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CURSO CIENTÍFICO-HUMANÍSTICO DE CIÊNCIAS SOCIOECONÓMICAS

Economia A

Crise financeira de 2008


por

Dinis Macedo

Barcelos 2022/2023
Índice
-Introdução 2
-Como a crise ocorreu? 3
-Como a crise afetou o sistema financeiro mundial? 4
-Consequências para os estados unidos e europa 5
-Estados Unidos
-Europa
-Legado político 7
-Conclusão 9
-Bibliografia 10

1
Introdução

Considerada por muitos economistas como a pior crise econômica desde a Grande Depressão,
a crise financeira de 2008 ocorreu devido a uma bolha imobiliária nos Estados Unidos, causada
pelo aumento nos valores imobiliários, que não foi acompanhado por um aumento de renda da
população.

Em outras palavras, os bancos passaram a oferecer empréstimos a juros baixos para a


população financiar a compra de imóveis,mesmo para pessoas que não conseguiam
comprovar renda suficiente para quitá-los. Isso aumentou a procura por imóveis, e com isso os
preços subiram , não pela valorização das áreas, mas apenas porque mais pessoas estavam a
procura de imóveis. A consequência foi uma bolha imobiliária, já que as pessoas financiavam
imóveis a um preço muito acima do que eles realmente valiam. Quando os bancos passaram a
aumentar a taxa de juros dos empréstimos, ou seja, as pessoas teriam que pagar mais juros
sobre o valor emprestado, muitas delas não conseguiram mais pagar as parcelas dos
empréstimos e com isso, os bancos não tinham mais dinheiro para realizar suas operações, o
que foi o início da crise.

Nesse sentido, em 15 de setembro de 2008, um dos mais tradicionais bancos americanos, o


Lehman Brothers, declarou falência. Esta, seguida por uma enorme queda das bolsas
mundiais, marca o início de uma das mais severas crises econômicas que o mundo já
conheceu.

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Como ocorreu a crise?

Apesar do início da crise ser associada à quebra do Lehman Brothers, o problema teve origem
em uma sucessão de fatos ocorridos desde o final da década de 90. Nesse período, houve
uma grande expansão do crédito no mercado norte-americano.

A grande questão é que havia uma prática muito comum no país, a da hipoteca. Esta é uma
modalidade de crédito na qual as pessoas obtêm um empréstimo bancário e colocam o imóvel
como garantia de que o empréstimo será pago . Além disso, a pessoa pode hipotecar o mesmo
imóvel diversas vezes, ou seja, contrair vários empréstimos, mas com o mesmo imóvel como
garantia de todos eles.

Com a expansão do crédito,e com um histórico de juros baixos no país, as pessoas passaram
a hipotecar as suas casas para investir em mais imóveis, o que gerou uma valorização destes,
alimentando ainda mais o mercado imobiliário.

O maior problema dessa expansão desordenada do crédito foi que uma parte considerável dos
empréstimos foi concedida a pessoas que não possuíam condições de quitá-los. São os
chamados “subprime mortgages”, hipotecas de alto risco.

Além disso, os bancos criaram títulos no mercado financeiro lastreados nas hipotecas e
vendiam-os para outros bancos, instituições financeiras, companhias de seguros e fundos de
pensão, ativos negociados pelo mundo inteiro.

Outro fator que contribuiu para a crise foi a estagnação da renda das famílias, movimento que
vinha ocorrendo desde os anos 80. Além disso, os altos gastos do governo americano com as
Guerras do Afeganistão e Iraque também contribuíram. Isso porque os gastos do Governo
americano com as guerras foram elevados e contribuíram para o aumento da inflação no país.
Com o aumento da inflação, o Federal Reserve (equivalente ao Banco Central) aumentou os
juros a partir de 2004, na tentativa de diminuir a inflação. Entretanto, isso estrangulou
financeiramente as famílias, que não conseguiam mais crédito nem honrar com as dívidas
provenientes das hipotecas.

Com isso, em 2006, algumas instituições de crédito que concediam as hipotecas de alto risco
começaram a quebrar. Isso impactou diretamente vários bancos maiores envolvidos nas
operações com o Lehman Brothers.
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Como a crise afetou o sistema financeiro mundial?

Após a quebra do tradicional banco americano e a recusa do governo norte-americano de


salvá-lo ao colocar dinheiro público no Banco que era privado, as bolsas ao redor do mundo
entraram em colapso, pois os investidores passaram a resgatar as suas aplicações,
diminuindo a liquidez no mercado.

Isso quer dizer que quem tinha dinheiro investido em bancos e em ações pediu para tirá-lo com
medo de perdê-lo, e os bancos não tinham como cobrir tantos levantamentos.

