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2019.

2
CP2-C – DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Vinícius Areias
EMERJ
2019.2
EMERJ CP2 – PROCESSO CIVIL
Aula 1- Rodolfo Kronemberg Hartmann ...........................................................................3
1 O processo de conhecimento e Petição Inicial ..........................................................3
1.1 O processo de conhecimento. ................................................................................ 3
1.1.1 Procedimento comum e procedimentos especiais ............................................. 3
1.1.2 Saneamento ........................................................................................................ 3
1.1.3 Cognição: conceito e espécies: .......................................................................... 4
1.2 Petição inicial ........................................................................................................ 4
1.2.1 Endereçamento ................................................................................................... 5
1.3 Petição inicial ........................................................................................................ 6
1.3.1 Distribuição e Registro ...................................................................................... 7
1.3.2 Emenda da Inicial .............................................................................................. 7
1.3.3 Indeferimento da Petição Inicial ........................................................................ 7
1.3.4 Juízo de Retratação ............................................................................................ 8
1.3.5 Indeferimento da petição inicial e improcedência liminar ................................. 8
Aula 2- Rodolfo Kronemberg Hartmann ...........................................................................9
2 Pedido e Comunicação dos Atos Processuais............................................................9
2.1 Pedido. Conceito e espécies................................................................................... 9
2.1.1 Cumulação de Pedidos ..................................................................................... 11
2.1.2 Classificação da Cumulação de Pedidos .......................................................... 13
2.1.3 Modificação do Pedido .................................................................................... 13
2.1.4 Concurso Eletivo de Ações .............................................................................. 14
2.2 Comunicação dos atos processuais ...................................................................... 14
2.2.1 Cartas ............................................................................................................... 14
2.2.2 Comunicação entre os sujeitos do processo ..................................................... 17
2.2.3 Citação pela via postal ..................................................................................... 20
2.2.4 Citação Eletrônica ............................................................................................ 20
2.2.5 Escrivão ou por Chefe de Secretaria ................................................................ 21
2.2.6 Citação por Hora Certa .................................................................................... 21
2.2.7 Audiência de Conciliação e Mediação ............................................................. 21
Aula 3 – Alexandre Câmara ............................................................................................23
3 Resposta do Réu e Reconvenção .............................................................................23
3.1 Resposta do Réu .................................................................................................. 23
3.1.1 Considerações Iniciais ..................................................................................... 23
3.1.2 Defesa .............................................................................................................. 23
3.1.3 Questões Preliminares x Questões Prejudiciais ............................................... 24
3.1.4 Prejudicial ........................................................................................................ 25
3.1.5 Preliminares impróprias ................................................................................... 27
3.1.6 Defesa de mérito direta e indireta .................................................................... 27
3.1.7 Revelia ............................................................................................................. 29
3.1.8 Efeito Material da Revelia ............................................................................... 29
3.1.9 Quanto o efeito material não se produz ........................................................... 30
3.1.10 Efeito Processual da Revelia............................................................................ 31
3.2 Reconvenção ........................................................................................................ 31
3.2.1 Requisitos......................................................................................................... 32
3.2.2 Características .................................................................................................. 33
3.2.3 Reconvenção Subjetivamente Ampliada ......................................................... 33
3.2.4 Reconvenção e Legitimidade Extraordinária ................................................... 34

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EMERJ CP2 – PROCESSO CIVIL
Aula 4 – Alexandre Câmara ............................................................................................35
4 Providências Preliminares e Provas .........................................................................35
4.1 Providências Preliminares ................................................................................... 35
4.1.1 Tipos ................................................................................................................ 35
4.1.2 Réplica ............................................................................................................. 36
4.1.3 Saneamento e organização do processo ........................................................... 39
4.1.4 Saneamento ...................................................................................................... 39
4.1.5 Visão Geral Sobre o Procedimento Comum .................................................... 39
4.2 Provas .................................................................................................................. 41
4.2.1 Conceito ........................................................................................................... 41
4.2.2 Natureza das normas sobre a prova ................................................................. 42
4.2.3 Finalidade da prova .......................................................................................... 42
4.2.4 Destinatário da prova ....................................................................................... 43
4.2.5 Presunção* e Prova .......................................................................................... 44
4.2.6 Provas Ilícitas ................................................................................................... 45
4.2.7 Iniciativa probatória do Juiz ............................................................................ 46
4.2.8 Prova Emprestada ............................................................................................ 48
4.2.9 Produção Antecipada de Provas....................................................................... 48
4.2.10 Depoimento Pessoal ......................................................................................... 49
4.2.11 Confissão ......................................................................................................... 49
4.2.12 Prova Testemunhal .......................................................................................... 50
Aula 8 - Alexandre Câmara .............................................................................................52
8 Exibição de documento ou coisa / AIJ / Sentença. ..................................................52
8.1 Exibição de documento ou coisa / Audiência de instrução e julgamento. .......... 52
8.1.1 Exibição de Documento ou Coisa .................................................................... 52
8.1.2 Audiência de Instrução e Julgamento .............................................................. 54
8.2 Sentença. .............................................................................................................. 57
8.2.1 Elementos essenciais da sentença. ................................................................... 58
8.2.2 Relatório........................................................................................................... 59
8.2.3 Fundamentação ................................................................................................ 59
8.2.4 Dispositivo ....................................................................................................... 60

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EMERJ CP2 – PROCESSO CIVIL 07/11/2019
Rodolfo Kronemberg Hartmann
AULA 1

Aula 1- Rodolfo Kronemberg Hartmann


1 O processo de conhecimento e Petição Inicial

1.1 O PROCESSO DE CONHECIMENTO.

1.1.1 PROCEDIMENTO COMUM E PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

A produção antecipada de prova (art. 381 e 353 do CPC) é a cautelar autônoma


que resgatou, em regra, não temos mais cautelares autônomas. Permanecem as medidas
cautelares que podem ser dadas na 1ª ou 2ª fase conforme o caso concreto.
Processo sincrético: é mistura uma fase de conhecimento e a segunda fase de
execução, 1 processo com 2 fases (sincretismo processual).
Quem determina a sequência de atos é o rito, sinônimo de procedimento.
Procedimento sumário não existe mais para os novos processos e o procedimento
ordinário é chamada procedimento comum, e os procedimentos especiais continuam, que
podem estar dentro (possessória, consignação em pagamento, dissolução parcial de
sociedade, regulação de avaria grossa, alimentos) ou fora do CPC como, por exemplo,
juizados especiais e mandados de segurança. Como rega, o autor não escolhe o
procedimento, se há procedimento especializado o autor o segue.
Quando a lei é omissa, se promove a demanda em procedimento comum, que é
próprio do processo de conhecimento.

1.1.2 SANEAMENTO

Deve-se evitar a expressão despacho saneador, mas sim decisão saneadora, ou


saneamento, do art. 357 do CPC.
Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste
Capítulo, deverá o juiz, em decisão de saneamento e
de organização do processo:

I - resolver as questões processuais pendentes, se


houver;

II - delimitar as questões de fato sobre as quais


recairá a atividade probatória, especificando os
meios de prova admitidos;

III - definir a distribuição do ônus da prova,


observado o art. 373 ;

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IV - delimitar as questões de direito relevantes para
a decisão do mérito;

V - designar, se necessário, audiência de instrução e


julgamento.

O art. 543 e parágrafos: inversão do ônus da prova. Portanto se parte é demandada


e a intervenção é feita na sentença haverá o cerceamento de defesa.
Art. 543. Se o objeto da prestação for coisa
indeterminada e a escolha couber ao credor, será este
citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco)
dias, se outro prazo não constar de lei ou do
contrato, ou para aceitar que o devedor a faça,
devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar
lugar, dia e hora em que se fará a entrega, sob pena
de depósito.

Uma das hipóteses de agravo de instrumento é decisão sobre a redistribuição do


ônus da prova.
Logo a decisão de saneamento de natureza interlocutória não é um despacho.
O novo CPC não fala em preclusão, mas sim em estabilidade, boa parte do meio
acadêmico, diz que se o juiz já decidiu fica vinculado a decisão interlocutória, por ser
estável.
Para Didier, a decisão de saneamento, além de ser estável, também vincula o
julgador, sendo essa a proposta do CPC.

1.1.3 COGNIÇÃO: CONCEITO E ESPÉCIES:

A cognição no início do processo, chamada de cognição sumária, o juiz não


trabalha com certeza, mas com probabilidade.
A cognição exauriente ocorre na sentença, com base não mais em probabilidade,
mas sim sua convicção a luz das provas produzidas e a luz do direito.

A Coisa julgada é própria de cognição exauriente.

Há autores que falam de vícios de atos processuais com o rigor científico que
afastam da prática, ao inserirem termos como cognição superficial.

1.2 PETIÇÃO INICIAL

É um ato processual muito importante porque é o instrumento da demanda, o


direito de ação é veiculado nessa petição inicial. Corporifica o direito de ação.

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Dependendo do tipo de petição inicial pode ter certas formalidades. No
procedimento comum, segue as formalidades do art. 319 do CPC.
Já numa petição inicial em execução de título extrajudicial os requisitos estarão
no art. 798 do CPC, Ação Recisória, art. 968 do CPC. Se houver tutela provisória
antecedente será o caso de petição inicial simplificada do art. 303 do CPC.
O código não prevê mais o requerimento de citação do réu como pedido
obrigatório, pelo art. 248 § 4º é possível até a citação postal, portanto mesmo sem a
menção do art. 319 é válido que o autor indique a forma mais prática de realizar a citação.
Art. 248. Deferida a citação pelo correio, o escrivão
ou o chefe de secretaria remeterá ao citando cópias
da petição inicial e do despacho do juiz e comunicará
o prazo para resposta, o endereço do juízo e o
respectivo cartório.

§ 4º Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com


controle de acesso, será válida a entrega do mandado
a funcionário da portaria responsável pelo
recebimento de correspondência, que, entretanto,
poderá recusar o recebimento, se declarar, por
escrito, sob as penas da lei, que o destinatário da
correspondência está ausente.

Dar nome a petição inicial ou as peças importantes do processo não estão nos
requisitos do art. 319, portanto é comum o fazerem como forma de praticidade.
O CPC no art. 319 não exige também que haja a citação do artigo.
A forma da petição inicial não é em regra obrigatória de ser seguida, mas há uma
tradição de seguí-la.

1.2.1 ENDEREÇAMENTO

Quem presta a jurisdição é o Estado, tecnicamente a petição é direcionada ao juízo.


Só que tecnicamente o juízo tem vários destinatários. Assim como em um órgão
colegiado. Na justiça Federal por exemplo, é possível que o servidor dê certidões.
Embora o novo código fale em Juízo, a petição deve ser direcionada, pormenorizar
o destinatário, que no caso é o juiz.
O art. 73 a depender do regime é necessário que no litisconsórcio seja necessário
o consentimento.
Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do
outro para propor ação que verse sobre direito real
imobiliário, salvo quando casados sob o regime de
separação absoluta de bens.

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AULA 1
§ 1º Ambos os cônjuges serão necessariamente citados
para a ação:

I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo


quando casados sob o regime de separação absoluta de
bens;

II - resultante de fato que diga respeito a ambos os


cônjuges ou de ato praticado por eles;

III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges


a bem da família;

IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a


constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel de um
ou de ambos os cônjuges.

O motivo de indicar a profissão do autor e do réu, porque dependendo da profissão


é possível o tratamento processual diferenciado, como por exemplo um militar.
Pode ajudar na gratuidade de justiça, mas é um elemento frágil.
O endereço eletrônico, mesmo apesar da maioria dos litigantes não serem
habituais, é um estímulo à cultura do processo eletrônico.
§ 1º Caso não disponha das informações previstas no
inciso II, poderá o autor, na petição inicial,
requerer ao juiz diligências necessárias a sua
obtenção.

§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a


despeito da falta de informações a que se refere o
inciso II, for possível a citação do réu.

Vale ressaltar que o art. 506 do CPC denota que a coisa julgada delimita quem é
autor e quem é réu.
Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre
as quais é dada, não prejudicando terceiros.

O juizado federal e o fazendário tem competência absoluta, até 60 salários


mínimos. Certamente uma vara com mais processos tem uma tendência a ter
jurisprudência defensiva, portanto é comum advogados majorarem o valor da causa.
Assim, de ofício o juiz pode corrigir o valor da causa art. 292 §3º, conforme o novo CPC,
e é possível ser arguida em preliminar de contestação, conforme art. 337. Já no juizado
especial o processo é extinto e não declinada a competência quando o valor se afasta
daquele juízo.

1.3 PETIÇÃO INICIAL

Conceito. Requisitos. Distribuição. Indeferimento da petição inicial e


improcedência liminar.

