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Universidade Católica de Brasília - UCB

Disciplina: História Econômica Geral


Professora: Paula Virginia Tofoli
Alunos (a): Bento Mendonça de Abreu, Carlos Evandro de Souza Santos, Isabeli Enny
Ribeiro, Kaio Leonardo Teixeira de Carvalho, Katharine Augusta Rodrigues e Vítor
Fernandes Vedovato

A GRANDE DEPRESSÃO (1929-1933) - A quebra da Bolsa de Nova Iorque

1. INTRODUÇÃO
Na “Quinta-feira negra", mais precisamente no dia 24 de outubro de 1929, aconteceu a
quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque. Esta é a crise econômica mais impactante da
história dos Estados Unidos da América, não só pelo estrago regional, a crise também se
refletiu no mundo inteiro, inclusive no Brasil que tinha os Estados Unidos como maior
exportador de café. Entretanto, as depressões já eram pensadas como parte final de um
período de crescimento do desenvolvimento capitalista. Devido a recorrência de crises, teorias
do ciclo econômico foram criadas por economistas de diferentes linhas de pensamento, para
entender os momentos de prosperidade na economia.
Todavia, a Escola Austríaca já havia desenvolvido sua teoria do ciclo econômico,
originalmente criada por Ludwig Von Mises. Mas um de seus alunos, Murray Rothbard, que
explicou o processo para a quebra da bolsa pela visão da TACE (teoria austríaca dos ciclos
econômicos), em seu livro “A Grande Depressão Americana”, que faz um contraponto ao
pensamento Keynesiano, dominante na época, conhecido por suas ideias de forte intervenção
estatal na economia.
Resumidamente, para os austríacos, os estímulos monetários governamentais geram as
crises econômicas. O ciclo econômico é impulsionado pela expansão artificial do crédito por
meio da criação de dinheiro fiduciário, geralmente realizada por bancos centrais. Essa
expansão do crédito resulta em taxas de juros mais baixas do que ocorreria naturalmente no
mercado. Portanto, Rothbard aponta como responsáveis pela Grande Depressão o Federal
Reserve (Banco Central Americano) e o Governo Americano, uma vez que conduziram uma
década de políticas inflacionárias.
Logo, Rothbard aponta alguns erros do Federal Reserve e Governo Americano durante
os anos de 1920-1929:

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● O volume de depósitos mantidos nos bancos americanos, contando bancos filiados e
não filiados ao Federal Reserve, expandiu tremendamente, chegando a 450% de
expansão em certas contas.
● Se ao longo da década o Federal Reserve, de maneira errática e pontual, tentou frear a
expansão monetária, a verdade é que de maneira geral, o Federal Reserve atuou para
expandir a base monetária e o crédito na economia americana durante quase todo o
período dos anos 1920.
● A expansão de empréstimos para financiar exportações americanas.
● A ajuda americana à volta do Reino Unido ao padrão ouro, com consequências
novamente inflacionárias.
Apesar da visão de Rothbard de que a inflação era recorrente na década de 1920, o
nível de preços ao consumidor aumentou ligeiramente até 1925 e caiu ligeiramente até 1929.
Isso mostra que, do ponto de vista do consumidor, não há inflação. Rothbard argumenta que a
base monetária e a expansão do crédito são compensadas pelo crescimento da produtividade,
tendo assim um efeito deflacionário sobre os consumidores. O nível de preços dos bens de
capital aumentou significativamente durante esse período, refletindo em grande parte um
boom na indústria de bens de capital e no mercado de ações dos EUA, que quadruplicou em
valor.
2. RESUMO
2.1. O crash da bolsa de Nova Iorque
A quebra da bolsa de Nova Iorque foi um evento que ficou marcado nos livros de
história como um dos maiores colapsos econômicos do século XX. Este episódio resultou em
uma crise econômica global que ficou conhecida como a Grande Depressão, que até então foi
o maior e o pior período de recessão econômica não só dos Estados Unidos, mas também do
sistema capitalista. Todo este episódio acabou impactando de maneira profunda a sociedade, a
economia e a política.
O crash da bolsa de Nova Iorque se deu por diversos fatores que somados, resultaram
na quebra da bolsa. Um desses fatores foi a especulação excessiva no mercado de ações.
Durante a década de 20 os Estados Unidos passavam por um momento de prosperidade e
inovações, o que resultou em um aumento de cerca de 40% na economia dos Estados Unidos,
com isso um aumento repentino dos preços das ações nos Estados Unidos foi alimentado pelo
otimismo e crença dos Americanos de que o mercado de ações continuaria a crescer de
maneira indefinida.

