhor que os concorrentes, como
registrado nos últimos trimestres. Assim, enxergamos potencial para a companhia continuar entregando o
melhor retorno sobre patrimônio líquido entre os bancos privados.

iii) Final de ciclo de aperto monetário: dado o nível atual da taxa básica de juros brasileira e o cenário de
crédito apertado, a probabilidade de estarmos no fim deste ciclo de aperto monetário nunca foi tão alta.
Nesse cenário, os bancos tendem a ser privilegiados, pois seus custos de captação tendem a começar a cair
antes que as taxas cobradas nos empréstimos caiam de acordo.

Em termos de valuation, justificado pela sua qualidade e crescimento acima dos pares, Itaú (ITUB4) negocia
com prêmio. Contudo, em uma análise absoluta em relação a sua média histórica, ainda enxergamos o
momento atual como um bom ponto de entrada. As ações do banco negociam a 1,5x seu preço sobre valor
patrimonial, desconto de 14% em relação à média histórica dos últimos 5 anos.

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Atuando desde 1945, quando diretores e sócios do Bradesco fundaram a


Porto Seguro (PSSA3), a Porto saltou da 44ª seguradora do país para se tornar
hoje a 3ª maior do segmento e líder em seguro de automóveis, residencial e
empresarial. Atualmente, a empresa tem como maior acionista a Unibanco Companhia: Porto Seguro (B3: PSSA3)
Participações (PSIUPAR), com 71% de participação, que é controlada pela Recomendação: Compra
família Garfinkel, que detém 57% das ações e está à frente da companhia há
Valor de mercado: R$ 15 bi
quase 50 anos, e pelo Itaú, com os 43% restantes. Com isso, a companhia
possui 1% de ações em tesouraria e 28% se encontram com o mercado. Liquidez média diária: R$ 74 mi

Preço ação: R$ 23,91


Nos seguros auto, que é o mais representativo no resultado da companhia, a
Porto lidera com folga tanto em participação de mercado e prêmios gerados P/L: 8,6x (23E)
como em sinistralidade, com um índice significativamente abaixo da média DY: 5,8% (23E)
do mercado – diferencial competitivo importante.
Performance: +3,3% (2023); +19,1%
(12M)
Com um modelo de negócios diversificado, tanto dentro do mercado de
seguros como em outras verticais, a Porto se mostrou uma empresa sólida e
com previsibilidade de receita e crescimento. Nos últimos dez anos, a
empresa não apresentou um único ano de decrescimento na receita, além de
crescer em um ano de pandemia, reforçando o modelo de negócio resiliente.

Tendo em vista que a companhia já realizou todo o processo de reajuste de preço de sua carteira e, aliada a
estabilização nos custos dos sinistros, temos visto uma sequencial recuperação nos últimos resultados. Como
o efeito dos reajustes aparecem gradualmente no resultado, a expectativa é que que os próximos resultados
sejam ainda melhores.

Nos preços atuais PSSA3 negocia a 8 vezes o seu lucro estimado para os próximos 12 meses – vs média
histórica dos últimos cinco anos de 11 vezes.

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A B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) é resultado da fusão da bolsa de futuros BM&F,


da bolsa de valores Bovespa e da Central de Custódia e de Liquidação
Financeira de Títulos (CETIP). A Bovespa era uma bolsa verticalmente
integrada, oferecendo serviços pós-negociação, gestão de risco, contraparte
central e central depositária de valores mobiliários. A BM&F era a única bolsa
Companhia: B3 (B3: B3SA3)
de futuros com atuação no Brasil, oferecendo serviços de negociação e
Recomendação: Compra
liquidação de derivativos. Por fim, a CETIP era conhecida por seu ambiente de
balcão de flexibilidade para o registro da negociação de títulos de renda fixa. Valor de mercado: R$ 78 bi

Liquidez média diária: R$ 583 mi


A ideia aqui é nos expormos à retomada do processo de “financial
deepening” no Brasil. Obviamente, outros nomes também participam desse Preço ação: R$ 13,32
jogo, mas, aos valuations atuais, B3 parece ser o nome correto para surfar P/L: 16,7x (23E)
essa enorme onda. Além disso, ganha também com a volatilidade do
EV/Ebitda: 11,3x (23E)
mercado, é bastante líquida e é um monopólio difícil de ser quebrado. Dada
a sua diversificação aprimorada após várias fusões e aquisições e um forte DY: 5,5% (23E)

balanço, também acreditamos que seja mais “defensivo” do que outras Performance: +2,2% (2023); +7,9%
histórias que se beneficiam do ambiente de queda dos juros. (12M)

Negociando a múltiplos atrativos, B3 é uma de nossas opções preferidas para "arriscar" nos mercados de
capitais do Brasil, que acreditamos que continuarão a funcionar bem no curto prazo. Caso o sentimento
melhore um pouco, o potencial de alta pode ser bem grande, principalmente porque acreditamos que a
queda das taxas de longo prazo aumenta as chances de que a Selic finalmente comece a cair nos próximos
meses, o que naturalmente seria positivo para as ações da B3.