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Conforme o art. 292, V do CPC, o dano moral deve ser determinado, naturalmente
devem ser recolhidas as custas.
Art. 292, V - na ação indenizatória, inclusive a
fundada em dano moral, o valor pretendido;

Conforme o art. 320, a petição deve ser distribuída com documentos


indispensáveis a propositura da ação, como por exemplo procuração, por vezes se exige
no juizado especial uma declaração de renúncia ao teto, na ação monitória tem que ter a
documentação escrita, na execução tem que ter o título executivo judicial ou extrajudicial.

1.3.1 DISTRIBUIÇÃO E REGISTRO

A distribuição ocorre quando há mais de um juízo com a mesma competência


naquela localidade e o registro quando há apenas um juízo naquela localidade.
Arts. 284 até 290.
Prevenção da vara quando o processo anterior foi extinto, art. 286, II.
A regra é a distribuição livre, mas há exceções, previstas no art. 286, não sendo as
únicas hipóteses do CPC. Como por exemplo no art. 914 do CPC.

1.3.2 EMENDA DA INICIAL

Art. 321, o juiz ao determinar a emenda o próprio juiz tem que indicar o que deve
ser corrigido.
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial
não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que
apresenta defeitos e irregularidades capazes de
dificultar o julgamento de mérito, determinará que o
autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a
complete, indicando com precisão o que deve ser
corrigido ou completado.

Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência,


o juiz indeferirá a petição inicial.

1.3.3 INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL

São as hipóteses do art. 330 e o processamento do art. 331. A sentença é


terminativa, o juiz não está resolvendo o mérito.
Indeferimento da inicial é no início, mas caso seja feita posteriormente não é
indeferimento e será uma sentença terminativa.

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No art. 330 §1º, II é um caso novo de indeferimento, realizar pedido genérico
quando lei estabelece que deve ser determinado.
O indeferimento total é sentença e o parcial é por decisão interlocutória.

1.3.4 JUÍZO DE RETRATAÇÃO

Arts. 331, 332 e 485, §7º.


A retratação só pode ocorrer quando o autor apelar, não pode ocorrer
simplesmente de ofício.
Caso o juiz se retrate, a ele caçará a sentença.
Se apelar e não se retratar, tem que haver a citação do réu.

1.3.5 INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL E IMPROCEDÊNCIA


LIMINAR

A improcedência liminar do art. 332 existiu no código anterior a partir de 2005.


Há demandas que o juiz ao ler a inicial percebe que o autor não tem a menor chance de
êxito, valorizando a cultura da jurisprudência.
A improcedência liminar, gera sentença de mérito, o indeferimento gera sentença
terminativa.
Prescrição e decadência passaram no novo código a serem hipóteses de
improcedência liminar.
Se for uma procedência liminar parcial será uma decisão interlocutória de mérito.
As duas hipóteses têm juízo de retração e citação do réu para apresentar
contrarrazões.
Não é possível pensar em procedência liminar, mesmo que o tema seja sumulado
ou procedente, sem que haja a possibilidade de defesa do réu.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


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AULA 2

Aula 2- Rodolfo Kronemberg Hartmann


2 Pedido e Comunicação dos Atos Processuais

2.1 PEDIDO. CONCEITO E ESPÉCIES

É o núcleo essencial da petição inicial porque a jurisdição não pode ser prestada
de oficio. O pedido delimita a prestação jurisdicional, já que o princípio da convergência
diz que o juiz deve julgar aquilo que foi postulado.
O juiz pode dar a sentença de forma mais indicada mesmo não tendo sido o mesmo
do pedido inicial, mas é uma exceção ao princípio a congruência porque temos a
possibilidade da fungibilidade.
O art. 322 §2º do CPC estabelece como deve ser a interpretação do pedido, de
acordo c ou a boa fé e a postulação.
Art. 322 § 2º do CPC A interpretação do pedido
considerará o conjunto da postulação e observará o
princípio da boa-fé.

Pelo conjunto de postulação, o STJ entende que o juiz não pode conceder além do
que foi solicitado. Em regra, o pedido deve ser interpretado literalmente.
O art. 322, caput, pedido certo é sinônimo de pedido expresso na inicial. Existe
uma categoria de pedidos implícitos, ou seja, mesmo que não haja pedido na petição
inicial o juiz deve, na sentença, decidir expressamente. É o oposto do pedido certo. ex:
art 322 §1º (são os pedidos implícitos).
Art. 322. O pedido deve ser certo.

§ 1º Compreendem-se no principal os juros legais, a


correção monetária e as verbas de sucumbência,
inclusive os honorários advocatícios.

Art. 323 CPC, mais casos de pedidos implícitos, mesmo não mencionadas na
inicial as prestações que forem vencendo no curso da demanda devem ser abrangidas na
sentença.
Art. 323. Na ação que tiver por objeto cumprimento de
obrigação em prestações sucessivas, essas serão
consideradas incluídas no pedido, independentemente
de declaração expressa do autor, e serão incluídas na
condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor,
no curso do processo, deixar de pagá-las ou de
consigná-las.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Colaboração: Cristiane Netto
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EMERJ CP2 – PROCESSO CIVIL 08/11/2019
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AULA 2
Pelo STJ/STF entendem que mesmo que a sentença seja omissa em correção
monetária e juros a parte pode incluí-lo, ou seja, mesmo uma sentença implícita, a
execução pode incluir.
Art. 85 §18 CPC dispõe sobre a omissão de honorários deve ser cobrada por ação
autônoma, ainda que a sentença tenha sido implícita. Esse entendimento vai contra
entendimento sumulado do STJ (STJ 453 – sentença implícita tem que usar os embargos
para determinar os honorários).
Art. 85 § 18. Caso a decisão transitada em julgado
seja omissa quanto ao direito aos honorários ou ao
seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição
e cobrança.

Do art. 324 CPC, o pedido determinado é pedido delimitado. O oposto de pedido


determinado é o pedido genérico disposto no art. 324 §1º CPC.
Art. 324. O pedido deve ser determinado.

§ 1º É lícito, porém, formular pedido genérico:

I - nas ações universais, se o autor não puder


individuar os bens demandados;

II - quando não for possível determinar, desde logo,


as consequências do ato ou do fato;

III - quando a determinação do objeto ou do valor da


condenação depender de ato que deva ser praticado pelo
réu.

O art. 324, §1º III – se refere a ação de exigir contas, pois o autor não sabe quanto
tem a receber, depende de ato do réu. O valor da causa será estridulando aleatoriamente
só p atender o disposto no art. 319 CPC.
O pedido de danos morais não pode mais ser genérico. Quem defendia que o
pedido fundamentava no inciso II. O juiz deve determinar a emenda, podendo ser causa
de indeferimento.
A lei do juizado especial 9.099, diz no art. 14 §2º que a petição inicial no juizado
especial pode ter pedido genérico (se o juiz pedir p emendar, significa que ele entende
que, quanto a danos morais, a norma mais especifica é a do CPC de forma subsidiária).
Art. 14 da Lei 9.099. O processo instaurar-se-á com a
apresentação do pedido, escrito ou oral, à Secretaria
do Juizado.

§ 2º É lícito formular pedido genérico quando


não for possível determinar, desde logo, a extensão
da obrigação.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Colaboração: Cristiane Netto
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AULA 2
2.1.1 CUMULAÇÃO DE PEDIDOS

Diversos pedidos no mesmo processo, conforme a previsão no art. 327 do CPC.


Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo,
contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre
eles não haja conexão.

Dois pedidos, cada um para um réu diferente é possível?

A pessoa propõe uma demanda para rever um contrato, mas ocorre que as vezes
para fazer um contrato de financiamento é necessário fazer um contrato de seguro.
Nessa hipótese é possível que sejam cumulados os pedidos no mesmo processo
desde que sejam conexos, conforme a jurisprudência do STF.
PROCESSUAL CIVIL. OFENSA AO ART. 535 DO CPC NÃO
CONFIGURADA. CUMULAÇÃO DE PEDIDOS. ART. 292 DO CPC.
CABIMENTO. REQUISITOS. DIVERSIDADE DE RÉUS 1. A
solução integral da controvérsia, com fundamento
suficiente, não caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC.
2. É assente nesta Corte a possibilidade de cumulação
de pedidos, nos termos do art. 292 do Código de
Processo Civil, quando houver na demanda ponto comum
de ordem jurídica ou fática, ainda que contra réus
diversos. 3. A expressão "contra o mesmo réu" referida
no art. 292 do CPC deve ser interpretada cum grano
salis, de modo a se preservar o fundamento técnico-
político da norma de cumulação simples de pedidos,
que é a eficiência do processo e da prestação
jurisdicional. 4. Respeitados os requisitos do art.
292, § 1º, do CPC (= compatibilidade de pedidos,
competência do juízo e adequação do tipo de
procedimento), aos quais se deve acrescentar a
exigência de que não cause tumulto processual
(pressuposto pragmático), nem comprometa a defesa dos
demandados (pressuposto político), é admissível,
inclusive em ação civil pública, a cumulação de
pedidos contra réus distintos e atinentes a fatos
igualmente distintos, desde que estes guardem alguma
relação entre si. 5. Seria um equívoco exigir a
propositura de ações civis públicas individuais para
cada uma das várias licitações impugnadas as quais,
embora formalmente diversas entre si, integram uma
sequência temporal de atos de uma única administração
municipal e ocorreram no âmbito do mesmo órgão e
programa social. 6. Agravo Regimental não provido

(STJ - AgRg no REsp: 953731 SP 2007/0115915-0,


Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de
Julgamento: 02/10/2008, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de
Publicação: --> DJe 19/12/2008)

Regra: mesmo pedidos para todos os Réus.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Colaboração: Cristiane Netto
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AULA 2

Réu I Réu II

Pedido I Pedido II Pedido I Pedido II


Exceção: pedidos diferentes para réus diferentes, é necessária a conexão entre os
pedidos.

Réu I Réu II

Pedido I Pedido II Pedido III Pedido IV

Pedidos incompatíveis não é sinônimo de pedido desconexo.


§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação
que:

I - os pedidos sejam compatíveis entre si;

A Justiça Federal não julga caso entre particulares, portanto por exemplo o requisito do
§1º II não é possível reunir na mesma ação um réu particular e um estatal.
II - seja competente para conhecer deles o mesmo
juízo;

Tem procedimento especial que em dado momento vira procedimento comum,


por exemplo a ação possessória a partir do momento da contestação do Réu, vira
procedimento comum. Portanto há procedimentos especiais que não são tão específicos
assim, portanto é possível trazer os dois pedidos já observando o procedimento comum.
Por exemplo, cabe uma rescisão de processo cumulada com uma possessória.
No inventário por exemplo é mais específico, por exemplo questões de indagação
devem vir pela via própria, só cabe prova documental. Portanto não é possível cumular
inventários com alimentos ou inventário com reconhecimento de paternidade.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Colaboração: Cristiane Netto
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AULA 2
III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de
procedimento.

A liminar na ação possessória, em regra é concedida que a posse tenha sido


esbulhada em até um ano e um dia, atualmente pelo art. 327 §2º do CPC é possível, a
rescisão de contrato com a ação possessória decorrendo de o emprego de uma técnica
processual diferenciada.

Art. 327 § 2º Quando, para cada pedido, corresponder


tipo diverso de procedimento, será admitida a
cumulação se o autor empregar o procedimento comum,
sem prejuízo do emprego das técnicas processuais
diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a
que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não
forem incompatíveis com as disposições sobre o
procedimento comum.

§ 3º O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações


de pedidos de que trata o art. 326.

2.1.2 CLASSIFICAÇÃO DA CUMULAÇÃO DE PEDIDOS

• Tem dois pedidos e não há ordem de precedência


Simples: nem hierarquia entre eles.
• Por exemplo, danos materiais e danos morais.

• Também há dois pedidos, porém, há a necessidade


Sucessiva: de enfrentar um deles primeiro, porque a forma de
analisar um influenciará na segunda.

•Nessa cumulação, o autor faz dois pedidos, mas na verdade só


Eventual ou quer um.
•O autor nunca irá conseguir os dois pedidos.
subsidiária: •Conforme Barbosa Moreira, nessa hipótese não há
compatibilidade entre os pedidos, conforme art. 327 §3º.

2.1.3 MODIFICAÇÃO DO PEDIDO

Art. 329 do CPC até a citação do réu, o autor pode mudar livremente o pedido. Se
o réu já foi citado, o autor pode requerer o aditamento do pedido com o consentimento do
réu, mas até o saneamento.
Art. 329. O autor poderá:

I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a


causa de pedir, independentemente de consentimento do
réu;

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AULA 2
II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar
o pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu,
assegurado o contraditório mediante a possibilidade
de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze)
dias, facultado o requerimento de prova suplementar.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à


reconvenção e à respectiva causa de pedir.

