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COM
cognição
Conceito
objeto
3ª corrente (Chiovenda): Existe ainda uma tese minoritária que afirma ser um
binômio: requisitos de admissibilidade = pressupostos processuais e condições da
ação.
4ª corrente: Existe ainda uma quarta corrente que afirma que o objeto da
cognição é um quadrinômio: segue o mesmo conteúdo da tese dominante,
incluindo-se ainda os chamados supostos processuais. Os pressupostos
processuais são aqueles que determinam a existência da relação jurídica,
enquanto os supostos processuais analisam a validade desta relação.
espécies
Traz uma limitação quanto às matérias que poderão ser ventiladas pelas
partes, gerando o que alguns autores chamam de ação sumária. A ação sumária
não se confunde com o procedimento sumário nem com cognição sumária. A
ação sumária é simplesmente o exercício de uma cognição judicial horizontal
limitada.
Questão: É possível uma ação petitória ser decidida exclusivamente com base na
posse? Sim. Como a cognição é plena, a parte pode ventilar matéria possessória
em ação petitória. A função social da posse pode se sobrepor ao próprio direito
da propriedade que não cumpre sua função social. Sendo assim, pode servir de
fundamento para que o proprietário perca o seu bem para o possuidor, desde que
não tenha dado função social à sua propriedade. Ex. O proprietário quer reaver o
bem, mas o possuidor ventila usucapião como matéria de defesa.
Embargos à execução contra a Fazenda Pública: art. 741 do CPC → rol taxativo
→ cognição limitada.
Atenção: O art. 475-L, II e §1º c/c art. 741, II e p.ú, do CPC, podem ser usados
para fundamentar a relativização da coisa julgada quando for verificada a coisa
julgada inconstitucional (ou sentença inconstitucional transitada em julgado). O
novo CPC traz essas mesmas disposições nos arts. 525, §§7º ao 12 e 535, §§5º ao
8º.
cognição eventual
processo de conhecimento
processo de conhecimento
Ex. Art. 1.102-A do CPC. O fundamento para toda e qualquer ação monitória é o
chamado título injuntivo, isto é, um documento escrito que exterioriza uma
relação obrigacional, mas que não tem executividade (sem eficácia executiva). O
réu, na ação monitória, é citado e pode oferecer embargos. No entanto, caso o réu
se quede inerte, constituído estará de pleno direito o título executivo (art. 1.102-C
do CPC) e o procedimento perderá sua especialidade, sendo convertido
automaticamente em cumprimento de sentença. É o único exemplo em que a
revelia gera formação imediata de título executivo.
processo de execução
processo cautelar
Com o advento do novo CPC, não existem mais procedimentos cautelares típicos
ou nominados. Existem somente medidas cautelares, aplicando-se a que for
adequada ao caso concreto. O procedimento vai ser sempre o mesmo, previsto
para tutela de urgência.
Apesar de o novo CPC não falar expressamente, foi mantido o poder geral de
cautela que permite ao juiz a concessão ex officio da tutela cautelar, inclusive
atípica. Com o novo CPC, coexistem o poder geral de cautela e o poder geral de
efetivação.
fases do procedimento
fase postulatória
fase de admissibilidade
Despacho liminar
Apesar de a doutrina utilizar o termo despacho liminar, nem sempre o ato
será um despacho. É o ato judicial proferido pelo magistrado na fase de
recebimento ou de admissibilidade e se divide em 3 tipos:
Na execução com base em título extrajudicial (sem ser contra a Fazenda Pública)
(art. 617 do CPC) e na ação de improbidade administrativa (STJ), o que
interrompe a prescrição é a propositura da execução e da ação, respectivamente.
c.1. Com mérito: no atual CPC, ele pode surgir de duas formas:
1ª) Reconhecimento de prescrição e decadência (art. 269, IV c/c art. 295, IV) →
com o novo CPC, deixam de ser causa de indeferimento da inicial e passam a ser
causa de julgamento liminar de improcedência.
2ª) Julgamento liminar de improcedência (art. 285-A do atual CPC) (art. 332 do
CPC/2015) – para o STJ, a sentença liminar de improcedência, na forma do art.
285-A, só será possível quando estiver lastreada em precedente do STJ ou do
STF (dupla conformidade) (REsp 1225227/MS, Inf. 524 e REsp 1109398/MS,
Inf. 477).
c.2. Sem mérito: é o indeferimento da inicial (art. 295 c/c art. 267, I). O despacho
liminar negativo sem mérito denota a presença de uma irregularidade/um vício
insanável.