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Fundada em 1974, a Sendas Distribuidora, popularmente conhecida como


Assaí, é o maior player puro de “cash & carry” — termo usado no mercado
para caracterizar o modelo de atacarejo — no Brasil.

Ao longo de sua história, a companhia cresceu de forma exponencial, mesmo


frente a diversos desafios exógenos ao negócio, consolidando um portfólio de Companhia: Assaí (B3: ASAI3)
263 lojas ao redor do país que geram faturamento anual de R$ 60 bilhões.
Recomendação: Compra

A tese de investimento em Assaí (ASAI3) é baseada em um mix de resiliência Valor de mercado: R$ 15 bi


com crescimento. Por natureza, o varejo alimentício já é menos cíclico que
Liquidez média diária: R$ 245 mi
outros varejistas (como de vestuário, por exemplo). Porém, o modelo de
Preço ação: R$ 10,75
negócio do Assaí ainda se sobressaí a média do setor devido ao forte poder
de barganha com fornecedores e a gestão regional e descentralizada, P/L: 12,9x (23E)
construindo uma importante vantagem competitiva: um sortimento EV/Ebitda: 6,0x (23E)
personalizado para cada região com os preços mais competitivos. Não à toa,
DY: 1,3% (23E)
o crescimento anual da companhia nos últimos 5 anos foi de 23%, 9 pontos
percentuais acima da média do setor. Performance: -44,6% (2023); -31,7%
(12M)
Olhando para as avenidas de crescimento, o Assaí (ASAI3) tem uma robusta
expansão contratada para o curto prazo. Em 2022, foram compradas 71 lojas Extra Hiper do grupo GPA, as
quais a companhia está convertendo em lojas Assaí. Além das 47 já convertidas em 2022 que estão em rápida
maturação, mais 19 deverão ser convertidas ao longo de 2023. A expectativa para geração de caixa e
desalavancagem da companhia para o ano é positiva.

Além das qualidades do negócio e expectativas positivas para os próximos trimestres, o momento de entrada
nos parece oportuno. As ações caem 48% da sua máxima histórica (R$ 21) alcançada em janeiro deste ano,
abrindo uma boa janela para se posicionar no ativo. Um dos fatores que tem pressionado a ação é a
expectativa de mais uma venda de participação do seu principal acionista, o Grupo Casino, que ainda detém
cerca de 11% da companhia — consideramos uma saída integral do Casino da base acionária como positiva
para o Assaí, dada o controverso histórico de governança corporativa do Grupo, além da desinflação dos
alimentos.

Em termos de múltiplos, ASAI3 negocia hoje a atrativas 15 vezes os seus lucros projetados para 2023, 35%
abaixo da sua média histórica.

Enxergamos como risco para o case i) performance das lojas convertidas aquém do esperado; ii)
desalavancagem mais lenta do que o esperado; iii) pressão de curto prazo no preço devido a mais vendas do
Casino.

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As 10 ideias para junho

Constituído em 1979 a partir do Grupo Jereissati, a Iguatemi (IGTI11) é uma


das principais empresas full-service de shopping centers do país em área
bruta locável (ABL). Seu portfólio é composto por 14 shoppings centers
(todos sob administração da companhia) de altíssima qualidade, 2 outlets
premium e 3 torres comerciais, que juntos totalizam cerca de 470 mil
metros quadrados de ABL própria. A rede de shoppings e outlets é a Companhia: Iguatemi (B3: IGTI11)
atividade principal da companhia, sendo esta responsável por cerca de 90% Recomendação: Compra
da receita líquida consolidada.
Valor de mercado: R$ 7 bi
Os seus principais shoppings centers, Iguatemi São Paulo, JK Iguatemi, Pátio Liquidez média diária: R$ 75 mi
Higienópolis e Iguatemi Porto Alegre, estão entre os dez maiores aluguéis por
Preço/ação: R$ 21,76
metro quadrado do Brasil entre os concorrentes de capital aberto, sendo o
Iguatemi São Paulo o mais elevado da América Latina. P/FFO: 12,6x (23E)

DY: 2,7% (23E)


Por se tratar de empreendimentos voltados para o público das classes A e B,
o seu portfólio se mostra mais resiliente que a média nacional, uma vez que Performance: +19,9% (2023);

o consumo do seu cliente médio é menos afetado por deteriorações das +11,8% (12M)
condições econômicas, como a restrição do crédito observada pela elevação
da taxa de juros no último ano.

