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FLORIDA – USA
2023
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FLORIDA – USA
2023
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RESUMO
Este artigo tem o objetivo de apresentar um estudo sobre a promoção comercial internacional,
desde o surgimento do conceito deste complexo de atividades, até a forma como é realizado
como atuam algumas agências nacionais de promoção comercial, notadamente do Brasil, Japão
e Portugal, e compreender de que forma essas agências reagiram ao impacto causado pela
pandemia de COVID-19 que assolou o mundo a partir de 2020, causando a quebra das cadeias
análise qualitativa exploratória apoiada por pesquisa bibliográfica e estudo de casos, no intuito
nortear as ações de instituições com missões similares. Como resultado, pôde-se verificar o
negócios internacionais.
Palavras-chave:
Promoção comercial, negócios internacionais, exportações, internacionalização, pandemia.
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ABSTRACT
This article aims to shed light on international trade promotion, from the emergence of the
concept of this complex of activities, to the way it is currently carried out by trade promotion
agencies in the present. Ultimately, the aim is to identify how some national trade promotion
agencies work, notably in Brazil, Japan and Portugal, and to understand how these agencies
reacted to the impact caused by the COVID-19 pandemic that devastated the world from 2020
on, causing the breakdown of global value chains, changes in consumer behavior and
international business dynamics. For the proposed objective, the methodology used was action-
case studies, in order to recognize the existence of peculiarities and trends that guide or that
may come to guide the actions of institutions with similar missions. As a result, it was possible
to verify the strengthening of digital commerce, multi-business platforms and new forms of
business practices.
Keywords:
Trade promotion, international business, exports, internationalization, pandemic.
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LISTA DE FIGURAS
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 7
1.1. OBJETIVOS ................................................................................................................. 8
1.2. JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 8
2. METODOLOGIA......................................................................................................... 9
3. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 12
3.1. O PAPEL DA PROMOÇÃO COMERCIAL INTERNACIONAL ....................... 12
3.1.1. Contexto histórico .................................................................................................................. 12
3.1.2. Conceito de Promoção Comercial ......................................................................................... 17
3.1.3. Os atores públicos e privados de promoção comercial ........................................................ 19
3.2. AS AGÊNCIAS DE PROMOÇÃO COMERCIAL ................................................. 23
3.2.1. Histórico e justificativa para a criação das agências de promoção comercial
internacional ...................................................................................................................................... 23
3.3. EIXOS DE ATUAÇÃO DAS AGÊNCIAS .................................................................. 26
4. LEVANTAMENTO REFERENTE ÀS TRÊS AGÊNCIAS PESQUISADAS .... 30
4.1. PERFIL DAS AGÊNCIAS ............................................................................................. 30
4.1.1. A ApexBrasil ...................................................................................................................... 30
4.1.2. A JETRO – Japan External Trade Organisation .............................................................. 31
4.1.3. Perfil da AICEP PORTUGAL GLOBAL ........................................................................ 32
4.2. AÇÕES DESENVOLVIDAS PELAS AGÊNCIAS ........................................................... 34
4.2.1. Ações da ApexBrasil .................................................................................................... 34
4.2.2. Ações da JETRO .......................................................................................................... 37
4.2.3 Ações da AICEP PORTUGAL GLOBAL .................................................................... 39
5. ANÁLISE DOS RESULTADOS DA ATUAÇÃO DAS AGÊNCIAS PARA AS
EMPRESAS APOIADAS E PARA O PAÍS ...................................................................... 43
5.1. Resultados da atuação da ApexBrasil ............................................................................. 43
5.2. Resultados de atuação da JETRO ............................................................................................. 44
5.3. Resultados da atuação da AICEP Portugal Global .................................................................. 45
5.4. REAÇÃO DAS AGÊNCIAS DE PROMOÇÃO COMERCIAL AOS DESAFIOS
COLOCADOS A PARTIR DA PANDEMIA DE COVID-19 .......................................... 46
5.4.1. A reação da ApexBrasil ............................................................................................... 46
5.4.2 A reação da JETRO ....................................................................................................... 49
5.4.3. A Reação da AICEP PORTUGAL GLOBAL ............................................................. 51
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 52
7. REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 54
8. FIGURAS .................................................................................................................... 59
8.1. FIGURA 1 – Contribuição das Exportações para o PIB brasileiro........................................59
8.2. FIGURA 2 - Evolução da estruturação da JETRO .................................................................. 60
8.3. FIGURA 3 - Quadro comparativo de atributos básicos das Agências pesquisadas .............. 61
8.4. FIGURA 4 – Quadro comparativo de produtos e serviços das Agências pesquisadas ......... 62
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1. INTRODUÇÃO
operações para além do mercado nacional, tem nas agências de promoção de exportações nacionais
venda, ambiente de negócios internacionais, etc., além de acesso gratuito ou subsidiado a diversos
serviços de suporte para facilitar seu acesso aos mercados externos. Este estudo propõe-se a
responder às seguintes perguntas: O que são essas entidades? Em que contexto atuam? O que
fazem? Quem atendem? Qual é o impacto de suas práticas? E com a pandemia, algo mudou? Ao
exportações, trazendo informações sobre seu perfil, suas boas práticas e resultados, elucida-se a
relevância desses entes para o comércio internacional; ao passo que a análise de sua atuação, não
comercial para os países, partindo do contexto histórico do qual derivou a criação das agências, até
uma análise do papel dos atores intervenientes na promoção de exportações. Na segunda, parte-se
para a revisão da literatura sobre o que são as agências de promoção comercial e quais são seus
eixos de atuação e impacto, para então detalhar o perfil das três agências pesquisadas, suas
atividades e resultados. Na terceira parte, são trazidas informações sobre a atuação de cada agência,
seu perfil, ações, resultados, e na quarta e última parte, faz-se uma análise do cenário de pandemia
de 2020, e as ações das agências em resposta aos desafios trazidos pelas mudanças globais. Por fim,
são levantadas perspectivas para a atuação das agências de promoção comercial para os novos
1.1. OBJETIVOS
Este estudo tem por objetivo geral apresentar um estudo sobre a promoção comercial
internacional, desde o surgimento do conceito deste complexo de atividades, até a forma como
atração de investimentos para o país e, por fim, analisar as atividades das agências em resposta
à pandemia de COVID-19.
