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MUST UNIVERSITY

MASTER OF SCIENCE IN INTERNATIONAL BUSINESS

FELÍCIA LOUZADA VILELA

ESTUDO SOBRE AS AGÊNCIAS DE PROMOÇÃO


COMERCIAL INTERNACIONAL:
CONCEITOS, AÇÕES E IMPACTOS DA PANDEMIA DE
COVID-19 EM SUAS ATIVIDADES

FLORIDA – USA
2023
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FELÍCIA LOUZADA VILELA

ESTUDO SOBRE AS AGÊNCIAS DE PROMOÇÃO


COMERCIAL INTERNACIONAL:
CONCEITOS, AÇÕES E IMPACTOS DA PANDEMIA DE
COVID-19 EM SUAS ATIVIDADES

Trabalho de Conclusão Final apresentado como


requisito parcial para obtenção do título MESTRE do
Curso de MASTER OF SCIENCE IN
INTERNATIONAL BUSINESS da MUST
UNIVERSITY – Florida, USA.

Orientador: Prof. Dr. Vadson Bastos do Carmo

FLORIDA – USA
2023
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RESUMO

Este artigo tem o objetivo de apresentar um estudo sobre a promoção comercial internacional,

desde o surgimento do conceito deste complexo de atividades, até a forma como é realizado

pelas agências de promoção comercial no presente. Busca-se, em última instância, identificar

como atuam algumas agências nacionais de promoção comercial, notadamente do Brasil, Japão

e Portugal, e compreender de que forma essas agências reagiram ao impacto causado pela

pandemia de COVID-19 que assolou o mundo a partir de 2020, causando a quebra das cadeias

globais de valor, alterações no comportamento do consumidor e na dinâmica de negócios

internacionais. Para o objetivo proposto, a metodologia utilizada foi a pesquisa-ação, pela

análise qualitativa exploratória apoiada por pesquisa bibliográfica e estudo de casos, no intuito

de se reconhecer a existência de peculiaridades e tendências que norteiam ou que possam vir a

nortear as ações de instituições com missões similares. Como resultado, pôde-se verificar o

fortalecimento do comércio digital, plataformas multinegociais e novas formas de incentivo

para apoiar as empresas nacionais em um momento de transição disruptiva nas práticas de

negócios internacionais.

Palavras-chave:
Promoção comercial, negócios internacionais, exportações, internacionalização, pandemia.
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ABSTRACT

This article aims to shed light on international trade promotion, from the emergence of the

concept of this complex of activities, to the way it is currently carried out by trade promotion

agencies in the present. Ultimately, the aim is to identify how some national trade promotion

agencies work, notably in Brazil, Japan and Portugal, and to understand how these agencies

reacted to the impact caused by the COVID-19 pandemic that devastated the world from 2020

on, causing the breakdown of global value chains, changes in consumer behavior and

international business dynamics. For the proposed objective, the methodology used was action-

research, through exploratory qualitative analysis, supported by bibliographical research and

case studies, in order to recognize the existence of peculiarities and trends that guide or that

may come to guide the actions of institutions with similar missions. As a result, it was possible

to verify the strengthening of digital commerce, multi-business platforms and new forms of

incentive to support national companies in a moment of disruptive transition in international

business practices.

Keywords:
Trade promotion, international business, exports, internationalization, pandemic.
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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Contribuição das exportações para o PIB do Brasil

FIGURA 2 - Evolução da Estruturação da JETRO

FIGURA 2 – Quadro Comparativo de Atributos Básicos da Agências Pesquisadas

FIGURA 3 – Quadro comparativo de produtos e serviços das Agências pesquisadas


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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 7
1.1. OBJETIVOS ................................................................................................................. 8
1.2. JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 8
2. METODOLOGIA......................................................................................................... 9
3. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 12
3.1. O PAPEL DA PROMOÇÃO COMERCIAL INTERNACIONAL ....................... 12
3.1.1. Contexto histórico .................................................................................................................. 12
3.1.2. Conceito de Promoção Comercial ......................................................................................... 17
3.1.3. Os atores públicos e privados de promoção comercial ........................................................ 19
3.2. AS AGÊNCIAS DE PROMOÇÃO COMERCIAL ................................................. 23
3.2.1. Histórico e justificativa para a criação das agências de promoção comercial
internacional ...................................................................................................................................... 23
3.3. EIXOS DE ATUAÇÃO DAS AGÊNCIAS .................................................................. 26
4. LEVANTAMENTO REFERENTE ÀS TRÊS AGÊNCIAS PESQUISADAS .... 30
4.1. PERFIL DAS AGÊNCIAS ............................................................................................. 30
4.1.1. A ApexBrasil ...................................................................................................................... 30
4.1.2. A JETRO – Japan External Trade Organisation .............................................................. 31
4.1.3. Perfil da AICEP PORTUGAL GLOBAL ........................................................................ 32
4.2. AÇÕES DESENVOLVIDAS PELAS AGÊNCIAS ........................................................... 34
4.2.1. Ações da ApexBrasil .................................................................................................... 34
4.2.2. Ações da JETRO .......................................................................................................... 37
4.2.3 Ações da AICEP PORTUGAL GLOBAL .................................................................... 39
5. ANÁLISE DOS RESULTADOS DA ATUAÇÃO DAS AGÊNCIAS PARA AS
EMPRESAS APOIADAS E PARA O PAÍS ...................................................................... 43
5.1. Resultados da atuação da ApexBrasil ............................................................................. 43
5.2. Resultados de atuação da JETRO ............................................................................................. 44
5.3. Resultados da atuação da AICEP Portugal Global .................................................................. 45
5.4. REAÇÃO DAS AGÊNCIAS DE PROMOÇÃO COMERCIAL AOS DESAFIOS
COLOCADOS A PARTIR DA PANDEMIA DE COVID-19 .......................................... 46
5.4.1. A reação da ApexBrasil ............................................................................................... 46
5.4.2 A reação da JETRO ....................................................................................................... 49
5.4.3. A Reação da AICEP PORTUGAL GLOBAL ............................................................. 51
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 52
7. REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 54
8. FIGURAS .................................................................................................................... 59
8.1. FIGURA 1 – Contribuição das Exportações para o PIB brasileiro........................................59
8.2. FIGURA 2 - Evolução da estruturação da JETRO .................................................................. 60
8.3. FIGURA 3 - Quadro comparativo de atributos básicos das Agências pesquisadas .............. 61
8.4. FIGURA 4 – Quadro comparativo de produtos e serviços das Agências pesquisadas ......... 62
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1. INTRODUÇÃO

Qualquer empresa que busque internacionalizar-se, seja exportando ou expandindo suas

operações para além do mercado nacional, tem nas agências de promoção de exportações nacionais

um forte aliado para apoiá-la no conhecimento de processos, mercados, regulamentações, canais de

venda, ambiente de negócios internacionais, etc., além de acesso gratuito ou subsidiado a diversos

serviços de suporte para facilitar seu acesso aos mercados externos. Este estudo propõe-se a

responder às seguintes perguntas: O que são essas entidades? Em que contexto atuam? O que

fazem? Quem atendem? Qual é o impacto de suas práticas? E com a pandemia, algo mudou? Ao

responder estas perguntas e contextualizar o papel e a atuação das agências de promoção de

exportações, trazendo informações sobre seu perfil, suas boas práticas e resultados, elucida-se a

relevância desses entes para o comércio internacional; ao passo que a análise de sua atuação, não

apenas no cenário pré-pandemia de COVID-19 como também a partir da pandemia, permite

compreender o modo de reação das agências às mudanças no cenário da promoção comercial

internacional a partir de 2020.

Este estudo se divide em quatro partes: na primeira, investiga-se o papel da promoção

comercial para os países, partindo do contexto histórico do qual derivou a criação das agências, até

uma análise do papel dos atores intervenientes na promoção de exportações. Na segunda, parte-se

para a revisão da literatura sobre o que são as agências de promoção comercial e quais são seus

eixos de atuação e impacto, para então detalhar o perfil das três agências pesquisadas, suas

atividades e resultados. Na terceira parte, são trazidas informações sobre a atuação de cada agência,

seu perfil, ações, resultados, e na quarta e última parte, faz-se uma análise do cenário de pandemia

de COVID-21, as mudanças geradas na conjuntura mundial e nos negócios internacionais a partir

de 2020, e as ações das agências em resposta aos desafios trazidos pelas mudanças globais. Por fim,

são levantadas perspectivas para a atuação das agências de promoção comercial para os novos

tempos que se apresentaram na segunda década dos anos 2000.


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1.1. OBJETIVOS

Este estudo tem por objetivo geral apresentar um estudo sobre a promoção comercial

internacional, desde o surgimento do conceito deste complexo de atividades, até a forma como

é realizado pelas agências de promoção comercial no presente.

Entre os objetivos específicos deste estudo, se encontram: identificar na literatura estudos

sobre a promoção de exportações executada pelas agências nacionais; identificar na literatura

como a promoção influencia o processo de internacionalização das empresas; identificar

práticas de ações de promoção internacional ofertadas para as empresas nacionais em apoio a

seu processo de internacionalização; identificar as estratégias utilizadas pelas agências para

atração de investimentos para o país e, por fim, analisar as atividades das agências em resposta

à pandemia de COVID-19.

1.2. JUSTIFICATIVA

A justificativa deste estudo, além da contribuição para a academia, é propiciar uma visão

da relevância do trabalho das agências de promoção comercial, sua contribuição para o comércio

exterior, como atuam em prol da internacionalização das empresas nacionais, e os resultados

alcançados.

Adicionalmente, o estudo comparativo das práticas das agências pesquisadas poderá

fornecer insumos para um maior conhecimento e entendimento da atuação delas, para a

identificação de tendências e modus operandi.


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2. METODOLOGIA

A metodologia utilizada incluiu uma revisão da literatura para embasamento teórico e

realização de uma pesquisa-ação de caráter qualitativo por meio de análise exploratória de

documentos e publicações, observação direta de práticas das agências, além de entrevistas

semiestruturadas com analistas de negócios da ApexBrasil e gerente da JETRO, a fim de buscar

informações sobre o funcionamento dessas agências, seus resultados e ações pós-pandemia. No

caso da AICEP Portugal Global, os dados foram coletados mediante análise exploratória. As

entrevistas semiestruturadas foram realizadas de acordo com o seguinte roteiro de perguntas:

1. Quais são as características das agências pesquisadas: estrutura, objetivos, serviços?

2. Quem são os públicos-alvo das ações de promoção comercial?

3. Quais são práticas/ações de promoção adotadas pelas Agências de Promoção

Comercial?

4. Quais são implicações das ações de promoção nos resultados das empresas apoiadas

pelas agências?

5. Quais foram as medidas/inovações adotadas pelas agências face à pandemia de

COVID-19?

Engel(2000) já postulava que a pesquisa-ação é uma metodologia que procura unir a

pesquisa à ação ou prática, isto é, desenvolver o conhecimento e a compreensão como parte da

prática, sendo, portanto, uma maneira de se fazer pesquisa em situações em que também se é

uma pessoa da prática e se deseja melhorar a compreensão desta. No caso do presente estudo,

em que a autora atua em uma instituição que é foco desta investigação, este método fez todo o

sentido, já que se buscou trazer reflexões e informações da prática do mercado para a análise

acadêmica. Nesse sentido, Koerich et al. (2009), corrobora a definição de Engels(2000), de que

a pesquisa-ação é um tipo de pesquisa interpretativa que abarca um processo metodológico

empírico, compreendendo a identificação do problema dentro de um contexto social e/ou


10

institucional, o levantamento de dados relativos ao problema, à análise e significação dos dados

levantados pelos participantes, a identificação da necessidade de mudança, o levantamento de

possíveis soluções e por fim, a intervenção e/ou ação propriamente dita no sentido de aliar pesquisa

e ação, simultaneamente.

As respostas das entrevistas realizadas e da revisão bibliográfica e documental compuseram o

conteúdo apresentado nos capítulos deste estudo, bem como o das figuras, onde se pode verificar

um comparativo de atributos gerais das agências, seus produtos e serviços. As informações

coletadas serviram de base para um melhor entendimento da atuação desses entes, e a compreensão

dos achados teóricos e a aplicabilidade do trabalho das agências em aspectos conjunturais.