Em suma, a tese de investimento em Iguatemi é composta por três fatores: i) múltiplos exageradamente
baixos se comparados a média histórica – IGTI11 negocia a um P/FFO de aproximadamente 12,6 vezes
para 2023; ii) diante da forte correlação com os juros, qualquer arrefecimento da curva tende a gerar valor
para o ativo no curto/médio prazo; e iii) por fim, apesar da boa performance da companhia no último ano,
suas ações vem sendo negociadas com desconto em relação ao seu principal par, a Multiplan (MULT3), o
que acreditamos estar descorrelacionado com a qualidade do seu portfólio.

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As 10 ideias para junho

Fundada em 1942, a Vale (VALE3) é uma das maiores mineradoras do Brasil


e do mundo. É líder em produção de minério de ferro e pelotas de minério
de ferro – inclusive, o minério de ferro de sua maior operação, Carajás (PA),
é considerado o de melhor qualidade do mundo – e a maior produtora Companhia: Vale (B3: VALE3)
mundial de níquel. Ela também produz minério de manganês, carvão
Recomendação: Compra
térmico e metalúrgico, ferroligas, cobre e subprodutos como ouro, prata e
cobalto. Valor de mercado: R$ 283 bi

Liquidez média diária: R$ 2,1 bi


Em linhas gerais, ter VALE3 é uma forma de dolarização da carteira, tendo
em vista que a companhia é produtora de commodities que possuem seus Preço/ação: R$ 63,81

preços cotados na moeda norte-americana. P/L: 4,8x (23E)

Além da exposição à commodities, onde a reabertura da economia chinesa é EV/Ebitda: 3,4x (23E)

um forte vento favorável – o minério de ferro tem se mantido em um patamar DY: 9,5% (23E)
bastante atrativo para a companhia, que é uma das mineradoras de menor Performance: -26,6% (2023); -20,2% (12M)
custo de extração do mundo – acreditamos que o patamar de valuation é
atrativo (4 vezes EV/Ebitda) e o nível de remuneração ao acionista é elevado
(via proventos e recompra de ações).

No mais, não descartamos destravamento de valor com a venda de uma parcela da operação de Metais
Básicos (ou até com um IPO), assim como o avanço na agenda de melhoria operacional, capacidade de
licenciamento e aprimoramento da gestão com a ajuda da Cosan, que é acionista de referência da
companhia.

Os principais riscos são: i) queda acentuada do preço do minério de ferro; ii) eventuais problemas
ambientais.

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As 10 ideias para junho

Criado na década de 50, o Magazine Luiza tornou-se uma potência do e-


commerce brasileiro. Em 2022, a soma de todas as vendas feitas pelo Magalu
atingiu R$ 60,2 bilhões, com mais de 1.300 lojas físicas distribuídas em 21
estados e 23 centros de distribuição. Na operação do marketplace, são mais
Companhia: Magazine Luiza (B3: MGLU3)
de 236 mil sellers conectados atualmente.
Recomendação: Compra
Depois do boom do e-commerce em 2020 por conta da pandemia e da
Valor de mercado: R$ 26 bi
mudança de hábito dos consumidores, a companhia vem atravessando uma
tempestade perfeita, o que fez seus papéis caírem mais de 90% das máximas. Liquidez média diária: R$ 482 mi

Além da deterioração da economia, o alto endividamento e a redução do Preço/ação: R$ 3,80


ritmo de crescimento corroeram a rentabilidade da companhia, que passou EV/Ebitda: 11,7x (23E)
de “queridinha da Bolsa” para “patinho feio” em poucos trimestres.
DY: 0,0% (23E)
A entrada em Recuperação Judicial da Americanas trouxe uma nova Performance: +38,7% (2023); +2,2% (12M)
esperança para os investidores da companhia, tendo em vista que a maior
parte do fluxo de clientes migrou para os seus canais e do Mercado Livre, seu
principal competidor. Esse movimento já foi possível de ser enxergado no
resultado do primeiro trimestre desse ano, embora tenha sido ofuscado por
demais problemas operacionais e de rentabilidade que a companhia vem enfrentando.

