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CRISE FINANCEIRA DE 2008

Gabriela Del Ben, Isabella Libanor, Lais Lima, Leticia Lemos

A CRISE
A crise financeira de 2008 é considerada o maior desastre econômico desde a
Grande Depressão de 1929. Começou em razão da especulação imobiliária nos
Estados Unidos, isto é, a aquisição de imóveis com a finalidade de vendê-los ou alugá-
los posteriormente, na expectativa de que seu valor de mercado aumente. Entretanto,
houve um aumento abusivo nos valores dos imóveis, dessa forma o setor acabou
entrando em colapso, pois a supervalorização não foi acompanhada pela capacidade
financeira dos cidadãos de arcar com os custos. Assim, as hipotecas acabaram não
tendo a liquidez esperada, ou seja, houve uma quebra econômica em razão do
aumento dos juros e da inflação.
A crise explodiu no dia 15 de setembro de 2008, quando o Lehman Brothers, um
dos bancos de investimentos mais tradicionais dos EUA, declarou falência. No mesmo
dia, a bolsa de valores despencou e a população ficou à mercê dos esforços
governamentais para mudar a situação.
O resultado foi a chamada de a Grande Recessão, que levou à desvalorização
dos preços das moradias e a aumentos acentuados nos índices de desemprego. Com uma
situação bem delicada, o mercado financeiro mundial ficou totalmente desconfiado,
tendo em vista que os Estados Unidos são referência no empréstimo de dinheiro a outros
países. Dessa maneira, os bancos criaram barreiras e limitaram o crédito, reduzindo o
poder de investimento das empresas. Foi um verdadeiro efeito “bola de neve”,
resultando em queda do consumo, diminuição dos lucros e demissões em massa. Na
sequência, muitos outros bancos começaram a anunciar perdas bilionárias, que
só aumentaram a instabilidade no mercado. A maioria dos países criaram planos de
socorro às suas economias, de modo a injetar bilhões nos bancos e tentar minimizar os
impactos da crise.
  Oficialmente, a recessão terminou em 2009, mas suas consequências ainda
repercutiram por muitos anos para diversos países e grande parcela da população.