2.1.4 CONCURSO ELETIVO DE AÇÕES

Concurso eletivo de ações, quando o legislador permite que tenha a disposição


mais de um procedimento, exemplo o juizado estadual, que pode entrar na vara cível com
procedimento comum ou no juizado especial.
Outro exemplo é o cheque sem força executiva que é possível a ação de
locupletamento (demanda em procedimento comum), a monitória ou a ação civil de
cobrança.
Procedimento para querela nulitatis, é o nome da demanda para reconhecer a falta
de citação, mas segue o procedimento comum.
Ação Pauliana também segue o procedimento comum.
O tema não tem consenso no CPC, nem na doutrina.

2.2 COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS

Há também a comunicação entre órgãos jurisdicionais ou administrativo, seria a


figura das cartas.
Esses atos em regras dão ciências de atos.

2.2.1 CARTAS

Segundo o CPC, em seu art. 237 há 4 tipos de cartas:


Art. 237. Será expedida carta:

I - de ordem, pelo tribunal, na hipótese do § 2º do


art. 236 ;

II - rogatória, para que órgão jurisdicional


estrangeiro pratique ato de cooperação jurídica
internacional, relativo a processo em curso perante
órgão jurisdicional brasileiro;

III - precatória, para que órgão jurisdicional


brasileiro pratique ou determine o cumprimento, na
área de sua competência territorial, de ato relativo
a pedido de cooperação judiciária formulado por órgão
jurisdicional de competência territorial diversa;

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AULA 2

IV - arbitral, para que órgão do Poder Judiciário


pratique ou determine o cumprimento, na área de sua
competência territorial, de ato objeto de pedido de
cooperação judiciária formulado por juízo arbitral,
inclusive os que importem efetivação de tutela
provisória.

Parágrafo único. Se o ato relativo a processo em curso


na justiça federal ou em tribunal superior houver de
ser praticado em local onde não haja vara federal, a
carta poderá ser dirigida ao juízo estadual da
respectiva comarca.

1º A carta de ordem: como o nome sugere, dentro do poder judiciário existe uma
hierarquia que conforme o caso determina-se que o juiz cumpra uma determinada ordem.
Os tribunais em geral não costumam colher depoimento de testemunha, logo
determinam que o juiz de 1º grau faça a instrução e tome o depoimento das testemunhas.
Quando se deseja apenas um ato, que não seja probatório, mas sim, apenas uma
informação, poderá ser por meio de ofício.
Quando se trata de uma carta de ordem expedida pelo STF, em regra são os juízes
de 1º grau federais.
O inciso II do art. 237 do CPC fala de carta rogatória, que é entre países diferentes.
Quando o Brasil tem que cumprir a carta é chamada de passiva, e quando requer é
chamada de ativa. A matéria se encontra dentro da Cooperação jurídica internacional.
A carta rogatória passiva deve passar inicialmente pelo STJ, que após dar o
exequatur1 é cumprida pelo juiz de 1º grau.
A carta rogatória vem deixada de lado, porque tem sido utilizado o auxílio direto,
que é cumprido entre órgãos administrativos.
Na carta precatória, ocorre entre órgão de mesma hierarquia, envolve a ideia de
cooperação jurídica nacional.
A carta arbitral é a forma de comunicação entre o juiz e o árbitro. O árbitro não
tem o poder de efetivação, portanto se uma testemunha faltar o árbitro não tem o poder
de conduzir coercitivamente uma testemunha, portanto nessa hipótese o juiz arbitral emite

1
É um termo jurídico que se pode definir como uma autorização para que uma sentença estrangeira
ou um pedido formulado por autoridade estrangeira por carta rogatória sejam cumpridos no Brasil.
Quem homologa sentença estrangeira e concede o exequatur às cartas rogatórias é o STJ (Superior
Tribunal de Justiça), conforme preceitua o artigo 105, I, "i", da Constituição Federal.
Antes da publicação da Emenda Constitucional 45 de 2004, essa competência era do STF
(Supremo Tribunal Federal).
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uma carta para que o juiz togado ouça a testemunha e caso ela falte, sejam tomadas
medidas coercitivas.
Dos arts. 260 ao 268 são estabelecidas outras modalidades, e requisitos, como por
exemplo a carta itinerante.
O juiz deprecado não julga o mérito do juízo deprecante. O juízo deprecado não é
o juiz natural, por isso é importante que na carta esteja estabelecido o objeto, do contrário
haveria burla ao juiz natural.
Art. 260. São requisitos das cartas de ordem,
precatória e rogatória:

I - a indicação dos juízes de origem e de cumprimento


do ato;

II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial


e do instrumento do mandato conferido ao advogado;

III - a menção do ato processual que lhe constitui o


objeto;

IV - o encerramento com a assinatura do juiz.

§ 1º O juiz mandará trasladar para a carta quaisquer


outras peças, bem como instruí-la com mapa, desenho
ou gráfico, sempre que esses documentos devam ser
examinados, na diligência, pelas partes, pelos
peritos ou pelas testemunhas.

§ 2º Quando o objeto da carta for exame pericial sobre


documento, este será remetido em original, ficando
nos autos reprodução fotográfica.

§ 3º A carta arbitral atenderá, no que couber, aos


requisitos a que se refere o caput e será instruída
com a convenção de arbitragem e com as provas da
nomeação do árbitro e de sua aceitação da função.

Art. 261. Em todas as cartas o juiz fixará o prazo


para cumprimento, atendendo à facilidade das
comunicações e à natureza da diligência.

§ 1º As partes deverão ser intimadas pelo juiz do ato


de expedição da carta.

§ 2º Expedida a carta, as partes acompanharão o


cumprimento da diligência perante o juízo
destinatário, ao qual compete a prática dos atos de
comunicação.

§ 3º A parte a quem interessar o cumprimento da


diligência cooperará para que o prazo a que se refere
o caput seja cumprido.

Art. 262. A carta tem caráter itinerante, podendo,


antes ou depois de lhe ser ordenado o cumprimento,
ser encaminhada a juízo diverso do que dela consta, a
fim de se praticar o ato.

Parágrafo único. O encaminhamento da carta a outro


juízo será imediatamente comunicado ao órgão
expedidor, que intimará as partes.

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Art. 263. As cartas deverão, preferencialmente, ser
expedidas por meio eletrônico, caso em que a
assinatura do juiz deverá ser eletrônica, na forma da
lei.

Art. 264. A carta de ordem e a carta precatória por


meio eletrônico, por telefone ou por telegrama
conterão, em resumo substancial, os requisitos
mencionados no art. 250 , especialmente no que se
refere à aferição da autenticidade.

Art. 265. O secretário do tribunal, o escrivão ou o


chefe de secretaria do juízo deprecante transmitirá,
por telefone, a carta de ordem ou a carta precatória
ao juízo em que houver de se cumprir o ato, por
intermédio do escrivão do primeiro ofício da primeira
vara, se houver na comarca mais de um ofício ou de
uma vara, observando-se, quanto aos requisitos, o
disposto no art. 264 .

§ 1º O escrivão ou o chefe de secretaria, no mesmo


dia ou no dia útil imediato, telefonará ou enviará
mensagem eletrônica ao secretário do tribunal, ao
escrivão ou ao chefe de secretaria do juízo
deprecante, lendo-lhe os termos da carta e
solicitando-lhe que os confirme.

§ 2º Sendo confirmada, o escrivão ou o chefe de


secretaria submeterá a carta a despacho.

Art. 266. Serão praticados de ofício os atos


requisitados por meio eletrônico e de telegrama,
devendo a parte depositar, contudo, na secretaria do
tribunal ou no cartório do juízo deprecante, a
importância correspondente às despesas que serão
feitas no juízo em que houver de praticar-se o ato.

Art. 267. O juiz recusará cumprimento a carta


precatória ou arbitral, devolvendo-a com decisão
motivada quando:

I - a carta não estiver revestida dos requisitos


legais;

II - faltar ao juiz competência em razão da matéria


ou da hierarquia;

III - o juiz tiver dúvida acerca de sua autenticidade.

Parágrafo único. No caso de incompetência em razão da


matéria ou da hierarquia, o juiz deprecado, conforme
o ato a ser praticado, poderá remeter a carta ao juiz
ou ao tribunal competente.

Art. 268. Cumprida a carta, será devolvida ao juízo


de origem no prazo de 10 (dez) dias, independentemente
de traslado, pagas as custas pela parte.

2.2.2 COMUNICAÇÃO ENTRE OS SUJEITOS DO PROCESSO

A intimação pode ser para qualquer parte tomar ciência de algo ou para que faça
algo.
A citação é um processo extremamente solene, disciplinada no art. 238 do CPC,
no código anterior a citação era um ato em que o réu vinha se defender, a crítica era que

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não era para se defender, mas sim integrar a relação processual. No código atual ele é
citado para a audiência, numa execução é citado para cumprir a execução. Portanto a
citação é um ato para convocar réu, ou terceiro interessado para integrar a relação
processual.
A falta ou a nulidade de citação comprometem a ampla defesa, o contraditório.
Conforme o 239, para a validade do processo é indispensável a citação, ou seja, é
um pressuposto processual.
Art. 239. Para a validade do processo é indispensável
a citação do réu ou do executado, ressalvadas as
hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de
improcedência liminar do pedido.

§ 1º O comparecimento espontâneo do réu ou do


executado supre a falta ou a nulidade da citação,
fluindo a partir desta data o prazo para apresentação
de contestação ou de embargos à execução.

§ 2º Rejeitada a alegação de nulidade, tratando-se de


processo de:

I - conhecimento, o réu será considerado revel;

II - execução, o feito terá seguimento.

Segundo o artigo supracitado, há dois casos que o processo é válido mesmo sem
citação, que é o indeferimento da inicial e a improcedência liminar do pedido. O juiz só
pode agir dessa forma antes de realizar a citação do réu.
Há uma sentença mesmo sem a citação. Como foi visto na hipótese de
improcedência ou indeferimento da petição inicial, a decisão é favorável ao réu. A
ausência de citação válida é tão grave que as partes dispõem de vários meios para lançar
mão de tal vício.
O jeito mais fácil é através de uma simples petição nos autos apontando a citação,
é um vício que não preclui, é grave e pode ser conhecido de ofício. Se hipoteticamente o
processo estiver em execução, no prazo da impugnação, é possível que seja apresentado
nela, art. 525, §1º, I.
Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523
sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15
(quinze) dias para que o executado, independentemente
de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios
autos, sua impugnação.

§ 1º Na impugnação, o executado poderá alegar:

I - falta ou nulidade da citação se, na fase de


conhecimento, o processo correu à revelia;

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A jurisprudência também permite o ajuizamento de uma ação autônoma que
declara a falta ou nulidade de citação, esta ação se chama querela nulitatis.
A querela nulitatis é uma demanda declaratória, não tem prazo prescricional e
decadencial.
O ato viciado contamina o processo todo, não só os atos que derivam dele.
Os tribunais são resistentes para a utilização de ação rescisória, porque tem coisa
julgada. Portanto se não tem citação, não pode ter coisa julgada e se não tem coisa julgada
não é possível a rescisória.
A citação pode ser dividida em dois grupos:

Postal

Por Oficial de
Justiça
Pessoal
Por Meio Eletrônico
Citação

Por Escrivão ou
Chefe de Secretaria

Por Edital
Fictícia
Por Hora Certa

Quando a citação é pessoal e o réu não apresenta contestação no prazo ele é revel.
A revelia permite o julgamento antecipado do mérito.
A citação ficta por edital ou por hora certa, vale para o processo, mas existe uma
dúvida se ele realmente tomou conhecimento do processo. Se ele não se manifestar nem
nomear procurador o juiz dá um curador especial, em regra a defensoria pública.
Há estados que não tem defensoria pública, principalmente federal.
Não basta o réu contestas, tem que impugnar cada fato afirmado pelo autor, do
contrário tem-se o ônus da impugnação específico descumprido, assim são considerados
como verdadeiros.

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Se o judiciário não encontrou o réu a defensoria também não irá encontrar,
provavelmente o defensor não terá acesso ao réu, portanto a lei alega que no art. 341,
parágrafo único do CPC poderá haver uma contestação por negativa geral.
Art. 341 Parágrafo único do CPC. O ônus da impugnação
especificada dos fatos não se aplica ao defensor
público, ao advogado dativo e ao curador especial.

