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INTRODUÇÃO

A globalização é um termo utilizado por cientistas sociais, que


começou a ser empregado nas últimas décadas do século XX com
os crescentes avanços tecnológicos. Como todos os conceitos das
ciências sociais, ela não possui um sentido exato, mas pode ser
associada a ação a distância, integração global e interdependência
acelerada.

A formação de uma rede virtual envolvendo o planeta, com


transmissão de dados em uma velocidade inimaginável, teve
consequências perceptíveis em todas as áreas da humanidade.
Estimulou a troca de conhecimento e ideias, tradições e costumes.
Apesar de todas as coisas boas que a globalização trouxe, ela não
resolveu antigos problemas do capitalismo e intensificou outros,
como a crise ambiental e a migração causada pela crise
econômica.

A característica econômica que mais marcou a


globalização em países capitalistas, foi o
capitalismo financeiro.
O capitalismo financeiro corresponde a terceira fase do sistema
econômico capitalista que surge em meados do século XX, com a Terceira
Revolução Industrial e está presente até os dias atuais. É pautado pelo poder
de bancos e bolsas de valores, surgimento transnacionais e multinacionais e
o aumento da concorrência global.

Quando esses países se veem em uma crise, são socorridos por governos de
diversos países para contornar a crise. Para obterem lucro, essas empresas
monopolistas buscam principalmente nos países subdesenvolvidos matérias-
primas, mão-de-obra barata e assim, a ampliação dos mercados
consumidores pelo mundo. Os setores que utilizam de mão de obra mais
qualificada costumam ficar na sede ou em países desenvolvidos
Para estimular o processo de integração do globo, os países capitalistas
adotaram políticas neoliberais, que visam diminuir a intervenção do estado
nas esferas sociais e econômicas. Com este modelo de estado mínimo, os
serviços públicos devem ser privatizados, fazendo com o que antes eram
direitos dos cidadãos fornecidos pelo governo, passassem a ser vistos como
mercadoria, sendo vendidos para eles.

A crise de 2008
A crise financeira de 2008 ocorreu devido a uma bolha imobiliária nos Estados
Unidos, causada pelo aumento nos valores imobiliários, que não foi acompanhado
por um aumento de renda da população. Nesse período, houve uma grande
expansão do crédito no mercado norte-americano, no país, era muito comum a
prática de hipoteca. Esta é uma modalidade de crédito na qual as pessoas obtêm
um empréstimo bancário e colocam o imóvel como garantia de que o empréstimo
será pago (se não pagarem o empréstimo, o banco toma o imóvel da pessoa). Além
disso, a pessoa pode hipotecar o mesmo imóvel diversas vezes, ou seja, contrair
vários empréstimos, mas com o mesmo imóvel como garantia de todos eles.
Com a expansão do crédito, conforme explicado no início do texto – e com um
histórico de juros baixos no país – as pessoas passaram a hipotecar suas casas
para investir em mais imóveis, o que gerou uma valorização destes, alimentando
ainda mais o mercado imobiliário.

O maior problema dessa expansão desordenada do crédito foi que uma parte
considerável dos empréstimos foi concedida a pessoas que não possuíam
condições de pagar, como desempregados e pessoas que não tinham renda
comprovada. São os chamados hipotecas de alto risco.

Além disso, os bancos criaram títulos no mercado financeiro lastreados nas


hipotecas (ou seja, lançaram títulos com o valor baseado nas hipotecas) e os
vendiam para outros bancos, instituições financeiras, companhias de seguros e
fundos de pensão, ativos negociados pelo mundo inteiro.

Outro fator que contribuiu para a crise foi a estagnação da renda das famílias,
movimento que vinha ocorrendo desde os anos 80. Além disso, os altos gastos do
governo americano com as Guerras do Afeganistão e Iraque também contribuíram.
Isso porque os gastos do Governo americano com as guerras foram elevados e
contribuíram para o aumento da inflação no país. Com o aumento da inflação, o
Federal Reserve (equivalente ao Banco Central) aumentou os juros a partir de 2004,
na tentativa de diminuir a inflação. Entretanto, isso estrangulou financeiramente as
famílias, que não conseguiam mais crédito nem honrar com as dívidas provenientes
das hipotecas.