As três agências-alvo deste estudo multicasos foram a ApexBrasil, a JETRO e a AICEP

Portugal Global. A escolha desses países se justifica pelas seguintes razões:

1) Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil):

Agência reconhecida mundialmente por boas práticas, tanto de promoção de exportações

como de atração de investimentos, por meio de premiações a ela conferidas pelo

International Trade Centre (2010) e UNCTAD (2022). Pela importância do Brasil como

grande player no mercado internacional de diversos setores, cabe analisar neste estudo

como a ApexBrasil vem atuando e suas perspectivas a partir da pandemia;

2) Japan External Trade Organization (JETRO): Agência que vem atuando com

excelência em diversas iniciativas para a promoção comercial de micro e pequenas

empresas, bem como para a atração de investimentos para startups, além de manter um

instituto para estudos sobre mercados e comércio externo. A JETRO possui uma ampla

rede de representação internacional e é uma referência no cenário asiático, com iniciativas

de destaque.

3) AICEP Portugal Global: Agência que vem acumulando excelentes resultados, mesmo

em meio ao conturbado cenário de pandemia, e que tem tido êxito em promover Portugal
11

como porta de entrada para o mercado europeu. Além de atuar tanto na promoção de

exportações como na atração de investimentos, também mantém uma subsidiária que

realiza a gestão de parques tecnológicos e industriais (AICEP Global Parques), a qual

contribui para a facilitação de investimentos no país.


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3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1. O PAPEL DA PROMOÇÃO COMERCIAL INTERNACIONAL

3.1.1. Contexto histórico

O comércio exterior sempre esteve, desde os mais remotos tempos, alicerçado na

divulgação de produtos e serviços para fins negociais, em locais com grande confluência de

compradores e vendedores, os quais expunham e vendiam suas mercadorias sob argumentos de

vantagens competitivas ou inovações nos setores mais diversos. Nas rotas mercantis inauguradas

desde a antiguidade, verificou-se o crescimento econômico de diversos povos, que a partir do

intercâmbio comercial prosperaram materialmente e intelectualmente. Esse intercâmbio também

foi propício à divulgação de técnicas e culturas avançadas.

No século XX, a industrialização dos países trouxe a empresa para o centro da economia,

fazendo com que as empresas mais avançadas em processos industriais passassem a despontar no

cenário econômico mundial. O desenvolvimento econômico de uma nação passa necessariamente

pelo aumento da produtividade e competitividade de suas empresas – fator-chave no jogo de poder

e na prosperidade nacional (UNCTAD, 2008; IPEA, 2012), e nesse sentido, desde a década de

1930, as políticas econômicas dos países têm buscado o impulsionamento da criação de empregos,

atração de investimentos e fortalecimento de setores produtivos.

Os governos logo perceberam que o dinamismo das economias nacionais num contexto de

competição e integração está mais focado nas empresas do que nos países (König, 2016, apud

Porter,1989; Krugman, 1996; Dunning, 2003) e que a capacidade do Estado em catalisar esforços

para o incremento da competitividade das empresas beneficia o país e, consequentemente, sua

posição no cenário econômico global. Durante o século XX, e principalmente a partir de suas duas
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últimas décadas, o mundo vivenciou mudanças radicais, culturais e tecnológicas, que marcaram o

ambiente de negócios das nações em si e do mundo, com o fenômeno da globalização impulsionada

pela comunicação via Internet, facilitando negócios e gerando um novo cenário econômico de

dimensões globais.

O comércio exterior, teve uma evolução contínua e exponencial, adquirindo novos contornos,

à medida em que as agendas internacionais e os movimentos de integração comercial foram

moldados pelos interesses comuns, ou pela conciliação de interesses divergentes por meio da

negociação de acordos comerciais. A tecnologia e a logística avançaram substancialmente, bem

como a digitalização de serviços e negócios em rede.

Buckley (2002) divide a evolução das agendas globais de internacionalização em 3 grandes

períodos:

1) Do Pós-2ª Guerra Mundial até os anos 1970: Nesse período, o foco da internacionalização

deu-se por meio dos fluxos de investimento americano na Europa e gestão de investimentos no

exterior. Nesse primeiro período - em virtude do próprio cenário pós-guerra, durante o qual os

Estados Unidos, com o Plano Marshall, investiram na Europa e no Japão - inicia-se uma era em que

o capitalismo e o investimento estrangeiro direto se consolidaram, e foi necessário compreender as

implicações da gestão desses investimentos, até a própria fase de desinvestimento.

2) De 1970 a 1990: surgem temas como Teoria das Empresas Multinacionais (organização e

estratégias), Estratégias de Atuação em Mercados Externos, Integração Econômica Mundial e

participação de pequenas empresas em negócios internacionais. As multinacionais despontam

como grandes players globais, âncoras de diversos setores econômicos, a integração econômica

entre países passa a ser discutida, pois o dinamismo das trocas comerciais entre países, ou intrafirma

exigiu a adoção de mecanismos de facilitação comercial que tornassem o fluxo de bens e serviços

o mais conveniente possível.


14

3) De meados dos anos 1980 aos anos 2000: A internacionalização foi impulsionada em um

novo contexto econômico em que a Internet e o advento da digitalização de processos e serviços

mudou o cenário dos negócios internacionais. Já em meados dos anos 1980, que o tema

“globalização” passou a ser discutido, culminando com o advento das “cadeias globais de valor” a

partir dos anos 1990. Isto foi bastante motivado pelas teorias de gestão de empresas multinacionais,

as quais preconizavam a distribuição de segmentos produtivos de uma mesma cadeia em diversas

localizações do globo por uma empresa, utilizando fornecedores em diferentes países em função de

custo-benefício operacional (outsourcing). Nas palavras de Buckley:

“The rise of the has global economy been an important element in the
international business since the agenda since the 1980s. The sporadic,
unplanned, externally driven approaches to international strategic
planning needed to be superseded by more formal models of global
strategy and the myriad ways of doing international business,
particularly strategic alliances and international Joint ventures, had to
be captured by a holistic theoretical approach.” (Buckley, 2002, p. 368)

No terceiro período, a revolução tecnológica que se iniciou com o advento da Internet e

comunicação móvel no início dos anos 1990 foi um desdobramento do avanço, não só da ciência,

mas também da necessidade de integração mundial. No final dos anos 1990, mesmo pequenas e

médias empresas, antes à margem do comércio internacional, passaram a ter à disposição canais de

divulgação de seus bens e serviços ao mundo, o que lhes abriu novas frentes comerciais.

Os anos 2000 consolidaram a digitalização dos negócios internacionais, para vendas tanto na

modalidade B2B1 como B2C2 ou B2B2C3, utilizando as plataformas globais de e-commerce,

gerando, portanto, uma interligação logística cada vez maior das cadeias de valor. Nas duas

primeiras décadas do século XXI, presenciamos uma tendência à inovação em negócios

1
Business to business: vendas de empresa para empresa
2
Business to consumer: venda direta ao consumidor
3
Business to business to consumer: vendas diretas por meio de plataforma de e-commerce, utilizando múltiplos
fornecedores
15

internacionais também em plataformas digitais, o crescente uso das redes sociais para negócios, o

avanço da China como potência tecnoindustrial.

4) Conjuntura global a partir de 2020:

A persistente pandemia de COVID-19, com as interrupções relacionadas à cadeia de

suprimentos, contribuiu para o enfraquecimento das perspectivas econômicas globais. Em meio

a esse cenário está a promoção comercial, como instrumento de facilitação de negócios

internacionais, contribuindo para a construção de relacionamentos entre compradores e vendedores

de diferentes geografias.

As respostas políticas apropriadas diferem entre os países, refletindo suas circunstâncias

locais, suas perspectivas de inflação e crescimento e diferenças nas vulnerabilidades comerciais

e financeiras. Para a maioria das economias, considera-se que políticas monetárias e fiscais

mais rígidas são necessárias para reduzir a inflação de forma duradoura. Ao mesmo tempo,

enfatiza-se que essas políticas devem ser acompanhadas de reformas estruturais que melhorem

a produtividade, expandam a capacidade econômica e aliviem as restrições do lado da oferta.

Muitos mercados emergentes e economias em desenvolvimento (EMDEs) enfrentam

escolhas políticas mais difíceis, como preços mais altos de alimentos e combustíveis, a

necessidade de apoiar a recuperação e as populações vulneráveis; os custos crescentes de

financiamento do mercado devido a condições financeiras globais mais rígidas e a valorização

do dólar americano, como forças em direções diferentes, sinalizando um equilíbrio difícil. Tudo

isso afeta sobremaneira as relações comerciais internacionais, favorecendo um maior

protecionismo dos países, receosos da concorrência com suas indústrias locais, já abaladas pelo

cenário de recessão.

As previsões do Fundo Monetário Internacional apontam para uma desaceleração do

crescimento global, de 6,0% em 2021 para 3,2% em 2022 e 2,7% em 2023. Este é o perfil de

crescimento mais fraco desde 2001, exceto pela crise financeira global e a fase aguda da
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pandemia de COVID-19 e reflete desacelerações significativas para as maiores economias: uma

contração do PIB dos EUA no primeiro semestre de 2022, uma contração na área do euro no

segundo semestre de 2022 e surtos prolongados de COVID-19 e bloqueios na China com uma

crescente crise no setor imobiliário. Espera-se que a inflação global suba de 4,7 por cento em

2021 para 8,8 por cento em 2022, mas caia para 6,5 por cento em 2023 e para 4,1 por cento em

2024. Surpresas de alta na inflação foram mais comuns entre as economias avançadas, com

maior variabilidade nos mercados emergentes e em países em desenvolvimento. (World

Economic Outlook, FMI, 2022)

O crescimento do comércio global está diminuindo acentuadamente: de 10,1% em 2021

para 4,3% projetados em 2022 e 2,5% em 2023. Esse é um crescimento maior do que em 2019,

quando o aumento das barreiras comerciais restringiu o comércio global e durante a crise do

COVID-19 em 2020, mas bem abaixo da média histórica (4,6% para 2000–21 e 5,4% para

1970–2021). A desaceleração, que é 0,7 ponto percentual mais acentuada do que a projetada

para 2023.

As empresas navegam em um ambiente altamente incerto. Embora a inflação seja cada

vez mais importante, as empresas ainda veem a COVID-19 como o risco dominante. O alto

número contínuo de menções ao COVID-19 nas divulgações de resultados das empresas pode

refletir o efeito prolongado da pandemia nos mercados de trabalho e nas cadeias de suprimentos.

O crescimento da economia mundial deverá ser em 2023 de 2,2 por cento, uma redução

face aos 2,5 por cento previstos para 2022, segundo o relatório anual da Conferência das Nações

Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). Esta previsão aponta para um cenário

de recessão, com o PIB mundial abaixo do que se verificava antes da pandemia. Nas economias

mais desenvolvidas o crescimento deve situar-se abaixo dos 3 por cento.

Somou-se à já crítica conjuntura pandêmica, que começou a recrudescer em 2021, a

Guerra na Ucrânia, que além de provocar a queda nos índices de confiança dos consumidores
17

e dos investidores, levou à desaceleração da economia global e desencadeou um aumento da

alavancagem, em grande parte impulsionada pelos preços da energia e pela depreciação das

taxas de câmbio que aumentaram o preço das internacionais (Relatório de Comércio e

Desenvolvimento 2022 – Perspectivas de desenvolvimento em um mundo fraturado: Desordem

global e respostas regionais – UNCTAD, Outubro de 2022).

Se, por um lado, o comércio exterior foi abalado com a descontinuidade dos fluxos de

comércio dentro das cadeias globais de valor devido à pandemia, ocorre que, no período de

2020 até 2021, principalmente, vimos uma retomada do comércio de 2021 a 2022, ainda que

tímida, porém que explica os bons resultados de exportações que muitos países experimentaram

após a reabertura das fronteiras e restabelecimento da convivência social em virtude da

vacinação em massa.

Economistas estimaram que a inflação deverá aumentar de 4,7 por cento em 2021 para

8,8 por cento em 2022, registando-se depois uma descida para 6,5 por cento em 2023 e 4,1 por

cento em 2025, de acordo com 36 em 2022 e de apenas 2,2 por cento no próximo ano, em linha

com as previsões da UNCTAD e um pouco abaixo da percentagem estimada pelo FMI, o que

significa um PIB global de menos 2,8 biliões de dólares em 2023 do que se previa em dezembro,

antes do início da guerra. A inflação atingiu em muitos países, na primeira metade do ano, os

valores mais elevados desde a década de 1980. De acordo com a OCDE, a subida generalizada

dos preços em nível global saiu dos 8,2% em 2022 para 6,6% em 2023, sendo menos elevada

nas economias do G20 – 6,2% e 4%.

3.1.2. Conceito de Promoção Comercial

A promoção comercial é um conjunto de atividades voltadas para a divulgação das

vantagens de produtos e serviços de um ou mais setores, porém pode adquirir contornos mais
18

abrangentes quando realizada em conjunto por várias empresas, sob um mesmo branding4,

apresentando um leque de opções aos consumidores, sejam eles corporativos ou pessoas físicas.