Questão: O juiz, ao indeferir a inicial, sem resolver o mérito, deve citar o réu
para responder eventual recurso? De acordo com o STJ, não há necessidade,
desde que a eventual reforma ou anulação da decisão não gere preclusão para o
réu (o réu será citado para contestar e poderá alegar os mesmos vícios que
acarretaram o indeferimento da inicial a princípio). Com o novo CPC, o réu será
necessariamente citado para responder o recurso.
introdução
pedido
espécies
pedido implícito
Atenção: À luz do novo CPC (art. 85, §18 e art. 1026, §3º, III) segundo
Enunciado nº 8 do Fórum Permanente dos Processualistas Civis, fica superado o
verbete sumular 453 do STJ.
pedido determinado
1º. O pedido genérico de dano moral é cabível considerando que compete ao juiz
com exclusividade arbitrar o valor indenizatório. Neste sentido, ainda quando a
parte formule pedido determinado, trata-se de mera sugestão, isto é, o magistrado
não está vinculado ao valor expressamente pretendido, podendo, inclusive, fixar
valor superior, sem que se caracterize sentença ultra petita.
Obs. No novo CPC, não se admite mais a formulação de pedido genérico na ação
de dano moral, porque o art. 292, V, exige que se indique como valor da causa o
valor pretendido a título de dano moral.
c) Inciso III: quando a condenação depender de ato praticado pelo réu, como na
ação de prestação de contas.
interpretação de pedidos
cumulação de pedidos
classificação
cumulação própria
comum ou simples
sucessiva
cumulação imprópria
Aqui o autor formula mais de um pedido, mas sem estabelecer uma ordem
de preferência. O juiz pode acolher um ou outro.
requisitos da cumulação
requisitos
1º. Efeito regressivo ou efeito devolutivo diferido (vide art. 285-A, §1º):
uma vez interposta a apelação, o juiz poderá se retratar da sentença. Trata-se de
exceção à regra do art. 463.
2º. O pretenso réu, àquele a quem favorece a sentença, é citado não para
contestar, mas para contra-arrazoar. Citação, pelo novo CPC, é o ato pelo qual se
integra o réu à relação processual (art. 238 do CPC/15).
indeferimento sem resolução de mérito (art. 295, 296 do cpc e 51 da lei 9.099)
e) Inciso VI: não atendimento das prescrições do art. 39, p.ú, e 284 do
CPC.
A comunicação dos atos processuais pode ser realizada entre órgãos (ex.
um juízo se comunicando a outro juízo) ou entre órgão e sujeito processual (ex.
citação, arts. 213 e ss.).
citação
conceito
A citação é conceituada pelo art. 213 do CPC como o ato processual por meio do
qual o réu é chamado em juízo para se defender. Esse conceito desde sempre foi
muito criticado, pois, muitas vezes, o réu se dirige ao juízo pra apresentar outra
coisa que não sua defesa (ex. julgamento de improcedência liminar → em caso
de apelação, o réu é citado não para se defender, mas para contra-arrazoar).
Portanto, o correto seria dizer que a citação é o ato pelo qual o réu integra a
relação processual (art. 238 do CPC/2015).
vícios da citação
O vício da inexistência é o vício mais grave, pois constitui uma ruptura total com
aquilo que a lei exige. Fala-se até mesmo em “não-ato”. Pode ser pronunciado de
ofício e reconhecido a qualquer momento, pois não convalida, não preclui nunca.
Ex. inexistência de citação do litisconsórcio necessário. Reconhecida a falta de
citação no início do processo, tudo que derivou de erro está contaminado, ainda
que haja coisa julgada.
modalidades de citação
Por correio
Por oficial de
justiça
Pessoal
Por meio
eletrônico
Por serventuário
Citação em cartório
(novo CPC)
Ficta
Por edital
Atenção:
Se a citação for ficta e o réu não comparecer, o juiz deve nomear curador
especial (Defensoria Pública ou advogado dativo), conforme exige o art. 9º, II, do
CPC. O art. 302, p.ú, do CPC autoriza que o curador especial conteste a ação por
negativa geral, afastando os efeitos da revelia, sendo essa uma mitigação do
princípio do ônus da impugnação específica das alegações do autor.
efeitos da citação
Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz
litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em
mora o devedor e interrompe a prescrição.
a) Plano processual:
Obs. O novo CPC simplifica e diz que prevento será o juízo em que houve a
primeira distribuição (onde tiver mais de uma vara) ou o primeiro registro (em
caso de vara única). Portanto, a citação não terá mais como efeito processual
tornar o juízo prevento.