Como a crise afetou o sistema financeiro mundial


Após a quebra do tradicional banco americano e a recusa do governo norte-
americano de salvá-lo, as bolsas ao redor do mundo entraram em colapso, pois os
investidores passaram a resgatar suas aplicações, diminuindo a liquidez no
mercado.

Isso quer dizer que quem tinha dinheiro investido em bancos e em ações pediu para
sacá-lo com medo de perdê-lo, e os bancos não tinham como cobrir tantos saques.

Nos dias seguintes, as bolsas mundiais perderam mais de 30% do seu valor, ou seja,
as empresas de capital aberto (as que comercializavam ações) valiam 30% menos
do que antes da crise.

Na sequência, a AIG – uma das maiores seguradoras do país – teve seu crédito
rebaixado por ter subscrito mais contratos de derivativos de crédito do que sua
capacidade de pagá-los. Isso significa que a seguradora informou que teria a
capacidade de quitar mais empréstimos do que tinha dinheiro para fazer. Com isso,
o governo norte-americano decidiu intervir e injetar recursos públicos para salvar a
empresa (ou seja, pegou dinheiro dos contribuintes para salvar uma empresa
privada).

A consequência desse desastre econômico que colocou em xeque o capitalismo


foi desemprego em massa,retração financeira internacional, principalmente na
Europa. Com isso, houve o aumento da dívida pública externa por conta da
necessidade de empréstimos junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

A Peculiar Economia chinesa


Apos a morte de Mao Tsé-tung, varios grupos politicos disputaram o poder dentro do
Partido comunista chines (pcc). Quem assumiu o comando do pais foi Deng Xiaoping que
adotou medidas para modernizar areas como agricultura, industria, defesa, ciencia e
tecnologia.
essa politica incrementada com a abertura economica atraiu muitos investimentos externos.
Na decada de 1980, o governo chinês criou as zonas especiais econômicas regiões onde
empresas estrangeiras foram autorizadas a montar filiais e a economia poder acompanhar
as leis do mercado capitalista e as zonas de comércio aberto regiões abertas para o
comércio exterior.
Nessas regiões, há um acordo no qual as multinacionais ali instaladas devem repassar
50% dos lucros ao governo chinês, em troca de vantagens como localização privilegiada
para escoar a produção, não pagamento de impostos, uso de terrenos públicos,
infraestrutura fornecida pelo Estado mão de obra barata e abundante e facilidade para
remeter lucros ao exterior. É uma modalidade econômica em que o capitalismo passa a ser
rigidamente controlado pelo Estado. Praticamente todos os países do mundo negócios com
a China e têm investimentos chineses em suas economias internas

Essas mudanças elevaram o padrão de vida de milhares de chineses e garantiram moradia,


serviços médicos, pensões e educação. No setor agrícola, as antigas propriedades coletivas
criadas na época da Revolução Chinesa foram substituídas por empresas familiares, o que
garante o abastecimento na maioria das cidades chinesas.

No entanto, algumas das liberdades pessoais foram limitadas, há controle no acesso a


lugares físicos e à internet. Os cidadãos chineses são filmados em lugares públicos e todos
têm um registro virtual que pode ser utilizado pelo governo inclusive para o controle de
doenças.

A China buscou no Ocidente os parceiros comerciais que permitiriam seu desenvolvimento


económico, mas manteve o controle total da política por meio do Partido Comunista Desse
modo, não se pode definir o regime chinés como capitalista ou comunista, pois na verdade,
trata-se de uma mistura, constituindo o que os próprios dirigentes chineses chamam de
"socialismo de vertente chinesa”

Crise do neoliberalismo em países periféricos


A crise de 2010 foi superada porque, nos Estados Unidos e na Europa, os governos
socorreram o capital financeiro Bilhões de dólares foram entregues aos bancos, o que
permitiu, aos poucos, restaurar o sistema financeiro. Nesse processo, a influência dos
países desenvolvidos sobre regiões periféricas cresceu visando o aumento dos lucros das
transnacionais. Quanto menos se pagasse em salários e em assistência aos trabalhadores,
maiores seriam os investimentos das grandes empresas transnacionais. O neoliberalismo,
assim, continuou sendo a política escolhida pelas elites em paises da América Latina da
Asia e da Africa.