A promoção comercial internacional é sinônimo de promoção de exportações, já que bens

e serviços são comercializados entre países distintos, sujeitos a todos os mecanismos regulatórios e

acordos comerciais que regem as relações internacionais.

A competitividade internacional de um país é o foco de sua política comercial, e neste ponto,

tanto o governo como o setor privado convergem em interesses comuns: os governos buscam

melhorar seus termos de troca, o que reverte em promoção de sua imagem no mercado

internacional; as empresas, ao darem um passo em direção à sua internacionalização, conquistam

clientes estrangeiros e abrem espaço para a inserção de seus produtos e serviços em novos

mercados, gerando divisas. Assim, pode-se dizer que a promoção de exportações gera impactos

tanto de imagem, como econômicos, que são indubitavelmente positivos em algum grau.

Para Campos (2021), no nível macroeconômico, a exportação é um dos principais meios

de aumentar o crescimento econômico, bem como o bem-estar da sociedade. Sendo uma fonte de

aquisição de divisas, ela é capaz de: i) financiar as importações, levando a maiores possibilidades

de escolha e consumo; ii) aumentar as reservas cambiais, incorrendo em menores problemas no

balanço de pagamentos; e iii) contribuir para potencial aumento na geração de empregos. No nível

micro, as empresas exportadoras podem se beneficiar de economias de escala, melhor utilização

dos recursos, diversificação dos produtos e dos destinos, aumento de produtividade, inovação e

competitividade e absorção de tecnologias.

No estudo conduzido por Lederman et al. (2006), sobre o impacto das agências de

promoção de exportações existentes e suas estratégias, com base em um novo conjunto de dados

cobrindo 104 países em desenvolvimento e desenvolvidos, verificou-se que, em média, essas

organizações têm um impacto forte e estatisticamente significativo nas exportações. Para cada US$

4estratégia de gestão da marca, envolvendo todas as ações que tem por objetivo torná-la mais forte e mais presente
no mercado, sendo reconhecida pelo público, admirada e desejada por aquilo que oferece. (Patel, 2020)
19

1 de promoção de exportações, estimamos um aumento de US$ 300 nas exportações. No entanto,

há heterogeneidade entre regiões, níveis de desenvolvimento e tipos de instrumentos. A América

Latina é a região onde o orçamento de promoção de exportações parece ter o maior impacto nas

exportações, e as diferenças com outras regiões são estatisticamente significativas.

3.1.3. Os atores públicos e privados de promoção comercial

A promoção de exportações, como atividade relevante para a visibilidade do país como

competidor nos mercados internacionais, envolve uma série de atores, tanto públicos como

privados. As políticas governamentais de comércio exterior balizam o desenvolvimento de ações

de promoção comercial, e a dinâmica dos mercados determina o foco dos resultados almejados.

Em alguns países, a promoção comercial, ou de negócios, ainda é conduzida somente pelo

governo, seja por meio de órgãos criados para tal fim ou por meio de embaixadas, enquanto em

outros, os governos criaram entidades com mandato governamental, porém financiadas no todo ou

em parte pelo setor privado. O caso mais raro é o de agências totalmente financiadas pelo setor

privado. Isto porque os governos têm interesse em estimular os setores produtivos e também porque

agências totalmente geridas pelo setor privado podem ser afetadas pela assimetria de informações

dentro de um contexto de competição entre pares, algo difícil de se gerir. Segundo Lederman et al.

(2006):

“A justificativa econômica para o envolvimento do governo na promoção das


exportações é baseada na teoria da informação assimétrica e outras falhas
de mercado. Existem externalidades importantes associados à coleta de
informações de mercado externo relacionadas às preferências do
consumidor, oportunidades de negócios, requisitos técnicos e de qualidade,
etc. As empresas privadas sozinhas não fornecem informações de mercado
externo, pois as empresas hesitam em incorrer em custos de pesquisa e
marketing que também podem beneficiar os concorrentes. O mesmo se aplica
aos exportadores pioneiros, que fazem um investimento considerável em
tentativas de abertura de mercados estrangeiros, cultivando contatos,
estabelecendo cadeias de distribuição e outras atividades caras que podem
ser usadas por seus rivais.” (Lederman et al., 2006, p. 2, apud Hausmann e
Rodrigues, 2003)
20

Os atores da promoção de exportações, tanto em âmbito governamental como privado

podem ser diversos, porém todos tem um mesmo propósito: impulsionar a competitividade

nacional. Na visão de Campos (2021), o processo contínuo de globalização gera múltiplos desafios

e, em meio a um panorama internacional progressivamente desafiador e instável, a prosperidade

dos países depende fortemente de políticas estratégicas que possam ampliar as suas vantagens

econômicas; e as empresas, sobretudo, as pequenas e médias empresas (PMEs), dependem do apoio

do Estado para contornar as barreiras que enfrentam para a inserção de seus produtos no mercado

exterior. Portanto, a promoção de exportações desempenha um papel fundamental para essas

políticas, sendo imprescindível a sinergia entre o Estado e a agência de promoção de exportações

(APE).

O governo lidera as negociações de acordos internacionais e regulamentações tanto internas

como externas, de extrema importância para a facilitação do comércio internacional. Campos

(2020) classificou a relação entre a APE e o governo como uma via de mão dupla: por um lado,

para colocar em ação os programas de promoção de exportações, o Estado precisa da ajuda das

APEs; por outro, para que possam cumprir os seus objetivos, as APEs demandam que os governos

criem uma estrutura legal e implementem reformas favoráveis aos negócios internacionais.

A razão da existência de provisão pública de informação, inteligência e serviços de apoio à

promoção comercial às empresas em pleno século XXI decorre do fato de que há uma falha no

mercado – de informações e inteligência sobre canais de venda e distribuição internacional – que

merece ser corrigida com o apoio governamental. (Pinheiro, 2022)

No âmbito governamental, além dos órgãos indutores de desenvolvimento e relações

exteriores, há diversos atores que trabalham de forma coordenada, de acordo com o tema que se

relaciona com a promoção de exportações e investimentos. São eles: agências reguladoras, bancos

de desenvolvimento, instituições financeiras públicas, órgãos reguladores de comércio exterior,

governos estaduais e municipais, entre outros. A articulação da política de comércio exterior é


21

pautada pelo órgão federal, porém o setor privado realiza gestões junto ao governo para trazer à

pauta reivindicações de melhorias e/ou acordos que possam contribuir para sua competitividade

internacional. Assim, a construção da política de comércio exterior não é unilateral, mas sim um

trabalho em que todos os atores relevantes devem ser ouvidos e os entes governamentais, por sua

vez, definirão as bases regulatórias e eventuais incentivos e esforços de cooperação internacional

para a execução da política.

As agências de promoção de exportações e investimentos (APEIs), sejam elas de âmbito

nacional, estadual ou municipal, servem como pontes entre o setor público e o privado, pois têm

mandato alinhado com as políticas públicas, mas tem por missão atuar para aumentar a

competitividade das empresas nacionais e por isto estabelecem parcerias com entidades privadas

dos mais diversos setores para apoiar a promoção setorial internacional e atrair investidores,

buscando dessa forma impulsionar a competitividade das cadeias de valor e preencher lacunas

existentes.

As organizações de apoio empresarial do setor privado, além se posicionar como parte

interessada na política de comércio exterior, se organiza para concretizar negócios e/ou promover

diversos segmentos. Deste lado estão as associações de indústrias, federações, câmaras de

comércio, consultorias, e outros órgãos de apoio empresarial.

As federações e associações setoriais mapeiam lacunas de competitividade em diversos

segmentos e propõem ações práticas para favorecer o ganho de escala das exportações de seus

associados, sejam elas de articulação institucional ou de promoção comercial.

As câmaras de comércio identificam oportunidades de negócios e buscam conectar seus

associados com contrapartes de outras câmaras estrangeiras ou diretamente do mercado para ações

de negócios.

Os serviços de apoio empresarial a micro e pequenas empresas fornecem orientações e

qualificação para abertura de empresas e melhorias na gestão empresarial que possam favorecer a
22

entrada das MPEs no comércio internacional, estabelecendo parcerias com entidades que realizam

qualificação para exportações e promoção comercial propriamente dita, para que as MPEs mais

preparadas para avançar na internacionalização possam obter conhecimento e apoio específicos.

Na prática, há uma certa confusão com relação à promoção comercial, pois todos os atores

realizam missões, rodadas de negócios, participação em feiras, etc. de forma distinta, e sem uma

metodologia padronizada, o que leva a diferentes resultados para as empresas, num mesmo tipo de

ação.

Em tese, a complementariedade do trabalho dos setores público e privado na promoção

comercial seria o mais desejado, já que atuam com focos distintos num mesmo cenário. O

sombreamento das atividades de promoção comercial é prejudicial, pois todos os atores, realizando

a mesma atividade, podem gerar confusão no público-alvo das ações sobre quem faz o quê e a quem

recorrer. Por conseguinte, os compradores internacionais e investidores acabam estabelecendo

relações com quem acreditam que melhor atenderia seus requisitos, ainda que não tenham clareza

sobre as distinções do trabalho conduzido por uma ou outra organização.

Sem papéis bem delimitados nesse cenário, todos perdem, inclusive o cliente, que mesmo

recorrendo a um desses atores que o estejam atendendo bem, pode não obter exatamente o que

busca, pois cada um tem um foco distinto. As agências de promoção de exportações nacionais

possuem um amplo leque de apoio em diversas frentes, sendo, portanto, um catalisador de serviços

de apoio a negócios, inteligência comercial, atração de investimentos e de parcerias, tanto com o

setor público como o privado, fornecendo assim um suporte mais amplo, tanto à empresa nacional,

como ao comprador internacional e ao investidor, ao mesmo tempo em que direciona o cliente para

atendimento por parceiros específicos, caso necessário.

Cada um dos atores do cenário de promoção comercial internacional tem sua relevância

dentro da especificidade de sua missão. A cooperação entre todos esses atores favorece uma melhor

atenção ao cliente e, por consequência, a imagem do país e beneficiada. O desafio é o


23

estabelecimento de uma cooperação saudável e produtiva entre todos os atores, dentro de um escopo

onde os limites de atuação de cada organização estejam bem definidos, a fim de se estabelecer a

complementariedade de serviços oferecidos à sociedade e alavancar a jornada do setor privado no

mercado internacional de forma consistente.

3.2. AS AGÊNCIAS DE PROMOÇÃO COMERCIAL

3.2.1. Histórico e justificativa para a criação das agências de promoção comercial


internacional

A primeira agência de promoção de exportações foi criada em 1919 na Finlândia, e em meados

da década de 1960 este tipo de organizações se tornaram um instrumento muito popular para

impulsionar as exportações e reduzir os déficits comerciais, sob os auspícios do International Trade

Center (uma instituição multilateral conjunta UNCTAD-GATT).

Para alcançar o crescimento liderado pelas exportações, muitos países estabeleceram agências

de promoção de exportação (APEs) cujos objetivos são fornecer serviços de apoio à exportação,

como programa de treinamento de exportadores ou informações sobre financiamento comercial, e

combinar exportador e importador em potencial. Para Hayakawa et al. (2011), as atividades de

APEs governamentais e semi-governamentais podem ser justificadas por certas falhas de mercado.

Por exemplo, empresas domésticas podem não saber muito sobre mercados estrangeiros,

incluindo preferências de consumidores e redes de fornecedores no exterior. A exportação exige

ainda que as empresas tenham conhecimento suficiente sobre as condições de importação do país-

alvo. Embora o exportador pioneiro incorra em custos fixos ao adquirir informações, sua entrada

no mercado externo serve como um sinal para outras empresas nacionais – ou seja, exportar para

determinado país pode ser lucrativo. Portanto, as APEs capazes de fornecer informações sobre os

mercados estrangeiros às empresas domésticas de forma gratuita ou subsidiada facilitam a vida dos

exportadores e podem atuar como catalisadores no aumento das exportações.


24

Johanson & Vahline (1977) já consideravam a exportação como uma atividade complexa

afetada pela assimetria informacional. Os requisitos de informação associados à exportação são

importantes. Além das informações básicas acerca do processo de exportação de ponta a ponta,

canais de comercialização e requisitos aduaneiros, as empresas que buscam oportunidades

econômicas transfronteiriças devem se envolver em um processo de identificar potenciais parceiros

de troca (busca) e avaliar sua confiabilidade, pontualidade e capacidades de entrega (Rangan e

Lawrence, 1999). Assim, as assimetrias de informação dificultam para as empresas encontrar um

parceiro comercial adequado, ou seja, criam atritos de correspondência e essa informação

inadequada sobre oportunidades de comércio internacional pode dificultar as exportações (Rauch e

Casella, 2003; e Portes e Rei, 2005).

