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3 EDIÇÃO/2023
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1. CONCEITO DE AÇÃO
Em um primeiro momento não se via uma clara divisão entre Direito Material e Direito Processual,
dessa forma “se alguém tinha o seu direito de propriedade desrespeitado, e ia a juízo, entendia-se que, ao
fazê-lo, apenas punha em movimento o seu direito de propriedade. O direito de ação não era autônomo, isto
é, não havia o direito de ir a juízo para postular uma resposta do Poder Judiciário a uma pretensão.”1
“A ação é o poder de exigir do Estado um determinado provimento jurisdicional. Do ponto de vista
constitucional, a ação é uma garantia constante do art. 5º, inc. XXXV, da Constituição Federal, segundo o qual “a
lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão ou ameaça a direito”. A ação é, portanto, um
instituto ligado ao direito processual constitucional, método particular de exame do processo a partir dos
princípios, garantias e regras constantes da Constituição Federal. Por esse prisma constitucional, a ação pode
ser vista, a princípio, como uma garantia de acesso aos órgãos jurisdicionais.”2
Em outra palavras a Ação tem natureza de Direito Público Subjetivo exercido contra o Estado, sobre a
ideia explica o professor Marcus Vinicius: “ é direito subjetivo, porque o lesado tem a faculdade de exercê-lo, ou
não, e é contra o Estado, porque a ação põe em movimento a máquina judiciária, que, sem ela, é inerte. O
termo “ação” contrapõe-se ao termo “inércia”. É a ação que tira o Estado da sua originária inércia e o movimenta
rumo à tutela ou provimento jurisdicional. É exercida contra o Estado, porque dirigida a este, e não à parte
contrária. É verdade que o adversário do autor é sempre o réu, mas o direito de ação não é dirigido contra este,
mas contra o próprio Estado, porque serve para movimentá-lo.”3
Neste momento é importante também reforçarmos o conceito de Jurisdição: “é uma das funções do
Estado e consiste no poder-dever que este tem de substituir as partes na solução dos conflitos de interesse,
para que esta seja imparcial, proferida por quem não integra o litígio. É a jurisdição que garante a
imparcialidade na solução dos conflitos de interesse. Mas ela é inerte, e precisa que alguém tome a iniciativa de
movimentá-la.”4
É oportuno salientar que o conceito de Ação pode ser entendido em dois sentidos: amplo ou estrito.
No sentido amplo, a ação pode ser entendida como o direito fundamental de acesso à Justiça, mais
especificamente, de exigir do Poder Judiciário uma tutela jurisdicional adequada, tempestiva e efetiva. Nesse
prisma, o objetivo da ação é funcionar como um instrumento de provocação da jurisdição (pois é inerte)
para instauração do processo com o fim de resolver a lide.
Já em sentido estrito a ação costuma ser definida pela doutrina a partir das seguintes teorias:
TEORIA IMANENTISTA Ela foi adotada no art. 75 do CC/16: “a todo direito corresponde uma ação”.
(CLÁSSICA / CIVILISTA) Para essa teoria, a ação seria um produto do direito material,
1
Gonçalves, Marcus Vinicius R. Esquematizado - Direito Processual Civil. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Editora Saraiva, 2022.
2
Marcato, Antonio C. Código de Processo Civil Interpretado. Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo GEN, 2022.
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Gonçalves, Marcus Vinicius R. Esquematizado - Direito Processual Civil. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Editora Saraiva, 2022
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Gonçalves, Marcus Vinicius R. Esquematizado - Direito Processual Civil. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Editora Saraiva, 2022.
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BORBA, Mozart. Diálogos sobre o CPC. 7ª ed. Salvador. Ed. Juspodivm, 2020. Pg. 915
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Para essa teoria, a ação é tratada com total autonomia do direito material, por
isso considerada abstrata. Assim, haverá o direito de ação independentemente
TEORIA ABSTRATA
do resultado da sentença, pelo simples fato de alguém ter provocado o Poder
Judiciário.
Seria de forma simples, uma mistura entre a teoria concreta com a abstrata.
Para essa teoria, o exercício do direito de ação dependerá do preenchimento
de condições para o exercício da ação, as quais provocarão uma resposta de
TEORIA ECLÉTICA
mérito, seja procedente ou improcedente. Também é considerada abstrata
(MISTA)
porque não exige a procedência do pedido para a caracterização do direito de
ação. Em suma, o direito de ação surge como direito a uma resposta de mérito.