Agora, acreditamos que podemos estar próximos de um momento de virada para a companhia, com gatilhos
de curto prazo que sustentam a nossa sugestão de inclusão do papel na Carteira de 10 Ideias para junho:

1. Competição combalida: além dos problemas que vem sendo enfrentados pela Americanas, a Via
também não está em uma situação fácil. O exemplo mais recente foi a queda inesperada do antigo
CEO, que ficou no cargo por 3,5 anos;
2. Redução da alavancagem: a companhia vem trabalhando para melhorar os níveis de estoque, de
modo a reduzir a necessidade de promocionamento e da necessidade de capital de giro. Além disso,
renovou a parceria com o BNP Paribas Cardiff na Luizaseg, garantindo um reforço de caixa de R$ 1
bilhão;
3. Melhora de mix de produtos: nos últimos trimestres, a Magalu tem feito um grande esforço para
melhorar o seu mix de produtos e reduzir a dependência por bens duráveis, que são mais sensíveis
aos ciclos econômicos. Nesse último trimestre, as vendas das novas categorias (moda, beleza,
esportes, delivery de comida etc.) representaram mais de 50% das vendas online no Magalu;
4. Queda dos juros: muito sensível a ciclos econômicos e a queda de juros, acreditamos que o papel
poderá ter um bom desempenho nas próximas semanas tendo em vista a expectativa do início do
ciclo de corte da taxa de juros.

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As 10 ideias para junho

Fundada no final da década de 70, a Hapvida atua no setor de assistência


médico-hospitalar, oferecendo planos de saúde individuais e corporativos.
No último ano, a Hapvida concluiu a fusão dos seus negócios com a
NotreDame Intermédica (GNDI), formando uma companhia de atuação
Companhia: Hapvida (B3: HAPV3)
nacional, líder de mercado (~18% de participação) e com uma base de
beneficiários superior a 9 milhões, a maior do Brasil. Recomendação: Compra

Valor de mercado: R$ 30 bi
A companhia tem a menor sinistralidade do setor devido ao seu modelo de
negócio verticalizado, que consiste em, além de ser a seguradora, também é Liquidez média diária: R$ 418 mi

dona dos hospitais e demais unidades que atenderão os segurados, Preço/ação: R$ 3,99
permitindo a companhia ter maior controle dos seus custos. Em nossa visão, EV/Ebitda: 13,5x (23E)
uma robusta vantagem competitiva no setor.
DY: 0,0% (23E)
Os dois últimos anos foram extremamente difíceis para HAPV3 e todo o setor Performance: -21,5% (2023); -40,6% (12M)
de saúde. A sinistralidade “explodiu” com nível de utilização dos planos
substancialmente acima do histórico e devido à dificuldade em reajustar o
ticket médio. Ainda, neste início do ano, o endividamento elevado da
companhia resultou em dúvidas sobre sua solvência, levando a ação para sua
mínima histórica.

Contudo, acreditamos que a companhia pode estar em um momento de inflexão e o preço atual ainda não
reflete esse cenário.

i) As dúvidas sobre a solvência já foram endereçadas. Através do follow-on, venda de ativos e operações de
sale and leaseback (SLB), a Hapvida levantou cerca de R$ 2,5 bilhões esse ano, o que deve reduzir sua
alavancagem financeira de 2,4x (1T23) para saudáveis 1,6x DL/Ebitda, segundo nossas estimativas.

ii) Tendência de melhora na sinistralidade. No 1T23, a sinistralidade-caixa da companhia caiu para 72,3% (-
2,6 p.p vs 1T22) em função do bom crescimento do ticket médio (+9,7% vs 1T22). Pela sua mecânica, os
reajustes repassados para os beneficiários aparecem somente de forma gradual no resultado, assim,
acreditamos que o 1T23 foi apenas uma amostra de um ticket médio que deve seguir crescendo.

iii) Hapvida Day. A companhia realizará este mês um evento com investidores para trazer atualizações sobre
a operação, principalmente a estratégia de longo prazo. Se positivo, o evento pode ser um trigger para
revisão de preço-alvo para HAPV3 pelos bancos e impulsionar a ação no curto prazo.

As ações da companhia estão 78% abaixo da sua máxima histórica (R$ 18,51), atingida em janeiro/21, e,
mesmo com uma recuperação nas últimas semanas, ainda caem 22% no ano. Bom ponto de entrada.

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As 10 ideias para junho

Analista Chefe

João Piccioni, CNPI

Analistas responsáveis pela estratégia

João Piccioni, CNPI


Fernando Ferrer, CNPI
Larissa Quaresma, CFA
Matheus Spiess Duarte, CNPI

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