2.2.3 CITAÇÃO PELA VIA POSTAL

É chamada de preferencial, ocorre que em alguns casos não é possível, mas não é
cabível quando trata-se de pessoa jurídica de direito público.
Nota-se que não existe mais a proibição, no art. 247 desta modalidade em
execução.
O art. 248, §2º, prevê que se o réu for pessoa jurídica a citação será válida se o
AR for assinado por funcionário do setor de correspondência.
No §4º do art. 248, é válido o porteiro assinar o AR ou mandado postal.
Art. 248. Deferida a citação pelo correio, o escrivão
ou o chefe de secretaria remeterá ao citando cópias
da petição inicial e do despacho do juiz e comunicará
o prazo para resposta, o endereço do juízo e o
respectivo cartório.

§ 1º A carta será registrada para entrega ao citando,


exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que
assine o recibo.

§ 2º Sendo o citando pessoa jurídica, será válida a


entrega do mandado a pessoa com poderes de gerência
geral ou de administração ou, ainda, a funcionário
responsável pelo recebimento de correspondências.

§ 3º Da carta de citação no processo de conhecimento


constarão os requisitos do art. 250.

§ 4º Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com


controle de acesso, será válida a entrega do mandado
a funcionário da portaria responsável pelo
recebimento de correspondência, que, entretanto,
poderá recusar o recebimento, se declarar, por
escrito, sob as penas da lei, que o destinatário da
correspondência está ausente.

2.2.4 CITAÇÃO ELETRÔNICA

É muito corriqueira, mas para os grandes litigantes, que já estão cadastrados no


tribunal. É também utilizada nos órgãos públicos.

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2.2.5 ESCRIVÃO OU POR CHEFE DE SECRETARIA

Por exemplo, o sujeito põe seu nome no Tribunal de Justiça, e vai ao Tribunal, e
no momento em que vai no Cartório é citado na própria serventia.

2.2.6 CITAÇÃO POR HORA CERTA

O Oficial de justiça vai duas vezes ao local e desconfia da ocultação do réu, assim
marca uma terceira vez que caso o réu não esteja é considerado citado, mas ainda assim
é enviado um AR para o endereço.

2.2.7 AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO

Uma vez citado o réu irá comparecer a uma audiência de conciliação ou mediação
do art. 334. CPC.
Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos
essenciais e não for o caso de improcedência liminar
do pedido, o juiz designará audiência de conciliação
ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta)
dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20
(vinte) dias de antecedência.

§ 8º O não comparecimento injustificado do autor ou


do réu à audiência de conciliação é considerado ato
atentatório à dignidade da justiça e será sancionado
com multa de até dois por cento da vantagem econômica
pretendida ou do valor da causa, revertida em favor
da União ou do Estado.

Se qualquer um deles faltar terá que pagar uma multa, sendo autor ou réu, multa
por ato atentatório a dignidade da justiça, no valor de 2% do conteúdo econômico para a
fazenda pública.
Há outros artigos que falam em multas com o mesmo nome, porém por outros
fatos geradores, com percentuais e destinatários diferentes. Exemplo art. 77, §2º e 774 do
CPC.
Só não ocorre se o autor informar na petição inicial que não quer a audiência e o
réu também informa que não quer, ou se o direito não permitir transação.
O código quis que os dois informem o desinteresse, salvo se já tiver entrado nos
10 dias anteriores a audiência.

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AULA 2
Muitos juízes e doutrinadores entendem que basta um deles informar que não
quer, e já estará fora de pauta, pela autonomia da vontade, defendida inclusive pelo
professor Alexandre Câmara.
Há críticas quanto ao código no que tange a gestão cartorária, porque quando o
réu se nega a audiência, seu prazo é iniciado desde então, portanto não costuma ser de
interesse do Réu.

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AULA 3

Aula 3 – Alexandre Câmara


3 Resposta do Réu e Reconvenção

3.1 RESPOSTA DO RÉU

3.1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O CPC fala de contestação e reconvenção. O réu pode contestar, contestar e


reconvir ou apenas reconvir.
O réu oferece contestação e reconvenção na mesma petição.

A contestação é o ato pelo qual o réu apresenta a sua defesa (art. 336 do CPC),
sendo que o não alegado (em regra) estará precluso.
Art. 336 do CPC. Incumbe ao réu alegar, na
contestação, toda a matéria de defesa, expondo as
razões de fato e de direito com que impugna o pedido
do autor e especificando as provas que pretende
produzir.

3.1.2 DEFESA

Defesa processual: Consiste na alega de questões preliminares ao mérito. E


dependendo de como o juiz decidir a defesa processual, sequer entrará na análise do
mérito.
Falta de condição da
ação

Perempção

Preliminares ao mérito
Processual (preliminar a todo o Litispendência
mérito)

Defesa Regra da Convenção de


eventualidade arbitragem
DE mérito
Impugnação
ETC.
Específica

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AULA 3
3.1.3 QUESTÕES PRELIMINARES X QUESTÕES PREJUDICIAIS

Ao longo do processo vão surgindo questões que o juiz precisa resolver, quando
são chamadas de independentes, a ordem em que são resolvidas é indiferente. Entretanto,
quando há questões com encadeamento lógico entre elas, sendo uma o antecedente
necessário da outra.
Por isso, o juiz precisa resolver o antecedente para depois a posterior. A questão
antecedente chama-se questão prévia e aquela posterior, chama-se questão posterior.
Existem dois tipos de questões prévias: preliminar e prejudicial. Existem também
dois tipos de questões posteriores: principal e prejudicada. Havendo relação lógica entre
elas:

AO mérito
Preliminar
DE mérito
Questão Prévia
AO mérido
Pre|judicial
A questão
processual
Principal
Questão Posterior
Pre|judicada

a) Preliminar:

Preliminar é a questão prévia que determina se a questão posterior será ou não


examinada. A depender a solução da primeira questão será sabido se a segunda questão
será ou não examinada.

Se for examiná-la não haverá nenhuma influência na sua questão


sobre a solução prévia. A solução prévia não influencia no conteúdo da
questão posterior, apenas se será ou não examinada.

Exemplo: Numa prova em que é perguntado as perguntas 1 e 2:

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1) venda a crédito de bem imóvel com reserva de domínio é possível?
Resposta: não, porque é promessa de compra e venda. No caso dos bens móveis
faz sentido porque faz se a tradição.
2) Testamento feito por pessoa de 17 anos que não foi emancipado é válido?
Resposta: É válido, portanto, conforme o Código Civil, a idade mínima para testar
é de 16 anos.

Não há qualquer relação entre a pergunta 1 e 2, podem ser respondidas


individualmente, sem encadeamento lógico, analogicamente não reagem como questões
preliminares.
Na questão a seguir, há uma necessidade de examinar a primeira pergunta, para
responder ou não a segunda.
1) Promessa de recompensa é contrato?
2)Se afirmativa, tal contrato é gratuito ou oneroso?

Só é possível responder a primeira serve para determinar se vai ou não responder


a segunda, mas a solução para a segunda não será determinada pela primeira.

Assim, a primeira questão determina se haverá ou não resposta para a segunda,


sem animus de determinação.

Retomando, se o autor sofreu ou não sofreu o dano e se o réu é ou não parte


legítima. Se examina primeiro a legitimidade, ou seja, ela é preliminar em relação ao
dano.

3.1.4 PREJUDICIAL

A prejudicial é diferente:
Há duas questões, uma antecedente da outra, agora seja qual for a solução dada a
primeira questão, a segunda também será examinada. Obrigatoriamente as duas serão
examidas.

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AULA 3
Ocorre que a solução da primeira vai influenciar o modo como vai ser resolvida a
questão posterior.
Dica PRÉ|JUDICIAL e a outra ficará PRÉ|JUDICADA.
Por exemplo, uma pessoa tem que pagar um imposto, mas argumenta sobre a
inconstitucionalidade da lei, portanto se a lei for inconstitucional não terá que pagar, mas
se for, terá que pagar.

A questão pode ser preliminar ao mérito e preliminar de mérito.


Preliminar ao mérito: que é preliminar a todo o mérito, ou seja, dependendo do
modo como essa questão for resolvida o processo será extinto sem resolução do mérito.

Se uma preliminar é preliminar de mérito, ela tem pertinência com o mérito, ou


seja, se relaciona com outra questão de mérito, ou seja, está dentro do mérito.
Por exemplo: Na denunciação da lide, o pedido formulado na ação principal é
mérito, o pedido da denunciação a lide também é mérito, mas se o denunciante ganhar a
ação principal, o juiz não julga a denunciação da lide. Ou seja, é uma preliminar de mérito.

Por exemplo na cumulação sucessiva de pedidos, ou seja, o pedido antecessor é


preliminar do segundo.

Duas alegações, uma de prescrição e outra de compensação, portanto analisa-se


primeiro a preliminar que é a prescrição.

A propõe uma demanda contra B em BH, B alega que o processo deveria tramitar
em SP porque é onde ele tem domicílio. Segundo o autor, deve ser BH em razão da
cláusula de eleição de foro. Se a cláusula de eleição de foro for válida, ou não, ela será
prejudicial para a competência, mas não tem qualquer relação com o mérito.
No art. 503, §1º do CPC(...) dessa resolução depender a resolução do mérito.
Nesse exemplo da eleição de foro, o que o juiz disser sobre a validade dessa
cláusula não faz coisa julgada.
O significado prático é que o juiz em um caso pode dizer que é válida e no outro
dizer que não é. São fenômenos que não se confundem.

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AULA 3
Causa prejudicial é quando a resolução do mérito influenciar na resolução de outro
processo. No código anterior não tinha previsão para questões prejudiciais fazerem coisa
julgada. Art. 313 do CPC.

3.1.5 PRELIMINARES IMPRÓPRIAS

Art. 337, do CPC possui a relação de todas as preliminares, próprias e


impróprias.
Por exemplo, se o valor da causa estiver incorreto ele corrige, de fato tem que
examinar antes do mérito, mas não propriamente irá importar na não análise do mérito.
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito,
alegar:

I - inexistência ou nulidade da citação;


II - incompetência absoluta e relativa;
III - incorreção do valor da causa;
IV - inépcia da petição inicial;
V - perempção;
VI - litispendência;
VII - coisa julgada;
VIII - conexão;
IX - incapacidade da parte, defeito de representação
ou falta de autorização;
X - convenção de arbitragem;
XI - ausência de legitimidade ou de interesse
processual;
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei
exige como preliminar;
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade
de justiça.

3.1.6 DEFESA DE MÉRITO DIRETA E INDIRETA

Na defesa de mérito direta, o réu nega o fato constitutivo do direito alegado pelo
autor.
Na defesa de mérito indireta, o réu admite o fato constitutivo e lhe opõe outro,
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
Exemplo: o autor alega uma cobrança e o réu defende que nunca houve dinheiro
emprestado – Defesa de mérito direta.
Ou, o autor alega que já foi paga a dívida. Ele admite a dívida, mas alega que o
direito do autor foi extinto. – Defesa indireta.
Toda defesa processual e de mérito tem que vir na contestação.

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AULA 3
Historicamente o que sempre se diz sobre o princípio da eventualidade, ou seja,
incumbe ao réu apresentar toda a sua matéria de defesa, mesmo que seja contraditória
entre si.
Segundo o exemplo da doutrina alemã, no processo, o autor cobra uma dívida e o
réu se defende dizendo que: não recebeu empréstimo, mas se recebeu foi doação, se não
foi doação já está pago.
Hoje tal princípio tem que ser objeto de análise, primeiro pelo princípio da boa-
fé. Será que age de boa-fé quem apresenta defesas contraditórias entre si?
A onda renovatória do direito segue no sentido da ética na profissão do direito.
Além da regra da eventualidade deve o réu na contestação se preocupar com o
ônus que lhe é imposto pela lei, é o ônus da impugnação especificada dos fatos. Art. 341
do CPC. Como regra geral a alegação sobre um fato feito pelo autor na inicial e não
impugnada pelo réu de forma específica é presumida como verdadeira, e se é verdadeira
não é objeto de prova.
A exceção ocorre quando o fato alegado é fato cujo o direito não admite confissão.
Seria uma espécie de drible. Por exemplo tudo que versas sobre direitos indisponíveis.
Por exemplo o Estado não pode abrir mão de algo indisponível. Na hipótese de um
acidente envolvendo um veículo do Estado. Portanto o Estado não pode confessar, mas
se não impugnar, é considerado mesmo assim como impugnado.
Entre as alegações que podem vir na contestação, está a de ilegitimidade passiva.
Quando o réu alega sua ilegitimidade surge para ele a obrigação de apontar quem deveria
ser o verdadeiro indicado.
Se ele não indicar ou indicar a pessoa errada, responde por perdas e danos.
Conforme arts. 338 e 339 do CPC.
Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte
ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo
invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze)
dias, a alteração da petição inicial para substituição
do réu.

Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor


reembolsará as despesas e pagará os honorários ao
procurador do réu excluído, que serão fixados entre
três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo
este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º .

Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao


réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica
discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de
arcar com as despesas processuais e de indenizar o

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EMERJ CP2 – PROCESSO CIVIL 11/11/2019
Alexandre Câmara
AULA 3
autor pelos prejuízos decorrentes da falta de
indicação.

§ 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no


prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição
inicial para a substituição do réu, observando-se,
ainda, o parágrafo único do art. 338.

§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar


por alterar a petição inicial para incluir, como
litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.

3.1.7 REVELIA

É a ausência / falta de contestação.


É um FATO jurídico, a sua diferença para o ato jurídico é que o ato emana da
vontade (“eu não pedi pra nascer”) o fato não depende da vontade humana, que se destina
a produzir efeitos jurídicos.
A revelia é um acontecimento que não depende de manifestação da vontade
relevante, ou seja, o fato que contestou. A esse fato se dá o nome de revelia.
A revelia vai poder produzir dois efeitos que estão interligados, de forma que ou
se produz ambos ou não se produz nenhum:

a) Efeito material da revelia.


b) Efeito processual da revelia.

3.1.8 EFEITO MATERIAL DA REVELIA

O efeito material da revelia é a presunção relativa de veracidade das alegações


feitas pelo autor a respeito de FATOS.
O réu revel ponde tentar produzir a contraprova que afaste a presunção. Art. 346
c/c art. 349 do CPC.
Art. 346. Os prazos contra o revel que não tenha
patrono nos autos fluirão da data de publicação do
ato decisório no órgão oficial.

Parágrafo único. O revel poderá intervir no processo


em qualquer fase, recebendo-o no estado em que se
encontrar.

Art. 349. Ao réu revel será lícita a produção de


provas, contrapostas às alegações do autor, desde que
se faça representar nos autos a tempo de praticar os
atos processuais indispensáveis a essa produção.

Na prática a contraprova tem que ser produzida antes da sentença.

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EMERJ CP2 – PROCESSO CIVIL 11/11/2019
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AULA 3
3.1.9 QUANTO O EFEITO MATERIAL NÃO SE PRODUZ

Art. 345 do CPC


Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no
art. 344 se:

I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar


a ação;

II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;

III - a petição inicial não estiver acompanhada de


instrumento que a lei considere indispensável à prova
do ato;

IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem


inverossímeis ou estiverem em contradição com prova
constante dos autos.

Não se pode presumir no direito o que é inverossímil.

Ônus de impugnação especificada X Revelia

No art. 341 o legislador especificou que


Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se
precisamente sobre as alegações de fato constantes da
petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não
impugnadas, salvo se:

I - não for admissível, a seu respeito, a confissão;

II - a petição inicial não estiver acompanhada de


instrumento que a lei considerar da substância do ato;

III - estiverem em contradição com a defesa,


considerada em seu conjunto.

Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada


dos fatos não se aplica ao defensor público, ao
advogado dativo e ao curador especial.

O inciso III não está presente na revelia, pode acontecer de o réu na contestação
não ter impugnado, mas ao mesmo tempo ele pode ter apresentado a impugnação na
reconvenção.
Portanto se automaticamente na reconvenção o Réu, embora não tenha
formalmente contestado, não é possível dar presunção ao fato, como se não impugnado
fosse. Em outras palavras, o art. 341 deve ser interpretado com o 345 e o que vale para
um, vale para outro.
Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no
art. 344 se:

I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar


a ação;

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EMERJ CP2 – PROCESSO CIVIL 11/11/2019
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AULA 3

II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;

III - a petição inicial não estiver acompanhada de


instrumento que a lei considere indispensável à prova
do ato;

IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem


inverossímeis ou estiverem em contradição com prova
constante dos autos.

3.1.10 EFEITO PROCESSUAL DA REVELIA

Art. 355, II do CPC, que trata do julgamento antecipado do mérito.


Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido,
proferindo sentença com resolução de mérito, quando:

I - não houver necessidade de produção de outras


provas;

II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no


art. 344 e não houver requerimento de prova, na forma
do art. 349.

Resulta do efeito material o efeito processual. Se não houvesse o efeito material


não seria possível a presunção da veracidade das alegações do autor, assim, só opera o
efeito processual decorrente do material.

3.2 RECONVENÇÃO

Existe um verbo que não se usa mais no sentido que tinha no passado, no
Português arcaico. O verbo convir tinha um significado que era de propor ação. “O autor
convém contra o réu”, portanto quando o autor convém contra o réu, o réu convém de
volta, logo ele reconvém2.
É uma demanda proposta pelo réu contra o autor dentro do mesmo processo. Não
é propriamente uma defesa no sentido mais estrito, mas sim um contra-ataque.

2
Reconvir conjuga-se como vir e não como ver, portanto o réu reconveio.

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AULA 3
3.2.1 REQUISITOS

1 – Temporal:
•Deve ser no mesmo momento da contestação, mesmo prazo, etc. Se a contestação for
apresentada, e mesmo dentro do prazo para contestar posteriormente apresentada a
reconvenção, esta será preclusa.

2 – Forma:
•O Código diz que deve ser na mesma petição, mas embora pela instrumentalidade das formas é
admitida.

3 – Competência:
•O juízo da causa original tem que ser competente para julgar a causa. Para se admitir a
competência, tem que ser a absoluta, mas a relativa é dispensada.

4 – Conexão de causas:
•Art. 343 do CPC, essa conexão que é pressuposto da conexão não é a mesma que a da
competência (art. 55 do CPC). É mais ampla que aquela, e até a engloba. A palavra conexão nessa
hipótese significa algum ponto em comum. Qualquer elemento de contato que permita que a
reunião dessas duas demandas no mesmo processo aumente a eficiência do processo.

Art. 343 do CPC. Na contestação, é lícito ao réu


propor reconvenção para manifestar pretensão própria,
conexa com a ação principal ou com o fundamento da
defesa.

Os pedidos contrapostos dispensam o requisito forma de contestação, conforme o


art. 31 da lei 9.099. A rigor é uma reconvenção, ou seja, o nome pedido contraposto era
uma demanda do réu contra o autor no mesmo processo, com a limitação de ser no mesmo
fato, era cabível em juizado e procedimento sumário.
Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao
réu, na contestação, formular pedido em seu favor,
nos limites do art. 3º desta Lei, desde que fundado
nos mesmos fatos que constituem objeto da
controvérsia.

Parágrafo único. O autor poderá responder ao


pedido do réu na própria audiência ou requerer a
designação da nova data, que será desde logo fixada,
cientes todos os presentes.

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EMERJ CP2 – PROCESSO CIVIL 11/11/2019
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No juízo comum tal prática não existe tal procedimento, mas há nos pedidos da
reconvenção o apelido pedido contraposto, quando se refere na verdade ao pedido feito
na reconvenção.

3.2.2 CARACTERÍSTICAS

A reconvenção é uma demanda autônoma, ocorre que o código chama a demanda


original de principal, mas não torna a reconvenção assessória, exatamente por isso é
possível julgar a reconvenção, mesmo que não seja possível julgar o mérito da ação
original.
Oferecida a reconvenção o réu vira réu reconvinte e o autor reconvindo. Vale
ressaltar que o autor reconvindo pode contestar à reconvenção.
Nota-se que cabe a reconvenção, da reconvenção.
Exemplo: A ação monitória está regulada no art. 700 até 702. Lá a contestação
tem o nome de embargos. No art. 702, §6º veda a reconvenção da reconvenção. Ou seja,
se há a vedação no procedimento especial, é porque é possível no procedimento comum.
Em tese não há limites. Chamada também de Reconvention reconvenciones.

3.2.3 RECONVENÇÃO SUBJETIVAMENTE AMPLIADA

B C
(Devedor (Devedor
Solidário) Solidário)

A
(Credor)

A demandou contra B apenas, mas B e C, litisconsorciaram-se para oferecer


reconvenção contra A pedindo a anulação do contrato.

A questão é: pode o réu reconvir com terceiro que não é parte da ação
original contra o autor?

É possível, inclusive poderia ser contra A e D, desde que o autor seja sempre
reconvindo.

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3.2.4 RECONVENÇÃO E LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA

“A” tem legitimidade extraordinária ativa em relação a “B”, então em nome de


“B” demanda contra “C”. Ocorre que para “C” reconvir contra “A” por direito que tenha
quanto a “B”, é necessário que “A” tenha legitimidade extraordinária passiva.
Art. 343 do CPC. Na contestação, é lícito ao réu
propor reconvenção para manifestar pretensão própria,
conexa com a ação principal ou com o fundamento da
defesa.

§ 5º Se o autor for substituto processual, o


reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em
face do substituído, e a reconvenção deverá ser
proposta em face do autor, também na qualidade de
substituto processual.

Vale ressaltar que quando o legitimado é o sindicado em relação ao representado


tem legitimidade ativa e passiva.
O MP na ação de investigação de paternidade tem apenas legitimidade ativa, para
propor a ação, mas não para responder pelo “filho”.

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AULA 4

Aula 4 – Alexandre Câmara


4 Providências Preliminares e Provas

4.1 PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES

O Procedimento comum começa com a petição inicial, pode ter havido


necessidade de o juiz determinar alguma emenda, o indeferimento, ou o caso de
improcedência liminar do pedido. Superadas essas etapas o juiz profere despacho liminar
positivo determinando a citação do réu.
Citado o réu, como regra geral, será verificado se haverá audiência prévia de auto
composição. Caso haja acordo o processo se encerra neste ponto, caso não o réu apresenta
resposta. Nos casos em que não há audiência, o réu é citado desde então para apresentar
resposta em 15 dias.
Decorrido o prazo da resposta tenha ela sido oferecida ou não, o juiz vai verificar
se é caso de tomar alguma das providências preliminares.
O CPC regula duas providências que o juiz poderá tomar no processo, o juiz irá
usar uma ou a outra. Há uma providência preliminar que pode ser necessária quando o
réu é revel e a outra que pode ser necessária quando o réu contestou, por isso não é
possível aplicar as duas. Se nenhuma das duas for necessária o juiz passará para o próximo
estágio.

4.1.1 TIPOS

Especificação de Provas
Art. 348. Se o réu não contestar a ação, o juiz,
verificando a inocorrência do efeito da revelia
previsto no art. 344, ordenará que o autor especifique
as provas que pretenda produzir, se ainda não as tiver
indicado.

No momento em que advogado elabora a petição inicial ele ainda não sabe o que
deverá provar, não sabe o que o réu vai fazer; se vai contestar, ficar revel, confessar. Ele
no máximo pode imaginar. Por isso, muito frequentemente o advogado faz um
requerimento genérico de provas, que não serve para nada (a lei manda especificar).

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EMERJ CP2 – PROCESSO CIVIL 12/11/2019
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AULA 4
Logo o réu é citado e fica revel, se a revelia gerar a presunção de veracidade das
alegações da inicial, o autor não vai precisará realizar provas, mas nos casos em que a
revelia não gera a presunção de veracidade o autor terá que convencer o juiz das suas
alegações.
Como provavelmente o autor fez o protesto genérico, nesse momento ele terá que
especificar as provas. Como a lei não prevê prazo, o prazo é fixado pelo juiz, caso não
determine, será o prazo de 5 dias.
Ou seja, essa providência é utilizada quando a revelia não gerar o efeito da
presunção de verdade das alegações da inicial.

4.1.2 RÉPLICA

É a resposta do autor à contestação, que deve ser oferecida no prazo de 15 dias.


Nesse caso, quando o réu contestar, caso o juiz a necessidade do autor se manifestar.
O réu pode apresentar defesa direta ou indireta, se o réu na contestação só
apresentar defesa de mérito direta (se limitou a negar o fato constitutivo do direito do
autor) não haverá réplica.
Não tem porque nesse caso a réplica não contribuiria para o contraditório. Se ele
apresentou defesa processual (ilegitimidade, incompetência), de mérito indireta
(prescrição, compensação, pagamento) tem que ter réplica.
O Despacho proferido depois dessa fase em que o juiz determina a especificação
de provas, não está previsto em lei, é um costume, que não é contrário a lei e não é
proibido.
O juiz faz isso porque as partes normalmente não especificam no início. Inclusive
ele é citado como um exemplo de que costume é fonte processual.

Tomas as providências preliminares ou se nenhuma delas era necessária, passa


para o próximo estágio:

Julgamento conforme o estado do processo

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AULA 4
Esse é um nome genérico que engloba vários pronunciamentos diferentes que
podem existir aqui. Existem 3 tipos que podem ser emitidos aqui, só pode ser usado um
dos três:

Obs.: Verificar se é o caso de extinção do processo, se não for verificar se é caso


de julgamento antecipado, se também não for sobrou o saneamento e organização.