Foi a teoria adotada pelo CPC de 1973.
📌 OBSERVAÇÃO
A execução também é ação? Tendo em vista que o cerne da Teoria Eclética é o “direito a uma resposta
de mérito” em um primeiro momento a execução poderia parecer fora deste conceito, no entanto ter em mente
que esta teoria exige, “para a caracterização da ação, que haja o direito a uma resposta de mérito, e não que
haja, necessariamente, o direito a uma sentença de mérito”. 6
A diferença entre Resposta de Mérito e Sentença de Mérito é explicada pelo professor Marcus Vinicius
em sua obra: 7
resposta é algo muito mais abrangente do que sentença. Há dois tipos de processo: o de conhecimento e o de
execução (o CPC ainda prevê processos antecedentes, em que se pede tutela cautelar ou antecipada, e que,
posteriormente, com a formulação do pedido principal, convertem-se em processos de conhecimento ou de
execução). Em ambos há pedido, tanto que se iniciam com uma petição inicial. Portanto, em ambos há mérito,
sinônimo de pedido. Mas os pedidos são muito diferentes: no processo de conhecimento, o que se quer é o
que o juiz diga quem tem razão, que ele declare o direito, decidindo se a razão está com o autor ou com o réu.
De uma maneira muito simplificada, processo de conhecimento é aquele que serve para que o juiz diga quem
tem razão. E, desde que preenchidas as condições, ele o fará. O meio processual pelo qual o juiz o diz é a
sentença de procedência ou improcedência. Quando ele a profere, diz se a razão estava com o autor ou com o
réu. Portanto, a resposta ao pedido, isto é, a resposta de mérito no processo de conhecimento, é a sentença
de procedência ou improcedência. Na execução, o pedido é muito diferente, de outra natureza. Não se quer
mais que o juiz diga, mas que ele faça, ou, mais precisamente, que satisfaça. A execução pressupõe que se
saiba com quem está a razão: com aquele munido de um título executivo. Assim, o que se pede não é que o
juiz o diga, por meio de uma sentença, mas que tome providências concretas, efetivas, materiais, de satisfação
do direito do exequente, por meio de penhoras, avaliações, arrestos, alienações judiciais e o oportuno
pagamento ao credor. Isso é o que se pede. Pois bem, se a execução estiver em termos e forem preenchidas
as condições, o juiz dará uma resposta ao pedido executivo. Só que essa resposta não virá sob a forma de uma
sentença – que serve para que o juiz diga alguma coisa –, mas da prática de atos concretos tendentes à
satisfação do credor. Tais atos também constituem uma forma de resposta àquilo que foi pedido, e, portanto,
uma forma de resposta de mérito.
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Gonçalves, Marcus Vinicius R. Esquematizado - Direito Processual Civil. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Editora Saraiva, 2022.
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Gonçalves, Marcus Vinicius R. Esquematizado - Direito Processual Civil. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Editora Saraiva, 2022.
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Sistematizando8 :
PROCESSO DE CONHECIMENTO Que o juiz diga quem tem razão, O juiz, preenchidas as condições,
declarando qual o direito aplicável dirá quem tem razão ao proferir
à espécie. uma sentença de procedência ou
de improcedência.
A ação reipersecutória, está prevista no art. 790, I do CPC, nas palavras do doutrinador Haroldo
Lourença “é toda ação em que se busca uma coisa (res), ou seja, em que se persegue algo, podendo ser real
(por exemplo, uma reivindicatória de um bem imóvel) ou pessoal (por exemplo, a ação de despejo)10”
Seguindo os ensinamentos de Haroldo Lourença11:
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Gonçalves, Marcus Vinicius R. Esquematizado - Direito Processual Civil. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Editora Saraiva, 2022.
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Ribeiro, Marcelo. Processo Civil, 2ª edição . Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo GEN, 2019.
10
Lourenço, Haroldo. Processo Civil Sistematizado . Disponível em: Minha Biblioteca, (6ª edição). Grupo GEN, 2021.
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Lourenço, Haroldo. Processo Civil Sistematizado . Disponível em: Minha Biblioteca, (6ª edição). Grupo GEN, 2021.