1.2. JUSTIFICATIVA
A justificativa deste estudo, além da contribuição para a academia, é propiciar uma visão
da relevância do trabalho das agências de promoção comercial, sua contribuição para o comércio
alcançados.
2. METODOLOGIA
caso da AICEP Portugal Global, os dados foram coletados mediante análise exploratória. As
Comercial?
4. Quais são implicações das ações de promoção nos resultados das empresas apoiadas
pelas agências?
COVID-19?
prática, sendo, portanto, uma maneira de se fazer pesquisa em situações em que também se é
uma pessoa da prática e se deseja melhorar a compreensão desta. No caso do presente estudo,
em que a autora atua em uma instituição que é foco desta investigação, este método fez todo o
sentido, já que se buscou trazer reflexões e informações da prática do mercado para a análise
acadêmica. Nesse sentido, Koerich et al. (2009), corrobora a definição de Engels(2000), de que
possíveis soluções e por fim, a intervenção e/ou ação propriamente dita no sentido de aliar pesquisa
e ação, simultaneamente.
conteúdo apresentado nos capítulos deste estudo, bem como o das figuras, onde se pode verificar
coletadas serviram de base para um melhor entendimento da atuação desses entes, e a compreensão
International Trade Centre (2010) e UNCTAD (2022). Pela importância do Brasil como
grande player no mercado internacional de diversos setores, cabe analisar neste estudo
2) Japan External Trade Organization (JETRO): Agência que vem atuando com
empresas, bem como para a atração de investimentos para startups, além de manter um
instituto para estudos sobre mercados e comércio externo. A JETRO possui uma ampla
de destaque.
3) AICEP Portugal Global: Agência que vem acumulando excelentes resultados, mesmo
em meio ao conturbado cenário de pandemia, e que tem tido êxito em promover Portugal
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como porta de entrada para o mercado europeu. Além de atuar tanto na promoção de
3. REVISÃO DA LITERATURA
divulgação de produtos e serviços para fins negociais, em locais com grande confluência de
vantagens competitivas ou inovações nos setores mais diversos. Nas rotas mercantis inauguradas
No século XX, a industrialização dos países trouxe a empresa para o centro da economia,
fazendo com que as empresas mais avançadas em processos industriais passassem a despontar no
e na prosperidade nacional (UNCTAD, 2008; IPEA, 2012), e nesse sentido, desde a década de
1930, as políticas econômicas dos países têm buscado o impulsionamento da criação de empregos,
Os governos logo perceberam que o dinamismo das economias nacionais num contexto de
competição e integração está mais focado nas empresas do que nos países (König, 2016, apud
Porter,1989; Krugman, 1996; Dunning, 2003) e que a capacidade do Estado em catalisar esforços
posição no cenário econômico global. Durante o século XX, e principalmente a partir de suas duas
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últimas décadas, o mundo vivenciou mudanças radicais, culturais e tecnológicas, que marcaram o
pela comunicação via Internet, facilitando negócios e gerando um novo cenário econômico de
dimensões globais.
O comércio exterior, teve uma evolução contínua e exponencial, adquirindo novos contornos,
moldados pelos interesses comuns, ou pela conciliação de interesses divergentes por meio da
períodos:
1) Do Pós-2ª Guerra Mundial até os anos 1970: Nesse período, o foco da internacionalização
deu-se por meio dos fluxos de investimento americano na Europa e gestão de investimentos no
exterior. Nesse primeiro período - em virtude do próprio cenário pós-guerra, durante o qual os
Estados Unidos, com o Plano Marshall, investiram na Europa e no Japão - inicia-se uma era em que
2) De 1970 a 1990: surgem temas como Teoria das Empresas Multinacionais (organização e
como grandes players globais, âncoras de diversos setores econômicos, a integração econômica
entre países passa a ser discutida, pois o dinamismo das trocas comerciais entre países, ou intrafirma
exigiu a adoção de mecanismos de facilitação comercial que tornassem o fluxo de bens e serviços
3) De meados dos anos 1980 aos anos 2000: A internacionalização foi impulsionada em um
mudou o cenário dos negócios internacionais. Já em meados dos anos 1980, que o tema
“globalização” passou a ser discutido, culminando com o advento das “cadeias globais de valor” a
partir dos anos 1990. Isto foi bastante motivado pelas teorias de gestão de empresas multinacionais,
localizações do globo por uma empresa, utilizando fornecedores em diferentes países em função de
“The rise of the has global economy been an important element in the
international business since the agenda since the 1980s. The sporadic,
unplanned, externally driven approaches to international strategic
planning needed to be superseded by more formal models of global
strategy and the myriad ways of doing international business,
particularly strategic alliances and international Joint ventures, had to
be captured by a holistic theoretical approach.” (Buckley, 2002, p. 368)
comunicação móvel no início dos anos 1990 foi um desdobramento do avanço, não só da ciência,
mas também da necessidade de integração mundial. No final dos anos 1990, mesmo pequenas e
médias empresas, antes à margem do comércio internacional, passaram a ter à disposição canais de
divulgação de seus bens e serviços ao mundo, o que lhes abriu novas frentes comerciais.