Extinção do processo - art. 354 CPC


Ocorrendo as hipóteses do art. 485 (sentenças terminativas que não resolvem o
mérito), se o juiz verificar que está diante de um caso que o mérito não pode ser
examinado. Ou as hipóteses previstas no art. 487, II e III (prescrição e decadência, solução
consensual das partes) - é um processo que se pode resolver o mérito nesse momento.

Pode acontecer de ter ocorrido alguma das hipóteses do art. 485 ou dos incisos II
e III do art. 487, mas de modo a não alcançar todos os elementos do processo, só uma
parte. Ex. só um dos réus é parte ilegítima ou o autor formulou 3 pedidos e 1 falta interesse
de agir, ou o autor formulou dois pedidos e um deles há previsão no contrato de cláusula
de arbitragem, ou ainda, o autor formulou dois pedidos e um está prescrito, ou as partes
celebraram uma transação com relação a um dos pedidos.

Nesses casos terá um decisão n-t do art. 354, parágrafo único do CPC - decisão do
processo que diz respeito apenas uma parcela do processo, caso em que ela não vai
extinguir, vai reduzir o processo, que pode ser objetiva (se reduzir o pedido) o subjetiva
(se diminuir as partes), essa decisão é por decisão interlocutória que será atacada por
agravo de instrumento. Não existe extinção parcial, extinção é apenas total. Errado falar
que julga extinto o processo com relação a uma parte, o processo não acaba para ele,
continua sem ele. Assim como com relação ao pedido. Por isso o ato que exclui algo não
encerra e por isso o CPC diz que é decisão interlocutória, este não é um pronunciamento
de extinção parcial é de redução.

Julgamento antecipado do mérito - art. 355 do CPC

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EMERJ CP2 – PROCESSO CIVIL 12/11/2019
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AULA 4
Ela surge no CPC-73, um julgamento de mérito que o juiz profere sem que tenha
havido dilação probatória. No CPC-73 o nome era julgamento antecipado da lide. Prof.
gusmão dizia que o julgamento antecipado da lide tem duas características, primeiro que
ele não é antecipado - porque a antecipação do processo gera uma tutela provisória e aqui
estamos falando de resultado definitivo, segundo não é a lide - o juiz julga o mérito e não
a lide. O CPC-15 resolveu metade do processo.

É o julgamento imediato do pedido porque ele vem logo após a fase postulatória
e as providências preliminares, sem necessidade de dilação probatória, uma fase destinada
a produção de provas. Nesse momento o juiz vai julgar o pedido. O art. 487, I do CPC diz
que o juiz julga o mérito quando resolve o pedido, por isso não é caso de extinção.

Ocorrerá quando para julgar o pedido o juiz não precisar de prova, com o material
que ele já tem, já é capaz de julgar o pedido. Ex. prova documental é suficiente e veio
com a inicial e-ou contestação. Houve um processo de produção antecipada de prova.

Outro caso é quando ocorrer o efeito previsto no art. 344, que o autor alegou se
presume verdadeiro e o réu não requereu a produção da contraprova.

Também aqui pode ser o caso de emitir-se um pronunciamento parcial, ai teremos


a figura do art. 356 - julgamento antecipado parcial do mérito. Mais uma vez ocorrerá um
pronunciamento que reduz o processo, porque julga desde logo uma parcela do mérito.
Não é sentença, é decisão interlocutória e impugnável por agravo de instrumento.

Ex. o autor cobra uma dívida e o réu contesta de forma que uma parcela se torna
incontroversa. Pode julgar quanto à parcela incontroversa.
O autor formulou pedidos cumulados, o julgamento de um não depende de novas
provas, o outro depende. E o processo continuará para produzir provas do outro pedido.

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AULA 4
4.1.3 SANEAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO

Quando for caso de julgar o mérito, mas ainda não tem com resolver o mérito.
Então organiza o processo para poder continuar com ele e mais a frente julgar o mérito.

Essa é a decisão de faxina do processo, vai limpar e arrumar. A função principal


dela é organizar e não sanear.

4.1.4 SANEAMENTO

A decisão, saneadora, conforme o art. 357, tem 1 inciso que é de saneamento e os


outros 4 são de organização.
A vantagem de ter um processo organizado é encontrar as coisas com facilidade.

4.1.5 VISÃO GERAL SOBRE O PROCEDIMENTO COMUM

Nós temos no processo civil o procedimento chamado de comum que o


procedimento básico sobre o qual todos os outros são desenvolvidos. No Código anterior
havia um procedimento semelhante chamado de ordinário.
Ocorre que o procedimento comum não é o procedimento ordinário com outro
nome, mas sim diferente.
O procedimento ordinário era arcaico sem a definição de fases, e a doutrina falava
em fases com fins efetivamente didáticos, assim se falava em fase postulatória, de
saneamento, de produção de provas e decisória. Era uma divisão didática e não legal, as
fases se misturavam na prática.
O Código de 2015 se valeu de uma técnica moderna para a construção do
procedimento comum. Na prática o Código acabou sendo avançado demais para a
realidade brasileira.
O Código construiu um procedimento comum que é bifásico, que realmente são
compartimentos distintos do procedimento. Adotou-se uma técnica, a qual já era adotada
em outros ordenamentos, como os processos civis, austríaco, inglês, alemão e espanhol.
Nos países em que foi adotado o sistema bifásico, houve uma melhora
significativa nos processos em relação ao tempo processual, qualidade etc.

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A decisão de saneamento e organização é o ato final da primeira fase, a partir daí
começará a segunda fase que é a sentença.
A primeira fase é chamada pela doutrina de fase introdutória e a segunda de
principal. Até a decisão de saneamento e organização é a fase introdutória, e a partir daí
até a sentença é a fase principal.
A fase introdutória tem por fim delimitar as questões relevantes para a resolução
do mérito. Portanto nessa fase delimita-se o que é relevante para a questão.
O pronunciamento que o juiz dirá que para resolver a questão o juiz dirá o que
precisa resolver para decidir o mérito.
A fase principal, tem como fim a instrução e o julgamento das questões
delimitadas na fase introdutória.
Nos casos de instrução e julgamento antecipado não haverá a partição em duas
fases.
Decisão de saneamento
Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste
Capítulo, deverá o juiz, em decisão de saneamento e
de organização do processo:

I - resolver as questões processuais pendentes, se


houver;

II - delimitar as questões de fato sobre as quais


recairá a atividade probatória, especificando os
meios de prova admitidos;

III - definir a distribuição do ônus da prova,


observado o art. 373;

IV - delimitar as questões de direito relevantes para


a decisão do mérito;

V - designar, se necessário, audiência de instrução e


julgamento.

A delimitação das questões de fato, devem ser elencadas, bem como os meios de
provas a serem admitidos elencados.
Consequentemente a decisão de saneamento também deve constar de quem será o
ônus da prova.
Se entre os meios de prova que o juiz definiu houver alguma prova oral, o juiz
deverá marcar audiência de instrução e julgamento.

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Além disso, o juiz irá delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do
mérito.
As partes são intimadas e no prazo de 5 dias, para que por petição simples solicitar
algum ajuste ou esclarecimento.
Realizado o ajuste ou caso ninguém tenha se manifestado, a decisão se torna
estável.
A única exceção para tal estabilidade é quanto à fato ou direito superveniente.
Saneamento consensual ou convencional
Delimitação consensual das partes.

4.2 PROVAS

No Brasil trata-se o direito probatório dentro do direito processual. Em outras


partes do mundo é uma ciência autônoma.
Se divide em duas partes a primeira parte é a teoria geral da prova e a segunda é
o estudo das provas em espécie.

4.2.1 CONCEITO

A palavra prova no processo é usada de duas formas diferentes. As vezes para se


referir a algo que foi levado ao processo. Em outras ocasiões não para se referir ao
elemento nos autos, mas sim ao convencimento que ele levou.
Existe um aspecto objetivo e um subjetivo quando se fala em prova, portanto
quando se conceitua há a necessidade de concatenar os dois aspectos.

“Prova é todo elemento levado ao processo que contribuiu para a formação de


convencimento a respeito de matéria fática”.

O direito de produzir provas é deriva do próprio direito constitucional.


Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos
os meios legais, bem como os moralmente legítimos,
ainda que não especificados neste Código, para provar
a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a
defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.

Ou seja, o princípio do contraditório, que é de participar do processo com a


possibilidade de exercer influência no resultado. Por isso se fala no direito fundamental
de produzir provas, porque deriva do direito de produzir provas.

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A ampla defesa nada mais é que o direito a exercer o contraditório, portanto a
ampla defesa não é um princípio autônomo.

4.2.2 NATUREZA DAS NORMAS SOBRE A PROVA

A natureza das provas é material ou processual. Por exemplo no último título da


parte geral do Código Civil dispõe sobre provas.
Se nós considerarmos que as normas sobre prova são de direito material e não
processual, artigos do Código Civil sobre provas se aplicariam ao processo em que se
discute matéria administrativa, processual ou tributária?
Então ter-se-ia normas que versam sobre direito privado sendo aplicadas ao
público.
Ocorre que em outros países em que tais normas são aplicadas como materiais,
não há processos no judiciário para discutir matéria de direito público, que são feitas em
um tribunal administrativo em que não se aplica o código de processo civil.
No Brasil o processo civil serve tanto para o direito privado quanto o público,
ressalvadas as questões penais e trabalhistas.
É perfeitamente possível ter disposições materiais no código de processo e vice-
versa.

4.2.3 FINALIDADE DA PROVA

“A finalidade da prova é convencer sobre a veracidade de alegações sobre fatos que


sejam relevantes e controvertidas”.

O Objeto da prova não é o fato, mas sim a alegação. A prova não muda se o fato
ocorreu ou não, mas sim, o juiz se convence que a prova serve para convencer a alegação.
Por isso na revelia se consideram verdadeiras as alegações e não os fatos.
Evidentemente trata-se de alegações relevantes. Não basta a alegação ser
relevante, mas tem que ser controvertida, para que seja objeto de prova.
Art. 374. Não dependem de prova os fatos:

III - admitidos no processo como incontroversos;

Pode acontecer de o juiz ter que aplicar no processo um direito que ele não está
acostumado a conhecer, como por exemplo o derivado dos costumes (consuetudinário)

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AULA 4
ou que transitem em outra localidade, como outro país ou outro estado, conforme o art.
376 do CPC.
Art. 376. A parte que alegar direito municipal,
estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-
á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar.

Àquilo que se chama de verdade no processo a rigor é convencimento, e a lei


chama de verdade.
O que importa para o resultado não é se verdadeiramente o réu teve ou não culpa,
mas sim o convencimento do juiz. Por isso há validade o processo baseado em
presunções, como por exemplo, a revelia, que nada mais é que um convencimento
imposto pela lei.
Corresponde a esse entendimento a incontrovérsia, portanto se recebe o
incontroverso da mesma forma que se recebe o convencimento.

4.2.4 DESTINATÁRIO DA PROVA

O juiz (Estado Juiz) e as partes, o juiz destinatário direto e as partes destinatário


indireto.
É equivocada a ideia de que a prova serve apenas para o convencimento do juiz.
Com base nas provas é relevante para o comportamento das partes, assim decidem acerca
das ações no processo.
Há dispositivos no código que mostram claramente que as partes também são
destinatárias da prova, como o art. 381 do CPC.
Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida
nos casos em que:

I - haja fundado receio de que venha a tornar-se


impossível ou muito difícil a verificação de certos
fatos na pendência da ação;

II - a prova a ser produzida seja suscetível de


viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de
solução de conflito;

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No início as regras de distribuição do ônus da prova eram estáticas, ocorre que


surgiu um processualista argentino, chamado Peirnano, que as pessoas em adaptação aos
seus estudos de Teoria da Carga Dinâmica da prova.

Carga Dinâmica da Prova é conhecida como vulgo "portunhol". Em espanhol não


existe a palavra ônus. Portanto o espanhol chama a palavra ônus de carga. Portanto "carga
de la prueba" significa ônus da prova e não carga da prova.
O que é dinâmico não é o ônus, mas sim como ele se distribui. O que se adotou
no Brasil não foi a teoria do Peirano, mas sim uma adaptação à brasileira.

É um ônus que vai sendo distribuído e redistribuído ao longo do processo, e julga


com base no último.
No Brasil o juiz pega um ônus que seria de uma parte e distribui para o outro. Ou
seja é uma distribuição estática substituída por outra estática.

4.2.5 PRESUNÇÃO* E PROVA

Presunção não é uma matéria que se estuda no diretio, mas sim que lhe apresentam
e se decora.
Há duas espécies, a relativa e a absoluta.