O comércio também pode ser afetado por externalidades tecnológicas. Quando essas

externalidades são significativas, também são os benefícios de ter produtos compatíveis (Katz &

Shapiro, 1986). Isso requer conhecer a tecnologia utilizada pelos produtos consumidos em

mercados estrangeiros direcionados para projetar bens que possam funcionar com eles. Mais

importante, a informação imperfeita é uma barreira de entrada especialmente severa para os países

em desenvolvimento, que, devido aos efeitos da reputação nacional, tendem a partir de uma posição

ainda menos favorável. A razão é que os compradores geralmente percebem os produtos de países

em desenvolvimento como menos avançados tecnologicamente e de pior qualidade do que aqueles

de países desenvolvidos (Martincus et al., 2007, apud Chiang e Masson, 1988; Hudson e Jones,

2003).

Nesse sentido, as agências de promoção de exportações auxiliam a empresa nacional a

entender como agregar valor ao seu produto para exportação, além de fornecer qualificação para

exportações à empresa que busca conhecer como exportar, requisitos, normas, canais e marketing

internacional, entre outros temas, também possuem, na maioria dos casos, vertentes de inteligência

comercial, ou seja, informações sobre mercados externos e, em última instância, identificam


25

potenciais compradores/investidores mais qualificados para realizar negócios com as empresas

nacionais e vice-versa, a fim de proporcionar uma maior efetividade dos negócios realizados com

seu apoio. Como bem pontuou Campos (2021):

“Ao se associarem à TPO5 de seu país, as empresas podem ser


diretamente beneficiadas pelo trabalho da organização,
contornando problemas como desconhecimento do mercado, falta
de inteligência comercial, treinamentos inadequados e, uma vez que
se tornam exportadoras, são indiretamente favorecidas ao
contornarem dificuldade que até então as impediam de expandir as
suas vendas para além das fronteiras, como tecnologias
ultrapassadas, marca sem identidade, custos fixos elevados, falta de
economias de escala, escassez de capital de giro, entre outras. Nesse
sentido, as TPOs ajudam as empresas por meio de: i) simplificação
e padronização das informações; ii) formulação de processos e
procedimentos que visam aproveitar as oportunidades e
impulsionar as exportações; iii) identificação de gargalos logísticos
associados ao comércio e regulações que barram a circulação de
mercadorias; iv) treinamento e suporte de negócios facilitando o
caminho para inovações, competitividade, diversificação e
integração em cadeias globais de valor; v) suporte para
participação em feiras, missões e eventos no exterior; e v) auxílio
para melhorias e adaptações dos produtos, entre outros.” (Campos,
2021, p. 12)

Os escritórios internacionais das APEs são também muito importantes para obter

informações de mercado na ponta, e serviços de consultoria customizados a um custo acessível às

empresas nacionais que buscam se inserir nos mercados-alvo cobertos por sua atuação. No estudo

realizado por Martincus et al. (2007), constatou-se que os escritórios externos das agências de

promoção de exportações parecem favorecer um aumento da margem extensa das exportações. Em

particular, contribuem para aumentar o número de bens mais complexos que são exportados. Por

outro lado, verificaram ainda que a presença de um maior número de representações diplomáticas

no país importador está associada a exportações de um maior número de bens homogêneos. Esses

achados têm uma explicação clara. Escritórios especializados e orientados para a exportação no

exterior podem ser mais eficazes para ajudar a melhorar os problemas de informação mais graves

5 Trade Promotion Organization, equivalente a agência de promoção de exportações


26

ligados à exportação de bens mais diferenciados. Embaixadas e consulados exercem funções mais

gerais e em muitos casos não possuem sequer uma seção comercial, portanto, não sendo instituições

promotoras de exportações específicas, são mais propensos a facilitar a exportação de produtos

homogêneos, cujo comércio enfrenta barreiras informacionais mais fracas e, portanto, têm menor

comercialização e requisitos de especialização.

A maior diferenciação dos produtos manufaturados em relação aos produtos não

manufaturados implica em um problema mais sério de assimetria de informação para os

exportadores de produtos manufaturados. (Hayakawa et al., 2011). Nesse sentido, estudos de

inteligência comercial, elaborados pelas APEs trazem visões da competitividade de setores de

produtos manufaturados em relação a outros países, importante para se determinar setores que

precisam ser promovidos com maior intensidade e em quais mercados.

3.3. EIXOS DE ATUAÇÃO DAS AGÊNCIAS

O objetivo das APEs é ajudar (potenciais) exportadores a encontrar mercados para seus

produtos, bem como proporcionar-lhes uma melhor compreensão dos produtos demandados em

diferentes mercados de exportação. Pode-se dividir os serviços oferecidos pelas APEs em quatro

grandes categorias:

1) Construção da imagem do país (publicidade, eventos promocionais, mas também ações

focadas de promoção de imagem, as quais exercem influência indireta sobre a percepção

do mercado internacional sobre os atributos e a qualidade dos produtos exportados pelo

país);

2) Serviços de apoio à exportação (treinamento de exportadores, assistência técnica,

capacitação, incluindo conformidade regulatória, informações sobre financiamento

comercial, logística, alfândega, embalagem, preços);


27

3) Marketing Internacional (feiras, missões de exportadores e importadores, serviços de

acompanhamento oferecidos por representantes no exterior); e

4) Pesquisas de mercado e Publicações sobre comércio exterior (informações gerais,

setoriais e em nível de empresa, como pesquisas de mercado, informações on-line sobre

mercados de exportação, informações regulatórias, publicações incentivando empresas a

exportar, bancos de dados de contatos de importadores e exportadores). (Lederman et al.,

2006)

Na visão de Grigoryan (2006), os esforços de promoção de exportações podem ser

diferenciados se a intenção é fornecer conhecimento informativo ou experiencial. O conhecimento

informativo normalmente é fornecido por meio de assistência sobre como exportar, workshops e

seminários, e o conhecimento experimental é transmitido por meio da organização de compradores

estrangeiros ou missões comerciais, feiras comerciais e de catálogos ou participação em pesquisas

de mercado internacionais. Para o autor, o conhecimento experiencial fornece à empresa uma

capacidade externa para lidar com as complexidades da exportação. Como tal, acredita-se que

os programas de promoção de exportação aumentam a competitividade de uma empresa em

comparação com os não-usuários desses serviços, aumentando o conhecimento e a competência

aplicados ao desenvolvimento do mercado de exportação. Além disso, a assistência à

exportação é geralmente fornecida gratuitamente ou a baixo custo, oferecendo um meio

econômico de adquirir conhecimento e experiência. Essa assistência também fornece um

estoque central para informações de mercado e leads de vendas, o que permite que a empresa

economize tempo e dinheiro. (Grigoryan, 2006)

Lederman (2006) ratifica a visão de Grigoryan (2006), ao concordar que os programas

de promoção de exportação permitem que uma empresa reduza os custos operacionais e se torne

mais lucrativa e, portanto, mais eficiente em suas atividades de exportação. Contudo, afirma

que os programas de promoção de exportação podem não culminar automaticamente em


28

vendas, pois as empresas devem se engajar em várias atividades, e de forma contínua, para

gerar vendas de exportação.

Portanto, não se espera que a promoção de exportações seja um determinante da eficácia

das empresas em termos de crescimento das vendas. Uma negociação confiável ou mesmo um

pedido de exportação seguro será ineficaz, por exemplo, se a empresa não tiver os requisitos de

capital de giro necessários para cumprir o pedido ou financiar o negócio. A assistência à

promoção de exportação pode ser necessária para as empresas competirem nos mercados

internacionais, mas não é suficiente, por si só, para o crescimento das vendas de exportação

(Seringhaus, 1986), uma vez que a concretização de negócios promovidos no exterior requer o

cumprimento dos acordos e o acompanhamento do relacionamento que se inicia com o

potencial comprador com a promoção; além da observância de requisitos e normas do país de

destino, tributação, logística, entre outros aspectos.

Além das assistências elencadas anteriormente por Lederman et al. (2006), grande parte

das agências de promoção de exportações também atua como agência de atração de

investimentos estrangeiros diretos para o país, tendo, assim, uma atuação mista, que não deixa

de ser de certa forma complementar, pois a atração de investimentos estrangeiros para o país

tem um spillover effect sobre o fortalecimento das cadeias de suprimento nacionais, nas quais

as empresas tendem a tornar-se fornecedoras, parceiras ou concorrentes.

Lima et al.(2021) estudaram o spillover effect dos investimentos estrangeiros diretos ao

analisar dados de 34 projetos greenfield com valores contratados acima de R$ 500 milhões,

construídos entre 2005 e 2018, e constataram efeitos positivos de spillover, em consonância

com os resultados empíricos que a literatura aponta para outros países.

Cientes da importância do investimento estrangeiro na geração de empregos e aumento

da competitividade industrial do país, todos os países dedicam-se a promover suas vantagens

competitivas locais e ambiente de negócios para potenciais investidores externos, seja por meio
29

de APEs que também atuam como agências de promoção de investimentos (APIs), ou, em

alguns casos, de forma separada, tendo uma agência apenas para promoção de exportações e

outra para promoção de investimentos.

No presente estudo, as três agências analisadas têm perfil misto, e, portanto, dedicam-

se ao atendimento de investidores estrangeiros, policy advocacy junto a órgãos nacionais para

a melhoria do ambiente de negócios, facilitação de investimentos pela intermediação do contato

de investidores com players locais, fornecimento de informações qualificadas sobre os setores

nacionais e localidades mais propícias à instalação, entre outros serviços ao investidor.


30

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1. PERFIL DAS AGÊNCIAS

4.1.1. A ApexBrasil

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) é uma

entidade sem fins lucrativos, de direito privado, interesse coletivo e utilidade pública, criada

com o objetivo de apoiar a implementação da política de promoção comercial de exportações,

pelo Decreto Presidencial nº 2.398, de 21 de novembro de 1997, no âmbito do Serviço

Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Em 5 de fevereiro de 2003, a

ApexBrasil foi instituída como entidade independente, na forma de Serviço Social Autônomo,

pelo Decreto Presidencial nº 4.584/2003, tendo sua atuação autorizada pela Medida Provisória

nº 106, de 22 de janeiro de 2003, a qual, em maio do mesmo ano foi convertida na Lei nº

10.668/2003. (ApexBrasil, 2022).

A Agência está vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior e tem 3 eixos de atuação principais: 1) Promoção das Exportações Brasileiras; 2)

Internacionalização das Empresas Brasileiras, e 3) Atração de Investimentos Estrangeiros

Diretos. Para dar suporte a esses 3 eixos, a ApexBrasil desenvolve estudos de inteligência

comercial estratégica e oferece ferramentas de qualificação empresarial para exportações, já

que a redução da assimetria informacional, já mencionada no capítulo anterior como fator

crítico e decisivo para o sucesso de uma empresa em sua internacionalização, pode ser aplacada

por ações que favoreçam a aquisição de informações de mercado e técnicas necessárias para o

desenvolvimento de negócios internacionais.

A ApexBrasil atua em parceria com atores públicos e privados na atração de

investimentos estrangeiros diretos (IED) para o Brasil, com foco em setores prioritários para o

desenvolvimento da competitividade das empresas brasileiras e da economia, contribuindo para


31

a geração de emprego e renda no país (ApexBrasil, 2022). A ApexBrasil é gerida por uma

Diretoria Executiva tripartite (Presidência, Diretoria de Negócios e Diretoria de Gestão

Corporativa) e supervisionada por um Conselho Deliberativo presidido pelo ministro das

Relações Exteriores, com membros de entidades públicas e privadas ligadas ao agronegócio,

indústria e serviços. Seu corpo técnico é composto por 363 funcionários, sendo 329 no Brasil e

34 no exterior. A ApexBrasil possui 5 Escritórios Regionais no Brasil e 9 no exterior, nas

cidades de Bogotá, Miami, San Francisco, Bruxelas, Moscou, Dubai, Pequim, Xangai e

Jerusalém. (ApexBrasil, 2021)

A ApexBrasil também atua em convênio com diversas instituições, tanto públicas como

privadas. No caso do setor privado, convênios com entidades representativas de 43 setores de

indústria e serviços da economia brasileira por meio de 49 projetos setoriais de promoção

comercial internacional configura-se na principal frente de atuação na vertente de promoção de

exportações da ApexBrasil, englobando 4.291 empresas apoiadas nesses projetos (29,1% do

total de empresas atendidas dentro do portifólio de produtos e serviços da agência), sendo que

destas, 2.397 são exportadoras (65% do total de exportadoras apoiadas). As empresas que

aderem ao projeto setorial têm acesso a informações de inteligência comercial, participação em

feiras e eventos de negócios a custo zero ou a um custo subsidiado, dependendo da ação e do

projeto, o que favorece enormemente a internacionalização, especialmente no caso das

empresas de pequeno e médio porte.