Os anos 2000 consolidaram a digitalização dos negócios internacionais, para vendas tanto na
gerando, portanto, uma interligação logística cada vez maior das cadeias de valor. Nas duas
1
Business to business: vendas de empresa para empresa
2
Business to consumer: venda direta ao consumidor
3
Business to business to consumer: vendas diretas por meio de plataforma de e-commerce, utilizando múltiplos
fornecedores
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internacionais também em plataformas digitais, o crescente uso das redes sociais para negócios, o
de diferentes geografias.
e financeiras. Para a maioria das economias, considera-se que políticas monetárias e fiscais
mais rígidas são necessárias para reduzir a inflação de forma duradoura. Ao mesmo tempo,
enfatiza-se que essas políticas devem ser acompanhadas de reformas estruturais que melhorem
escolhas políticas mais difíceis, como preços mais altos de alimentos e combustíveis, a
do dólar americano, como forças em direções diferentes, sinalizando um equilíbrio difícil. Tudo
protecionismo dos países, receosos da concorrência com suas indústrias locais, já abaladas pelo
cenário de recessão.
crescimento global, de 6,0% em 2021 para 3,2% em 2022 e 2,7% em 2023. Este é o perfil de
crescimento mais fraco desde 2001, exceto pela crise financeira global e a fase aguda da
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contração do PIB dos EUA no primeiro semestre de 2022, uma contração na área do euro no
segundo semestre de 2022 e surtos prolongados de COVID-19 e bloqueios na China com uma
crescente crise no setor imobiliário. Espera-se que a inflação global suba de 4,7 por cento em
2021 para 8,8 por cento em 2022, mas caia para 6,5 por cento em 2023 e para 4,1 por cento em
2024. Surpresas de alta na inflação foram mais comuns entre as economias avançadas, com
para 4,3% projetados em 2022 e 2,5% em 2023. Esse é um crescimento maior do que em 2019,
quando o aumento das barreiras comerciais restringiu o comércio global e durante a crise do
COVID-19 em 2020, mas bem abaixo da média histórica (4,6% para 2000–21 e 5,4% para
1970–2021). A desaceleração, que é 0,7 ponto percentual mais acentuada do que a projetada
para 2023.
vez mais importante, as empresas ainda veem a COVID-19 como o risco dominante. O alto
número contínuo de menções ao COVID-19 nas divulgações de resultados das empresas pode
refletir o efeito prolongado da pandemia nos mercados de trabalho e nas cadeias de suprimentos.
O crescimento da economia mundial deverá ser em 2023 de 2,2 por cento, uma redução
face aos 2,5 por cento previstos para 2022, segundo o relatório anual da Conferência das Nações
Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). Esta previsão aponta para um cenário
de recessão, com o PIB mundial abaixo do que se verificava antes da pandemia. Nas economias
Guerra na Ucrânia, que além de provocar a queda nos índices de confiança dos consumidores
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alavancagem, em grande parte impulsionada pelos preços da energia e pela depreciação das
Se, por um lado, o comércio exterior foi abalado com a descontinuidade dos fluxos de
comércio dentro das cadeias globais de valor devido à pandemia, ocorre que, no período de
2020 até 2021, principalmente, vimos uma retomada do comércio de 2021 a 2022, ainda que
tímida, porém que explica os bons resultados de exportações que muitos países experimentaram
vacinação em massa.
Economistas estimaram que a inflação deverá aumentar de 4,7 por cento em 2021 para
8,8 por cento em 2022, registando-se depois uma descida para 6,5 por cento em 2023 e 4,1 por
cento em 2025, de acordo com 36 em 2022 e de apenas 2,2 por cento no próximo ano, em linha
com as previsões da UNCTAD e um pouco abaixo da percentagem estimada pelo FMI, o que
significa um PIB global de menos 2,8 biliões de dólares em 2023 do que se previa em dezembro,
antes do início da guerra. A inflação atingiu em muitos países, na primeira metade do ano, os
valores mais elevados desde a década de 1980. De acordo com a OCDE, a subida generalizada
dos preços em nível global saiu dos 8,2% em 2022 para 6,6% em 2023, sendo menos elevada
vantagens de produtos e serviços de um ou mais setores, porém pode adquirir contornos mais
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abrangentes quando realizada em conjunto por várias empresas, sob um mesmo branding4,
apresentando um leque de opções aos consumidores, sejam eles corporativos ou pessoas físicas.
e serviços são comercializados entre países distintos, sujeitos a todos os mecanismos regulatórios e
tanto o governo como o setor privado convergem em interesses comuns: os governos buscam
melhorar seus termos de troca, o que reverte em promoção de sua imagem no mercado
clientes estrangeiros e abrem espaço para a inserção de seus produtos e serviços em novos
mercados, gerando divisas. Assim, pode-se dizer que a promoção de exportações gera impactos
tanto de imagem, como econômicos, que são indubitavelmente positivos em algum grau.