Como saber para descobrir se uma presunção é absoluta ou relativa?

Presunção absoluta é um tema de direito material. É uma norma jurídica de direito


material que retira relevância de um fato jurídico.

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EMERJ CP2 – PROCESSO CIVIL 12/11/2019
Alexandre Câmara
AULA 5
"É uma norma que diz que o fato X não tem nenhuma relevância para o direito."
"Se acontecer o fato A, é irrelevante saber se o fato B ocorreu ou não."

Por exemplo a lei diz que há presunção absoluta de que se há averbação da penhora
do imóvel no registro público de imóveis, então é de conhecimento público. Portanto
torna-se irrelevante saber se as outras pessoas tomaram ou não conhecimento desta
penhora.
Portanto por isso não se faz prova na hipótese de prova em contrário da presunção,
porque não se produz prova contra fatos irrelevantes.

A presunção relativa é uma norma de direito processual que redistribui o ônus da


prova. Ela admite prova em contrário porque tudo que ela fez foi redistribuir o ônus da
prova.
Havia uma legislação com presunção relativa de enfiteuse no município do Rio de
Janeiro.
Presunção relativa é matéria de direito processual civil, logo competência
privativa da União. Por outro lado, a presunção absoluta é direito material não sendo
competência exclusiva da união.

4.2.6 PROVAS ILÍCITAS

A matéria vem tratada na Constituição, no art. 5º, XVI. São inadmissíveis no


processo as provas obtidas por meios ilícitos.
Houve uma vedação absoluta para que se empregue prova obtida por meio ilícito.
Vale ressaltar que a teoria dos frutos da árvore envenenada é uma tradução
equivocada e deveria ser chamada de frutos da árvore venenosa.
Há uma discussão doutrinária sobre a utilização de interceptação telefônica do
processo penal, no processo civil, conforme interpretação do STF é possível.
Ocorre que a Constituição diz no art. 5º XII, restringe tal interceptação na
investigação policial e instrução criminal, resultando em críticas a decisão.

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EMERJ CP2 – PROCESSO CIVIL 12/11/2019
Alexandre Câmara
AULA 5
4.2.7 INICIATIVA PROBATÓRIA DO JUIZ

Art. 370 do CPC


Pode o juiz de ofício determinar a produção de provas que as partes não
requereram. Há divergência sobre a constitucionalidade do dispositivo.
Para uma corrente, produzir prova não é papel do juiz, mas sim da parte, porque
está ligada ao interesse da parte. Logo o juiz não poderia cumprir um papel que seria da
parte, do juiz se espera imparcialidade. Do juiz também se espera a impartialidade, ou
seja, ele não pode cumprir um papel que seja das partes.

Produção de prova de oficio é algo que só se admite em um estado autoritário, não


num espaço democrático que há um espaço de liberdade.

Por outro lado há quem diga que é perfeitamente possível tal compatibilização,
segundo o Prof. Miqueli Taruffo, a relação de iniciativa probatória não tem correlação
com o Estado Democrático ou Autoritário, porque na prática não se verificou na prática.
Na Alemanha nazista não existia tal poder entre os juízes, já na Suíça há tal poder aos
juízes.
O fato de a lei brasileira dizer que o juiz tem poder de iniciativa probatória não é
cabível para alegar que seria compatível com o Estado Democrático de Direito.
Ocorre que a questão é o limite do poder de prova do juiz, que é chamada de
complementar.

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EMERJ CP2 – PROCESSO CIVIL 14/11/2019
Alexandre Câmara
AULA 6

Fontes de Prova
Pessoas

Coisas

Fenômenos

Serviços

Depoimento
Pessoal

Confissão
Meios de Prova

Testemunhal

Inspeção Judicial

Documental

Prova Pericial

Ata Notarial

Conforme o art. 369 as partes podem usar todos os meios de prova, ainda que não
relacionados no processo.
Exemplo, prova por amostragem.
O professor Alexandre Câmara traz um tipo de prova em que o comportamento
das partes pode servir como meio de prova, por exemplo quando um advogado sempre
demora fazendo as cargas de um processo pode demonstrar que prova seu interesse em
procrastinar.
Para o CPC é atípico, mas na legislação extravagante é típica, que é o
procedimento do mandado de segurança. A peculiaridade é que só pode produzir provas
documentais pré-existentes. O Mandado de Segurança diz que a autoridade coatora presta
suas informações por escrito.
Parte da doutrina entende que essa é uma prova testemunhal quem vem por escrito.
As provas podem ser divididas ainda em oral e escrita. Ocorre que a prova oral
tem um momento específico para ser produzida, que é na Audiência de Instrução e
Julgamento (AIJ).

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EMERJ CP2 – PROCESSO CIVIL 14/11/2019
Alexandre Câmara
AULA 6
Excepcionalmente o código permite que o perito preste esclarecimentos orais na
AIJ também.

4.2.8 PROVA EMPRESTADA

Prova emprestada é questionável quando há revelia, porque não ocorre o


contraditório.
Segunda perícia só ocorre quando a matéria não estiver completamente
esclarecida, art. 460 do CPC.

4.2.9 PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS

Era conhecido como cautelar, segue o art. 381 do CPC.


Pode precisar ser produzida antes do momento de produção de provas no processo
ou antes mesmo do próprio processo.
Antes de iniciar o processo é possível requerer que o perito examine um
determinado fato.
Chama-se de direito autônomo à prova.

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EMERJ CP2 – PROCESSO CIVIL 18/11/2019
Alexandre Câmara
AULA 7

4.2.10 DEPOIMENTO PESSOAL

É o testemunho da parte no processo. É uma prova que se produz na audiência de


instrução e julgamento.
Tem duas finalidades, a primeira é de qualquer meio de prova, trazer
esclarecimento acerca dos fatos relevantes da causa. Também serve para provocar a
confissão.
É isso que vai explicar o art. 385 §1º do CPC.
Se a parte foi intimada para testemunhar e não for injustificadamente, ou se for e
não responder, será considerada como presunção de confissão.
É diferente do interrogatório criminal.
A parte vai prestar depoimento pessoal, que pode ser requerida pelo juiz ou pela
outra parte. A parte não pode requerer o seu próprio depoimento pessoal.
O advogado não atua em nome próprio, mas sim em nome da parte, portanto o
advogado da própria parte ao interrogar seu cliente, não é meio de prova, mas sim
alegação.
A parte responderá as perguntas e só poderá deixar de responder nos casos do art.
388 do CPC.
Não deve se confundir depoimento pessoal com outro meio de prova típico,
chamado interrogatório livre, no art. 139, VIII do CPC.
É em qualquer fase do processo, não tem por objetivo prestar a confissão, portanto
não há a presunção de confissão quando a parte se silencia.

4.2.11 CONFISSÃO

É a admissão pela parte de um fato que lhe é desfavorável e é favorável a parte


adversária, art. 389 do CPC.
Pode ser expontânea ou provocada, neste caso quando resulta do depoimento
pessoal, art. 390 §2º.
A confissão pode ser feita em juízo ou extrajudicialmente, e uma vez feita é
irrevogável, conforme art. 393 do CPC.

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EMERJ CP2 – PROCESSO CIVIL 18/11/2019
Alexandre Câmara
AULA 7
Claro que pode ser anulada por vício de coação, erro etc. mas não é possível o
arrependimento.
É ineficaz a confissão de fato relativo a direito indisponível.
Confissão não é reconhecimento do pedido, na confissão, que poder ser feita pelo
autor ou Réu, a parte admite um fato, já o reconhecimento do pedido, ato exclusivo do
Réu, é admitida a própria existência do direito.
Nesse caso o juiz vai homologar o reconhecimento e extinguir o processo com
resolução do mérito, art. 487, III, a).
Se no prazo da contestação o réu reconhecer a procedência do pedido e quitar a
obrigação, o valor dos honorários se reduz pela metade.
Na lei do inquilinato, proposta a ação de despejo, se o réu reconhecer a
procedência do pedido, então ele poderá desocupar o imóvel em até 6 meses sem custas
processuais e honorário advocatícios.

4.2.12 PROVA TESTEMUNHAL

Testemunha é um terceiro estranho ao processo que levará ao juízo o seu


conhecimento sobre os fatos da causa.
A prova que se produz através do testemunho dela é a prova testemunhal. Como
regra é admitida em qualquer tipo de processo. Ressaltado o art. 442 do CPC.

O art. 443 estabelece algumas legítimas restrições a produção de provas


testemunhal.
No processo civil não há nenhuma hipótese de substituir perícia por prova
testemunhal em nenhuma hipótese.
O Art. 447 dispões sobre quem pode ser testemunha.
O fato de dizer incapaz, não se refere ao civilmente incapaz, mas o incapaz de
depor.
Impedidos:

Embora não possam ser testemunhas, conforme o §4º o juiz pode colher os
depoimentos dos impedidos e dos incapazes, inclusive menores salvo .....

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EMERJ CP2 – PROCESSO CIVIL 18/11/2019
Alexandre Câmara
AULA 7
O Brasil ratificou a convenção de NY e interpretando esse atirgo conforme essa
convenção, cahama de criança qualquer pessoa que tenha até 18 anos incompletos,
incluindo, portanto crianças e adolescentes.
Assim nelas podem depos sobre assunto de seu próprio interessse, como por
exemplo sua guarda.
Há a nessecidade cdo controle de convencionalidade do dispositivo supracitado.

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EMERJ CP2 – PROCESSO CIVIL 18/11/2019
Alexandre Câmara
AULA 8

Aula 8- Alexandre Câmara


8 Exibição de documento ou coisa / AIJ / Sentença.

8.1 EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA / AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E


JULGAMENTO.

8.1.1 EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA

O pedido de exibição de coisas gera um incidente processual que é a exibição de


documentos.
O código regula um procedimento quando uma parte requer a exibição de um
documento ou coisa contra a outra parte e outro procedimento quando a exibição é contra
terceira.
Do art. 396 até 0 400 do CPC há a demanda de exibição de uma parte contra a
outra, já do 401 ao 403 será a demanda de exibição de uma das partes contra terceiro.
O art. 404 se aplica a ambas as partes.
Art. 404. A parte e o terceiro se escusam de exibir,
em juízo, o documento ou a coisa se:

I - concernente a negócios da própria vida da família;


II - sua apresentação puder violar dever de honra;
III - sua publicidade redundar em desonra à parte ou
ao terceiro, bem como a seus parentes consanguíneos
ou afins até o terceiro grau, ou lhes representar
perigo de ação penal;
IV - sua exibição acarretar a divulgação de fatos a
cujo respeito, por estado ou profissão, devam guardar
segredo;
V - subsistirem outros motivos graves que, segundo o
prudente arbítrio do juiz, justifiquem a recusa da
exibição;
VI - houver disposição legal que justifique a recusa
da exibição.
Parágrafo único. Se os motivos de que tratam os
incisos I a VI do caput disserem respeito a apenas
uma parcela do documento, a parte ou o terceiro
exibirá a outra em cartório, para dela ser extraída
cópia reprográfica, de tudo sendo lavrado auto
circunstanciado.

Quando a parte que quer a exibição formular seu pedido terá que observar o art.
397/398 do CPC.
Art. 397. O pedido formulado pela parte conterá:

I - a individuação, tão completa quanto possível, do


documento ou da coisa;

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EMERJ CP2 – PROCESSO CIVIL 18/11/2019
Alexandre Câmara
AULA 8
II - a finalidade da prova, indicando os fatos que se
relacionam com o documento ou com a coisa;
III - as circunstâncias em que se funda o requerente
para afirmar que o documento ou a coisa existe e se
acha em poder da parte contrária.

Observar as possibilidades de não aceitação de recusa conforme o art. 399 do


CPC.
Art. 399. O juiz não admitirá a recusa se:

I - o requerido tiver obrigação legal de exibir;


II - o requerido tiver aludido ao documento ou à
coisa, no processo, com o intuito de constituir prova;
III - o documento, por seu conteúdo, for comum às
partes.

O art. 400 trata da decisão acerca da recusa de exibição do documento ou coisa.


Art. 400. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como
verdadeiros os fatos que, por meio do documento ou da
coisa, a parte pretendia provar se:

I - o requerido não efetuar a exibição nem fizer


nenhuma declaração no prazo do art. 398 ;
II - a recusa for havida por ilegítima.

Nos casos em que não se sabe exatamente o que quer se provar, nem seja possível
presumi-la a partir da negativa injustificada, deve-se aplicar o parágrafo único do art. 400
do CPC.
Art. 400 Parágrafo único. Sendo necessário, o juiz
pode adotar medidas indutivas, coercitivas,
mandamentais ou sub-rogatórias para que o documento
seja exibido.