b) Plano material:
b.2. Constituir em mora: se o réu ainda não está em mora (ex. não houve
interpelação em caso de mora ex persona), a citação terá tal efeito. Portanto,
trata-se de efeito subsidiário, que nem sempre ocorrerá. Será mantido no novo
CPC.
b.3. Interromper a prescrição: a norma do art. 219 do CPC prevê que a citação
interrompe a prescrição, o que confronta com o art. 202, I, do CC, que prevê o
“cite-se” como momento de interrupção da prescrição. Nesse aspecto, há longa
data já se considera o art. 202, I, do CC como prevalente, pois a prescrição é
instituto de natureza material (atinge o fundo do direito) e não de natureza
processual e porque o CC é posterior ao CPC. O novo CPC já conserta essa
questão, colocando o cite-se como momento interruptivo da prescrição,
retroagindo os efeitos à propositura da demanda.
Prevenir o
juízo
Efeitos
processuais
Induzir
litispendência
Efeitos Constituir em
materiais mora
Interromper a
prescrição
intimação
Art. 234. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do
processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa.
Para Marinoni, o árbitro não pode ser considerado um órgão jurisdicional, pois
jurisdição é dizer o direito e efetivar o direito, e o árbitro, embora diga o direito,
não pode efetivá-lo. Ela tem caráter privatista e seus poderes não equivalem ao
do órgão jurisdicional. Fredie Didier entende, contudo, que a arbitragem é
jurisdição.
O CPC/73 não utiliza a expressão “carta arbitral”, mas ela tem sido
informalmente utilizada, com positivação no novo CPC.
carta precatória
carta rogatória
carta de ordem
resposta do réu
noções gerais
a.1. Dilatórias: o acolhimento pelo juiz afeta o vínculo de direito processual, mas
o processo permanece tramitando, apenas com sua marcha dilatada.
Ex. incompetência absoluta (remete para o juízo competente).
b.2. Indireta: quando o réu reconhece o fato afirmado pelo autor, mas a seu
favor invoca um fato modificativo, impeditivo ou extintivo do direito do autor.
Ex. “Eu fiz essa dívida, mas já paguei” (pagamento – defesa de mérito indireta
extintiva).
revelia
1º. Efeito material principal (art. 319): se o réu não contestar, presumem-
se como verdadeiros os fatos alegados pelo autor. Isso ocorre, pois a contestação
é o único tipo de defesa em que o réu pode apresentar defesas de mérito, ou seja,
aquelas que questionam o direito material afirmado pelo autor. Se não contestar,
os fatos presumem-se verdadeiros.
2º. Efeito processual secundário (art. 322): se o réu não contestar, ele não
mais será intimado para os atos posteriores do processo.
Audiência de
Petição inicial Citação Contestação AIJ Sentença
conciliação
Aud. de
Contestação Aud. de
Petição inicial Citação conciliação Réplica AIJ Sentença
(início do prazo) saneamento
/mediação
Como se vê, o prazo para apresentar defesa é de 15 dias, mas o momento de seu
início depende de cada procedimento.
reconvenção
Convir, em português arcaico, significava ir a juízo. Esse sentido se
perdeu, sendo utilizado somente no chamado “contra-ataque” do réu em face do
autor – reconvenção (demandar de volta). Reconvenção é uma demanda
proposta pelo réu em face do autor, aproveitando-se do mesmo processo. No
CPC/15, a reconvenção é feita na mesma peça da contestação (art. 343).
Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar
pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.
Se o réu reconvir, ele terá de dar valor à causa. Esse valor da causa deverá
ser indicado na própria contestação em que o réu reconvenha (art. 292).
requisitos objetivos
competÊncia do juízo
conexão
Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o
pedido ou a causa de pedir.
1º. É difícil pensar em uma reconvenção cujo pedido ou causa de pedir sejam
idênticos ao da demanda principal, pois, em regra, são completamente
antagônicos (somente em situações excepcionalíssimas isso ocorreria, ex. A pede
anulação do contrato porque B o coagiu; B diz que não coagiu, mas que celebrou
o contrato em erro, razão pela qual pede, em reconvenção, a anulação do
contrato), o que restringiria por demais a possibilidade de reconvenção.
2º. Diga-se ainda que a reconvenção nunca poderá ter o mesmo pedido/causa de
pedir da contestação, pois a contestação não deduz pedido ou causa de pedir.
requisitos subjetivos
Art. 343, § 3o A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro.
Questão: Pode alguém que não é réu se litisconsorciar ao réu para reconvir?
Sim. Ex. B e D são devedores solidários de A. A propõe ação somente em face
de D. B pode se juntar a D para reconvir pedindo anulação do contrato (nessa
hipótese, o litisconsórcio é facultativo). Assim prevê o art. 343, §4º, do CPC:
§ 4o A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro.