ANTECEDENTES
  Primeiramente, é necessário enfatizar que os EUA são a maior economia do
planeta e, obviamente, o que acontece no país impacta significativamente toda a
economia global. Depois da grande depressão os EUA tiveram 40 anos de crescimento
econômico sem uma única crise financeira, visto que a indústria financeira estava
firmemente regulada. A maioria dos bancos eram empresas locais e proibidos de
especular com as poupanças dos clientes. Os bancos de investimentos que lidavam com
as bolsas de valores eram pequenas sociedades de capitais privados e, por conta disso,
não faziam investimentos de risco.
  Nos anos 80, os bancos de investimentos começaram a abrir o capital e vender
suas ações, o que lhes deu quantias enormes do dinheiro dos acionistas e,
consequentemente, o forte enriquecimento dos líderes de Wall Street. Outro ponto
importante a ser destacado é que o presidente Ronald Reagan, em 1981, com o intuito
de restaurar a prosperidade econômica, nomeou como secretário do Tesouro Donald
Reagan, o CEO do banco de investimento Merril Lynch, que exerceu o cargo de 1981 a
1985. Tudo isso propiciou a formação de uma grande aliança entre os líderes de Wall
Street e o presidente, já que os interesses desses líderes eram adotados e defendidos
por seu presidente, ou seja, Donald Reagan. Dessa forma, foi iniciado um período de 30
anos de desregulamentação financeira. Um exemplo seria a desregulamentação das
empresas de poupanças e crédito, permitindo que essas fizessem investimentos de risco
como dinheiro dos depositantes. Já no final da década, centenas de empresas de
poupança e crédito faliram, custando, para muitos contribuintes, todas as economias.
Vários desses executivos foram presos por saquearem suas empresas, um dos casos
mais extremos foi o de Charles Keating.
  Durante o governo de Clinton a desregulamentação continuou. Ao que tudo
indica, o sistema político foi cooptado pelos líderes de Wall Street, uma vez que existia
muito dinheiro e suborno envolvidos nessa relação. Já no final da década de 90, o
setor financeiro se consolidou em poucas empresas gigantescas, tão grandes que
caso uma quebrasse ameaçaria todo o sistema mundial. Isso fez com que essas
empresas ganhassem uma certa segurança e proteção por parte do governo, visto que
caso falissem poderiam fazer um grande estrago, foi o que aconteceu com o banco de
investimentos Lehman Brothers e a seguradora American International
Group (AIG), em 2008. Toda essa ideia fez com que, no mandato de Clinton, houvesse
um esforço para protegê-las, ajudando a tornarem-nas ainda maiores. Um grande
exemplo desse movimento ocorreu em 1998, no qual a Citicorp e Travelers fundiram-se
e se tornaram o Citigroup, que se transformou na maior companhia de serviços
financeiros do mundo, a fusão violava o ato Glass-Steagall, uma lei aprovada depois de
grande depressão, impedindo bancos com depósitos de consumidores de se envolvessem
em investimentos arriscados e limitando, dessa forma, os títulos emitidos por bancos
comerciais, assim como as atividades e afiliações desses. No entanto, conseguiram uma
isenção por um ano e, a partir disso, o Congresso aprovou, em 1999, o ato Gramm-
Leach-Bliley, conhecido como Lei de Socorro ao Citigroup, que revogou o ato Glass-
Steagall e possibilitou futuras fusões.
George W. Bush tomou posse em 2001, em um momento que o setor financeiro
dos EUA estava mais lucrativo, concentrado e poderoso em toda sua história. Com a
desregulamentação, as maiores empresas foram pegas lavando dinheiro, enganando
clientes e fraudando. Entretanto, recebiam multas sem precedentes e não precisavam
admitir os delitos.
  Ademais, em 2001, ocorreu uma crise que comprovou que não se podia confiar
nos analistas financeiros e nos órgãos regulamentadores da economia. Com o
surgimento da internet, um ramo de mercado extremamente atraente (por se tratar de
uma tecnologia totalmente nova e que prometia a interligação, em tempo real, entre
pessoas, empresas e governos em todo o mundo, derrubando as fronteiras impeditivas e
ampliando o ganho de escala), despertou a atenção de empresas do setor financeiro que,
pela euforia e exaltação, investiram elevada quantidade de dinheiro em algo novo,
todavia os retornos de ganhos ainda não tinham sido analisados corretamente.
Portanto, os bancos de investimentos inflaram a bolha das ações de internet,
provocando um crash em 2001, não podendo esquecer que os analistas de ações foram
pagos com base nos negócios que eles trouxessem para dentro das empresas, o que
acabou provocando um prejuízo de 5 trilhões de dólares em investimentos. Além disso,
a Comissão de Valores Mobiliários (SEC) e a Agência Federal, que foram criadas na
Grande Depressão para regulamentar esses bancos de investimentos, não fizeram nada
para impedir o desastre, provando que o mercado financeiro dos EUA estava
totalmente desregulamentado.

Dominavam o setor financeiro apenas:


 5 bancos de investimentos, (Goldman Sachs, Morgan Stanley, Lehman
Brothers, Merrill Lynch, Bear Stearns);
 2 conglomerados financeiros (Citigroup e JP Morgan);
 3 seguradores de títulos (AIG, MBIA, AMBAC);
 3 agências de rating (Moody´s, Standard e Poor´s e Fitch).