de aumentar o crescimento econômico, bem como o bem-estar da sociedade. Sendo uma fonte de
aquisição de divisas, ela é capaz de: i) financiar as importações, levando a maiores possibilidades
balanço de pagamentos; e iii) contribuir para potencial aumento na geração de empregos. No nível
dos recursos, diversificação dos produtos e dos destinos, aumento de produtividade, inovação e
No estudo conduzido por Lederman et al. (2006), sobre o impacto das agências de
promoção de exportações existentes e suas estratégias, com base em um novo conjunto de dados
organizações têm um impacto forte e estatisticamente significativo nas exportações. Para cada US$
4estratégia de gestão da marca, envolvendo todas as ações que tem por objetivo torná-la mais forte e mais presente
no mercado, sendo reconhecida pelo público, admirada e desejada por aquilo que oferece. (Patel, 2020)
19
Latina é a região onde o orçamento de promoção de exportações parece ter o maior impacto nas
competidor nos mercados internacionais, envolve uma série de atores, tanto públicos como
de promoção comercial, e a dinâmica dos mercados determina o foco dos resultados almejados.
governo, seja por meio de órgãos criados para tal fim ou por meio de embaixadas, enquanto em
outros, os governos criaram entidades com mandato governamental, porém financiadas no todo ou
em parte pelo setor privado. O caso mais raro é o de agências totalmente financiadas pelo setor
privado. Isto porque os governos têm interesse em estimular os setores produtivos e também porque
agências totalmente geridas pelo setor privado podem ser afetadas pela assimetria de informações
dentro de um contexto de competição entre pares, algo difícil de se gerir. Segundo Lederman et al.
(2006):
podem ser diversos, porém todos tem um mesmo propósito: impulsionar a competitividade
nacional. Na visão de Campos (2021), o processo contínuo de globalização gera múltiplos desafios
dos países depende fortemente de políticas estratégicas que possam ampliar as suas vantagens
do Estado para contornar as barreiras que enfrentam para a inserção de seus produtos no mercado
(APE).
(2020) classificou a relação entre a APE e o governo como uma via de mão dupla: por um lado,
para colocar em ação os programas de promoção de exportações, o Estado precisa da ajuda das
APEs; por outro, para que possam cumprir os seus objetivos, as APEs demandam que os governos
criem uma estrutura legal e implementem reformas favoráveis aos negócios internacionais.
promoção comercial às empresas em pleno século XXI decorre do fato de que há uma falha no
exteriores, há diversos atores que trabalham de forma coordenada, de acordo com o tema que se
relaciona com a promoção de exportações e investimentos. São eles: agências reguladoras, bancos
pautada pelo órgão federal, porém o setor privado realiza gestões junto ao governo para trazer à
pauta reivindicações de melhorias e/ou acordos que possam contribuir para sua competitividade
internacional. Assim, a construção da política de comércio exterior não é unilateral, mas sim um
trabalho em que todos os atores relevantes devem ser ouvidos e os entes governamentais, por sua
nacional, estadual ou municipal, servem como pontes entre o setor público e o privado, pois têm
mandato alinhado com as políticas públicas, mas tem por missão atuar para aumentar a
competitividade das empresas nacionais e por isto estabelecem parcerias com entidades privadas
dos mais diversos setores para apoiar a promoção setorial internacional e atrair investidores,
buscando dessa forma impulsionar a competitividade das cadeias de valor e preencher lacunas
existentes.
interessada na política de comércio exterior, se organiza para concretizar negócios e/ou promover
segmentos e propõem ações práticas para favorecer o ganho de escala das exportações de seus
associados com contrapartes de outras câmaras estrangeiras ou diretamente do mercado para ações
de negócios.
qualificação para abertura de empresas e melhorias na gestão empresarial que possam favorecer a
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entrada das MPEs no comércio internacional, estabelecendo parcerias com entidades que realizam
qualificação para exportações e promoção comercial propriamente dita, para que as MPEs mais
Na prática, há uma certa confusão com relação à promoção comercial, pois todos os atores
realizam missões, rodadas de negócios, participação em feiras, etc. de forma distinta, e sem uma
metodologia padronizada, o que leva a diferentes resultados para as empresas, num mesmo tipo de
ação.
comercial seria o mais desejado, já que atuam com focos distintos num mesmo cenário. O
sombreamento das atividades de promoção comercial é prejudicial, pois todos os atores, realizando
a mesma atividade, podem gerar confusão no público-alvo das ações sobre quem faz o quê e a quem
relações com quem acreditam que melhor atenderia seus requisitos, ainda que não tenham clareza
Sem papéis bem delimitados nesse cenário, todos perdem, inclusive o cliente, que mesmo
recorrendo a um desses atores que o estejam atendendo bem, pode não obter exatamente o que
busca, pois cada um tem um foco distinto. As agências de promoção de exportações nacionais
possuem um amplo leque de apoio em diversas frentes, sendo, portanto, um catalisador de serviços
setor público como o privado, fornecendo assim um suporte mais amplo, tanto à empresa nacional,
como ao comprador internacional e ao investidor, ao mesmo tempo em que direciona o cliente para
Cada um dos atores do cenário de promoção comercial internacional tem sua relevância
dentro da especificidade de sua missão. A cooperação entre todos esses atores favorece uma melhor
estabelecimento de uma cooperação saudável e produtiva entre todos os atores, dentro de um escopo
onde os limites de atuação de cada organização estejam bem definidos, a fim de se estabelecer a
da década de 1960 este tipo de organizações se tornaram um instrumento muito popular para
Para alcançar o crescimento liderado pelas exportações, muitos países estabeleceram agências
de promoção de exportação (APEs) cujos objetivos são fornecer serviços de apoio à exportação,
APEs governamentais e semi-governamentais podem ser justificadas por certas falhas de mercado.
