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Teoria Geral do Processo

Aula 11
11. AÇÃO

11.1Conceito - Direito de ação, tanto para o autor como para o réu, é o


direito a ______________________________________________________________
______________________________________________________________________
fazendo desaparecer a incerteza ou a insegurança gerada pelo
conflito de interesse, pouco importando qual seja a solução a ser dada
pelo juiz. (Humberto Theodoro Junior, p. 63)

11.2. AUTONOMIA DO DIREITO DE AÇÃO:

• O direito de ação é autônomo em relação ao direito material.


• O direito de ação é exercido CONTRA o Estado – pleiteando a
prestação da _________________________ jurisdicional.
• Direito de ação é direito à solução do litígio – direito abstrato.

11.3 EVOLUÇÃO DA NATUREZA DO DIREITO DE AÇÃO

A) TEORIA CONCRETISTA DA AÇÃO – Para esta o direito de ação era direito


__________________________________________ – o direito de ação
somente existia quando existisse o direito material para a parte – a
parte somente poderia exercer o direito de ação se tivesse
RAZÃO. O direito de ação era o direito a uma sentença favorável.

“Só havia exercício do direito de ação, para os


concretistas, se o resultado fosse favorável ao
demandante.” 1

B) TEORIA ABSTRATA DA AÇÃO – Brasil - Para esta teoria o direito de ação


era _______________________________________________ – o direito de
ação é o direito à solução do litígio – mesmo quando a sentença
nega a procedência do pedido do autor, não deixa de ter
havido ação e composição da lide.

11.4. NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO – TANTO NO PROCESSO CIVIL COMO NO PROCESSO


PENAL.

NATUREZA JURÍDICA DE DIREITO ABSTRATO, AUTÔNOMO E INSTRUMENTAL.

“Trata-se de direito ao provimento jurisdicional,


qualquer que seja a natureza deste – favorável ou
desfavorável, justo ou injusto – e, portanto, direito de
natureza abstrata. É ainda, um direito autônomo
(que independente da existência do direito subjetivo

1
GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios, Novo Curso de Direito Processual Civil, vol.1, 6ª
edição, editora Saraiva, São Paulo, 2009, p. 87.
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material) e instrumental, porque sua finalidade é dar
solução a uma pretensão de direito material.”2

QUANTO A SUA NATUREZA A AÇÃO NO PROCESSO PENAL NÃO SE


DIFERE DO PROCESSO CIVIL. PORÉM HAVERÁ DIFERENÇA QUANTO O SEU CONTEÚDO : É
DIREITO PÚBLICO SUBJETIVO A UM PROVIMENTO JURISDICIONAL SOBRE A PRETENSÃO
PUNITIVA.

“Assim como a proibição da autodefesa criou o


direito de ação para os particulares (facultas
exigendi), a proibição da autoexecutoriedade do
direito de punir fez nascer o direito de agir para o
Estado.”3

11.5. PRESTAÇÃO JURISDICIONAL E TUTELA JURISDICIONAL

TUTELA JURISDICIONAL – CF, artigo 5º, XXXV - é por meio do qual o Estado
assegura a manutenção do império da ordem jurídica e da paz social
nela fundada – só será prestada a quem realmente detenha o direito
subjetivo invocado. Tutelar quer dizer proteger. É a proteção do direito
material pelo Estado.
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL – o Estado não pode negar-se a prestar a
jurisdição. A prestação jurisdicional independe da efetiva existência do
direito material.

PELA SUA NATUREZA JURÍDICA, A AÇÃO É


DIRIGIDA CONTRA O ESTADO.

2
CINTRA, Antonio Carlos de Araújo, GRINOVER, Ada Pellegrini, DINAMARCO, Cândido
Rangel, Teoria Geral do Processo, 27ª edição, Malheiros Editores, São Paulo, 2010, p.
277/278.
3 Op.cit. p. 279.
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11.6.CONDIÇÕES DA AÇÃO

PREVISÃO LEGAL – ARTIGO 3º DO CPC

- CONCEITO – ________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________.
As condições da ação atuam no campo da eficácia da prestação
jurisdicional – ser eficaz é poder atingir o objetivo da jurisdição – sem as
condições da ação o Judiciário não pode prestar a jurisdição.

CAMINHO A SER
SEGUIDO PELO JUIZ NO
EXERCÍCIO DA
JURISIDIÇÃO:

1º ANÁLISE REQUISITOS DE 2º ANÁLISE DO MÉRITO


ORDEM PROCESSUAL PEDIDO DO AUTOR - LIDE

PRESSUPOSTOS CONDIÇÕES DA AÇÃO


PROCESSUAIS EXERCÍCIO DO DIREITO DE AÇÃO

EXISTÊNCIA E VALIDADE DO PROCESSO

“incumbe ao juiz, antes de entrar no exame do


mérito, verificar se a relação processual que se
instaurou desenvolveu-se regularmente
(pressupostos processuais) e se o direito de ação
pode ser validamente exercido, no caso concreto
(condições da ação). (HUMBERTO THEODORO JUNIOR, P.
66).
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AUSÊNCIA DE CONSEQÜENCIA
CONDIÇÕES DA CARÊNCIA DA
AÇÃO AÇÃO

EXTINÇÃO DO FEITO
SEM RESOLUÇÃO DO
MÉRITO

11.6.1. ESPÉCIES DE CONDIÇÕES DA AÇÃO:

A) POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO


– relativa ao conteúdo do pedido
de prestação jurisdicional – levando-se em conta o
ordenamento jurídico, é a verificação feita pelo juiz sobre a
possibilidade de instauração do processo em torno da
pretensão do autor.

