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Lojas americanas- Resultados Pretendidos e Análise final

A Americanas entregou seu plano de recuperação judicial à 4ª Vara Empresarial do


Rio de Janeiro

A etapa faz parte do processo iniciado em 19 de janeiro, em que a empresa admitiu ter R$
43 bilhões em dívidas com 16,3 mil credores.

O plano da varejista inclui aporte de R$ 10 bilhões, além de vendas de ativos, leilão


reverso e conversão de dívidas em ações. Entre os bens a serem vendidos estão
aeronave avaliada em mais de R$ 40 milhões e uma rede de hortifruti.

O aporte bilionário, diz o documento, será feito pelo trio de acionistas de referência
da empresa: Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira.

Uma das opções propostas pela companhia para os credores é a de um "leilão reverso
voluntário", em que um pagamento antecipado de até R$ 2,5 bilhões seria destinado
aos credores que toparem um desconto de ao menos 70% no valor da dívida.

Outras opções envolvem, por exemplo, a conversão de dívida em ações da companhia e


recompra de dívida. Os descontos para os credores financeiros poderiam chegar a
80%.

O BTG Pactual, um dos credores mais indignados com a Americanas, aceitou um


acordo de paz por 30 dias, em que o banco e a varejista suspenderam sete processos
na Justiça, na esperança de que o trio de bilionários injete mais do que os R$ 10
bilhões.

Essa injeção de capital deverá ser feita por meio do empréstimo DIP (do inglês
debtor-in-possesion financing, ou "financiamento do devedor em posse"), usado
apenas em recuperações judiciais.

O recurso passou a ser adotado no Brasil em 2021, após a promulgação da lei nº


14.112/20, que reformou a lei 11.101/05, de falência e recuperação de empresas.

Segundo especialistas, é uma ideia importada do direito empresarial americano.

A principal finalidade do DIP é suprir a falta de caixa para financiar despesas operacionais
como pagamento de fornecedores, salários e despesas administrativas.

Este tipo de empréstimo não demanda uma assembleia geral de credores para ser
aprovado e pode ser solicitado já no início do processo, mediante autorização judicial.

Em caso de falência, é considerado crédito supre prioritário: vai ser o primeiro a receber
antes de qualquer outro tipo de crédito, até mesmo do trabalhista

De acordo com o fato relevante divulgado pela Americanas em 31 de janeiro, porém,


quando apresentou a proposta do financiamento DIP, a sua versão do empréstimo não
contará com garantias e terá remuneração média de 128% do CDI -como se fosse um
investimento financeiro.

Chama a atenção o fato de o DIP da Americanas não apresentar garantias, foi feita uma
emissão de debêntures simples, que são títulos de dívida, no valor de até R$ 5,9
bilhões. A empresa também pretende emitir debêntures conversíveis em ações.

Em caso de falência, os principais acionistas se tornam credores e recebem antes de


qualquer outro credor.

O plano aprovado pelo Conselho de Administração da Companhia estabelece


medidas para que a Americanas supere os problemas financeiros e continue suas
atividades.

Com a reestruturação, a Americanas pretende pagar credores trabalhistas,


microempresas e pequenas empresas em até 30 dias após a homologação do plano
de recuperação judicial.

Já para os demais credores, como fornecedores e financeiros, os prazos variam de


acordo com o saldo a pagar, podendo chegar a março de 2043 para aqueles que não
optarem pelas alternativas expostas pelo plano de recuperação judicial.

De acordo com analistas que acompanham a empresa, com base nas informações que se
têm até o momento, é possível concluir que a Americanas não informou nos balanços
parte dos juros que deveria pagar aos bancos nas operações de risco sacado. A
prática fez com que suas demonstrações financeiras apresentassem resultados
melhores do que de fato existiam, o que acabou inflando o valor das suas ações.

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