Na América do Sul, houve o avanço de partidos que defendiam a adoção de políticas


neoliberais. Esses partidos venceram eleições em países como Argentina, Chile, Brasil,
Bolivia, Paraguai e Uruguai. Em alguns desses países, governos democraticamente eleitos
foram afastados do poder por meio de golpes e de campanhas baseadas em noticias falsas
e em corrupção isso possibilitou a formação de novos regimes que aprovaram medidas
neoliberais

Com isso, foram adotadas reformas que diminuiram o papel do Estado e beneficiaram o
capital, como redução de direitos trabalhistas, alterações nos sistemas de previdência e
privatização de estatais principalmente as voltadas à exploração de produtos como petróleo
e minérios.
Os resultados dessa onda neoliberal foram o sucateamento das condições de trabalho, o
aumento do desemprego, da pobreza e da dependência em relação aos países mais
desenvolvidos, e o crescimento das dívidas interna e externa e da inflação. Não tardou para
que inúmeros movimentos populares ganhassem as ruas, em enormes manifestações
contra reformas e exigindo mais justiça social

Guerras e práticas terroristas no mundo


globalizado
Outro efeito da globalização foram as guerras, principalmente de paises desenvolvidos
contra paises produtores de petróleo. Em 11 de setembro de 2001, um ataque ao World
Trade Center, em Nova york, e e a capital estadunidense, Washington, deixou o mundo
perplexo e assustado Foi um dos maiores atentados terroristas do mundo contemporâneo,
com milhares de mortos

O dia 11 de setembro passou a ser visto como o marco de uma nova etapa histórica A partir
dessa data, houve uma intensificação das guerras e dos ataques estadunidenses aos
países que supostamente davam abrigo a terroristas muçulmanos e cresceram os ataques
de organizações fundamentalistas, também de origem islâmica, ao mundo ocidental

Para entender o que levou a esses acontecimentos, é preciso compreender a história dos
Estados Unidos no fim do século XX Após a Segunda Guerra Mundial, o país despontou
como potência mundial e durante a Guerra Fria, ampliou sua indústria bélica, conseguindo
relativa estabilidade económica até a década de 1970,

Na década de 1990, já tendo desmoronado as hostilidades entre estadunidenses e


soviéticos, uma vez que a própria União Soviética deixou de existir, os Estados Unidos
passaram a ampliar seu domínio não apenas sobre as Américas Central e do Sul, mas
também sobre o Oriente Médio e a Ásia.

O interesse estadunidense no Oriente Médio


A crise do petróleo da década de 1970, deixou claro que o desenvolvimento econômico
capitalista dependia do acesso às fontes desse recurso.
Assim, quando Ronald Reagan assumiu a presidência, teve início uma política externa
agressiva e um plano de defesa que previa a instalação de um sistema antimísseis, o
Programa Guerra nas Estrelas. Reagan representava as alas mais conservadoras do
Partido Republicano Sob seu comando, em 1983, o Exército estadunidense apoiou a
derrubada de governos em função do seu alinhamento ideológico Também ocorreu o
bombardeio à Libia, sob a acusação de o pais promover terrorismo internacional Reagan
recusou-se a boicotar o regime racista da Africa do Sul, o apartheid. Internamente, o
presidente seguiu a politica neoliberal e atuou de modo a reduzir direitos civis e trabalhistas
da população estadunidense.

Seu substituto, George Bush, também era do Partido Republicano. Ele envolveu os Estados
Unidos na Guerra do Golfo (1991), contra o Iraque. As tensões começaram em 1990,
quando o presidente iraquiano Saddam Hussein determinou a invasão do vizinho Kuwait e o
acusou de ser o responsável pela baixa no preço do petróleo.

Nessa época, os produtores de petróleo faziam parte da Organização dos Países


Exportadores de Petróleo (Opep), que havia estipulado uma cota de venda para cada
membro, como um modo de evitar a queda nos preços Saddam Hussein afirma, para
justificar a guerra ao Kuwait, que esse país havia vendido acima da cota estabelecida. O
Kuwait era aliado do Ocidente e dos Estados Unidos. A ONU interveio, decretou embargo
comercial ao Iraque e, logo em seguida, em janeiro de 1991, forças coligadas de trinta
paises, sob a liderança dos Estados Unidos, atacaram o Iraque, na chamada Operação
Tempestade no Deserto.