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Tentando conter as especulações dos investidores, o The Federal Reserve elevou a taxa
de redesconto de 5% para 6%, durante o mês de agosto de 1929. Alguns especialistas afirmam
que este movimento acabou estagnado a economia Norte Americana, paralisando o
crescimento econômico e reduzindo a liquidez do mercado de ações, o que tornava o mercado
mais vulnerável a quedas de preços nos valores das ações, agravando ainda mais a situação.
Neste mesmo período, boa parte das empresas elétricas se consolidaram em holding,
assim controlando cerca de dois terços de toda a indústria Norte Americana. Em 1928 a
Federal Trade Commission (FTC), havia alertado de que essas holdings praticavam táticas
desleais, como comprar empresas subsidiárias por meio de contratos de serviço e
contabilidade fraudulenta, o que inflacionou e depreciava o valor das propriedades, assim se
tornando uma ameaça para o investidor.
Um fator que resultou no Crash Econômico de 1929, foi que na década de 20 as
famílias Americanas possuíam agora a possibilidade de comprar no crédito, o que fez com
boa parte da população pegou dinheiro emprestado com as instituições financeiras e o
investissem, acreditando que com os lucros obtidos eles conseguiriam pagar as dívidas. Todos
estes empréstimos acabam tendo impacto ainda maior durante o crash, já que com a queda dos
valores das ações, os investidores começaram a vender suas ações para pagar as dívidas, o que
fez com que o mercado Norte Americano tivesse uma queda ainda maior no preço de suas
ações, causando um momento de pânico e instabilidade financeira.
Além do mais, a falta de regulamentação contribuiu para o colapso. O economista
John Kenneth Galbraith, argumenta que a falta de uma regulamentação adequada e a ausência
de mecanismos de controle contribuíram para o crescimento desenfreado da especulação e
crença dos investidores, alimentando uma bolha especulativa prestes a estourar. Galbraith
também destaca a negligência dos bancos e a falta de responsabilidade que prevaleceu no
sistema financeiro da época, ele argumentava que a alta concentração de poder e a influência
das instituições financeiras, permitiu práticas fraudulentas, manipulação de mercado e a
divulgação de informações enganosas fez com que ocorresse um aumento na instabilidade e
acabasse com a confiança dos investidores.
Galbraith também fala sobre a importância da resposta do governo em relação a crise,
ele argumentava que as medidas que foram adotadas pelo governo de Hoover foram
inadequadas e até prejudiciais, por outro lado, ele elogiou a abordagem mais intervencionista
de Roosevelt, que em seu governo implementou políticas de estímulo econômico e
regulamentações mais rigorosas visando combater a crise e promover a recuperação
econômica do país.
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Como resultados da grande depressão, 15 milhões de Americanos perderam o emprego
e cerca de metade dos bancos dos Estados Unidos declararam falência no ano de 1933. A
produção e a demanda do país caíram, o que provocou grandes filas e falta de moradia por
todo o país. Além do mais, milhões de pessoas perderam sua fonte de renda, o que fez com
que entrassem na linha da pobreza e da incerteza. Posteriormente a crise acabou se espalhando
para outros países, agravando ainda mais a situação global, que acabava de passar pela
primeira guerra mundial.
Como resposta à crise algumas medidas foram tomadas, como a criação da Securities
and Exchange Commission (SEC), e a implementação de regulamentações mais rigorosas,
que foram boas respostas a toda a esta situação, porém, medidas como o aumento das tarifas
de importação a produtos Norte Americanos acabou agravando ainda mais toda a situação.