Por exemplo, empresas domésticas podem não saber muito sobre mercados estrangeiros,
ainda que as empresas tenham conhecimento suficiente sobre as condições de importação do país-
alvo. Embora o exportador pioneiro incorra em custos fixos ao adquirir informações, sua entrada
no mercado externo serve como um sinal para outras empresas nacionais – ou seja, exportar para
determinado país pode ser lucrativo. Portanto, as APEs capazes de fornecer informações sobre os
mercados estrangeiros às empresas domésticas de forma gratuita ou subsidiada facilitam a vida dos
Johanson & Vahline (1977) já consideravam a exportação como uma atividade complexa
importantes. Além das informações básicas acerca do processo de exportação de ponta a ponta,
O comércio também pode ser afetado por externalidades tecnológicas. Quando essas
externalidades são significativas, também são os benefícios de ter produtos compatíveis (Katz &
Shapiro, 1986). Isso requer conhecer a tecnologia utilizada pelos produtos consumidos em
mercados estrangeiros direcionados para projetar bens que possam funcionar com eles. Mais
importante, a informação imperfeita é uma barreira de entrada especialmente severa para os países
em desenvolvimento, que, devido aos efeitos da reputação nacional, tendem a partir de uma posição
ainda menos favorável. A razão é que os compradores geralmente percebem os produtos de países
de países desenvolvidos (Martincus et al., 2007, apud Chiang e Masson, 1988; Hudson e Jones,
2003).
entender como agregar valor ao seu produto para exportação, além de fornecer qualificação para
exportações à empresa que busca conhecer como exportar, requisitos, normas, canais e marketing
internacional, entre outros temas, também possuem, na maioria dos casos, vertentes de inteligência
nacionais e vice-versa, a fim de proporcionar uma maior efetividade dos negócios realizados com
Os escritórios internacionais das APEs são também muito importantes para obter
empresas nacionais que buscam se inserir nos mercados-alvo cobertos por sua atuação. No estudo
realizado por Martincus et al. (2007), constatou-se que os escritórios externos das agências de
particular, contribuem para aumentar o número de bens mais complexos que são exportados. Por
outro lado, verificaram ainda que a presença de um maior número de representações diplomáticas
no país importador está associada a exportações de um maior número de bens homogêneos. Esses
achados têm uma explicação clara. Escritórios especializados e orientados para a exportação no
exterior podem ser mais eficazes para ajudar a melhorar os problemas de informação mais graves
ligados à exportação de bens mais diferenciados. Embaixadas e consulados exercem funções mais
gerais e em muitos casos não possuem sequer uma seção comercial, portanto, não sendo instituições
homogêneos, cujo comércio enfrenta barreiras informacionais mais fracas e, portanto, têm menor
produtos manufaturados em relação a outros países, importante para se determinar setores que
O objetivo das APEs é ajudar (potenciais) exportadores a encontrar mercados para seus
produtos, bem como proporcionar-lhes uma melhor compreensão dos produtos demandados em
diferentes mercados de exportação. Pode-se dividir os serviços oferecidos pelas APEs em quatro
grandes categorias:
país);
2006)
informativo normalmente é fornecido por meio de assistência sobre como exportar, workshops e
capacidade externa para lidar com as complexidades da exportação. Como tal, acredita-se que
estoque central para informações de mercado e leads de vendas, o que permite que a empresa
de promoção de exportação permitem que uma empresa reduza os custos operacionais e se torne
mais lucrativa e, portanto, mais eficiente em suas atividades de exportação. Contudo, afirma
vendas, pois as empresas devem se engajar em várias atividades, e de forma contínua, para
das empresas em termos de crescimento das vendas. Uma negociação confiável ou mesmo um
pedido de exportação seguro será ineficaz, por exemplo, se a empresa não tiver os requisitos de
promoção de exportação pode ser necessária para as empresas competirem nos mercados
internacionais, mas não é suficiente, por si só, para o crescimento das vendas de exportação
(Seringhaus, 1986), uma vez que a concretização de negócios promovidos no exterior requer o
Além das assistências elencadas anteriormente por Lederman et al. (2006), grande parte
investimentos estrangeiros diretos para o país, tendo, assim, uma atuação mista, que não deixa
de ser de certa forma complementar, pois a atração de investimentos estrangeiros para o país
tem um spillover effect sobre o fortalecimento das cadeias de suprimento nacionais, nas quais
analisar dados de 34 projetos greenfield com valores contratados acima de R$ 500 milhões,
competitivas locais e ambiente de negócios para potenciais investidores externos, seja por meio
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de APEs que também atuam como agências de promoção de investimentos (APIs), ou, em
alguns casos, de forma separada, tendo uma agência apenas para promoção de exportações e
No presente estudo, as três agências analisadas têm perfil misto, e, portanto, dedicam-
4.1.1. A ApexBrasil
entidade sem fins lucrativos, de direito privado, interesse coletivo e utilidade pública, criada
ApexBrasil foi instituída como entidade independente, na forma de Serviço Social Autônomo,
pelo Decreto Presidencial nº 4.584/2003, tendo sua atuação autorizada pela Medida Provisória
nº 106, de 22 de janeiro de 2003, a qual, em maio do mesmo ano foi convertida na Lei nº
Diretos. Para dar suporte a esses 3 eixos, a ApexBrasil desenvolve estudos de inteligência
crítico e decisivo para o sucesso de uma empresa em sua internacionalização, pode ser aplacada
por ações que favoreçam a aquisição de informações de mercado e técnicas necessárias para o
investimentos estrangeiros diretos (IED) para o Brasil, com foco em setores prioritários para o
a geração de emprego e renda no país (ApexBrasil, 2022). A ApexBrasil é gerida por uma
indústria e serviços. Seu corpo técnico é composto por 363 funcionários, sendo 329 no Brasil e
cidades de Bogotá, Miami, San Francisco, Bruxelas, Moscou, Dubai, Pequim, Xangai e
A ApexBrasil também atua em convênio com diversas instituições, tanto públicas como
total de empresas atendidas dentro do portifólio de produtos e serviços da agência), sendo que
destas, 2.397 são exportadoras (65% do total de exportadoras apoiadas). As empresas que
relacionada ao governo japonês, através do METI (Ministry of Economy, Trade and Industry),
que trabalha para promover o comércio e o investimento mútuos entre o Japão e o resto do
estrangeiro direto no Japão e ajudar empresas japonesas de pequeno e médio porte a maximizar
diversas mudanças, que podem ser sintetizadas conforme o quadro da Figura 1 deste estudo.
