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A CRISE
A crise financeira de 2008 é considerada o maior desastre econômico desde a
Grande Depressão de 1929. Começou em razão da especulação imobiliária nos
Estados Unidos, isto é, a aquisição de imóveis com a finalidade de vendê-los ou alugá-
los posteriormente, na expectativa de que seu valor de mercado aumente. Entretanto,
houve um aumento abusivo nos valores dos imóveis, dessa forma o setor acabou
entrando em colapso, pois a supervalorização não foi acompanhada pela capacidade
financeira dos cidadãos de arcar com os custos. Assim, as hipotecas acabaram não
tendo a liquidez esperada, ou seja, houve uma quebra econômica em razão do
aumento dos juros e da inflação.
A crise explodiu no dia 15 de setembro de 2008, quando o Lehman Brothers, um
dos bancos de investimentos mais tradicionais dos EUA, declarou falência. No mesmo
dia, a bolsa de valores despencou e a população ficou à mercê dos esforços
governamentais para mudar a situação.
O resultado foi a chamada de a Grande Recessão, que levou à desvalorização
dos preços das moradias e a aumentos acentuados nos índices de desemprego. Com uma
situação bem delicada, o mercado financeiro mundial ficou totalmente desconfiado,
tendo em vista que os Estados Unidos são referência no empréstimo de dinheiro a outros
países. Dessa maneira, os bancos criaram barreiras e limitaram o crédito, reduzindo o
poder de investimento das empresas. Foi um verdadeiro efeito “bola de neve”,
resultando em queda do consumo, diminuição dos lucros e demissões em massa. Na
sequência, muitos outros bancos começaram a anunciar perdas bilionárias, que
só aumentaram a instabilidade no mercado. A maioria dos países criaram planos de
socorro às suas economias, de modo a injetar bilhões nos bancos e tentar minimizar os
impactos da crise.
Oficialmente, a recessão terminou em 2009, mas suas consequências ainda
repercutiram por muitos anos para diversos países e grande parcela da população.
ANTECEDENTES
Primeiramente, é necessário enfatizar que os EUA são a maior economia do
planeta e, obviamente, o que acontece no país impacta significativamente toda a
economia global. Depois da grande depressão os EUA tiveram 40 anos de crescimento
econômico sem uma única crise financeira, visto que a indústria financeira estava
firmemente regulada. A maioria dos bancos eram empresas locais e proibidos de
especular com as poupanças dos clientes. Os bancos de investimentos que lidavam com
as bolsas de valores eram pequenas sociedades de capitais privados e, por conta disso,
não faziam investimentos de risco.
Nos anos 80, os bancos de investimentos começaram a abrir o capital e vender
suas ações, o que lhes deu quantias enormes do dinheiro dos acionistas e,
consequentemente, o forte enriquecimento dos líderes de Wall Street. Outro ponto
importante a ser destacado é que o presidente Ronald Reagan, em 1981, com o intuito
de restaurar a prosperidade econômica, nomeou como secretário do Tesouro Donald
Reagan, o CEO do banco de investimento Merril Lynch, que exerceu o cargo de 1981 a
1985. Tudo isso propiciou a formação de uma grande aliança entre os líderes de Wall
Street e o presidente, já que os interesses desses líderes eram adotados e defendidos
por seu presidente, ou seja, Donald Reagan. Dessa forma, foi iniciado um período de 30
anos de desregulamentação financeira. Um exemplo seria a desregulamentação das
empresas de poupanças e crédito, permitindo que essas fizessem investimentos de risco
como dinheiro dos depositantes. Já no final da década, centenas de empresas de
poupança e crédito faliram, custando, para muitos contribuintes, todas as economias.
Vários desses executivos foram presos por saquearem suas empresas, um dos casos
mais extremos foi o de Charles Keating.
Durante o governo de Clinton a desregulamentação continuou. Ao que tudo
indica, o sistema político foi cooptado pelos líderes de Wall Street, uma vez que existia
muito dinheiro e suborno envolvidos nessa relação. Já no final da década de 90, o
setor financeiro se consolidou em poucas empresas gigantescas, tão grandes que
caso uma quebrasse ameaçaria todo o sistema mundial. Isso fez com que essas
empresas ganhassem uma certa segurança e proteção por parte do governo, visto que
caso falissem poderiam fazer um grande estrago, foi o que aconteceu com o banco de
investimentos Lehman Brothers e a seguradora American International
Group (AIG), em 2008. Toda essa ideia fez com que, no mandato de Clinton, houvesse
um esforço para protegê-las, ajudando a tornarem-nas ainda maiores. Um grande
exemplo desse movimento ocorreu em 1998, no qual a Citicorp e Travelers fundiram-se
e se tornaram o Citigroup, que se transformou na maior companhia de serviços
financeiros do mundo, a fusão violava o ato Glass-Steagall, uma lei aprovada depois de
grande depressão, impedindo bancos com depósitos de consumidores de se envolvessem
em investimentos arriscados e limitando, dessa forma, os títulos emitidos por bancos
comerciais, assim como as atividades e afiliações desses. No entanto, conseguiram uma
isenção por um ano e, a partir disso, o Congresso aprovou, em 1999, o ato Gramm-
Leach-Bliley, conhecido como Lei de Socorro ao Citigroup, que revogou o ato Glass-
Steagall e possibilitou futuras fusões.
George W. Bush tomou posse em 2001, em um momento que o setor financeiro
dos EUA estava mais lucrativo, concentrado e poderoso em toda sua história. Com a
desregulamentação, as maiores empresas foram pegas lavando dinheiro, enganando
clientes e fraudando. Entretanto, recebiam multas sem precedentes e não precisavam
admitir os delitos.
Ademais, em 2001, ocorreu uma crise que comprovou que não se podia confiar
nos analistas financeiros e nos órgãos regulamentadores da economia. Com o
surgimento da internet, um ramo de mercado extremamente atraente (por se tratar de
uma tecnologia totalmente nova e que prometia a interligação, em tempo real, entre
pessoas, empresas e governos em todo o mundo, derrubando as fronteiras impeditivas e
ampliando o ganho de escala), despertou a atenção de empresas do setor financeiro que,
pela euforia e exaltação, investiram elevada quantidade de dinheiro em algo novo,
todavia os retornos de ganhos ainda não tinham sido analisados corretamente.
Portanto, os bancos de investimentos inflaram a bolha das ações de internet,
provocando um crash em 2001, não podendo esquecer que os analistas de ações foram
pagos com base nos negócios que eles trouxessem para dentro das empresas, o que
acabou provocando um prejuízo de 5 trilhões de dólares em investimentos. Além disso,
a Comissão de Valores Mobiliários (SEC) e a Agência Federal, que foram criadas na
Grande Depressão para regulamentar esses bancos de investimentos, não fizeram nada
para impedir o desastre, provando que o mercado financeiro dos EUA estava
totalmente desregulamentado.
CONSEQUÊNCIAS GERAIS
Uma das maiores crises capitalistas da história, a crise de 2008 deixou
consequências desastrosas para o mercado mundial. Abalou os alicerces econômicos e
sociais de vários países, principalmente EUA e países da Europa, por terem seus
sistemas financeiros voltados para mercados de ações e transações líquidas. Além
disso, as taxas de desemprego por todo o mundo subiram desenfreadamente, gerando
endividamento de diversas famílias. A longo prazo, houveram também, políticas de
austeridade financeira, redução salarial e profunda instabilidade política.