1º. Impedimento e suspeição não são matérias alegáveis apenas pelo réu, mas
também pelo autor, razão pela qual não se poderia restringir sua alegação em
sede de contestação.
Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte
alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do
processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com
documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas.
a) Art. 144:
Inciso III: quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado
ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,
inclusive;
Inciso IV: quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou
companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até
o terceiro grau, inclusive;
Inciso VII: em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha
relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços; - Ex.
Um juiz que dê aula em determinada faculdade não poderá atuar nos processos
em que essa faculdade seja parte.
Inciso VIII: em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu
cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou
colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado
de outro escritório; - essa causa não existia no CPC/73. Para Câmara, traz uma
exigência ilógica, pois presume que todo advogado atua de má-fé. Isso cria
inúmeros casos de impedimento entre juízes e parentes advogados em causas que
nenhuma relação possuem.
Inciso IX: quando promover ação contra a parte ou seu advogado. – essa causa
não existia no CPC/73. Ex. Se Alexandre Câmara propôs ação contra a Decolar,
não poderá atuar como juiz em outras causas em que Decolar seja parte.
Inciso III: quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de
seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro
grau, inclusive;
O NCPC prevê a possibilidade de o juiz recorrer dessa decisão nos moldes do art.
146, §5º (essa previsão não existia no CPC/73). Como não tem capacidade
postulatória, para recorrer, precisará contratar advogado.
Com relação à incompetência relativa, esta passa a ser alegada no NCPC como
preliminar de contestação e não mais como exceção apartada.
Sempre que alguém vai propor uma demanda, seja por petição inicial ou
por reconvenção, é preciso dar à causa um valor (art. 291 do NCPC). Em regra, o
valor da causa corresponde ao proveito econômico que a parte pretende obter
com o processo. Se não houver proveito econômico, o valor da causa será fixado
por estimativa.
Partindo dessa ideia geral, o art. 292 estabelece alguns critérios a serem
necessariamente observados:
Art. 292, § 3o O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa
quando verificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou
ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao
recolhimento das custas correspondentes.
Se a causa não tiver conteúdo econômico e o valor da causa tiver que ser
estimado, não cabe controle de ofício pelo juiz.
providências preliminares
especificação de provas
Há casos, porém, em que, não obstante a revelia, tal efeito não será produzido,
ex. réu revel em processo que verse sobre direitos indisponíveis. No NCPC, tais
hipóteses estão no arts. 344 e 345. Se o réu é revel, mas dessa revelia não resulta
uma presunção de veracidade, o autor não fica dispensado do ônus de produzir
provas, caso em que o juiz permitirá ao autor especificar provas para demonstrar
a veracidade de suas alegações.
Art. 348. Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando a inocorrência do
efeito da revelia previsto no art. 344, ordenará que o autor especifique as provas
que pretenda produzir, se ainda não as tiver indicado.
Art. 349. Ao réu revel será lícita a produção de provas, contrapostas às alegações
do autor, desde que se faça representar nos autos a tempo de praticar os atos
processuais indispensáveis a essa produção.
réplica
Pode, contudo, surgir uma relação entre questões, que faz com que uma
tenha que ser necessariamente resolvida antes da outra. Quando isso acontece, a
questão que obrigatoriamente será examinada primeiro se chama questão prévia e
a questão que será examinada depois se chama questão posterior.
Art. 325. Contestando o réu o direito que constitui fundamento do pedido, o autor
poderá requerer, no prazo de 10 (dez) dias, que sobre ele o juiz profira sentença
incidente, se da declaração da existência ou da inexistência do direito depender,
no todo ou em parte, o julgamento da lide (art. 5º).
Art. 470. Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a parte
o requerer (arts. 5º e 325), o juiz for competente em razão da matéria e constituir
pressuposto necessário para o julgamento da lide.
Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei
nos limites da questão principal expressamente decidida.
O art. 503, §2º, do NCPC traz um requisito negativo para que a solução da
questão prejudicial faça coisa julgada, qual seja o de que o processo não se
submeta a restrições probatórias ou limitações à cognição. Se houver tais
limitações/ restrições (ex. mandado de segurança, inventário, processos nos
Juizados etc.), não haverá coisa julgada quanto à solução da prejudicial.
O NCPC não fala mais em ação declaratória incidental, mas há quem fale
que, independentemente de previsão expressa, esta continua sendo cabível, uma
vez que, ao prever o incidente de argüição de falsidade, demonstra que o sistema
do NCPC é plenamente compatível com as ações declaratórias incidentais (Ada
Pellegrini Grinover).