DESENVOLVIMENTO DA CRISE DE 2008


Na década de 90, mais especificamente por volta de 1998, os bancos
estadunidenses começaram a ceder empréstimos de risco à mutuários que não
tinham condições financeiras de pagar suas dívidas, sendo pessoas com um mal
histórico de pagamento. Esses empréstimos, que tinham como garantia imóveis dos
beneficiários, eram chamados de subprime, justamente por seu caráter de alto risco.
Temendo a possibilidade de ocorrer uma crise após os atentados às Torres
Gêmeas e ao Pentágono em 11 de setembro de 2001, o governo dos Estados Unidos da
América (EUA) baixou as taxas de juros entre os anos de 2001 e 2003, o que tornou a
compra de imóveis ainda mais acessível. Houve então, uma expectativa generalizada
de que os preços desses imóveis iriam valorizar no futuro, tornando então lucrativo
hipotecá-los para usar esse dinheiro emprestado para vários fins, inclusive consumo e,
em decorrência disso, estima-se que o número de hipotecas entre os anos citados tenha
quadruplicado. Esse fenômeno ficou conhecido como bolha imobiliária, em que o
mercado sofreu uma supervalorização dos seus preços sem refletir realmente o valor
real do seu bem.
Diante desse contexto, os bancos responsáveis pelas concessões de crédito
começaram a montar pacotes, os chamados CDOs (Collateralized Debt Obligation -
Obrigação de Dívida Colateralizada), onde juntavam empréstimos de baixo risco com
empréstimos subprime, e os classificavam como AAA, ou seja, empréstimos com alta
possibilidade de retorno. Então, esses CDOs eram vendidos para bancos do mundo
todo, como forma de investimento. Em outras palavras, quando os norte-americanos
que tomaram os empréstimos pagassem o valor devido, o dinheiro iria para quem
comprou a CDO, com juros; por conta disso, os investidores eram levados a acreditar
que esse era um ótimo negócio, já que os juros eram muito altos, e lhes havia sido
informado que o risco era bem baixo. Chamado de Securitização, esse fenômeno
movimentou trilhões de dólares em hipotecas e outros empréstimos a investidores de
todo o mundo.
No entanto, vale ressaltar que esse sistema era uma bomba relógio, já que os
credores não ligavam se os mutuários podiam pagar, então começaram a fazer
empréstimos mais cada vez mais arriscados, baseando-se em uma mera expectativa
de valorização do mercado imobiliário. Os bancos de investimentos também não se
importavam com o risco dessa liquidez financeira, quanto mais CDOs vendiam, mais
lucravam.
Em meados de 2007, as taxas de juros já estavam altas novamente e os preços
dos imóveis começaram a cair. Essa queda começou a afetar inicialmente as pessoas
inseridas na categoria subprime, que não tinham mais dinheiro para sanar suas dívidas
(que estavam gigantescas). Então, nesse período, os bancos começaram a sofrer
inadimplência em massa dessas pessoas, ou seja, calotes, o que levou a diversos
despejos. O geógrafo David Harvey, em sua obra O Enigma do Capital: e as crises do
capitalismo, faz uma descrição bastante precisa do ocorrido: “Em 2007, os valores das
casas despencaram em quase todos os EUA e muitas famílias acabaram devendo mais
por suas casas do que o próprio valor do imóvel. Isso desencadeou uma espiral de
execuções hipotecárias que diminuiu ainda mais os valores das casas.”
Foi no outono de 2008 que a “Crise das hipotecas subprime”, como ficou
popularmente conhecida, atingiu Wall Street e destruiu o sistema financeiro mundial. É
essencial o entendimento que a concessão de créditos irresponsáveis e de risco não
foram a razão da gravidade da crise, considerada o maior desastre econômico desde a
Crise de 1929; o que fez com que a crise tomasse essa proporção catastrófica foi a
Securitização. Com a diminuição constante dos valores das casas, todas as classes
sociais passaram a ser atingidas, gerando mais inadimplência e despejos. Como com a
securitização essas dívidas estavam nas mãos de bancos e fundos de investimentos
do mundo todo, os compradores dos CDOs “[...]terminaram segurando pedaços de
papel sem valor e incapazes de cumprir suas obrigações ou pagar seus empregados.”,
afirma David Harvey, ainda em O Enigma do Capital. Ou seja, houve um efeito
dominó na queda de bancos e investidores por todo o mundo.
O dia 15 de setembro de 2008 ficou conhecido como Segunda-feira Negra,
pois foi o dia que o banco Lehman Brothers declarou falência. A partir daí, o caos foi
verdadeiramente instaurado e todo esse sistema de empréstimos, hipotecas e
investimentos realmente desabou. O ex-presidente da Federal Reserve, Paul Volker,
observou que nunca antes as coisas haviam despencado “tão fácil e tão uniformemente
ao redor do mundo”. As ações de bancos se tornaram praticamente inválidas,
desintegrando os mercados de ações, os fundos de pensão racharam, o pânico havia sido
instaurado no sistema financeiro mundial. Os bancos encontravam-se praticamente sem
dinheiro e, em contraposição, eram proprietários dos mais variados imóveis, obtidos por
meio de despejos das pessoas que não pagaram suas hipotecas.