2.2. Da quebra da bolsa de Nova Iorque à Grande Depressão nos Estados Unidos
A quebra da bolsa de Nova Iorque tem um forte valor simbólico, representando o
ponto alto da crise do capitalismo e as fragilidades desse sistema. Apesar desse forte
simbolismo, a Grande Depressão trouxe eventos ainda mais graves, como a falência de grupos
financeiros, um alto índice de desemprego e uma profunda crise na agricultura, marcando a
década de 30 como um período dramático nos aspectos sociais, políticos e econômicos.
Portanto, foi um momento que expôs a necessidade de uma reformulação da estrutura
econômica.
A Grande Depressão dos anos 30 pode ser explicada não apenas pela quebra da bolsa
em si, mas também por outros fatores que antecederam o fato. Os anos 20 foram marcados
por uma forte esperança econômica, onde houve uma poderosa expansão, em que a produção
de energia e construção civil era crescente, além do expoente crescimento do faturamento do
comércio americano. Assim, se vivia um momento em que se havia boas razões para as
cotações das ações ordinárias se elevarem ao longo de parte dos anos 1920. Esse cenário de
forte otimismo, foi corroborado com as declarações do presidente norte-americano Calvin
Coolidge (1925-1929), que em 28 afirmou que todos podiam “olhar o presente com satisfação
e o futuro com otimismo”.
Porém, nos anos finais da década de 20, a expansão da indústria manufatureira e da
construção civil apresentava um declínio significativo. Essa queda resultou em um alto nível
de investimentos em capital fixo e uma redução na demanda por bens duráveis e habitações,
levando a uma maior acumulação dos estoques. Nesse mesmo cenário, o setor agrícola
enfrentou uma redução significativa na renda, causada pelo aumento da produção global de
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certas commodities, o que levou o país a reduzir os preços internacionais. Portanto, vários
componentes da demanda já estavam enfraquecendo antes do colapso do mercado de ações.
Os indicadores macroeconômicos revelam de forma clara e contundente o impacto
profundo e significativo da Grande Depressão. Eles evidenciam a queda acentuada do Produto
Interno Bruto (PIB) e das exportações, bem como o considerável aumento do desemprego e
da deflação. Essa performance desfavorável pode ser atribuída à redução na produção
industrial e à queda nos preços das commodities, ocorridas nos meses subsequentes ao
colapso do mercado de ações. O rápido declínio após o colapso sugere uma possível conexão
entre esses eventos, embora existam diferentes hipóteses a respeito dessa relação.
A queda no preço das ações resultou em perdas que reduziram o capital das famílias, o
que provavelmente levou a uma diminuição repentina nas compras, especialmente de bens
duráveis. Além disso, o ambiente de incerteza causado pela quebra da bolsa também trouxe
expectativas pessimistas, que fizeram muitos adiarem investimentos, impactando diretamente
o consumo. Em síntese, havia motivos sólidos para entender a redução da demanda como uma
reação aos efeitos da crise na Bolsa. Não obstante, o declínio prolongado do PIB, da produção
industrial, dos empregos e dos preços sugere a existência de outros mecanismos econômicos
que contribuíram para a Grande Depressão.
Para o historiador econômico Charles Poor Kindleberger, a crise de liquidez que
seguiu a quebra da bolsa impactou fortemente os gastos das famílias e das empresas, assim
levando as famílias a tentarem vender ativos, as empresas a reduzirem os estoques – para
gerar liquidez – e os bancos a reduzirem o crédito. Assim, pode-se identificar que “A conexão
entre o mercado de ações e os mercados de bens foi, em parte, psicológica e, em parte, no
início, por meio dos mecanismos de crédito, pois bancos e empresas lutavam para se tornar
líquidos” (KINDLEBERGER, 1986, p.114). Essa incessante procura por liquidez, resultou no
declínio dos preços.
O Federal Reserve – também conhecido como Sistema de Reserva Federal, é o sistema
de bancos centrais dos Estados Unidos – buscou combater as forças deflacionárias e
recessivas através da redução das taxas de juros. Após outubro de 29, as taxas foram
reduzidas para até 1,5% a.a., porém sem apresentar resultados efetivos na melhoria do
desempenho econômico. Na realidade, os bancos demonstraram uma certa relutância em
emprestar recursos, devido à onda de falências que assolava aqueles anos, e o ambiente
recessivo também não incentivava as empresas a buscar empréstimos.
A política governamental também foi incapaz de evitar a falência de milhares de
bancos. O sistema bancário dos Estados Unidos era altamente fragmentado. Um ano após a
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quebra da bolsa de Nova Iorque se iniciou a primeira onda de quebra de bancos, que se
aprofundou em dezembro com a falência do Bank of United States. Na tentativa de conter
esse movimento, o presidente Herbert Hoover (1874-1964) criou o Reconstruction Finance
Corporation, que tinha como objetivo resgatar bancos e outras instituições financeiras em
risco de falência. No entanto, as falências bancárias continuaram a ocorrer e as políticas não
obtiveram sucesso.
A falência dos bancos somado a outros fatores aprofundaram a depressão da economia
e aumentaram as inseguranças sobre o futuro. Como uma manobra para defender a economia
norte-americana, o governo buscou aplicar uma política extremamente protecionista. Assim,
em 1930 a lei “Smoot-Hawley” foi aprovada, buscando ampliar as barreiras alfandegárias e
estimular a redução das importações. A efetivação da lei trouxe consequências adversas para
o crescimento econômico, pois causou a implementação de políticas protecionistas por outros
países levando à queda dos fluxos de comércio internacional.
Em meio a um cenário negativo da economia e aos dados desesperançosos da Grande
Depressão, as tentativas do governo de reverter a situação foram frustradas. A situação só
mostrou mudanças após a posse de Franklin D. Roosevelt (1882-1945), em que as medidas
adotadas começaram a trazer algum alívio para a população mais afetada pela recessão.
Ademais, os efeitos da crise contribuíram para a disseminação dos efeitos da depressão para a
economia global, transformando o colapso de Nova Iorque em um evento de repercussão
internacional.