Conselho Consultivo, cujos membros são nomeados pelo Ministro de Estado, da Economia e
da Transição Digital, pelo Ministro de Estado e das Finanças e pelo Secretário de Estado da
No que tange a suas políticas e objetivos, a AICEP tem foco em iniciativas agregadoras
de valor para Portugal, com impacto direto e positivo na Economia nacional, que sejam
ela também gere a AICEP Global Parques, que administra parques tecnológicos em diferentes
regiões de Portugal.
A AICEP possui 2 sedes principais, nas cidades de Lisboa e Porto, e uma rede nacional
Coimbra, Faro, Leiria e Viseu. Internacionalmente, a Agência conta com uma rede de
de novos negócios, mercados e potenciais investidores para o país. As Lojas da Exportação têm
numa política de descentralização dos serviços de apoio, dos grandes centros urbanos. As
empresas poderão encontrar nessas Lojas informação e esclarecimentos técnicos sobre produtos
Ministério dos Negócios Estrangeiros é vital para a condução das atividades correlatas à missão
da Agência, sendo portanto fundamental que entidades de promoção comercial, como a AICEP
e as demais agências já citadas, atuem em cooperação, tanto com o setor público como com o
setor privado, para a consecução dos objetivos de aumento da base exportadora, aumento do
No quadro da Figura 2 deste estudo, estão descritos alguns atributos básicos do perfil
das três agências estudados, tais como: ano de criação, mandato (áreas de atuação), vinculação
alvo e setores-chave, para uma visualização mais prática da comparação entre elas.
JETRO lidera, com 94 escritórios (73 nacionais e 21 internacionais), seguida pela AICEP, com
nacionais e 8 internacionais).
Brasil, sejam eles produtivos (abertura de operações e filiais de empresas estrangeiras no país),
35
empresas brasileiras).
serviços:
diversos temas de comércio exterior em geral, cobrindo vários aspectos fundamentais que as
comércio exterior, com duração de 3 a 6 meses, na qual os empresários recebem apoio dos
atendida, para que possa incorporar às suas atividades comerciais a exportação. Ao final do
outros.
internacionais. Nesta categoria estão: estudos por mercado, estudos por setor, painéis
36
ApexBrasil (www.apexbrasil.com.br).
para startups que querem se instalar no exterior é o StartOut, que realiza missões
capacitação.
d) Promoção Comercial: Ações que têm como objetivo facilitar o acesso das empresas
ativa e competitiva das empresas nacionais nos mercados estrangeiros. Dentre estas
customizado, e a agência tem por premissa atuar de forma proativa com setores
em participação, de fundos estrangeiros para fundos brasileiros, os quais por sua vez
ApexBrasil todo o apoio que necessitam para seu processo de soft landing, por meio
Desenvolvimento (UNCTAD).
para o Japão, a JETRO tem foco na atração de projetos que utilizem novas tecnologias e
modelos de negócios, capazes de criar alto valor agregado ou contribuir para o aumento da
produtividade. A parceria da JETRO com governos locais prioriza a atração de firmas que
JETRO usa suas redes domésticas e internacionais para contribuir com as metas de
Overseas Promotion Center (JFOODO), que foi estabelecido em 2017, tem sido feito um
esforço nacional para expandir essas exportações em estreita cooperação com grupos de
eentos de gastronomia, etc. a partir da perspectiva dos consumidores locais com base em
locais onde a expansão é esperada devido à forte demanda e cooperação econômica. Além
disso, a JETRO ajuda a agilizar as atividades das empresas que já atuam nesses mercados.
Para esse fim, é oferecido atendimento individualizado para essas empresas japonesas,
especialmente para MPEs, usando a estrutura do “Consórcio para uma Nova Nação
Exportadora” do Japão. Esse consórcio consiste num grupo de entes públicos e privados
das MPEs.
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e) Pesquisas e Análises: A JETRO realiza pesquisas e análises usando seus inúmeros pontos
fortes. Esses pontos fortes vêm de várias fontes. Elas incluem bases de dados domésticas e
A AICEP busca dinamizar os negócios internacionais para o país, atuando nas frentes
aumento do PIB – como efeito direto de investimentos estruturantes e dos fluxos de comércio
de trabalho.