4.1.2. A JETRO – Japan External Trade Organisation

A JETRO, ou Organização de Comércio Exterior do Japão, é uma organização

relacionada ao governo japonês, através do METI (Ministry of Economy, Trade and Industry),

que trabalha para promover o comércio e o investimento mútuos entre o Japão e o resto do

mundo. Originalmente estabelecida em 1958 para promover as exportações japonesas no


32

exterior, a atuação da JETRO no século 21 foi ampliada para promover o investimento

estrangeiro direto no Japão e ajudar empresas japonesas de pequeno e médio porte a maximizar

seu potencial global de exportação.

Nesse meio tempo, as políticas de comércio e investimento do Japão passaram por

diversas mudanças, que podem ser sintetizadas conforme o quadro da Figura 1 deste estudo.

A estrutura organizacional da JETRO é composta por escritórios em Tóquio e Osaka

(primeira cidade-sede), pelo Instituto de Economias em Desenvolvimento (IDE), pelo Centro

de Promoção Internacional de Produtos Alimentícios Japoneses (JFOODO), além de 73

Escritórios Nacionais e 21 Internacionais. Esta estrutura é presidida por um Conselho de

Administração, pelo Presidente e pelo Vice-Presidente Executivo.

4.1.3. Perfil da AICEP PORTUGAL GLOBAL

Em Portugal, a promoção de exportações e atração de investimentos é realizada pela

Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), entidade pública

resultante da fusão entre a API (Agência de Promoção de Investimentos) e o ICEP (Instituto de

Comércio Externo de Portugal). A Agência é dedicada ao apoio à internacionalização das

empresas portuguesas e à captação de investimento estruturante para o país. (AICEP, Revista

Portugal Global, no, 158, p.4, 2022)

A AICEP é regida por um Conselho de Administração, um Conselho Fiscal e um

Conselho Consultivo, cujos membros são nomeados pelo Ministro de Estado, da Economia e

da Transição Digital, pelo Ministro de Estado e das Finanças e pelo Secretário de Estado da

Internacionalização. O Conselho de Administração e o Conselho Fiscal tem em sua estrutura

um presidente e três vogais executivos de livre nomeação. A AICEP também é submetida ao

escrutínio de um Revisor Oficial de Contas (ROC), titular e suplente, e de um Auditor Externo,

sendo todos estes, pessoas jurídicas de livre nomeação e reconhecida competência.


33

No que tange a suas políticas e objetivos, a AICEP tem foco em iniciativas agregadoras

de valor para Portugal, com impacto direto e positivo na Economia nacional, que sejam

competitivas internacionalmente e sustentáveis no tempo. Um diferencial desta agência é que

ela também gere a AICEP Global Parques, que administra parques tecnológicos em diferentes

regiões de Portugal.

A AICEP possui 2 sedes principais, nas cidades de Lisboa e Porto, e uma rede nacional

de atendimento ao exportador (as Lojas de Exportação), integradas à rede do IAPMEI (Agência

para a Competitividade e Inovação de Portugal), em 8 cidades: Lisboa, Porto, Aveiro, Braga,

Coimbra, Faro, Leiria e Viseu. Internacionalmente, a Agência conta com uma rede de

atendimento composta de 50 representantes externos, sendo 8 deles especializados na atração

de investimentos em mercados estratégicos. A rede externa é integrada com o Ministério dos

Negócios Estrangeiros de Portugal, e se posiciona como uma frente avançada na identificação

de novos negócios, mercados e potenciais investidores para o país. As Lojas da Exportação têm

como principal objetivo estratégico o alargamento da base exportadora nacional e inserem-se

numa política de descentralização dos serviços de apoio, dos grandes centros urbanos. As

empresas poderão encontrar nessas Lojas informação e esclarecimentos técnicos sobre produtos

e serviços de suporte à estratégia de abordagem aos mercados internacionais.

Percebe-se, pelo perfil de atuação da AICEP, que as parcerias com o IAPMEI e

Ministério dos Negócios Estrangeiros é vital para a condução das atividades correlatas à missão

da Agência, sendo portanto fundamental que entidades de promoção comercial, como a AICEP

e as demais agências já citadas, atuem em cooperação, tanto com o setor público como com o

setor privado, para a consecução dos objetivos de aumento da base exportadora, aumento do

volume de exportações, diversificação de setores, presença internacional, atração de

investimentos estrangeiros diretos e geração de empregos nacionais.


34

No quadro da Figura 2 deste estudo, estão descritos alguns atributos básicos do perfil

das três agências estudados, tais como: ano de criação, mandato (áreas de atuação), vinculação

governamental, número de escritórios, número de colaboradores, natureza jurídica, clientes-

alvo e setores-chave, para uma visualização mais prática da comparação entre elas.

As três agências possuem dentro de suas respectivas missões a Promoção de

Exportações, a Atração de Investimentos para o país e a Internacionalização de Empresas

(expansão internacional de empresas nacionais). A JETRO se diferencia por também apoiar o

desenvolvimento industrial de países em desenvolvimento, e a AICEP, pela atividade de gestão

de parques industriais em território português. Os setores-foco de cada país coincidem com os

principais setores produtivos de suas economias. Com relação ao número de escritórios, a

JETRO lidera, com 94 escritórios (73 nacionais e 21 internacionais), seguida pela AICEP, com

58 escritórios (8 nacionais e 50 internacionais) e pela APEXBRASIL, com 13 escritórios (5

nacionais e 8 internacionais).

4.2 AÇÕES DESENVOLVIDAS PELAS AGÊNCIAS

4.2.1. Ações da ApexBrasil

A ApexBrasil possui em seu portifólio mais de 40 produtos em cinco categorias: atração

de investimentos, promoção de exportações, inteligência comercial, expansão internacional e

qualificação empresarial. Os principais clientes da Agência são as empresas brasileiras,

compradores internacionais e investidores internacionais.

Em relação ao portifólio de produtos e serviços, destaca-se como carro-chefe a

organização de feiras internacionais, seguida de estudos e plataformas de inteligência

comercial, expansão internacional de empresas e startups e da qualificação para exportações.

A ApexBrasil dedica-se ainda à atração de investimentos estrangeiros diretos para o

Brasil, sejam eles produtivos (abertura de operações e filiais de empresas estrangeiras no país),
35

sejam de capital (aportes em fundos de investimento brasileiros e participação acionária em

empresas brasileiras).

Estão detalhadas abaixo as categorias citadas, destacando seus principais produtos e

serviços:

a) Qualificação Empresarial: Capacitação, consultoria e assessoria oferecidas com o

objetivo de incrementar a competitividade e promover a cultura exportadora nas

empresas, preparando as para os desafios do mercado Internacional. São exemplos de

produtos desta categoria:

• Oficinas de Competitividade: Workshops online e presenciais de capacitação em

diversos temas de comércio exterior em geral, cobrindo vários aspectos fundamentais que as

empresas precisam saber para exportar)

• Programa PEIEX: Assessoria customizada, prestada por técnicos extensionistas

recrutados por instituições de ensino e pesquisa ou entidades públicas e privadas ligadas ao

comércio exterior, com duração de 3 a 6 meses, na qual os empresários recebem apoio dos

técnicos para elaborar um Plano de Exportação baseado na realidade de gestão da empresa

atendida, para que possa incorporar às suas atividades comerciais a exportação. Ao final do

Programa, as empresas atendidas participam de rodadas de negócios com comerciais

exportadoras (1ª Ação de Exportação)

• Cursos e Seminários: A ApexBrasil oferece ao público diversos cursos e

seminários com foco em importantes aspectos a serem considerados pelos exportadores,

como marketing internacional, estratégia de internacionalização, análise de mercado, entre

outros.

b) Inteligência Comercial: Estudos e análises de mercados que visam orientar as

empresas e os parceiros em relação às melhores oportunidades para os seus negócios

internacionais. Nesta categoria estão: estudos por mercado, estudos por setor, painéis
36

georreferenciados de pesquisa de oportunidades de mercado e dados de comércio

exterior Brasil-mundo, perfil exportador e de investimentos dos estados brasileiros,

alertas regulatórios, alertas de compras governamentais, estudos e mapas de

investimentos. Todas as publicações e ferramentas estão disponíveis no website da

ApexBrasil (www.apexbrasil.com.br).

c) Expansão Internacional: Conjunto de serviços que visa orientar empresas e

parceiros na definição de estratégias para inserção e avanço no processo de abertura

de operações no exterior. Neste sentido, a ApexBrasil utiliza seu corpo técnico de

analistas de expansão internacional tanto da sede como dos Escritórios no Exterior,

que em conjunto fornecem atendimento customizado às demandas das empresas

interessadas em abrir operações ou filiais no exterior. Outro programa interessante

para startups que querem se instalar no exterior é o StartOut, que realiza missões

internacionais de startups para que conheçam o ambiente de negócios e de inovação

de outros países. A inserção de empresas brasileiras em cadeias globais de e-

commerce também é foco da atuação da Agência, por meio de mentorias e ações de

capacitação.

d) Promoção Comercial: Ações que têm como objetivo facilitar o acesso das empresas

brasileiras aos mercados internacionais, diversificar os destinos das exportações

brasileiras e melhorar a percepção internacional acerca das empresas, dos produtos e

dos serviços brasileiros. Os serviços dessa categoria possibilitam aos empresários o

contato direto com parceiros de negócios internacionais, que auxiliam na inserção

ativa e competitiva das empresas nacionais nos mercados estrangeiros. Dentre estas

ações estão: feiras no Brasil e no exterior, rodadas de negócios, missões empresariais,

missões de prospecção de mercado, visitas de compradores internacionais a empresas

brasileiras, entre outros eventos de negócios.


37

e) Atração de Investimentos Estrangeiros: Ações para promover e facilitar a atração

de investimentos estrangeiros diretos, com o objetivo de melhorar a imagem do Brasil

como um mercado atrativo para aportes de capital estrangeiro, promovendo o

desenvolvimento e a competitividade do país. O atendimento a investidores é

customizado, e a agência tem por premissa atuar de forma proativa com setores

prioritários para a economia brasileira, além de atender investidores com interesse no

Brasil, de todos os sosetores. A ApexBrasil atua ainda para a atração de investimentos

em participação, de fundos estrangeiros para fundos brasileiros, os quais por sua vez

investem em empresas brasileiras. As startups estrangeiras que tem interesse em

estabelecer presença no ecossistema de inovação brasileiro também encontram na

ApexBrasil todo o apoio que necessitam para seu processo de soft landing, por meio

do Programa Scale Up in Brasil. Este programa levou à premiação da ApexBrasil

como uma das 18 melhores agências de promoção de exportações e investimentos do

mundo pelo International Trade Centre, órgão vinculado à Organização Mundial do

Comércio (OMC) e à Conferência das Nações Unidas para o Comércio e

Desenvolvimento (UNCTAD).

4.2.2. Ações da JETRO

Em sua atuação, a JETRO possui as seguintes vertentes principais:

a) Atração de Investimentos: Na área de promoção de investimentos estrangeiros diretos

para o Japão, a JETRO tem foco na atração de projetos que utilizem novas tecnologias e

modelos de negócios, capazes de criar alto valor agregado ou contribuir para o aumento da

produtividade. A parceria da JETRO com governos locais prioriza a atração de firmas que

possam ajudar a revitalizar as economias regionais no Japão.


38

b) Internacionalização de empresas japonesas: nessa área, a JETRO vem apoiando a

expansão internacional de startups. Nesse sentido, foi criado o programa J-Startup em

2018, destinado a promover a participação de startups japonesas promissoras em eventos

ligados a ecossistemas de negócios pelo mundo, além de oferecer treinamentos

(“bootcamps”) e programas de mentoria.

c) Apoio às exportações de produtos agrícolas, florestais, pesqueiros, e alimentos: A

JETRO usa suas redes domésticas e internacionais para contribuir com as metas de

exportação do governo e estimular os produtores locais. Juntamente com o Japan Food

Overseas Promotion Center (JFOODO), que foi estabelecido em 2017, tem sido feito um

esforço nacional para expandir essas exportações em estreita cooperação com grupos de

exportadores e entes públicos relevantes. O trabalho do JFOODO para expandir as

exportações de comida japonesa, inclui: promoção comercial, marketing, comunicação,

eentos de gastronomia, etc. a partir da perspectiva dos consumidores locais com base em

informações locais, internet e diálogos entre os grupos da indústria local.

d) Apoio às exportações de micro e pequenas empresas (MPEs): A JETRO apoia o

desenvolvimento de canais de vendas e o estabelecimento de bases para pequenas e médias

empresas japonesas (PMEs) em mercados estrangeiros. A seleção de mercados prioriza

locais onde a expansão é esperada devido à forte demanda e cooperação econômica. Além

disso, a JETRO ajuda a agilizar as atividades das empresas que já atuam nesses mercados.