A guerra terminou com a desocupação do Kuwait Morreram 100 mil soldados e 7 mil civis
iraquianos, 30 mil kuwaitianos e 510 homens da coalizão. O governo seguinte nos Estados
Unidos foi comandado por Bill Clinton, do Partid Democrata. Ele permaneceu no poder por
dois mandatos, de 1993 a 2000, e manter a política neoliberal

As guerras no Iraque e no Afeganistão


Em 2001, novamente o poder passou para os republicanos, com a eleição de George W.
Bush, filho de George Bush. Quando ocorreu o atentado de 11 de setembro, Bush filho
imediatamente determinou a invasão do iraque, o que aconteceu apenas em 2003 Ele
argumentou que o país, ainda governado por Saddam Hussein, estava envolvido
diretamente nos ataques de 2001 e tinha armas químicas de destruição em massa

Essa foi a Segunda Guerra do Golfo e terminou com a prisão do líder iraquiano, em 2003
Ele foi julgado, condenado e executado por um tribunal de guerra organizado sob influência
estadunidense O iraque, assim, passou para a esfera de dominação dos Estados Unidos

A invasão do Iraque e a morte de Saddam Hussein despertaram críticas no mundo inteiro e


não foram aprovadas pela ONU, verificou-se depois que não havia armas químicas no pais.

Além do Iraque, os Estados Unidos invadiram o Afeganistão, em 7 de outubro de 2001,


também à revelia da ONU. O presidente Bush anunciou que o objetivo era encontrar Osama
bin Laden e outros lideres da Al-Qaeda, a organização que havia sido responsabilizada pelo
ataque às Torres Gêmeas.
Refugiados e imigrantes: um dilema da
globalização

As guerras do fim do século xx e início do século XXI, em sua maioria, tiveram os Estados
Unidos e seus aliados como protagonistas Não foi por acaso que se desenrolaram em áreas
estratégicas para o capitalismo internacional apesar de pretextos como "combate ao
terrorismo" e "luta pela democracia”, esses conflitos caracterizaram-se por uma acirrada
disputa por matérias primas e regiões estratégicas.

Uma consequência desses conflitos é a questão dos refugiados e das grandes migrações
contemporâneas. O fluxo de pessoas com destino à Europa, partindo da Africa, da Ásia e
das Américas, aumentou após a Segunda Guerra Mundial, quando o continente passou a
demonstrar fortes índices de recuperação económica e supera os desastres da guerra

Uma redução nas taxas de natalidade, aliada ao crescimento económico, elevou o padrão e
a expectativa de vida da população e, ao mesmo tempo, ampliou a oferta de empregos,
principalmente os de pouca remuneração, que não atraiam os europeus. Assim, populações
das ex-colónias imigraram para a Europa em busca de trabalho. Grande parte era originária
do norte da Africa e do Oriente Próximo, como argelinos, marroquinos, tunisianos e turcos,
entre outros. Inicialmente, eram migrações temporárias, nas quais as pessoas se
empregavam na Europa, guardavam algum dinheiro e retornavam a seus locais de origem.

Esses movimentos interessavam aos capitalistas, pois lhes garantiam abastecimento de


mão de obra barata. Com a globalização, os fluxos migratórios se ampliaram, pois as
grandes cidades do mundo passaram a funcionar como polos de atração para as regiões
periféricas, submetidas cada vez mais aos efeitos sociais negativos das politicas neoliberais
junto à migração voluntária de pessoas em busca de melhores condições de vida.

Começaram a ocorrer fluxos de refugiados de conflitos ou catástrofes, pessoas que perdiam


todos os seus bens e fugiam em busca de segurança e proteção. Com o aumento do fluxo
migratório, surgiram na Europa e em outros paises desenvolvidos movimentos de repudio
aos imigrantes, vistos como concorrentes ou terroristas. Uma onda de xenofobia tomou
conta de paises da Europa e da América Um exemplo do problema migratório atual é o da
Siria, onde uma guerra civil já expulsou milhões de pessoas Transformados em refugiados,
os sírios buscam reconstruir a vida em países europeus ou na América, mas encontram
grandes barreiras, muitas delas constituídas pelo preconceito.

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