Questão: Cabe ação declaratória incidental contra réu revel? No CPC/73, sim,
desde que nos termos do art. 321, que exige que o réu revel seja novamente
citado, sendo-lhe devolvido o prazo de resposta. No NCPC, se o réu é revel, a
solução da prejudicial não vai fazer coisa julgada, conforme art. 503, §1º, II.
Pode ser, portanto, que o réu deixe de contestar de propósito para que a solução
da questão prejudicial não faça coisa julgada. Nesse caso, Câmara entende que
seria plenamente cabível o autor propor ação declaratória incidental, permitindo-
se assim que a questão prejudicial faça coisa julgada quando, a princípio, não
faria.
CPC/1973 CPC/2015
extinção do processo
Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 (extinção sem
resolução do mérito) e 487, incisos II e III (extinção com resolução do mérito), o
juiz proferirá sentença.
Art. 354, Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode dizer respeito
a apenas parcela do processo, caso em que será impugnável por agravo de
instrumento.
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver
requerimento de prova, na forma do art. 349.
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos
formulados ou parcela deles:
Inciso II: estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355.
– Ex. Se, em relação a um dos pedidos, a prova documental acostada à inicial for
suficiente à sua demonstração, pode o juiz desde logo julgá-lo procedente,
deixando os demais pedidos para análise posterior.
O fato de ainda não haver elementos para determinar a liquidez da obrigação não
é suficiente para retirar a possibilidade de julgamento antecipado parcial do
mérito, em razão do que dispõe o art. 356, §1º:
Art. 356, § 1o A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhecer a
existência de obrigação líquida ou ilíquida.
Por fim, resta-nos dizer que tal ato judicial é uma decisão interlocutória,
na medida em que não encerra o processo, razão pela qual é impugnável via
agravo de instrumento (§5º).
a) Fase introdutória ou preparatória – tem por objetivo definir o que será objeto
de discussão e decisão. Ao final da primeira fase, profere-se uma decisão que
delimita este objeto, denominada “decisão de saneamento e de organização do
processo” (já foi denominada de despacho saneador e decisão de saneamento).
elementos da decisão
Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz,
em decisão de saneamento e de organização do processo:
conceito de prova
Prova é uma palavra que pode ter duas acepções jurídicas diferentes:
Sentido subjetivo: prova é convencimento.
Sentido objetivo: prova é o elemento levado ao processo. Ex. “Juntei aos autos
prova de que o contrato foi celebrado”.
finalidade da prova
objeto da prova
destinatário da prova
iniciativa probatória
valoração da prova
sistemas de valoração
Ele terá que valorar a prova e justificar sua decisão, sem que possa fazer escolhas
indistintas (ex. não pode considerar o depoimento de uma testemunha mais
convincente do que o da outra). Portanto, se não tem elementos suficientes,
deverá buscar outros elementos de prova. Não havendo outros elementos de
prova, o juiz julgará conforme as regras de distribuição do ônus da prova. Para
Câmara, o novo sistema deve ser denominado de sistema de valoração
democrática da prova.
ônus da prova
Essa primeira visão sobre ônus da prova teve de ser abandonada, pois é
incompatível com a própria técnica do direito processual. No direito processual,
há o chamado princípio da aquisição da prova. Trata-se da afirmação de que a
prova, uma vez produzida, pertence ao processo, não importando saber quem a
produziu, constante do art. 371 do NCPC. Sendo assim, não se pode mais pensar
no ônus da prova como uma conduta imposta a uma parte, pois não interessa
quem praticará a conduta, mas sim se a prova vai ou não ser produzida. Isso foi
identificado pela primeira vez por Leo Rosenberg em seu livro “O ônus da
prova”, no qual sustenta que as normas que estabelecem ônus probatório não
impõem comportamentos. Essa ideia se difundiu no Brasil nos anos 1970 em
função de Barbosa Moreira.
No processo civil romano, era permitido ao juiz o chamado non liquet, isto é, o
juiz podia se eximir de julgar em duas situações: a) quando não houvesse norma
aplicável ao caso (lacuna na lei); b) quando houvesse insuficiência de provas.
Depois, passou-se a entender que, a partir do momento em que o juiz se depara
com uma insuficiência do material de julgamento (seja normativo ou probatório),
ele ainda assim é obrigado a julgar, sendo vedado o non liquet.
Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade
do ordenamento jurídico.