2.3. A disseminação da Grande Depressão pelo mundo


Os Estados Unidos sendo responsável por 45% das produções industriais em 1929
tendo em questão o seu subdesenvolvimento à frente do resto do mundo. A crise da quebra da
bolsa Norte americana acarretou uma queda de 37% nas produções industriais no cenário
internacional.
A crise desfavoreceu o comércio mundial em 25% entre 1929 e 1934 diminuindo o
comércio de produtos revendidos em grande escala definidos em moedas nacionais baixaram
34% na Alemanha, 38% na França, 42% nos Estados Unidos e 32% na Inglaterra as
exportações no mundo caíram em 50% exportações despencaram em 70% e os empréstimos
internacionais diminuíram em 90% a produção industrial caiu 1/3, a crise atingiu a economia
do Brasil causando um desfalque no comércio do seu único produto o café a exportação caiu
de 445 milhões em 1929 para 180 milhões.

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Na Alemanha os investimentos industriais feitos em novas instalações pelas grandes
sociedades anônimas baixou de 1.168 milhões para 522 milhões de reichsmarks (unidade
monetária alemã principal da época) em 1931 como previsto veio a queda no preço das ações
do países industrializados em 45% 55.7% e 59.7%. No país, houve queda nos períodos de
1927 a 1931, as ações industriais sofreram uma queda de 61.7% o progresso de falência
acompanhou a queda da atividade econômica geral enquanto o índice de falência de
1928=100 foi de 11% na França, 17% na Itália, 19% nos Estados Unidos na Alemanha
chegou a 42% o excedente da balança comercial dos EUA despencou 1.440 milhões dólares
em 1929 para 357 em 1933.
Os déficits no balanço de pagamentos foram decorrentes no ano de 1934 ao valor do
comércio na Europa e ao resto do mundo com exceção da União soviética.
As importações ao redor do globo tiveram queda de 32.38 bilhões de dólares ouro em
1928, em 1935 caiu para 11.67 bilhões de dólares, no período de 1934 caiu 25.7 para 9.09
bilhões e ouro.
Os países mais pobres foram ainda mais afetados na importação de commodities
(produtos primários e manufaturas), teve uma grande desvalorização na América Latina sendo
o mercado norte americano o seu maior consumidor de matérias primas teve uma diminuição
de 40% nas importações causada pela crise dos Estados Unidos, E também a interrupção do
fluxo de investimento dos produtos estrangeiros tendo em consequência o enfraquecimento
dos grupos dominantes.