Após a recusa do governo norte-americano de socorrer o Lehman Brothers, houve o anúncio


de que o Bank of America iria adquirir a Merrill Lynch a maior corretora dos EUA. Nos dias
seguintes, as bolsas mundiais perderam mais de 30% do seu valor, ou seja, as empresas de
capital aberto (as que comercializavam ações) valiam 30% menos do que antes da crise.

Na sequência, a AIG – uma das maiores seguradoras do país – teve o seu crédito
desvalorizado por ter subscrito mais contratos de derivativos de crédito do que sua capacidade
de pagá-los. Isso significa que a seguradora informou que teria a capacidade de quitar mais
empréstimos do que tinha dinheiro para fazer. Com isso, o governo norte-americano decidiu
intervir e injetar recursos públicos para salvar a empresa.

Cabe ressaltar o papel das agências avaliadoras de risco Standard & Poor’s, Fitch e Moody’s
são empresas que avaliavam e davam notas para outras empresas e para tipos de
empréstimos na crise. Estas garantiam que os CDO 's (obrigações de dívida com garantia)
eram investimentos de qualidade, mas na verdade não eram. Isso porque, como já mencionei,
não havia comprovação de que as pessoas poderiam pagá-los e, portanto, os títulos eram de
alto risco, o contrário do informado.

Após os colapsos do Lehman Brother e da AIG, outras importantes instituições financeiras ao


redor do mundo, como o Citigroup, Northern Rock, Swiss Re, UBS e Société Générale
declararam enormes prejuízos nos balanços, agravando ainda mais a desconfiança do
mercado.

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Consequências para os Estados Unidos e Europa

Estados Unidos

“Eu acredito muito na livre iniciativa, por isso o meu instinto natural é se opor a intervenção do
governo. Eu acredito que as empresas que tomam más decisões devem sair do mercado. Em
circunstâncias normais, eu teria seguido esse curso. Mas estas não são circunstâncias normais.
O mercado não está funcionando corretamente. Houve uma perda generalizada de confiança, e
grandes setores do sistema financeiro da América estão em risco”. (George W. Bush, 2008)

Este é um excerto de um discurso do presidente americano George W. Bush, em 24 de


setembro de 2008, enquanto anunciava o Programa de Alívio de Ativo Problemático. Esta foi
uma polêmica medida que previa a liberação de 700 mil milhões de dólares em ajudas para os
bancos.

Além disso, os grandes bancos centrais ao redor do mundo lançaram programas de incentivo,
injetando liquidez nos mercados, ou seja, aumentando o crédito para as pessoas e empresas,
na tentativa de conter a crise.

Apesar disso, a crise espalhou-se e atingiu empresas consideradas sólidas até o momento,
como a General Motors e a Crysler.

A renda coletiva das famílias norte-americanas teve uma queda de mais de 25% entre 2007 e
2008. O índice S&P 500, composto pelos ativos das 500 maiores empresas dos EUA
registradas nas bolsas, caiu cerca de 45%. O desemprego subiu para 10,1%, maior percentual
desde 1983.

Ao final, os bancos – principais responsáveis pela crise – mantiveram os grandes lucros que
conseguiram nos tempos de bonança e, quando o prejuízo veio, este foi socializado para a
população.

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Consequências para os Estados Unidos e Europa

Europa

A principal crítica que é feita é que apesar dos esforços dos bancos centrais que injetaram
mais de um bilhão de dólares na economia mundial, a crise se espalhou em cerca de dois anos
depois do início, atingindo países europeus, em especial a zona do euro.

Entre os países da zona do Euro, a crise de 2011 foi mais forte nos países chamados PIIGS
(Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha), cujo países com exceção da Itália que possui uma
maior industrialização , são em sua maioria dependentes do turismo. Em geral, a principal
consequência adotada nesses países foram as políticas de austeridade.

O caso mais emblemático foi da Grécia, que teve de contratar volumosos empréstimos do
Fundo Monetário Internacional e em contrapartida implementar controversos cortes de gastos,
reduzindo direitos trabalhistas, folha salarial dos servidores públicos e realizando privatizações.

Essas medidas implementadas foram acompanhadas por diversos protestos no país que
criticavam as contrapartidas impostas pelo FMI, o papel da União Européia e o governo grego.
As críticas ocorreram devido aos impactos negativos na população do país, como aumento do
nível de desemprego, diminuição da renda, diminuição dos direitos dos trabalhadores e, com
uma população envelhecida, muitos reformados tiveram os seus rendimentos reduzidos.