Ocorre que o STJ antes da vigência do CPC sumulou no enunciado 372, que o juiz
não pode fixar multa.
Ocorre que quando se trata de exibição de documento contra terceiro, se admitia
a multa, mas não cabia quando o pedido era contra a parte contrária.
Já no caso atual o código diz ao contrário, então, segundo a doutrina o enunciado
372 do STJ está superado pelo CPC/15.
Súmula 372 do STJ. Na ação de exibição de documentos,
não cabe a aplicação de multa cominatória.

Quando a demanda for dirigida à exibição de documentos à terceiros, portanto a


rigor pelo art. 401 há a citação, com prazo de 15 dias.
Art. 401. Quando o documento ou a coisa estiver em
poder de terceiro, o juiz ordenará sua citação para
responder no prazo de 15 (quinze) dias.

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EMERJ CP2 – PROCESSO CIVIL 18/11/2019
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AULA 8
Ocorre que quando há a citação do terceiro ele deixa de ser terceiro e passa a ser
parte, portanto essa é uma forma também de intervenção de terceiro.
Art. 402. Se o terceiro negar a obrigação de exibir
ou a posse do documento ou da coisa, o juiz designará
audiência especial, tomando-lhe o depoimento, bem
como o das partes e, se necessário, o de testemunhas,
e em seguida proferirá decisão.

Art. 403. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar


a efetuar a exibição, o juiz ordenar-lhe-á que proceda
ao respectivo depósito em cartório ou em outro lugar
designado, no prazo de 5 (cinco) dias, impondo ao
requerente que o ressarça pelas despesas que tiver.

Parágrafo único. Se o terceiro descumprir a ordem, o


juiz expedirá mandado de apreensão, requisitando, se
necessário, força policial, sem prejuízo da
responsabilidade por crime de desobediência,
pagamento de multa e outras medidas indutivas,
coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias
necessárias para assegurar a efetivação da decisão.

Ocorre que quando o terceiro não cumpre a exibição de documentos ele comete
crime de desobediência.

8.1.2 AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO

A audiência de instrução e julgamento ocorre o contato imediato entre o juiz os


sujeitos que tem algo a falar, partes, testemunhas, peritos etc.
Essa audiência só deve ser designada quando houver prova oral a ser produzida,
conforme o art. 367, V do CPC.
Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste
Capítulo, deverá o juiz, em decisão de saneamento e
de organização do processo:

V - designar, SE NECESSÁRIO, audiência de instrução e


julgamento.

Quando a lei fala no texto do art. 358, do CPC, quando a audiência é determinada,
marca-se dia e hora, mas não se marca o lugar, porque os atos o processuais se realizam
na sede do juízo, conforme art. 217 do CPC.
Art. 217. Os atos processuais realizar-se-ão
ordinariamente na sede do juízo, ou,
excepcionalmente, em outro lugar em razão de
deferência, de interesse da justiça, da natureza do
ato ou de obstáculo arguido pelo interessado e
acolhido pelo juiz.

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EMERJ CP2 – PROCESSO CIVIL 18/11/2019
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A audiência pode começar antes da hora, caso todos os sujeitos estejam lá, caso
atrase, se o juiz atrasar sem justo motivo, o cartório certifica o fato e a tolerância é de 30
minutos.
Se o atraso for justificado, as partes deverão aguardar.
Na prática o pregão acaba sendo tratado como se fosse uma espécie de ato prévio
a audiência e depois se inicia a audiência.
Há uma inversão da ordem dos atos processuais e não se terá seguido a forma
prevista em lei, em regra não gera nulidade porque não há prejuízo.

Ocorre que no registro que se faz, normalmente é: “aberta a audiência foram


apregoadas as partes” parece

O pregão3 é a convocação em alto e bom som das pessoas que devem participar
da audiência.

Para as partes não há lugar marcado, mas há o costume em que o autor se senta a
mão do lado direito e o réu ao lado esquerdo. “O Réu mais próximo do coração”. A justiça
do trabalho, adaptou de forma que é o “trabalhador” seja autor ou réu à esquerda do juiz.
Vale destacar que na Alemanha foi aprovada a lei que aprova o mobiliário dos
fóruns, de forma que as mesas de audiência são redondas, sem posição de destaque.
A tentativa de autocomposição, conforme art. 359, segundo a doutrina há um erro
técnico grosseiro, quando diz que a arbitragem é uma tentativa de autocomposição.

3
Na idade média, sempre que era preciso fazer um anúncio público sobre algo, ia alguém para
uma praça pública, tocava uma corneta (arauto) pegava uma folha de papel e lia. E depois para dar maior
publicidade, ele pregava esse papel num poste na praça, portanto ficou conhecido como pregão.

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Tentativa de
Declaração Colheita da Alegações
AIJ Pregão Autocomposi Sentença
de abertura ção Prova Oral Finais

Esclarecimen
to do Perito Cada PArte
e A. terá 20
Técnicos. Há minutos,
a prova prorrogáveis
técnica por mais
Simplificada 10min.
também.

Depoimento
Min. Público
s Pessoais, 1º
fala depois
autor, depois
das partes.
réu

Inquirição
Testemunhas
, 1º autor,
depois réu.

Se houver intervenção de terceiro, esses integrantes formarão um bloco que terão


30 minutos divididos por eles. Ou seja, o critério que esses sujeitos adotam entre eles para
realizar é uma espécie de negócio processual, no caso típica, porque a lei diz que podem
convencionar.
Quando a causa for muito complexa, vamos substituir as alegações finais orais,
por alegações finais escritas, que tem o apelido de memoriais.
Apresentada as alegações finais o juiz proferirá sentença, ou em 30 dias úteis, é
prazo para prática de ato processual por sujeito do processo dentro do processo. A regra
da contagem dos dias úteis é para todos os prazos processuais, art. 366 do CPC.
Como a audiência é um ato de extrema oralidade é preciso documentar para se
preservar a memória do que ocorreu. O nome correto para esse registro documento é
termo de audiência. Expressões como ata, ou assentada são atécnicas. No art. 188 do
CPC, alega que os atos e termos processuais independem de forma (...). O conjunto de
termos processuais se chama de autos, o conjunto de atos, se chama processo.
Onde houver tecnologia o termo pode ser possível por meio de gravação /
eletrônico, conforme art. 367, §1º. Conforme o art. 367, V, nos termos da lei de
informatização do processo judicial, lei 11.419/06.
Como regra geral a audiência é pública, conforme o art. 368 do CPC.

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As partes independentemente de autorização judicial podem gravar a audiência,
art. 367, §6º.
O Art. 360 dá ao juiz o poder de polícia, para manter a ordem e o decoro na
audiência.
Art. 360. O juiz exerce o poder de polícia,
incumbindo-lhe:

I - manter a ordem e o decoro na audiência;

II - ordenar que se retirem da sala de audiência os


que se comportarem inconvenientemente;

III - requisitar, quando necessário, força policial;

IV - tratar com urbanidade as partes, os advogados,


os membros do Ministério Público e da Defensoria
Pública e qualquer pessoa que participe do processo;

V - registrar em ata, com exatidão, todos os


requerimentos apresentados em audiência.

8.2 SENTENÇA.

É o pronunciamento decisório do juiz que encerra o procedimento cognitivo ou de


execução.
Se não põe fim é uma decisão interlocutória. A decisão interlocutória pode ser
sobre mérito, inclusive conforme o art. 1.015 do CPC.

Terminativa
(Art. 485)
Sentença
Pronunciamentos Definitiva
Decisórios (Art. 487)
Decisão
Interlocutória

Ressalvadas as exceções para procedimentos especiais.


No processo de conhecimento podem ser proferidas duas espécies de sentença, a
terminativa e a definitiva.
A sentença terminativa será nos casos previstos no art. 485 do CPC. Ela não
resolve o mérito do processo. Já a sentença definitiva, que resolve o mérito será nos casos,
do art. 487 do CPC.

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8.2.1 ELEMENTOS ESSENCIAIS DA SENTENÇA.

Toda sentença tem que preencher alguns requisitos formais, conforme o art. 489
do CPC.
O código anterior não chamava os elementos do código atual de requisitos.
O Código Civil Brasileiro, tem peculiaridades, nunca se elaborou uma lei tão
complexa de forma tão democrática. Por exemplo o Código Civil da França, o Francês, o
Alemão e até mesmo o Código Civil de 16 não foram produzidos em democracias, de
certa forma o projeto do CC foi feito em 73, mantendo o mito de que democracias não
fazem bons códigos.
Ocorre que o CPC quebrou esse paradigma, porque houve amplo debate, com
comissões de processualistas, ofícios para todos os tribunais, MPs etc. para que todos
pudessem opinar. Havia um portal chamado e-democracia que aceitou sugestões sobre o
texto.
O único texto do mundo até então conhecido com tamanha popularidade foi a
Constituição da Islândia, com seus 250 mil habitantes.
Foram mais de 900 emendas apresentadas por deputados, 10 mil propostas no
portal e-democracia e 2 mil propostas de professores processualistas.
Segundo o professor Barbosa Moreira Relatório Fundamentação e dispositivo não
não são requisitos porque requisito é pressuposto, ou seja, algo que se pré supõe e pré
existe, ou seja existe antes, mas existem dentro da sentença, portanto não podem ser
requisitos, mas sim elementos.
Segundo Barbosa Moreira Sentença tem 3 partes integrantes, um resumo, a
justificativa da decisão e a decisão propriamente dita.
Sentença é um conjunto de fundamentação, relatório e dispositivo, portanto, um
conjunto é formado por elementos.
Elemento é cada parte do todo, ou cada integrante do conjunto.
Elementos essenciais, se faltar haverá um vício.
A falta de dispositivo torna o ato inexistente, o dispositivo é a parte decisória,
portanto sentença sem dispositivo não possui decisão, e sentença por definição é
pronunciamento decisório, ou seja, sentença sem dispositivo é uma contradição dos
próprios termos, logo não é sentença.

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8.2.2 RELATÓRIO

É a síntese do processo, é uma narrativa resumida do que de relevante aconteceu


no processo.
Há uma exigência legal de que se faça no relatório uma síntese do que é relevante,
força o juiz a conhecer o que vai julgar.
Suma é um verbete incomum, cujo seu diminutivo é súmula, ou seja, o relatório é
que quem leia o relatório entenda o que está sendo discutido.
Art. 489. São elementos essenciais da sentença:

I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a


identificação do caso, com a suma do pedido e da
contestação, e o registro das principais ocorrências
havidas no andamento do processo;

8.2.3 FUNDAMENTAÇÃO

A fundamentação é um discurso de justificação da decisão. Então não


fundamentação o que o juiz vai mostrar é porque aquela decisão a que se chegou e que
será anunciada no elemento seguinte, mostrará o porquê é a decisão melhor para aquele
caso.
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as
questões de fato e de direito;

O juiz a partir da justificativa que apresentou não podia mesmo ter chegado a
conclusão que chegou.
Se a justificativa está boa e a conclusão não, resolve-se por embargos de
declaração.
No Estado Democrático de Direito, a atividade estatal tem que ser legítima, mas
não basta ser apenas legal. Proporcionar legalidade não é difícil. O que acontece é que
quem exerce função administrativa ou legislativa recebeu legitimidade pelo voto popular
e recebe antes de atuar, portanto já atua legitimado.
O problema da atividade jurisdicional é que não tem voto, nem prestação de contas
periódicas porque o cargo é vitalício, assim essa legitimação ocorre por meio da
justificação. Nenhuma decisão é em si boa ou ruim, o que a faz ser correta ou incorreta é
a fundamentação.

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AULA 8
Ou seja, o juiz se legitima a cada ato que pratica, por isso a fundamentação da
decisão é um pilar do Estado Democrático de Direito, por isso há na constituição o direito
fundamental do direito a fundamentação.
Quando se fala de fundamentação não se pode deixar de considerar o §1º do art.
489 do CPC. Se um discurso é tão ruim e tão defeito que é equiparado por lei a uma
absoluta falta de fundamentação.
Art. 489 § 1º Não se considera fundamentada qualquer
decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença
ou acórdão, que:

I - se limitar à indicação, à reprodução ou à


paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação
com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem
explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar
qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no
processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão
adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de
súmula, sem identificar seus fundamentos
determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento
se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula,
jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem
demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento.

8.2.4 DISPOSITIVO

É no dispositivo que irá apresentar a parte conclusiva da decisão. Segundo Ovídio


Baptista da Silva, o dispositivo se caracteriza pelo verbo, e esse comando se materializa
por meio do verbo.
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as
questões principais que as partes lhe submeterem.

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