Para esse fim, é oferecido atendimento individualizado para essas empresas japonesas,

especialmente para MPEs, usando a estrutura do “Consórcio para uma Nova Nação

Exportadora” do Japão. Esse consórcio consiste num grupo de entes públicos e privados

que atuam no comércio exterior e, de forma coordenada, buscam facilitar as exportações

das MPEs.
39

e) Pesquisas e Análises: A JETRO realiza pesquisas e análises usando seus inúmeros pontos

fortes. Esses pontos fortes vêm de várias fontes. Elas incluem bases de dados domésticas e

estrangeiras; pesquisas de pessoal com conhecimento abundante de regiões e indústrias;

redes de governos locais, empresas, institutos de pesquisa e organizações internacionais, e

os estudos do Instituto de Economias em Desenvolvimento do JETRO (IDE-JETRO). As

pesquisas do IDE se concentram no apoio ao desenvolvimento econômico no Leste

Asiático e no fortalecimento dos laços econômicos entre o Japão e os países do Leste

Asiático. Baseando-se na experiência combinada de especialistas externos e na própria

equipe experiente do instituto - bem como realizando pesquisas de campo e pesquisas

conjuntas com instituições estrangeiras.

4.2.3 Ações da AICEP PORTUGAL GLOBAL

A AICEP busca dinamizar os negócios internacionais para o país, atuando nas frentes

de Atração de Investimentos e Internacionalização de empresas portuguesas, tendo por

objetivos: 1) Contribuir para a competitividade da economia portuguesa; 2) Contribuir para o

aumento do PIB – como efeito direto de investimentos estruturantes e dos fluxos de comércio

internacional; 3) Contribuir para a redução do déficit da Balança Comercial – pelo crescimento

das exportações e pela substituição de importações, e 4) Contribuir para a geração de emprego

– pelo efeito de suas atividades de promoção na manutenção, criação e qualificação de postos

de trabalho.

Assim como as demais Agências, a AICEP Portugal Global atua tanto com promoção

de exportações como com atração de investimentos. Na área de promoção de exportações,

merecem destaque as seguintes ações: Serviço customizado de identificação de oportunidades

de negócios internacionais e Seleção de potenciais compradores estrangeiros


40

Na área de Inteligência de Mercado, são disponibilizados estudos e publicações que

tem por objetivo auxiliar as empresas que desejam se internacionalizar. São eles:

a. Informações de mercado externo (perfil país)

b. Prospecção de mercados

c. Informação de produto em um mercado

d. Informação de E-Commerce nos mercados externos

e. Informação sobre E-Marketplaces

f. Informação de tendências de gestão e marketing

g. Guia Prático de acesso a mercados

h. Informação regulamentar

Na área de Capacitações, a AICEP Portugal Global criou a Academia AICEP,

plataforma que fornece cursos online de formação em comércio exterior e negócios

internacionais. Prepare a sua empresa para os desafios da internacionalização. São cursos e

ações de formação promovidos pela AICEP e por diversas entidades com projetos de

internacionalização.

Para apoiar as empresas nacionais na internacionalização, a AICEP desenvolve várias

ações de promoção de exportações, como: participação em feiras internacionais, missões

empresariais e visitas a Portugal de importadores e jornalistas.

Com relação ao E-Commerce, a AICEP disponibiliza o Programa Exportar Online, um

instrumento de apoio direto às empresas portuguesas que pretendem apostar na

internacionalização digital. Inclui produtos e serviços de informação, capacitação, consultoria,

seleção de marketplaces, e incentivos fiscais específicos do governo português para empresas

que realizem sua internacionalização por meio do e-commerce.

Outro importante serviço oferecido é a Consultoria por parte das representações da

AICEP no exterior (Como Vender Em...), que prestam apoio customizado às empresas
41

nacionais. Os tipos de consultoria oferecidos são: consultoria regulamentar; consultoria

estatística e consultoria de e-commerce, que fornece um plano individualizado para a empresa

passar a exportar através do e-commerce, com foco em três mercados.

Em cooperação com o governo português, a AICEP divulga e seleciona empresas

portuguesas interessadas em obter incentivos fiscais ofertados pelo governo português sobre

despesas incorridas em atividades de promoção comercial internacional. Nesse âmbito, estão

os seguintes incentivos: Incentivo Portugal 2020, Incentivo Temporário para Promoção Externa

e Incentivo para Internacionalização via E-commerce, este último no escopo do Plano de

Recuperação e Resiliência da União Europeia, o qual beneficiará 1500 empresas de 2022 a

2025, ofertando ajudas de custo de até 85.000 euros para despesas elegíveis.

Uma ação de formação interessante da AICEP é o Inov Contacto, Programa de estágios

no exterior para jovens estudantes portugueses, através de sua integração em projetos

internacionais de empresas portuguesas internacionalizadas.

Pela descrição dos portifólios de produtos e serviços das três agências pesquisadas,

percebe-se que todas as três coincidem nos eixos de atuação, com uma ou outra especificidade.

No caso da JETRO, pela atuação com promoção de importações para o Japão e com o Instituto

de Pesquisa IDE (Institute of Developing Economies), que se dedica à pesquisa acadêmica

aplicada sobre temas de comércio internacional e desenvolvimento regional. Já a AICEP

Portugal Global distingue-se pela atuação com a gestão de parques industriais, por meio de sua

subsidiária, a AICEP Global Parques, especialmente útil para a implantação de investimentos

produtivos em tecnologia para o país.

No Anexo 3 deste estudo, elaborado pela autora, encontra-se um quadro comparativo

dos portifólios de produtos e serviços das agências em questão, para melhor visualização das

atividades coincidentes ou não.


42

Uma das reflexões provocadas à primeira vista do quadro da Figura 3, é da

importância do trabalho das agências em diversas vertentes de apoio às empresas nacionais,

contribuindo efetivamente para sua internacionalização, já que para que os negócios

internacionais se concretizem faz-se necessário: preparação com qualificação empresarial

adequada, contato com comerciais exportadoras, agentes alfandegários, normas

internacionais de comércio exterior, conhecimento de requisitos técnicos, além de um

plano estratégico para conquistar clientes estrangeiros participando de missões

prospectivas e de negócios nos mercados-alvo, bem como feiras internacionais.

O papel das agências na promoção e atração de investimentos estrangeiros para o

país é fundamental, como entidades especializadas em facilitar o contato de investidores

estrangeiros com empresas nacionais, dar-lhes o entendimento do ambiente de negócios do

país, conduzir visitas de campo e até mesmo facilitar informações que possibilitem a

tomada de decisão de localização de indústrias e empreendimentos (site location). Com

ações direcionadas para investimentos em participação e corporate venturing6, promove-

se também investimentos em inovação e tecnologia para empresas e startups nacionais,

contribuindo com o desenvolvimento do ecossistema de inovação e promovendo

prosperidade para diversos setores.

6Investimentos de grandes empresas em startups que venham a agregar inovação a seus processos, produtos ou
serviços.
43

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS DA ATUAÇÃO DAS AGÊNCIAS


PARA AS EMPRESAS APOIADAS E PARA O PAÍS

5.1. Resultados da atuação da ApexBrasil

Em 2021, a ApexBrasil capacitou 10.343 empresas, das 14.741 apoiadas pela Agência

(53,4% MPEs), e dessas, 10.874 participaram de ações estruturantes com potencial para realizar

exportações. Das 3.660 empresas apoiadas que registraram exportações em 2021, 7,6% não

tinham exportado nos quatro anos anteriores. Entre os principais destinos das exportações das

empresas apoiadas, estão: China, Estados Unidos, Singapura, Holanda e Argentina.

As empresas exportadoras apoiadas pela ApexBrasil foram responsáveis, em 2021, por

37,5% da pauta exportadora brasileira, o que corresponde a 105,3 bilhões de dólares,

crescimento de 27% se comparado à performance do ano anterior. Registrou-se um crescimento

de 1,8% no total de apoiadas em relação a 2020, com a execução de projetos 15,4% superior ao

referido ano. Esses números demonstram recuperação consistente, tanto na capacidade de

operação da ApexBrasil, por meio de seus projetos, quanto nas exportações das empresas que

deles participam (ApexBrasil, 2021)

No que tange à atração de investimentos, em 2021 a Agência atuou na facilitação de 35

Projetos de Investimentos, com anúncios de, aproximadamente, US$ 13,8 bilhões. Todo o fluxo

de Investimento Estrangeiro Direto (IED) anunciado gerou uma expectativa de criação de

14.685 empregos nas indústrias que receberam esse investimento. No gráfico abaixo,

encontram-se os setores-alvo dos investimentos atraídos pela ApexBrasil. O setor de venture

capital e private equity (VCPE), ou seja, o de investimentos em participação (fundos) foram os

que mais receberam investimentos, seguidos pelos demais setores prioritários com os quais a

ApexBrasil trabalha (Infraestrutura, Petróleo e Gás, Energias Renováveis, Automotivo, Saúde)

e outros diversos.
44

Cabe ressaltar que a definição de setores prioritários para atração de investimentos é

realizada pelo direcionamento das políticas públicas do governo brasileiro, de acordo com suas

metas de desenvolvimento. Por isto, os setores prioritários podem variar ao longo do tempo,

dentro dos ciclos de planejamento estratégico plurianual definidos pela Agência.

Com relação à participação das exportações no PIB brasileiro, segundo economistas do

Bank of America, este índice vem crescendo de 2019 em diante, tendo atingido a cifra recorde

para a série histórica, de 35% do PIB, o que é altamente positivo, mas ainda há muito por fazer,

uma vez que a média deste índice na região da América Latina é de 53%. (Bloomberg Línea,

2022). Na Figura 1, mostrada no Capítulo 8 deste estudo, está ilustrada a contribuição das

exportações para o PIB do Brasil.

No cenário apresentado, o papel da ApexBrasil como impulsionadora de exportações

por meio da promoção comercial é fundamental, não somente para o aumento do volume das

exportações, como também para a diversificação da pauta exportadora, aumento de seu valor

agregado, e inclusão de novos exportadores no mercado internacional.

5.2. Resultados de atuação da JETRO

A JETRO tem atuação em dezenas de países, e em cada um deles, a Agência atua

fortemente no apoio às empresas japonesas presentes no mercado, como na prospecção de

oportunidades de investimentos para empresas que tem interesse em expandir sua presença

internacionalmente. Anualmente, a JETRO divulga boletins estatísticos, tanto sobre as

operações comerciais de empresas estrangeiras no Japão, como de empresas japonesas nessas

regiões. No período de 2019 a 2022, observou-se uma notória queda da internacionalização de

empresas de 2019 a 2021, movimento este que foi retomado a partir de 2021, com a abertura

das fronteiras em função da mitigação dos efeitos da pandemia de COVID-19.


45

A JETRO criou mecanismos de facilitação de negócios, como a plataforma online TTPP

(Trade Tie-Up Promotion Program), que funciona como uma vitrine de empresas japonesas e

permite a aproximação de empresas estrangeiras, que através da Internet buscam fazer

parcerias. Por exemplo, importadores que procuram por exportadores; investidores que

procuram por empresas dispostas a realizar joint-ventures.

Os resultados da atuação da JETRO estão muito atrelados ao desempenho de comércio

exterior e internacionalização de empresas em mercados externos, bem como fluxos de

investimento estrangeiro, tanto para o Japão como deste para outros mercados.

5.3. Resultados da atuação da AICEP Portugal Global

Na comemoração de seus 15 anos de existência em 2022, a AICEP contabilizou a

realização de 700 ações de capacitação realizadas junto de mais de 29 mil empresas, sendo que

em 2022 a Agência possuía uma carteira de 17 mil empresas atendidas por suas ações.

Na área de atração de investimentos, os resultados obtidos pela AICEP com a atração e

implantação de investimentos estrangeiros em Portugal atingiu o valor de 2,7 bilhões de euros

em 2021, o mais alto de todos os tempos. A Agência aposta no potencial de geração de

exportações que esses investimentos possuem e sua contribuição à pesquisa e desenvolvimento

a serem realizadas em território português, salientando o talento como o principal fator

competitivo de Portugal nessa área. Em 2022, até o mês de outubro, a AICEP já havia facilitado

um montante de o recorde na angariação de investimento em 2022, como indicam os dados até

outubro, o valor de investimento previsto era da ordem de 2,47 bilhões de euros, o que sinaliza

um novo recorde. Os maiores investidores são da Coreia, do Japão e dos Estados Unidos, ainda

que Espanha, Alemanha e França se mantenham no topo do ranking.