CONSEQUÊNCIAS GERAIS
Uma das maiores crises capitalistas da história, a crise de 2008 deixou
consequências desastrosas para o mercado mundial. Abalou os alicerces econômicos e
sociais de vários países, principalmente EUA e países da Europa, por terem seus
sistemas financeiros voltados para mercados de ações e transações líquidas. Além
disso, as taxas de desemprego por todo o mundo subiram desenfreadamente, gerando
endividamento de diversas famílias. A longo prazo, houveram também, políticas de
austeridade financeira, redução salarial e profunda instabilidade política.

CONSEQUÊNCIAS ECONÔMICAS AOS PAÍSES E UNIÃO EUROPEIA


ESTADOS UNIDOS
O problema principal a ser encarado consistia na queda dos preços dos
ativos financeiros, tendo como base os resultados negativos que a economia
estadunidense vinha apresentando. E a recuperação ainda se mostrava lenta no país,
já que a média de crescimento no período de 2008 a 2011 se mostrava ínfimo quando
comparado ao período 2000 a 2007 e, principalmente se comparado à média de
crescimento das economias emergentes no mesmo período.
O que são ativos financeiros? São direitos econômicos que têm um valor
específico e podem ser negociados no mercado financeiro. E qual a sua importância?
É algo capaz de gerar lucro, sem que seja necessário trabalhar para criá-la e são
divididos em três tipos: os que geram renda, os de reserva de emergência e os de
crescimento de capital.
Para entender a gravidade da crise de 2008, dois anos após o término da
recessão, a taxa de desemprego no país ainda estava em 9%, mais de 8 milhões de
pessoas perderam o emprego e aproximadamente 2,5 milhões de empresas foram
arrasadas. Naquele momento, a insegurança e a desigualdade social cresceram ainda
mais.
Os Estados Unidos, além de já estarem acumulando um crescente déficit público
desde antes de 2008, utilizaram-se de programas de ajuda a bancos e empresas
produtivas com o intuito de contornar os efeitos da crise, que representaram um
significativo esforço fiscal. No entanto, as medidas para o enfrentamento da crise
adotadas pelo país não reverteram a desaceleração da economia e o alto índice de
desemprego.
Como os Estados Unidos possuíam os ativos financeiros mais seguros da
economia internacional (sendo o dólar a moeda chave do Sistema Financeiro e
Monetário Internacional), o mesmo não encontrou dificuldades em financiar sua dívida.
EUROPA
Desde o período pós Segunda Guerra Mundial, as economias estadunidense
e europeia são intrinsicamente ligadas, devido ao Plano Marshall, plano
estadunidense de reconstrução da Europa pós-guerra, o que provoca grande infiltração
capital norte-americano na economia europeia. O elevado endividamento público
na União Europeia (principalmente nos países como Grécia, Portugal, Espanha,
Irlanda e Itália) e a falta de coordenação política para buscar solucionar os
problemas dessa dívida pública, foram agravantes consideráveis para a recessão.
Um alto índice de desemprego se espalhou no continente. Somado a isso,
podemos citar a fuga de capitais de investidores, isto é, quando os países perdem
credibilidade pela alta da inflação, desvalorização da moeda e a queda do PIB,
levando investidores locais e estrangeiros a deixarem de investir no país. Isso, por
sua vez, gera uma escassez de crédito.
Os principais países europeus atingidos foram Portugal, Itália, Irlanda, Grécia
e Espanha, conhecidos pela sigla PIIGS, que estão com a economia suja e
ultrapassaram o pacto de estabilidade do Banco Central Europeu. São em sua
maioria dependentes do turismo, com exceção da Itália, que possui maior
industrialização. Apresentam, em geral, um déficit público em torno de 10%;
desemprego acima de 20% da população e dívidas públicas superiores a 100% dos
seus PIBS.
Portugal, Espanha e Irlanda que dependiam muito do turismo, precisaram adotar
medidas de austeridade para conter a crise, uma política de rigor no controle dos gastos
públicos. Em geral, a política de austeridade é aplicada em momentos nos quais existe
um grande déficit fiscal, ou seja, quando as despesas do governo são maiores do que sua