2.4. As consequências da quebra da Bolsa


Indubitavelmente, a quebra da Bolsa de Valores deu início ao período da Grande
Depressão, uma situação em que há um colapso significativo nos preços das ações negociadas
no mercado financeiro. Diante disso, a partir de 1933, uma gradual recuperação começou a
acontecer no país, deixando assim claro todas as consequências causadas pela quebra da Bolsa
de Valores. Desta feita, uma das consequências mais significativas e duradouras da crise de 29
foi o aumento drástico do desemprego. Diante disso, o desemprego nos Estados Unidos em
1923 e 1929 saltou de uma média de 4% para 27%, em 1933 o desemprego atingiu 13 milhões
de americanos gerando assim filas quilométricas de pessoas em busca de trabalho. Assim, a
fome e a miséria atingiram várias famílias, a pobreza assolou grande parte da população
americana. Na Europa, o número de desempregados aumentou consideravelmente, e as
consequências da crise econômica de 1929 serviu de impulso para o crescimento de
movimentos totalitaristas, como o nazismo, na Alemanha e o fascismo, na Itália.
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Em suma, ocorreu também uma falência de diversas empresas e produtores rurais. Os
investidores que tinham ações na Bolsa de Valores de Nova Iorque antes da chegada da crise
de 29 recebiam um sinal falso da expansão de crédito e, consequentemente, acabavam por
ampliar os seus negócios, aumentar salários e vagas de emprego, e investir ainda mais. Este
processo gerou uma “bolha inflacionária”, pois, em 1929, chegou um momento em que não se
podia mais esconder o caráter artificial da expansão econômica, havia muito dinheiro emitido
circulando, mas sem valor real com a produção, o que fez com que entrasse em colapso.
Ocorreu então uma queda nos preços das commodities agrícolas, como o trigo e o algodão, o
que prejudicou gravemente os agricultores, muitos dos quais já estavam lutando com a seca e
a degradação do solo, levou também a uma diminuição do rendimento dos produtores rurais, o
que os levou à inadimplência de suas dívidas bancárias e uma crise generalizada no setor
agrícola. Destarte, os produtores faliram e levaram as empresas junto com eles, deixando
exposta à dependência das instituições financeiras em relação ao sucesso ou fracasso dos
produtores.
Nesse ínterim, houve uma queda na produção industrial e dos salários. Empresas que
dependiam de financiamentos de ações podem enfrentar dificuldades financeiras ou até
mesmo a falência de diversas empresas, a produção industrial teve uma queda drástica em
todo o mundo, as fábricas e indústrias reduziram sua produção devido à queda na demanda
por bens e serviços, passaram também por dificuldades financeiras, levando a demissões em
massa e até mesmo a falência e a queda dos preços das ações pode levar a uma redução no
capital disponível para as empresas, dificultando para elas obterem financiamentos para
operações e projetos futuros e um aumento na capacidade ociosa, ou seja, a indústria está
produzindo menos do que é capaz, o que pode levar a uma diminuição da margem de lucro.
A quebra da bolsa afetou vários setores da economia americana os mais afetados
foram a indústria automobilística, a construção civil, a siderurgia e a agricultura que foram
particularmente atingidos, as fábricas fecharam, projetos de construção foram interrompidos o
que intensificou mais ainda a crise.
Nesse contexto, a queda na produção levou a uma onda de trabalhadores sendo
demitidos, por consequência um grande número de pessoas desempregadas a oferta de mão de
obra superou em muito a demanda, o que resultou em uma pressão para reduzir os salários,
pode-se dizer que em 1933 um trabalhador recebia cerca de 44% do que se pagava em 1926,
muitos trabalhadores que não foram demitidos enfrentam cortes salariais significativos para se
adequar à nova realidade econômica, o que gerou também um aumento na desigualdade de
renda, onde os mais pobres perderam seu emprego que era a sua única renda para
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sobrevivência e os ricos viram seus investimentos e ativos resultar em perdas substanciais,
resultando na perda de riqueza acumulada ao longo do tempo, entretanto os mais ricos ainda
possuíam recursos significativos em comparação com a maioria da população, o que
aprofundou a disparidade econômica.
Para tal, a quebra da bolsa pode abalar a confiança dos investidores e do público em
geral, a incerteza resultante pode levar as pessoas a reduzir seus gastos e adiar grandes
decisões de compra, o que pode levar a uma desaceleração no consumo e impactar
negativamente os negócios em diversos setores.
Sob tal ótica, mesmo decrescendo menos que a produção industrial ocorreu uma queda
nas exportações e importações, ou seja, as trocas internacionais caíram. Nos primeiros anos de
crise, houve uma queda de até 22,5% das exportações americanas e de 19% das importações,
os consumidores reduziram seus gastos e as empresas diminuíram sua produção, o que
resultou em uma queda nas importações de muitos países, essa redução da demanda global
afetou negativamente as exportações, uma vez que os países enfrentam uma demanda mais
baixa por seus produtos no mercado internacional, o Brasil foi um dos países afetados. Os
Estados Unidos antes da crise de 29 tinha um papel central na economia do mundo, eles eram
os maiores compradores da produção cafeeira que na época era a principal atividade
econômica do Brasil, o que levou os latifundiários a produzirem em larga escala para atender
à demanda. Com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, houve uma estagnação na
economia americana e um dos sinais dessa paralisação foi a queda na importação, isso afetou
diretamente a produção cafeeira do Brasil que na época estava a todo vapor, que teve
desvalorização no mercado externo, gerando a um acúmulo de café e a crise cafeeira no
Brasil, em 1930, Getúlio Vargas assumiu a presidência e decidiu que o governo compraria as
sacas de café assumindo o prejuízo dos cafeicultores e as queimaram para garantir o preço no
mercado.
Nesse viés, a crise de 29 desencadeou vários problemas que levaram o Produto Interno
Bruto (PIB) americano a cair consideravelmente cerca de 15% entre 1930 e 1933. A título de
comparação, depois da crise de 2008, o PIB mundial, em 2009, caiu menos de 1%. A retração
econômica piorou acentuadamente no final de 1929 e continuou até o início de 1933, a
produção real e os preços caíram vertiginosamente, entre o pico e a baixa da retração
econômica, a produção industrial nos Estados Unidos declinou 54% e o PIB real caiu 30%, o
índice de preços por atacado caiu 33% e a taxa de desemprego excedeu 20% em seu ponto
mais alto. A gravidade dessa depressão torna-se gritante quando comparada à recessão
americana de 1981 a 1982, quando o PIB real caiu apenas 2% e a taxa de desemprego chegou
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a menos de 10%, além disso, durante a essa recessão os preços continuaram a subir, embora a
taxa de aumento de preço tenha desacelerado substancialmente. Destarte, algumas economias
começaram a se recuperar em meados da década de 1930, no entanto, em muitos países, os
efeitos negativos da quebra da Bolsa de Valores duraram até o início da Segunda Guerra
Mundial, Uma década praticamente perdida para a economia americana.