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Legado político

A Grande Recessão foi acabando aos poucos, dependendo do país, ao longo da segunda
década do século 21. No Reino Unido, os preços dos imóveis só retomaram uma trajetória
consistente de crescimento em 2013. Portugal começou a pagar sua dívida ao FMI, após ter
recebido ajuda, em março de 2015. A taxa de desemprego da Espanha começou a cair em
2014, mas em 2020 continuava em 13%, maior que os 11% de 2008.A crise das endividadas
nações da Europa, que ameaçou a própria existência do euro, a moeda única europeia,
começou a ser aliviada em 2013. O PIB da Grécia voltou a crescer em 2017, e em 2018 o país
deixou de depender do programa de ajuda europeu — o pagamento da dívida, porém,
continuaria por muitos anos. Medidas para prevenir uma crise semelhante foram introduzidas
em vários países, como um aumento do controle e monitoramento do sistema financeiro. No
Reino Unido, por exemplo, novas regras foram implementadas para aliviar o impacto da
possível falência de uma instituição financeira. Segundo o Bank of England, nesta nova era, se
um banco for à falência, "as perdas cairão sobre os investidores do banco, não sobre
contribuintes".Controlar o futuro econômico, no entanto, talvez tenha sido mais fácil do que
lidar com o político. As reverberações da Grande Recessão para a política foram muitas,
imensas e duradouras. Movimentos mais extremos, tanto à direita como à esquerda, surgiram
e cresceram como reação à crise. Na Espanha, o movimento dos "indignados", também
conhecido como Movimento 15-M por ter começado em 15 de maio de 2011, levou à criação do
partido político de esquerda Podemos, lançado em 2014.

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Legado político

Na Grécia, a coalizão de esquerda Syriza ganhou força com os protestos contra as medidas de
austeridade e chegou ao poder nas eleições de 2015. Seu líder, Alexis Tsipras, assumiu então
o cargo de primeiro-ministro, que ocupou até 2019. Em outros países europeus, a reação foi
conservadora. A crise econômica, combinada com uma onda de imigração vinda da África e do
Oriente Médio, fortaleceu partidos de direita em nações como o Reino Unido e a Itália.Em
2016, os britânicos aprovaram num referendo o chamado Brexit, a saída do país da União
Europeia, movimento que acabaria dando ao populista conservador Boris Johnson o cargo de
primeiro-ministro, em 2019. No pleito de 2018, os italianos levaram ao poder o partido de
extrema-direita A Liga e o movimento Cinco Estrelas, de caráter antissistema. Na França, a
crise econômica fortaleceu a Frente Nacional, partido nacionalista de extrema-direita de Marine
Le Pen, que chegou ao segundo turno nas eleições presidenciais de 2017. A vitória de Le Pen
acabou evitada pelo surgimento de Emmanuel Macron como líder de um novo movimento
centrista, o Em Marcha. Já nos Estados Unidos, grande parte da população continuou
descontente com a situação econômica. Mas, apesar dos protestos de 2011 de caráter
progressista, o país fez uma mudança conservadora. Em 2016, os americanos deram a
Presidência ao magnata populista conservador Donald Trump, que tomará o comando do
Partido Republicano.

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Conclusão

Com o avanço de movimentos políticos com posições mais extremas, tanto à direita como à
esquerda, o mundo tornou-se mais polarizado. A crise financeira, que poupou em grande
medida os países em desenvolvimento, e penalizou principalmente os assalariados das nações
desenvolvidas, espalhando frustração e ressentimento. Os seus efeitos continuariam a ser
sentidos, por muitos anos, na economia, na política e na sociedade. O mundo nunca conseguiu
voltar a ser o que era antes da Grande Recessão.

9
Bibliografia

https://www.politize.com.br/crise-financeira-de-2008/

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Crise_financeira_dehttps://www.politize.com.br/crise-financeira-de-2008/_2
007%E2%80%932008

https://www.google.com/amp/s/economia.uol.com.br/noticias/bbc/2021/10/10/crise-financeira-colapso-q
ue-ameacou-o-capitalismo.amp.htm

https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=https://www.bportugal.pt/sites/default/files/anex
os/pdf-boletim/ref_08_p.pdf&ved=2ahUKEwiIqLaa_fH-AhXv7rsIHenMDekQFnoECA8QAQ&usg=AOvVaw1j7n
BSmOuSCjhb8kzbZJwS

https://eco.sapo.pt/2023/03/29/os-bancos-estao-melhor-do-que-na-crise-de-2008-a-resposta-em-5-grafic
os/

https://www.google.com/amp/s/amp.expresso.pt/economia/2023-03-25-Bancos-portugueses-tem-menos-
esqueletos-no-armario-do-que-em-2008-1748c1f0

https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/38232/MONOGRAFIA30-2014-2.pdf?sequence=
1&isAllowed=y

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