Assim como as demais Agências, a AICEP Portugal Global atua tanto com promoção
tem por objetivo auxiliar as empresas que desejam se internacionalizar. São eles:
b. Prospecção de mercados
h. Informação regulamentar
ações de formação promovidos pela AICEP e por diversas entidades com projetos de
internacionalização.
AICEP no exterior (Como Vender Em...), que prestam apoio customizado às empresas
41
portuguesas interessadas em obter incentivos fiscais ofertados pelo governo português sobre
os seguintes incentivos: Incentivo Portugal 2020, Incentivo Temporário para Promoção Externa
2025, ofertando ajudas de custo de até 85.000 euros para despesas elegíveis.
Pela descrição dos portifólios de produtos e serviços das três agências pesquisadas,
percebe-se que todas as três coincidem nos eixos de atuação, com uma ou outra especificidade.
No caso da JETRO, pela atuação com promoção de importações para o Japão e com o Instituto
Portugal Global distingue-se pela atuação com a gestão de parques industriais, por meio de sua
dos portifólios de produtos e serviços das agências em questão, para melhor visualização das
país, conduzir visitas de campo e até mesmo facilitar informações que possibilitem a
6Investimentos de grandes empresas em startups que venham a agregar inovação a seus processos, produtos ou
serviços.
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Em 2021, a ApexBrasil capacitou 10.343 empresas, das 14.741 apoiadas pela Agência
(53,4% MPEs), e dessas, 10.874 participaram de ações estruturantes com potencial para realizar
exportações. Das 3.660 empresas apoiadas que registraram exportações em 2021, 7,6% não
tinham exportado nos quatro anos anteriores. Entre os principais destinos das exportações das
de 1,8% no total de apoiadas em relação a 2020, com a execução de projetos 15,4% superior ao
operação da ApexBrasil, por meio de seus projetos, quanto nas exportações das empresas que
Projetos de Investimentos, com anúncios de, aproximadamente, US$ 13,8 bilhões. Todo o fluxo
14.685 empregos nas indústrias que receberam esse investimento. No gráfico abaixo,
que mais receberam investimentos, seguidos pelos demais setores prioritários com os quais a
e outros diversos.
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realizada pelo direcionamento das políticas públicas do governo brasileiro, de acordo com suas
metas de desenvolvimento. Por isto, os setores prioritários podem variar ao longo do tempo,
Bank of America, este índice vem crescendo de 2019 em diante, tendo atingido a cifra recorde
para a série histórica, de 35% do PIB, o que é altamente positivo, mas ainda há muito por fazer,
uma vez que a média deste índice na região da América Latina é de 53%. (Bloomberg Línea,
2022). Na Figura 1, mostrada no Capítulo 8 deste estudo, está ilustrada a contribuição das
por meio da promoção comercial é fundamental, não somente para o aumento do volume das
exportações, como também para a diversificação da pauta exportadora, aumento de seu valor
oportunidades de investimentos para empresas que tem interesse em expandir sua presença
empresas de 2019 a 2021, movimento este que foi retomado a partir de 2021, com a abertura
(Trade Tie-Up Promotion Program), que funciona como uma vitrine de empresas japonesas e
parcerias. Por exemplo, importadores que procuram por exportadores; investidores que
investimento estrangeiro, tanto para o Japão como deste para outros mercados.
realização de 700 ações de capacitação realizadas junto de mais de 29 mil empresas, sendo que
em 2022 a Agência possuía uma carteira de 17 mil empresas atendidas por suas ações.
competitivo de Portugal nessa área. Em 2022, até o mês de outubro, a AICEP já havia facilitado
outubro, o valor de investimento previsto era da ordem de 2,47 bilhões de euros, o que sinaliza
um novo recorde. Os maiores investidores são da Coreia, do Japão e dos Estados Unidos, ainda
Sobre as exportações, seu peso no PIB português tem crescido continuamente – de 31%
em 2007, passou para 42% em 2021 e para mais de 49% em 2022. Para 2030, Portugal
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estabeleceu uma meta de 53 por cento do PIB. O governo português atribui esta trajetória à
A pandemia de COVID-19 foi um grande baque para todos aqueles que trabalham com
promoção comercial internacional, uma vez que a maior parte das atividades negociais eram
ApexBrasil já ter, antes de 2020, ações online, como cursos de capacitação e painéis de
dos eventuais impactos provocados pela pandemia no comércio exterior brasileiro. O painel foi
incluído em um hotsite específico para consulta pública que se propôs a apresentar a evolução
paralela dos indicadores comerciais e dos casos confirmados de COVID-19. Dessa forma, ele
permitia que o usuário visualizasse e correlacionasse os dados de modo ágil, para facilitar os
painel continua disponível no website da Agência, como Painel de Comércio, tendo sido
ampliado para mostrar também visões detalhadas e específicas do comércio com os EUA e
Um dos temas que ficaram mais evidentes com a pandemia foi a necessidade de
transformação digital. E não somente da agência em si, suas atividades e atuação, como também
das empresas atendidas, pois somente aquelas que já trabalhavam com o comércio digital
coronavírus.