arrecadação de impostos.
GRÉCIA
A Grécia estava completamente despreparada quando chegou a crise global de
crédito e em 2009, registrou déficit orçamental de 13,6% do PIB. O déficit no
orçamento grego, ou seja, a diferença entre o que o país gasta e o que arrecada, foi um
dos índices mais altos da Europa e quatro vezes acima do tamanho permitido pelas
regras da chamada zona do euro (não deve ultrapassar de 3%) e sua dívida, em 2010,
estava em torno de 300 bilhões de euros (o equivalente a US$ 400 bilhões ou R$ 700
bilhões, naquele ano). A taxa de desemprego no país estava em torno de 26,5%, se
considerada apenas a população jovem, chegou a 51,1% de desocupados no fim de
2014.
O mercado de títulos diminuiu a liquidez, investidores estrangeiros se tornaram
mais seletivos a quem iam emprestar dinheiro e o aumento dos gastos sociais à medida
em que cresceu o número de desempregados no país resultaram na dívida grega, que
caminhava para se tornar impagável. Iniciou-se, assim, os empréstimos do Banco
Central Europeu (BCE), União Europeia e Fundo Monetário Internacional. Teve de
contratar volumosos empréstimos do Fundo Monetário Internacional e em
contrapartida implementar controversos cortes de gastos, reduzindo direitos
trabalhistas, folha salarial dos servidores públicos e realizando privatizações. O
montante da dívida deixou investidores relutantes em emprestar mais dinheiro ao país.
Em 2016, chegou o prazo para que a Grécia pagasse uma parte de sua dívida
com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e, então, o anterior primeiro-ministro
grego, Alexis Tsipras, anunciou que o valor de 1,6 bilhão de euros não seria pago e a
Grécia se tornou o primeiro país desenvolvido a “dar calote” no Fundo em toda a
história. Dessa forma, o FMI emitiu uma nota afirmando que o país somente poderia
contrair novos empréstimos caso pagasse o que devia ao fundo, dificultando ainda mais
a situação grega.
Provocou a criação do termo GREXIT, que seria a possível expulsão do país
do bloco europeu, já que para fazer parte do bloco pode atingir somente 60% em
dívidas em relação ao seu PIB. Ao deixar a moeda comum, a Grécia poderia permitir
a desvalorização de sua moeda e, assim, melhorar sua competitividade. Entretanto,
causaria grandes rupturas nos mercados financeiros, provocando o medo entre os
investidores de que outros países adotassem a mesma estratégia, potencialmente
levando ao fim da união monetária. A União Europeia demonstrou que deseja
manter a zona do euro unida e descartou a ideia de que países iriam abandonar a
moeda.
Atualmente, economistas interpretam que a situação grega pode ser vista como
um “século perdido”.
BRASIL
O setor bancário reagiu com muita prudência e retraiu consideravelmente o
crédito na economia brasileira, levando, consequentemente, as empresas a reverem
seus planos de produção e de investimento. A forte retração da oferta de crédito
bancário tanto no mercado doméstico como a interrupção de linhas externas foram
condições suficientes para provocar uma redução na demanda interna e ancorar as
expectativas de inflação, já que desencadearam uma forte parada da atividade
econômica nos últimos três meses de 2008. O Brasil sentiu fortemente o efeito da
crise sobre o preço da moeda nacional e sobre os fluxos de capitais transacionados
no país.
A rápida e desordenada desvalorização do câmbio provocou uma forte
desestabilização na economia brasileira, em que várias empresas do setor produtivo,
principalmente as exportadoras, registraram fortes prejuízos com a desvalorização do
real, além da própria redução das exportações. As exportações brasileiras sofreram
grande queda a partir de julho de 2008 e o setor automobilístico, de construção civil,
de agricultura e de móveis e eletrodomésticos sofreram tanto com a queda da produção
quanto com a queda de suas vendas. Entre outubro e dezembro, o PIB diminuiu
3,6%, depois de vir se expandindo nos nove meses precedentes a 6,8% ao ano.
Iniciou-se medidas de expansão da liquidez, políticas macroeconômicas
expansionistas e controle do câmbio. Quanto à expansão da liquidez, houve maior