2.5. O New Deal


Dado o contexto econômico desastroso, na campanha presidencial de 1932, as chances
do presidente Herbert Hoover conseguir sua reeleição eram muito baixas. Portanto, mesmo
que Franklin Roosevelt, seu oponente, não tivesse algum plano econômico efetivo para
combater a crise, ele ainda seria eleito. De maneira geral, Roosevelt prometia trabalho e
segurança para os Estados Unidos, além de uma melhor distribuição de renda, isto é, um
“novo acordo” (New Deal) com o povo norte-americano.
Roosevelt assumiu o poder em 4 de março de 1933, em um contexto econômico
bastante caótico. Entre a eleição, em novembro de 1932, e a posse, houve uma nova onde de
quebra de bancos, aumento do desemprego, deflação e a crise na agricultura exigia soluções
urgentes do governo. O lema de Roosevelt era “agir e agir agora”, contudo, não havia um
plano global para lidar com a crise. O New Deal, em sua origem, tratava-se de uma série de
ações que visavam resolver questões específicas.
Com a falência de milhares de bancos menores ao longo da crise, Roosevelt tomou
como prioridade resolver a situação financeira. Inicialmente, por meio da Lei de Emergência
Bancária, aprovada em 9 de março, foi proibida a remessa de ouro para o exterior, assim
como seu entesouramento. Além disso, essa lei também autorizava os bancos da Reserva
Federal a emitirem moeda, e que a Corporação de Reconstrução Financeira, criada por
Hoover em 1931, fornecesse fundos líquidos aos bancos que se mostrassem solventes. Diante
dessas medidas, em 1934, apenas 61 bancos faliram, número muito menor que nos anos
anteriores.
Além de ações emergenciais, a verdadeira reestruturação do sistema bancário veio por
meio da Lei Glass-Steagall, aprovada em junho de 1933, que estabeleceu uma rígida
regulamentação sobre os bancos. Em 1935, foi aprovada a Lei Bancária, que deu mais poder
ao Federal Reserve no controle da política monetária. Nesse viés, é possível perceber que o
governo Roosevelt promoveu grandes mudanças no sistema financeiro americano,
introduzindo intervenções que só foram superadas na década de 1990.