Sobre as exportações, seu peso no PIB português tem crescido continuamente – de 31%

em 2007, passou para 42% em 2021 e para mais de 49% em 2022. Para 2030, Portugal
46

estabeleceu uma meta de 53 por cento do PIB. O governo português atribui esta trajetória à

capacidade de resiliência e rápida adaptação das empresas portuguesas a novos contextos e a

reorientarem as suas exportações.

5.4. REAÇÃO DAS AGÊNCIAS DE PROMOÇÃO COMERCIAL AOS DESAFIOS


COLOCADOS A PARTIR DA PANDEMIA DE COVID-19

5.4.1. A reação da ApexBrasil

A pandemia de COVID-19 foi um grande baque para todos aqueles que trabalham com

promoção comercial internacional, uma vez que a maior parte das atividades negociais eram

desempenhadas de forma presencial (feiras, rodadas de negócio, encontros). Apesar de a

ApexBrasil já ter, antes de 2020, ações online, como cursos de capacitação e painéis de

inteligência comercial, as ações de negócios precisaram adquirir um novo modus operandi,

desta vez em formato online.

A primeira medida foi disponibilizar um painel de inteligência, o Painel COVID-19,

para auxiliar as empresas brasileiras e os formuladores de políticas públicas na identificação

dos eventuais impactos provocados pela pandemia no comércio exterior brasileiro. O painel foi

incluído em um hotsite específico para consulta pública que se propôs a apresentar a evolução

paralela dos indicadores comerciais e dos casos confirmados de COVID-19. Dessa forma, ele

permitia que o usuário visualizasse e correlacionasse os dados de modo ágil, para facilitar os

processos de tomada de decisão. Hoje, com o restabelecimento da situação de normalidade, o

painel continua disponível no website da Agência, como Painel de Comércio, tendo sido

ampliado para mostrar também visões detalhadas e específicas do comércio com os EUA e

China, os dois maiores parceiros comerciais do Brasil.


47

Um dos temas que ficaram mais evidentes com a pandemia foi a necessidade de

transformação digital. E não somente da agência em si, suas atividades e atuação, como também

das empresas atendidas, pois somente aquelas que já trabalhavam com o comércio digital

sentiram menos os impactos do fechamento das fronteiras ao comércio por conta do

coronavírus.

O comércio digital, desde então, tem sido o segmento de maior crescimento dos últimos

tempos, potencializado pelas mudanças dos hábitos de consumo decorrentes da pandemia.

Nesse sentido, a Agência destacou-se ao adaptar as ferramentas digitais disponíveis para

facilitar o contato com os clientes e a importância de o empresariado brasileiro utilizar e ocupar

o espaço digital de forma efetiva.

A ApexBrasil também passou a realizar missões empresariais virtuais para startups,

incluiu plataformas de matchmaking virtual em seus eventos, como feiras e o Brasil Investment

Forum, e abriu espaço para que empresas brasileiras também participassem de rodadas de

negócios virtuais em plataformas estrangeiras, como a RangeMe, ECRM, Joor, entre outras que

passaram a realizar suas atividades de forma virtual.

Na edição de 2022 do Brasil Investment Forum, evento anualmente organizado pela

ApexBrasil reunindo os maiores players públicos e privados do cenário de investimentos do

Brasil e do mundo, o debate com relação à atração de investimentos girou em torno da nova

realidade mundial, a mudança no formato de consumo de cidadãos do mundo inteiro. Muitos

CEOs presentes apontaram como tendência, não somente a transformação digital, que já foi

reconhecida como “um caminho sem volta”, como também a sustentabilidade ambiental, como

medida para garantir a eficiência energética de todo o mundo.


48

Na área de e-commerce, a ApexBrasil, que já vinha desenvolvendo ações para inclusão

de empresas brasileiras nas plataformas globais por meio do Programa E-Xport, desde 2017,

teve com a pandemia um desafio ainda maior, de preparar empresas para que, antes mesmo de

ingressar nas cadeias globais de valor das plataformas globais, entendessem como operar dentro

desse ambiente. Desde então, vem sendo realizado o Programa de Aceleração de Negócios via

E-Commerce, com uma série de ações de capacitação, missões empresariais e rodadas de

negócios.

Para Pinheiro (2022), estamos assistindo a duas inovações tecnológicas em curso – o

digital trade per si, e as “novas” tecnologias de vendas e marketing digital em ambiente de

digitalização dos negócios internacionais – cujo impacto é ainda desconhecido nas empresas e

nas decisões dos gestores/empreendedores. Entretanto, seguir a recomendação derivada da boa

teoria econômica de comércio internacional de escolher e de capacitar as empresas com mais

produtividade para aumentar a propensão de exportar não assegura, com essa inovação

tecnológica em curso, exportação futura, isso porque:

“Incentivar uma empresa não exportadora ou até que já


exporte a participar ativamente de plataformas de vendas
– sete dias na semana por 24 horas – com línguas e
consumidores diferentes, ainda não faz parte da cultura
exportadora do empresariado brasileiro.” (Pinheiro, G.
Funcex, 2022)

O desafio está posto, o de não somente capacitar empresas para exportar, mas

apresentar uma nova forma de se posicionar e atuar no comércio exterior, novos processos,

entre outras questões, até mesmo regulatórias, diversas das que comumente os exportadores

tradicionais estavam acostumados até 2020. A ApexBrasil tem trabalhado fortemente no

incentivo à qualificação das empresas para esse novo cenário, no qual o comércio digital não

está mais dissociado do físico, e o nível de concorrência não é apenas de nação para nação,

mas de um país para o mundo inteiro.


49

5.4.2 A reação da JETRO

A JETRO criou uma série de ações para apoiar o desenvolvimento dos negócios das

empresas japonesas ou empresas estrangeiras investidoras no Japão. Foi criada uma linha de

atendimento exclusiva para dar informações às empresas sobre medidas governamentais

acessíveis a esse público em função da pandemia de COVID-19, tais como o subsídio do

governo para a manutenção de empregos (ajuda financeira a empresas para manterem empregos

durante a pandemia), estratégia governamental para lidar com a pandemia, mecanismos de

suporte, informações atualizadas sobre a situação das fronteiras e medidas de suporte sanitário,

entre outras informações úteis.

Além do apoio centralizado em sua sede, a JETRO proporciona atendimento a empresas

japonesas nos mercados internacionais por meio de seus escritórios no exterior, e a cada ano

realiza uma pesquisa ampla com seus clientes, tanto as empresas afiliadas estrangeiras no Japão,

a fim de entender suas necessidades de desenvolvimento de negócios e políticas, como com as

empresas japonesas presentes em outros países.

Na pesquisa feita em 2019 com 193 empresas estrangeiras presentes no Japão, 92%

responderam impactos negativos do COVID-19. 46,1% responderam que o COVID-19 teve

impactos “negativos” em seus negócios, enquanto outros 46,1% escolheram impactos

“ligeiramente negativos”. Combinados, 92,2% relataram que o vírus teve algum tipo de impacto

negativo sobre eles. Houve alguns comentários positivos sobre as respostas do governo contra

o COVID-19, enquanto outros pediram para facilitar os procedimentos complicados, bem como

a digitalização dos procedimentos administrativos. Além disso, as empresas apontaram que as

atuais restrições de entrada de estrangeiros prejudicaram o desenvolvimento de negócios no

Japão. Este feedback dos clientes forneceu importantes insumos para as medidas que pudessem

ser adotadas pelo governo japonês para facilitar o ambiente de negócios (JETRO, 2019)
50

Na pesquisa de 2022, realizada com empresas japonesas presentes nas diversas regiões

do globo, os principais achados foram:

a) A Política Zero-COVID piora o desempenho dos negócios e dificulta a expansão dos

negócios: mais de 40% das empresas na China sofreram deterioração no desempenho dos

negócios;

b) 65% das cerca de 7.000 empresas japonesas que operam no exterior tiveram alguma

lucratividade em 2022, mas as perdas na indústria de autopeças e outras indústrias

aumentarão;

c) 45% das empresas pretendem expandir seus negócios localmente nos próximos 1-2 anos;

há maior disposição em investir em áreas de recursos humanos e alimentos e bebidas,

devido ao levantamento de restrições operacionais e comportamentais.

d) Há uma tendência de revisar da cadeia de suprimentos e a localização da gestão, com

redução de pessoal expatriado na Ásia. 60% dos fabricantes trabalharão para revisar suas

cadeias de suprimentos no futuro. A estratégia de localização de compras, produção e

vendas está se acelerando devido ao aumento dos custos de matéria-prima e transporte e

ao surgimento de riscos de interrupção do fornecimento. Nos próximos um a dois anos, o

número de expatriados será reduzido em comparação com o nível anterior à nova crise do

COVID-19, enquanto o número de funcionários locais aumentará. A evacuação e o retorno

temporário de expatriados em caso de pandemia de COVID-19, bem como o

estabelecimento de operações remotas, também aceleraram este movimento.

e) Green sourcing: 30% das empresas implementam due diligence de direitos humanos

(HRDD). Na Europa, onde a legislação está progredindo, as solicitações de parceiros de

negócios dão suporte à implementação de HRDD. No caso das MPEs, no entanto, a questão

é "compreensão dos direitos humanos". Mais de 40% das empresas “já se empenharam”

no que diz respeito à descarbonização (redução das emissões de gases com efeito de estufa),
51

um aumento de cerca de 10% face ao ano anterior. O número de empresas envolvidas em

green sourcing mais do que dobrou (exigindo que os fornecedores descarbonizem).

Também existe o risco de que as oportunidades de transações não atendidas sejam

limitadas, pois a consciência da redução se espalha rapidamente por toda a cadeia de

suprimentos.

5.4.3. A Reação da AICEP PORTUGAL GLOBAL

Em Portugal, a revolução tecnológica foi incontornável, mas a resiliência e a capacidade

de adaptação das empresas portuguesas marcaram decisivamente a evolução da economia, em

que pesem as conjunturas adversas por que passaram.

Para a AICEP, os desafios que o país e o mundo enfrentam obrigam à resiliência, à

adaptação mudança, ao trabalho em época de incerteza, ao reforço da produtividade e da

competitividade. A internacionalização, na visão do governo português, traz enormes vantagens

para a economia, potencializando rentabilidades e ganhos de escala, e mitigando riscos através

da diversificação, mas é também “um processo que oferece múltiplos obstáculos, exigindo uma

constante adaptação a novos mercados e novas circunstâncias, onde se incluem tecnologias

inovadoras, novos processos, bem como rápidas alterações nos comportamentos dos

consumidores, a par das transformações paradigmáticas nas esferas digital e energética.

A AICEP já possui, como descrito no capítulo 3 deste artigo, diversas ações digitais,

desde cursos como plataformas de facilitação de negócios, pelas quais os potenciais

compradores e investidores podem colocar-se em contato com empresas portuguesas e com a

própria AICEP. Isto certamente facilitará o acesso dos clientes, encurtando distâncias e

facilitando as transações negociais. O e-commerce é um dos pontos altos da transformação

digital promovida pela AICEP, que além de oferecer serviços de suporte às empresas nacionais

para ingressarem no comércio digital internacional, conta com o subsídio de programas


52

governamentais que oferecem subsídios em dinheiro para as empresas que atuem no comércio

digital, a fim de impulsionar a digitalização das MPEs.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A evolução do trabalho de promoção comercial internacional tem sido constante em todos

os países, acrescentando ao longo do tempo novas formas de apoio às empresas nacionais para

que possam romper as barreiras do desconhecimento do mercado global e compreendam todos

os fatores necessários para sua inserção competitiva no comércio exterior.

Para que esse comércio aconteça, é necessária a intervenção de múltiplos atores, desde

governos, entidades, prestadores de serviço, profissionais de marketing internacional, traders7,

bancos, seguradoras, entre outros. As agências de promoção comercial estão no centro do

impulsionamento de negócios entre países, pois literalmente colocam frente a frente

compradores e vendedores, que dificilmente teriam contato sem sua colaboração.

É inegável ainda a contribuição das agências de promoção comercial para o aumento do

número de empresas exportadoras no país, principalmente pequenas e médias, que contam com

todo o apoio das agências para sua preparação e plano de negócios internacionais.

A partir de 2020, devido à pandemia de COVID-19 e outros eventos impactantes como a

guerra entre Rússia e Ucrania, houve uma disrupção importante, tanto nas cadeias globais de

valor, como no comportamento do consumidor, adoção de novas práticas e processos, novos

fatores pesando nas negociações internacionais, como respeito ao meio ambiente, governança

e direitos humanos, o e-commerce ganhando espaço e o digital trade se consolidando como

parte dos negócios internacionais. Não há mais volta, o momento da virada aconteceu e hoje as

7 Empresas comerciais exportadoras ou profissionais autônomos que atuam na intermediação de negócios e


operações de comércio exterior.
53

agências, não somente elas, mas todos os players do mercado global estão se reinventando e

buscando novas formas de interação.