disponibilidade de recursos de empréstimos para agentes financeiros, empresas
exportadoras e construtoras e envolveu, principalmente, a flexibilização do
redesconto, a redução dos depósitos compulsórios, a expansão do crédito para o
agronegócio e a ampliação do financiamento do setor exportador em geral.
A intenção dessas medidas era prover liquidez para pequenos e médios
bancos, destravar o crédito interbancário para a sociedade em geral e aprimorar o
mecanismo do redesconto, facilidade pela qual o Banco Central é emprestador de
última instância. A ação dos bancos federais, entre eles Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica Federal e Banco do
Brasil, foi fundamental para o alcance do objetivo de prover maior liquidez ao sistema
econômico já que, inicialmente, os bancos privados se mantinham conservadores diante
do cenário recessivo.
A maior parte das medidas adotadas pelo governo brasileiro para
contornar os efeitos imediatos da crise financeira internacional de 2008 foram
exitosas. Nota-se dessa forma que o Brasil sentiu os efeitos da crise financeira
internacional, mas apresentou uma boa recuperação já em 2009. Com a boa resposta do
Brasil ao cenário externo, o país ganhou força e atraiu capital internacional, por
meio de investimentos externos, o que fez o câmbio mudar de direção, com a
valorização do real frente ao dólar.
COMPARAÇÃO COM A CRISE DE 29
Em 1929, houve a criação do plano econômico New Deal, elaborado e
implantado pelo presidente americano Franklin Delano Roosevelt, em 1933, com a
intenção de salvar os Estados Unidos da crise econômica que passavam. Tinha como
principal objetivo, a intervenção direta do Estado na economia, além do controle na
emissão de valores monetários, investimentos em setores básicos da indústria e a
criação de políticas de emprego. Com o New Deal, foram criadas ações que
conciliavam questões econômicas e socias. Tais questões, formaram as bases do
Welfare state, que é o Estado de bem-estar social. Seguindo este plano econômico, o
governo de Roosevelt foi capaz de controlar e recuperar a crise de forma segura e
gradual.
O papel do Estado na Crise de 2008 estava baseado em governos do mundo
inteiro que se movimentaram e atuaram com políticas fiscais e financeiras, injetando
capital público, na intenção de frear a crise econômica. O governo americano,
assumiu o controle de instituições como "Fannie Mae" e "Freddie
Mac" e resgatou bilhões para ajudar a resgatar bancos insolventes. O Fed, Banco
Central Americano, comprou bilhões de dólares em títulos de dívidas das empresas
para injetar na economia.
Após assumir, Barak Obama, assinou a "Lei de  Recuperação", onde mais
de U$800 bilhões de dólares foram usados para financiar programas de resgate e
investir em infraestrutura, educação, saúde e energia renovável; criou o Programa de
Alívio de Ativos Problemáticos, "Troubled Asset Relief Program" (TARP),  que foi
responsável por ajudar a recapitalizar o setor financeiro e orientar o que poderia ter
ocorrido caso tivesse o desaparecimento total da intermediação financeira por
muitos anos;  e, por fim, o “Federal Deposit Insurance  Corporation", garantiu a
dívida bancária e ajudou na restauração da confiança dos mercados financeiros. 
Na Crise de 1929, os Estados Unidos passaram a incrementar suas exportações,
uma vez que tinham um crescimento intenso e uma produção que ultrapassava a
capacidade do mercado interno. Na época, a Europa voltou a produção (devido sua
recuperação pós-guerra), o que levou a uma competição de mercado exterior, gerando
no país uma crise. Enquanto, na Crise de 2008, quando o ritmo de crescimento do país
começou a despencar, o governo reduziu a taxa de juros e incentivou a ampliação do
crédito. Os bancos passaram a ser menos rigorosos, o que levou a uma
supervalorização de bens imobiliários, contribuindo assim, para o aumento da
inflação.
Ambas as crises resultaram ou antecederam quedas na bolsa de valores,
aumento na taxa de desemprego e também causaram prejuízos aos investidores
externos.

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