Para Câmara, este texto tem equívocos, pois parte da premissa de que no
processo só possam ser alegados quatro tipos de fato: constitutivo, impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor. Para ele, para que fosse adequado,
bastava que o art. 373 do CPC dispusesse que o ônus da prova incumbe a quem
alega. Quando o juiz for proferir sentença ele deve analisar quais fatos foram
alegados e estão provados (em ordem lógica). Se algum não estiver provado, o
juiz deve ver quem o alegou e julgar contra esta pessoa. Portanto, só se usa regra
de distribuição do ônus da prova quando o material probatório for insuficiente.
Questão: É possível convenção das partes sobre ônus da prova? Sim, conforme
prevê o art. 373, §3º, do NCPC, salvo algumas exceções em que será considerada
nula.
Art. 373, § 3o A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por
convenção das partes, salvo quando:
b) Deve ser dada à parte a quem foi redistribuído o ônus da prova a possibilidade
de se desincumbir de tal ônus, produzindo as provas. Portanto, o STJ já
condenava a redistribuição do ônus da prova em sede de sentença, pois isso
violaria o contraditório. O NCPC, consolidando essa posição do STJ, fixou que a
referida redistribuição deve se dar na decisão de saneamento e de organização do
processo (art. 356, III). Depois disso, a estabilidade do ônus impede sua
redistribuição.
c) A decisão de redistribuição não pode gerar para a outra parte a quem o ônus
foi redistribuído a impossibilidade ou extrema dificuldade de dele se desincumbir
(§2º). São pressupostos da redistribuição: (a) a parte que detém o ônus da prova
terá dificuldade ou impossibilidade de produzi-la; (b) a parte a quem é
redistribuído o ônus tem condições de produzir a prova.
§ 2o A decisão prevista no § 1 o deste artigo não pode gerar situação em que a
desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.
O CPC adotou o sistema da liberdade dos meios de prova (vide art. 332 do
CPC/73 e 369 do NCPC). Assim, admitem-se meios de prova típicos para a
prova de certo fato (documental, testemunhal, pericial, inspeção judicial,
depoimento pessoal da parte, confissão, interrogatório), bem como meios de
prova atípicos (ex. prova emprestada – no NCPC, vai ser prova típica;
reconstituição de fatos, prova de informações). As provas atípicas são admitidas
desde que moralmente legítimas a provar certo fato, consoante o art. 332/369.
prova emprestada
c) Exigência de imparcialidade.
Argumentos contrários:
provas
inspeção judicial
Questão: Pode o juiz alterar a ordem de produção das provas, por exemplo, ouvir
as testemunhas do réu porque as do autor ainda não chegaram? Nada obsta que a
ordem de produção de provas seja alterada por um motivo justificado, desde que
isso não acarrete um prejuízo para a parte contrária.
Obs. O juiz não está adstrito à conclusão do laudo pericial, podendo julgar
diferentemente, desde que fundamente a sua decisão em outras provas. Isto
porque o sistema que vige de valoração da prova é o do livre convencimento
motivado do juiz, sendo o único resquício de prova tarifária o art. 401 do CPC.
prova testemunhal
A testemunha é aquele que pode produzir alegação sobre fato que presenciou e
que é objeto de prova na demanda.
O rol deve contar no máximo com 10 testemunhas. Pode o juiz na AIJ ouvir
apenas 3 testemunhas para a prova de cada fato, dispensando as restantes (art.
407, parágrafo único, do CPC).
sequência da aij
O prazo para apresentação dos memoriais não é legal, mas judicial, isto é,
deve ser fixado pelo juiz. Se não for, presume-se que é prazo comum de 5 dias
para autor e para réu. Por uma rigidez processual, os juízes deveriam fixar prazo
para autor e réu se manifestarem de forma sucessiva. Atenção: como é um prazo
judicial, não se aplica o disposto no art. 191 do CPC.
sentença
conceito
Art. 162, § 1º Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas
nos arts. 267 e 269 desta Lei.
Este artigo se limita a dizer que é sentença qualquer ato judicial que tenha
o conteúdo do art. 267 ou 269 do CPC. Essa noção obviamente conduziria à
multiplicidade de sentenças em um único processo, razão pela qual foi superada.
Atualmente, entende-se que, para que um ato seja identificado como sentença,
não basta que tenha o conteúdo dos arts. 267 ou 269, sendo necessário que esse
ato encerre o procedimento em primeiro grau, seja cognitivo, executivo etc.
Por isso, uma decisão, por exemplo, que exclua determinado litisconsorte
do pólo passivo, não é sentença embora tenha o conteúdo de um dos incisos do
artigo 267 do CPC, pois não encerra o procedimento cognitivo que continua em
relação aos demais litisconsortes. Essa decisão é uma decisão interlocutória.