O comércio digital, desde então, tem sido o segmento de maior crescimento dos últimos
incluiu plataformas de matchmaking virtual em seus eventos, como feiras e o Brasil Investment
Forum, e abriu espaço para que empresas brasileiras também participassem de rodadas de
negócios virtuais em plataformas estrangeiras, como a RangeMe, ECRM, Joor, entre outras que
Brasil e do mundo, o debate com relação à atração de investimentos girou em torno da nova
CEOs presentes apontaram como tendência, não somente a transformação digital, que já foi
reconhecida como “um caminho sem volta”, como também a sustentabilidade ambiental, como
de empresas brasileiras nas plataformas globais por meio do Programa E-Xport, desde 2017,
teve com a pandemia um desafio ainda maior, de preparar empresas para que, antes mesmo de
ingressar nas cadeias globais de valor das plataformas globais, entendessem como operar dentro
desse ambiente. Desde então, vem sendo realizado o Programa de Aceleração de Negócios via
negócios.
digital trade per si, e as “novas” tecnologias de vendas e marketing digital em ambiente de
digitalização dos negócios internacionais – cujo impacto é ainda desconhecido nas empresas e
produtividade para aumentar a propensão de exportar não assegura, com essa inovação
O desafio está posto, o de não somente capacitar empresas para exportar, mas
apresentar uma nova forma de se posicionar e atuar no comércio exterior, novos processos,
entre outras questões, até mesmo regulatórias, diversas das que comumente os exportadores
incentivo à qualificação das empresas para esse novo cenário, no qual o comércio digital não
está mais dissociado do físico, e o nível de concorrência não é apenas de nação para nação,
A JETRO criou uma série de ações para apoiar o desenvolvimento dos negócios das
empresas japonesas ou empresas estrangeiras investidoras no Japão. Foi criada uma linha de
governo para a manutenção de empregos (ajuda financeira a empresas para manterem empregos
suporte, informações atualizadas sobre a situação das fronteiras e medidas de suporte sanitário,
japonesas nos mercados internacionais por meio de seus escritórios no exterior, e a cada ano
realiza uma pesquisa ampla com seus clientes, tanto as empresas afiliadas estrangeiras no Japão,
Na pesquisa feita em 2019 com 193 empresas estrangeiras presentes no Japão, 92%
“ligeiramente negativos”. Combinados, 92,2% relataram que o vírus teve algum tipo de impacto
negativo sobre eles. Houve alguns comentários positivos sobre as respostas do governo contra
o COVID-19, enquanto outros pediram para facilitar os procedimentos complicados, bem como
Japão. Este feedback dos clientes forneceu importantes insumos para as medidas que pudessem
ser adotadas pelo governo japonês para facilitar o ambiente de negócios (JETRO, 2019)
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Na pesquisa de 2022, realizada com empresas japonesas presentes nas diversas regiões
negócios: mais de 40% das empresas na China sofreram deterioração no desempenho dos
negócios;
b) 65% das cerca de 7.000 empresas japonesas que operam no exterior tiveram alguma
aumentarão;
c) 45% das empresas pretendem expandir seus negócios localmente nos próximos 1-2 anos;
redução de pessoal expatriado na Ásia. 60% dos fabricantes trabalharão para revisar suas
número de expatriados será reduzido em comparação com o nível anterior à nova crise do
e) Green sourcing: 30% das empresas implementam due diligence de direitos humanos
negócios dão suporte à implementação de HRDD. No caso das MPEs, no entanto, a questão
é "compreensão dos direitos humanos". Mais de 40% das empresas “já se empenharam”
no que diz respeito à descarbonização (redução das emissões de gases com efeito de estufa),
51
suprimentos.
da diversificação, mas é também “um processo que oferece múltiplos obstáculos, exigindo uma
inovadoras, novos processos, bem como rápidas alterações nos comportamentos dos
A AICEP já possui, como descrito no capítulo 3 deste artigo, diversas ações digitais,
própria AICEP. Isto certamente facilitará o acesso dos clientes, encurtando distâncias e
digital promovida pela AICEP, que além de oferecer serviços de suporte às empresas nacionais
governamentais que oferecem subsídios em dinheiro para as empresas que atuem no comércio
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
os países, acrescentando ao longo do tempo novas formas de apoio às empresas nacionais para
Para que esse comércio aconteça, é necessária a intervenção de múltiplos atores, desde
número de empresas exportadoras no país, principalmente pequenas e médias, que contam com
todo o apoio das agências para sua preparação e plano de negócios internacionais.
guerra entre Rússia e Ucrania, houve uma disrupção importante, tanto nas cadeias globais de
fatores pesando nas negociações internacionais, como respeito ao meio ambiente, governança
parte dos negócios internacionais. Não há mais volta, o momento da virada aconteceu e hoje as
agências, não somente elas, mas todos os players do mercado global estão se reinventando e
O momento é de transição para uma nova era do comércio exterior, na qual práticas
com práticas digitais, isso porque até agora não houve substituto tão efetivo para os negócios
como a interação pessoal, “olho no olho”, tão importante para os relacionamentos humanos.
Haverá plataformas cada vez mais sofisticadas e eficientes, para facilitar a comunicação e
novos entrantes. Um fato curioso, apontado nos resultados das agências, é que algumas tiveram
por um maior dinamismo dos países com novos canais de vendas (digitais) e a busca da
Em suma, neste breve estudo conclui-se que as agências de promoção comercial, seja
como entes facilitadores de uma nova forma de fazer negócios internacionais, sem perder de
vista valores perenes, que adquirem importância crescente, como o comércio justo e a
das práticas das agências, investigando quais soluções foram mais efetivas para garantir a
suas nações.
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8. FIGURAS
PMEs
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