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Ademais, outra área que exigia a atenção do governo era a agricultura. Como a
população rural representava 25% da população norte-americana, o que mostra a dimensão do
problema que a crise da agricultura representava. Para isso, foi criada a Administração do
Reajustamento Agrícola (AAA), que, primeiramente, promoveu o aumento dos preços
agrícolas por meio de uma compensação financeira para que se restringisse a área cultivada.
Em 1933, duas leis foram criadas para resolver o problema da dívida dos agricultores, por
meio de créditos oficiais que permitiram um refinanciamento das dívidas.
Outro problema que precisava ser enfrentado era a deflação. Os preços do varejo
haviam caído mais de 30% entre 1929 e 1932, e admitia-se que seu aumento contribuiria para
a superação do processo recessivo. Para tal, foram necessárias diversas políticas como a
diminuição da taxa de juros, fim da paridade com o ouro e a fixação de um preço alto no ouro
que saía das minas. Essas políticas isoladas não tiveram um grande impacto, porém
combinadas permitiram o aumento dos preços. Em 1929, o índice estava em 62,9; em 1932,
havia caído para 42,1; em 1937, atingiu 56,1. Percebe-se que, apesar de não atingir o patamar
anterior à crise, essa “inflação” serviu de estímulo para algumas atividades.
Além do setor financeiro e da agricultura, a crise afetava profundamente o setor
industrial, e, logo, era preciso medidas para promover a recuperação desse setor. Para isso, foi
aprovada a Lei de Recuperação da Indústria Nacional (NIRA), que promoveu um maior
intervencionismo do Estado no mercado industrial. Por meio da NIRA, foram estabelecidas
metas de produção e empregos, salário mínimo e jornada de trabalho.
É de conhecimento geral que o componente mais dramático da crise foi o elevado
nível de desemprego que atingiu quase 13 milhões de pessoas ( cerca de 25% da força de
trabalho norte-americana). Como forma de combater esse problema, Roosevelt, por um lado,
estimulou atividades que utilizavam grande mão de obra, como o setor imobiliário. Por outro
lado, Roosevelt criou programas com o objetivo de prover auxílio e emprego para as famílias
afetadas pelo desemprego.
Durante os anos entre 1933 e 1935, todas essas ações permitiram Roosevelt completar
a primeira fase de seu acordo, preparando as condições para a ampliação do New Deal numa
segunda fase que ocuparia os anos de 1935 a 1939. Nessa segunda fase, Roosevelt buscou
promover projetos de desenvolvimentos e construção de infraestrutura, absorvendo parte da
mão de obra excluída do mercado, além de estabelecer e ampliar leis de seguridade social,
como as leis trabalhistas.
Em última análise, é possível concluir que o New Deal de Roosevelt possibilitou a
criação de uma nova perspectiva sobre a atuação estatal no mercado. Sem romper com as
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instituições do capitalismo, o Estado pode, por meio de intervenções, promover um pleno
emprego e ampliar os direitos dos trabalhadores. Desse modo, o governo Roosevelt, ao
assumir a posição de indutor da economia, esboçou um novo padrão de política econômica
cuja influência perdurou por várias décadas.

3. CONCLUSÃO
Em conclusão, a Grande Depressão foi um evento desastroso para os Estados Unidos
que reverberou em todo o mundo, onde diversas pessoas sofreram devido a suas
consequências. Suas causas foram complexas, e diferentes historiadores elaboraram diferentes
explicações para a crise.
Durante a Grande Depressão, milhões de americanos ficaram sem empregos, diversos
bancos faliram, a indústria colapsou e a agricultura sofreu com fortes crises. Com isso, a
população passou a ver sua qualidade de vida diminuir drasticamente, e as medidas
governamentais, inicialmente, não foram capazes de atenuar esses efeitos.
No entanto, com o governo Roosevelt, o New Deal tornou possível a melhora gradual
da economia, onde se estabeleceu um novo paradigma para o papel do Estado no processo
econômico, com o apoio de teóricos como John Maynard Keynes.
Com isso, percebe-se que a Grande Depressão de 1929 foi um evento traumático,
deixando uma marca inesquecível na história mundial. As lições que se pode tirar desse
evento foram importantes para o desenvolvimento de um novo arcabouço político de tomadas
de decisões, e mostrou que, apesar de uma época sombria, o povo americano soube responder
com resiliência e se recuperar dessa crise.

4. BIBLIOGRAFIA
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