Inciso II: quando, por não promover os atos e diligências que lhe
competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 dias; - nos casos de
abandono do autor, o juiz não pode extinguir o processo de logo sem antes ser
intimado pessoalmente o autor para dar andamento ao processo em até 48h.
Ocorre que o direito de ação é assegurado a todos. Da mesma maneira que o
autor, o réu também tem direito de ter uma resposta do Poder Judiciário. Por isso,
a Súmula 240 do STJ prevê que a extinção do processo no caso do art. 267, II, do
CPC, depende do requerimento do réu. Na verdade, não se trata de um
requerimento, mas de intimação do réu para anuir com essa extinção, para que
não se viole indiretamente o artigo 267, §4º, do CPC. Obs. O silêncio do réu é
interpretado como anuência.
sentenças definitivas
requisitos da sentença
sentença declaratória
O art. 584 do CPC/73 previa como título executivo judicial somente a sentença
civil condenatória. Em 2005, esse artigo foi revogado e o tema foi deslocado para
o art. 475-N, I, sendo considerado título executivo judicial a sentença que
reconheça e declare obrigação de pagar, fazer, não fazer e entregar coisa. Essa
alteração foi formulada porque assim já vinha entendendo a jurisprudência do
STJ pelo cabimento de execução de sentença declaratória cujo objeto da
declaração for reconhecer obrigação de pagar, fazer, não fazer ou entregar coisa,
mesmo que expressamente não condene o réu (ex. demanda do particular em que
busca seja reconhecido um crédito dele perante a Fazenda Pública em razão de
um pagamento de tributo em dobro).
sentença constitutiva
c.1) sentença que decreta interdição (art. 1.184, CPC/73) – gera efeitos
imediatamente, independentemente do trânsito em julgado, ou seja, a apelação
nesse caso não terá o efeito suspensivo do art. 520. Obs. No NCPC, a apelação
na interdição também só tem efeito devolutivo, conforme dispõe o art. 1.012, IV.
c.2) sentença que anula negócio jurídico por vício de consentimento – é sentença
constitutiva em caráter ex tunc (art. 182 do CC), pois o negócio é anulado com
efeitos retroativos à data da celebração do negócio.
sentença condenatória
A sentença executiva lato sensu é uma sentença condenatória que traz em seu
âmago um meio de sub-rogação, ou seja, ela também impõe uma obrigação, mas
não há uma execução nos moldes tradicionais, pois até mesmo um terceiro pode
efetivar o cumprimento da obrigação. Ex. ações possessórias, ação de despejo
(oficiais de justiça podem, através de mandados, retirar as pessoas do local).
Aqui, o juiz não precisa estimular o réu a cumprir, pois outra pessoa pode obrigá-
lo a cumprir, como o oficial de justiça.
coisa julgada
conceito
espécies
Pode haver, contudo, sentença de mérito (art. 269 do CPC/73) que só faz
coisa julgada formal, mas isso decorre de previsão normativa. Ex. 1. Art. 16 da
Lei 7.347/85 – se o pedido for julgado improcedente por falta de provas, é
possível repetir a ação – é a chamada coisa julgada secundum eventum litis
(Câmara) ou secundum eventum probationis (Didier). Ex. 2. A Lei 5.478/68
prevê expressamente que a sentença que condena em alimentos não faz coisa
julgada material. Ovídio Baptista defende que faz coisa julgada material, pois a
ação revisional é uma ação distinta daquela em que houve a condenação. Como é
uma sentença determinativa, que condena o réu em uma obrigação de trato
sucessivo, a extensão dessa obrigação se submete à cláusula rebus sic standibus,
isto é, pode ser alterada, sem que isso importe alteração do conteúdo da sentença
condenatória (art. 471, I, do CPC/73).
coisa julgada
limites subjetivos
Existe uma antiga ideia de que a coisa julgada fica limitada às partes, ou
seja, a sentença transitada em julgado se torna imutável àqueles que foram partes
no processo que produziu essa decisão, que estarão impedidos de repetir a ação,
não podendo alcançar terceiros.
Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não
beneficiando, nem prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de
pessoa, se houverem sido citados no processo, em litisconsórcio necessário, todos
os interessados, a sentença produz coisa julgada em relação a terceiros.
O NCPC rompe com essa tradição em seu art. 506 ao prever que a coisa
julgada não alcançará terceiros para prejudicá-los, mas pode beneficiá-los:
Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não
prejudicando terceiros.