O momento é de transição para uma nova era do comércio exterior, na qual práticas

consolidadas na promoção comercial, como feiras e rodadas de negócios presenciais coexistirão

com práticas digitais, isso porque até agora não houve substituto tão efetivo para os negócios

como a interação pessoal, “olho no olho”, tão importante para os relacionamentos humanos.

Haverá plataformas cada vez mais sofisticadas e eficientes, para facilitar a comunicação e

encurtar distâncias, e as agências terão a missão e o desafio de preparar as empresas nacionais

para o mergulho no mercado internacional, buscando “traduzir” todas as necessidades para

novos entrantes. Um fato curioso, apontado nos resultados das agências, é que algumas tiveram

no pós-pandemia resultados superiores ao de outros anos da série histórica, quiçá impulsionados

por um maior dinamismo dos países com novos canais de vendas (digitais) e a busca da

retomada econômica pós-lockdown.

Em suma, neste breve estudo conclui-se que as agências de promoção comercial, seja

de exportações ou investimentos, tem um papel importantíssimo nesta virada, a fim de atuar

como entes facilitadores de uma nova forma de fazer negócios internacionais, sem perder de

vista valores perenes, que adquirem importância crescente, como o comércio justo e a

sustentabilidade em todas as suas formas.

Sugere-se, para os próximos anos, um aprofundamento dos estudos sobre a consolidação

das práticas das agências, investigando quais soluções foram mais efetivas para garantir a

competitividade de seus países no cenário internacional, e a geração de emprego e renda para

suas nações.
54

7. REFERÊNCIAS

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2. AICEP(2016).Comprar a Portugal. Diretório de Fornecedores Portugueses.

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4. AICEP(2021). Apresentação do novo Plano Estratégico da AICEP 2020-2022.

5. AICEP(2022). Normas e Condições de Participação em Feiras Internacionais.

6. AICEP(2022) Feiras Internacionais do Plano Nacional de Ações de Promoção Externa.

Disponível em: https://portugalglobal.pt/PT/Internacionalizar/Documents/Feiras-PNAPE-

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59

8. FIGURAS

8.1. FIGURA 1 – Contribuição das exportações para o PIB do Brasil

Fonte: Bloomberg Línea


60

8.2. FIGURA 2 - Evolução da estruturação da JETRO

Período Foco Ações principais


• Início dos Projetos de Promoção
Comercial
• Criação da JETRO
• Criação de Organizações de
Anos 1950
Retomada do comércio privado Pesquisa Comercial e Recuperação
do Comércio
• Criação do Instituto de Economias
em Desenvolvimento (IDE)
• Aumento das conexões
domésticas e internacionais • Início dos Projetos de apoio às
Anos 1960 do Japão exportações
• Alavancagem das atividades • Missão de promoção à África
de promoção comercial
• Suporte à Expansão • Expo Osaka 1970
• Projetos para países em
Internacional de empresas
Anos 1970 desenvolvimento
• Expansão de relações • Intercâmbio com EUA
internacionais
• Cooperação Internacional • Início dos projetos de
• Promoção de Importações internacionalização de PMEs
Anos 1980 • Cooperação com indústrias • Feiras de importação
estrangeiras e países em
desenvolvimento
• Criação do Departamento de
Promoção de Importações
• Criação da Pesquisa anual de
condições atuais de acesso ao
Anos 1990 Promoção de Importações
mercado japonês
• Lançamento de Iniciativas de
Comércio Inter-regional
• Fusão da JETRO e IDE
• Inauguração de sistemas
• Revitalização Econômica do informatizados
Japão • Estudos de acordos de livre comércio
com a Coréia do Sul e Mèxico
• Promoção de exportações e
• Expansão das atividades do “Invest
Anos 2000 investimento estrangeiro no
in Japan”
Japão • Expo 2005 em Aichi
• Apoio à globalização de • Criação do escritório de promoção
economias regionais comercial de produtos agrícolas,
florestais, pescados e regionais
Fonte: JETRO (2022)
País BRASIL JAPÃO PORTUGAL
61

• Empresas brasileiras • Empresas portuguesas (especialmente PMEs)


8.3. FIGURA 3 - Quadro comparativo de atributos básicos das Agências pesquisadas

PMEs
Clientes-alvo
• Investidores estrangeiros • Investidores estrangeiros
• Compradores internacionais • Compradores internacionais
Setores- • Alimentos e Bebidas, Máquinas e Indústrias de bens pesados, • Aeronáutica, Espaço e Defesa; Agroalimentar;
equipamentos, Economia instrumentos eletrônicos e Automóveis; Casa; Centros de Serviços Partilhados;
Chave Criativa, Farmoquímicos, de precisão, alimentos Economia do Mar; Florestal; Indústrias Culturais e
Higiene Pessoal e Cosméticos, agrícolas, florestais e Criativas; Infraestruturas; Água e Energia; Máquinas e
Moda, Serviços pesqueiros Ferramentas; Materiais de Construção; Moda; Saúde e
Lifesciences; Tecnologias da Informação e
Comunicação; Turismo.

Fonte: websites das agências, com elaboração da autora


Número de • Brasil: 329 • Brasil: 1045 • Portugal: 335
• Exterior: 34 • Exterior: 721 • Exterior:156
Funcionários TOTAL: 343 TOTAL: 1766 TOTAL: 491
Número de • Nacionais: 5 (regionais) • Nacionais: 73 (regionais) • Nacionais: 8
• Internacionais: 8 (Bogotá, • Internacionais: 21 • Internacionais: 50
Escritórios Miami, San Francisco, Bruxelas, TOTAL: 94 TOTAL: 58
Dubai, Jerusalém, Moscou e
Pequim)
MinistérioTOTAL: 13
do Desenvolvimento, Ministério da Economia, • Ministério da Economia e da Transição Digital
Ministério de Indústria e Comércio Exterior Comércio e Indústria • Ministério das Finanças
Jurisdição • Secretaria de Estado da Internacionalização
Privada (com mandato público) Pública Pública
Natureza
Jurídica
Mandatos • Promoção de Exportações • Promoção de Exportações • Promoção de Exportações
• Atração de Investimentos • Promoção de Importações • Atração de investimento
(áreas de • Internacionalização de Empresas • Atração de Investimentos • Internacionalização de empresas
atuação) • Promoção de Imagem-País • Internacionalização de • Gestão de Parques industriais
Empresas
• Desenvolvimento industrial
para países em
Agência Brasileira de Promoção Japan External Trade Agência para o Investimento e Comércio Externo de
Agência e ano de Exportações e Investimentos
desenvolvimento
Organization - JETRO Portugal – AICEP ( 2006)
de criação - APEXBRASIL (1998) (1958)
62

8.4. FIGURA 4 – Quadro comparativo de produtos e serviços das Agências


pesquisadas

PRODUTO OU SERVIÇO APEXBRASIL AICEP PORTUGAL JETRO


CATEGORIA: CAPACITAÇÃO PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS– ALGUNS SERVIÇOS SÃO PAGOS
CURSOS E EVENTOS PRESENCIAIS SOBRE TEMAS RELACIONADOS AO COMÉRCIO EXTERIOR SIM – PAGO* SIM – PAGO* SIM - GRATUITO
CURSOS E EVENTOS ONLINE SOBRE TEMAS RELACIONADOS AO COMÉRCIO EXTERIOR SIM – PAGO* SIM – PAGO* SIM - GRATUITO
ASSESSORIA CUSTOMIZADA PARA MPEs SIM – GRATUITO SIM – GRATUITO SIM – GRATUITO
MENTORIAS PARA STARTUPS SIM – PAGO SIM - GRATUITO SIM - GRATUITO
CATEGORIA: FOMENTO E APOIO FINANCEIRO – ALGUNS SERVIÇOS SÃO PAGOS
AJUDA DE CUSTO PARA AÇÕES DE INTERNACIONALIZAÇÃO NÃO SIM NÃO
INCENTIVOS FISCAIS PARA AÇÕES DE INTERNACIONALIZAÇÃO NÃO SIM NÃO
CONSULTORIA FINANCEIRA PARA EXPORTAÇÃO (ESCRITÓRIOS) SIM - PAGO SIM - PAGO SIM - GRATUITO
CONSULTORIA FINANCEIRA PARA EXPANSÃO INTERNACIONAL SIM - PAGO SIM - PAGO SIM - GRATUITO
SEGURO DE CRÉDITO À EXPORTAÇÃO NÃO NÃO NÃO
CATEGORIA: INTELIGÊNCIA COMERCIAL – TODOS OS SERVIÇOS SÃO GRATUITOS
PERFIL DE PAÍSES E MERCADOS SIM SIM SIM
PERFIL DO PAÍS PARA INVESTIDORES SIM SIM SIM
DIVULGAÇÃO DE OPORTUNIDADES COMERCIAIS NÃO SIM SIM
DIVULGAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE MERCADO SIM SIM SIM
ESTUDOS SETORIAIS DE MERCADOS EXTERNOS SIM SIM NÃO
ESTUDOS SETORIAIS NACIONAIS PARA INVESTIDORES NÃO SIM SIM
INFORMAÇÕES REGULATÓRIAS SIM SIM SIM
INFORMAÇÕES DE E-COMMERCE INTERNACIONAL NÃO SIM NÃO
PLATAFORMAS DE PESQUISA GEORREFERENCIADAS SIM SIM SIM
CATEGORIA: PROMOÇÃO COMERCIAL INTERNACIONAL – ALGUNS SERVIÇOS SÃO PAGOS**
FEIRAS INTERNACIONAIS SETORIAIS SIM – PAGO SIM – PAGO SIM - GRATUITO
FEIRAS INTERNACIONAIS MULTISSETORIAIS SIM – PAGO SIM – PAGO SIM - GRATUITO
RODADAS DE NEGÓCIOS SIM – PAGO SIM – PAGO SIM - GRATUITO
MISSÕES EMPRESARIAIS SIM – PAGO SIM – PAGO SIM - GRATUITO
RECEPTIVO DE COMPRADORES INTERNACIONAIS NO PAÍS SIM - GRATUITO SIM - GRATUITO SIM - GRATUITO
ORGANIZAÇÃO DE MISSÃO DE COMPRADORES NACIONAIS COM FOCO EM IMPORTAÇÃO NÃO NÃO SIM - GRATUITO
CATEGORIA: APOIO À EXPANSÃO INTERNACIONAL - ALGUNS SERVIÇOS SÃO PAGOS**
CONSULTORIA DE ESCRITÓRIOS NO EXTERIOR SIM - PAGO SIM -PAGO SIM - GRATUITO
AGENDAS CUSTOMIZADAS POR ESCRITÓRIOS NO EXTERIOR SIM - PAGO SIM – GRATUITO SIM - GRATUITO
IDENTIFICAÇÃO DE COMPRADORES PELOS ESCRITÓRIOS NO EXTERIOR SIM - GRATUITO SIM – GRATUITO SIM - GRATUITO
MISSÃO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE STARTUPS SIM - GRATUITO SIM – GRATUITO SIM - GRATUITO
SERVIÇOS PARA SOFT LANDING (ESCRITÓRIO FÍSICO OU VIRTUAL SIM – PAGO SIM - PAGO SIM - GRATUITO
CATEGORIA: ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS – TODOS OS SERVIÇOS SÃO GRATUITOS
ATENDIMENTO CUSTOMIZADO A INVESTIDORES PRODUTIVOS SIM SIM SIM
ATENDIMENTO A FUNDOS DE INVESTIMENTOS SIM SIM SIM
PROMOÇÃO PROATIVA DO PAÍS COMO DESTINO DE INVESTIMENTOS SIM SIM SIM
APOIO COM SOFT LANDING SIM SIM SIM
APOIO COM SITE LOCATION SIM SIM SIM
CONSULTORIA REGULATÓRIA NÃO SIM SIM
INCENTIVOS FISCAIS PARA INVESTIDORES ESTRANGEIROS NÃO SIM SIM
PITCH SESSIONS DE STARTUPS COM INVESTIDORES SIM SIM SIM
CORPORATE VENTURING SUPPORT SIM NÃO SIM
CATEGORIA: GESTÃO DE PARQUES INDUSTRIAIS
INSTALAÇÃO EM PARQUES INDUSTRIAIS NÃO SIM - PAGO NÃO
*A gratuidade dos cursos e eventos depende do tema.
**Ainda que sejam pagos, a participação em ações de promoção destas agências tem um custo subsidiado para a empresa
participante, ou seja, muito inferior ao custo normal de participação, além de obterem todo o apoio da APE.
Fonte: websites das agências, com elaboração da autora

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