O pedido do autor tem que ser possível do ponto de vista do


ordenamento jurídico, ou seja, a lei não poderá proibir aquele
pedido.

Exemplo, no processo penal – incesto -não está previsto como


crime - não poderá haver denuncia com pedido de
condenação por incesto porque não é crime no Brasil – fato
típico – Princípio da reserva legal.

No Brasil:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL – no Código de Processo Civil


novo/2015, foi excluída a possibilidade jurídica do pedido das
condições da ação – restando somente a Legitimidade para a
causa e o interesse de agir.
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Para alguns doutrinadores a Possibilidade do Pedido estaria
dentro do Interesse de agir. Para o Novo CPC, a Possibilidade
jurídica do pedido - seria parte integrante do mérito, pois se o
pedido não é possível do ponto de vista do ordenamento
jurídico, o juiz deverá rejeitar o pedido do autor, artigo 487,
CPC.
DIREITO PROCESSUAL PENAL – ainda subsiste como condição
da ação – mas há movimentação no sentido de aderir a ideia
do novo Processo Civil, de que a possibilidade do pedido
estaria ligada ao mérito.

B) INTERESSE DE AGIR – é a necessidade de propor a demanda,


para a solução do conflito - lide, não havendo outro meio
para tanto. Caso haja outro meio não há interesse de agir.
Porém, não basta somente a necessidade, o pedido de tutela
jurisdicional deverá ser adequado, para que traga a solução
útil do conflito.

INTERESSE DE AGIR = UTILIDADE (ADEQUAÇÃO DO


PROVIMENTO – ESCOLHA DA VIA ADEQUADA) +
NECESSIDADE (NÃO HÁ OUTRO MEIO DE SOLUÇÃO DO
CONFLITO).

OBS. O PROCESSO NÃO PODE SERVIR COMO INSTRUMENTO DE MERA CONSULTA


ACADÊMICA.

EXEMPLOS: A) FALTA DE Necessidade: Propõe ação de despejo, embora


o inquilino proceda à desocupação voluntária do imóvel.

B) FALTA DE UTILIDADE (ADEQUAÇÃO) - locador ajuizar ação possessória


para reaver imóvel locado, quando a ação correta seria uma
daquelas previstas na lei de locação (lei 8245/91, art. 5º); portador de
título executivo que ajuíza processo de conhecimento – ação de
cobrança.

C) LEGITIMIDADE DE PARTE (AD CAUSAM)– é a titularidade ativa ou passiva


da ação.

Segundo Liebman – “É a pertinência subjetiva da ação”.

- PARTE em sentido processual é um dos sujeitos da relação jurídica


processual contrapostos diante do órgão jurisdicional.
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“Assim, em princípio, é titular de ação apenas a
própria pessoa que se diz titular do direito
subjetivo material cuja tutela pede
(legitimidade ativa), podendo ser demandado
apenas aquele que seja titular da obrigação
correspondente (legitimidade passiva).”4

JUIZ
Não é parte do processo
É sujeito Processual

AUTOR RÉU
Titular do interesse em conflito que
Titular do interesse em conflito - resiste à pretensão do autor - –
Parte Ativa Parte Passiva

AUTOR (Requerente, Reclamante) – aquele que pede a tutela


jurisdicional;

RÉU (Requerido, Reclamado) – aquele contra quem se pede a tutela


jurisdicional.

Obs. Não basta existir sujeito ativo – autor e passivo – réu, é


necessário que ambos estejam de acordo com a lei, sob pena de
extinção da ação sem julgamento do mérito.

“estará legitimado o autor quando for o possível


titular do direito pretendido, ao passo que a
legitimidade do réu decorre de fato de ser ele a
pessoa indicada, em sendo procedente a ação, a
suportar os efeitos oriundos da sentença.”ALVIM,
Arruda, Código de Processo Civil Comentado, 1ª
edição, 1975, v.I, p. 319.

“(...) legitimados ao processo são os sujeitos da lide,


isto é, os titulares dos interesses em conflito. A
legitimação ativa caberá ao titular do interesse

4
CINTRA, Antonio Carlos de Araújo, GRINOVER, Ada Pellegrini, DINAMARCO, Cândido
Rangel, Teoria Geral do Processo, 27ª edição, Malheiros Editores, São Paulo, 2010,
p.282.
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afirmado na pretensão, e a passiva ao titular do
interesse que se opõe ou resiste à pretensão.”
(JÚNIOR, Humberto Theodoro, op. Cit. P. 71)

Legitimação ordinária ≠ Legitimação Extraordinária


(substituição Processual)

Legitimação ordinária – decorre da posição ocupada pela parte


que é o sujeito da lide. A parte defende em nome próprio interesse
próprio.

Legitimação extraordinária – excepcionalmente, a parte defende


em nome próprio interesse alheio. Substituição processual. Ex.
Ministério Público em ações para defesa de interesse difusos e
coletivos; e Ministério Público nas ações de anulação de
casamento - artigo 1549 do CCB. Ação penal Privada em que o
ofendido pode postular a condenação criminal do agente
criminoso, ou seja, pode postular o reconhecimento de um direito
de punir que não é seu, mas do Estado.

PREVISÃO LEGAL - Artigo 6 º do CPC.

CONCLUSÃO – Condições da ação são


requisitos de ordem processual, de natureza
instrumental e existem para se verificar se a
ação deverá ser admitida ou não. São
requisitos-meios para, admitida a ação,
poder ser julgado o mérito.

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