Art. 109. A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título
particular, não altera a legitimidade das partes.
limites objetivos
Trata-se de definir na sentença o que se torna imutável. A sentença, como
se sabe, tem três elementos – relatório, fundamentação e dispositivo.
Art. 470. Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a parte
o requerer (arts. 5o e 325), o juiz for competente em razão da matéria e constituir
pressuposto necessário para o julgamento da lide.
A novidade está no fato de que, pelo NCPC, desde que preenchidos alguns
requisitos, a solução dada pelo juiz à questão prejudicial fará coisa julgada,
independentemente de ação declaratória incidental (não prevista no NCPC), cf.
art. 503, §1º:
Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei
nos limites da questão principal expressamente decidida.
Alguns têm sustentado que, por força deste novo regime, haveria coisa
julgada sobre a parte da fundamentação da sentença que desse solução à questão
prejudicial. Isso é um equívoco. A fundamentação continua sem transitar em
julgado em sua totalidade. O que há é que, preenchidos os requisitos, a solução
da questão prejudicial se deslocará automaticamente da fundamentação para o
dispositivo, fazendo então coisa julgada, independentemente de pedido expresso
nesse sentido. É um “pedido implícito”, assim como as custas, os honorários, os
juros legais etc. O objetivo é evitar a propositura de nova ação que tenha por
objeto a solução da questão prejudicial. Se não preencher os requisitos, será
decidida na fundamentação.
São requisitos para que haja coisa julgada sobre a solução da questão prejudicial:
§1º, inciso II: a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo,
não se aplicando no caso de revelia; - se o réu foi revel, a solução da prejudicial
não fará coisa julgada. No entanto, ainda que não haja revelia, exige-se
contraditório prévio e efetivo para formação da coisa julgada, o que não ocorre,
por exemplo, na improcedência liminar do mérito.
Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não
beneficiando, nem prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de
pessoa, se houverem sido citados no processo, em litisconsórcio necessário,
todos os interessados, a sentença produz coisa julgada em relação a
terceiros.
Muitas vezes, pode ser levada a juízo uma demanda na qual virá uma sentença
que disciplina o modo como se regula uma obrigação de trato sucessivo. No
entanto, a relação perdurará, se prolongará no tempo e pode surgir a necessidade
de se rever o que tinha sido decidido quando mudarem as circunstâncias.
Como podemos rever aquilo que foi decidido em um processo que já chegou ao
fim? A coisa julgada não seria um obstáculo a isso? Não, pois podemos rever o
que foi decidido. O que autoriza essa revisão? Será que existe alguma
peculiaridade no trato da coisa julgada que se forma sobre essas decisões?
1ª corrente: Se uma sentença fez coisa julgada, não se pode mais discutir o que
foi decidido, independentemente dos motivos que levaram àquela decisão.
Muitos autores negam categoricamente a possibilidade de relativização da coisa
julgada fora das hipóteses da ação rescisória, sendo esta uma garantia
constitucional que homenageia a segurança jurídica (Barbosa Moreira, Marinoni,
Leonardo Greco, Nery).
3ª corrente (posição intermediária): essa teoria sustenta que, como regra geral, a
coisa julgada tem que ser observada, mas seria possível desconsiderá-la, com
posterior rejulgamento, nos casos em que o resultado do processo ofenda norma
constitucional (critério objetivo). Há quem chame isso de teoria da coisa julgada
inconstitucional. Há várias hipóteses em que uma decisão inconstitucional
transitará em julgado: (a) recurso extraordinário intempestivo/sem preparo contra
decisão inconstitucional do Tribunal; (b) recurso extraordinário contra decisão
inconstitucional em que não foi reconhecida repercussão geral; (c) decisões
transitadas em julgado com posterior declaração de inconstitucionalidade da lei
com base na qual foi proferida etc.
Ex. Ação de investigação de paternidade julgada quando não tinha teste de DNA.
Fazia-se exame tipológico que permitia excluir a paternidade com 100% de
certeza. Se não excluísse, buscavam-se outras provas, ex. testemunhal,
documental (ex. fotos de aniversário), inspeção judicial (semelhança física pai e
filho) etc. Ocorre que, posteriormente, com o surgimento do DNA, percebia-se
que muitas dessas sentenças, que já tinham transitado em julgado, estavam
incorretas. Todas as ações negatórias de paternidade começaram a ser extintas
por ofensa à coisa julgada. A questão chegou ao STF que decidiu que o direito à
origem genética integra a própria dignidade humana, constante do art. 1º, III, da
CF. Sendo assim, a manutenção da sentença incorreta viola a própria CF, pelo
que cabível a desconsideração da coisa julgada.
procedimento sumário