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“Ação necessária é aquela pela qual se afirma um direito que só pode ser exercido perante o Judiciário, como
uma ação anulatória, rescisória, falência, interdição etc., as quais geram processos necessários, em que o
interesse de agir dispensa demonstração, sendo in re ipsa.
Ação de conhecimento é a que visa certificar um direito, já a de execução busca efetivar o direito e, por fim, a
cautelar, a proteção da efetividade de um outro processo (acautelamento). Tal classificação, porém, está um
pouco esvaziada, eis que vivemos a era dos processos multifuncionais, não havendo uma pureza de funções,
ou seja, as ações não servem apenas ao conhecimento, à execução ou ao acautelamento, buscando-se “tudo
ao mesmo tempo”, por meio das ações sincréticas ou processos sine intervallo, que servem a mais de um
propósito. O sincretismo processual, que é a possibilidade de o processo servir a mais de um propósito, é um
fenômeno contemporâneo e irreversível.
No que se refere a demandas dúplices, a doutrina afirma que é aquela em que tanto o autor como o réu
podem formular pedido em seu favor, em que a simultaneidade da posição de autor e réu assumida pelos
litigantes decorre da pretensão deduzida em juízo. Imaginemos uma ação demarcatória dos limites de uma
propriedade, na qual a discussão irá possibilitar a tutela de um bem da vida a ambas as partes,
independentemente de suas posições processuais de autor ou réu, sendo desnecessário que o réu formule
pedido de fixação dos limites aquém ou além do que foi deduzido pelo autor, pois sua simples defesa
implicará a improcedência, ao menos parcial, do pedido do autor, e esta improcedência do pedido do autor
corresponderá ao atendimento da pretensão do réu.”
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Gonçalves, Marcus Vinicius R. Esquematizado - Direito Processual Civil. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Editora Saraiva, 2022.
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2. CONDIÇÕES DA AÇÃO
“As condições da ação têm como finalidade precípua otimizar a atividade jurisdicional, evitando o
desperdício de tempo e atividade jurisdicional, assim, objetivam evitar a propositura de ações totalmente
descabidas e infundadas e, durante o processo, evitar a prática de atos desnecessários, claramente incabíveis”13
Como dito, no ordenamento jurídico brasileiro, o direito processual de ação é condicionado e, por isso,
só é possível exercê-lo se houver preenchimento dos requisitos previstos para tanto. As condições da ação são,
portanto, requisitos para que haja o direito processual de ação.
De acordo com Liebman, a razão para a existência de condições da ação é a economia processual, pois
estas representam a ponte entre o direito processual de ação e o direito material e permitem que o juiz, de
plano, possa extinguir o processo sem fazer uso da máquina estatal.
No Brasil, existem duas condições processuais, conforme o artigo 17 do CPC, quais sejam, a (I)
Legitimidade ad causam e o (II) Interesse de agir, os quais tratam-se de matéria de ordem pública, podendo
ser analisadas de ofício pelo juiz.
No ponto, ressalta-se que no Código de Processo Civil anterior, havia uma terceira condição da ação:
possibilidade jurídica do pedido. Todavia, no CPC de 2015, a possibilidade jurídica do pedido não consta mais
como elemento da ação. Para justificar essa supressão, há duas teorias: 1ª) A possibilidade jurídica do pedido
virou uma condição da ação vinculada ao interesse de agir. 2ª) Não existe mais a possibilidade jurídica do
pedido como elemento da ação. Segundo essa corrente, a impossibilidade jurídica do pedido está relacionada
ao mérito. Não há posição dominante na doutrina quanto ao tema.
Ademais, vale ressaltar que, o CPC atual não usa mais a expressão “condições” (conforme se percebe no
Art. 485) para se referir aos requisitos da ação, mas sim a expressão pressupostos.
Passemos, agora, ao exame das condições da ação previstas pelo art. 17 do CPC/15.
A definição do interesse de agir pode adotar um conceito tripartido ou bipartido, conforme a doutrina.
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Lourenço, Haroldo. Processo Civil Sistematizado . Disponível em: Minha Biblioteca, (6ª edição). Grupo GEN, 2021.
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Marcato, Antonio C. Código de Processo Civil Interpretado . Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo GEN, 2022.
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No primeiro, são considerados como seus elementos a utilidade, adequação e necessidade. No segundo, são
considerados apenas a utilidade e necessidade ou adequação e necessidade.
Vejamos, então, a definição de cada um desses elementos.
a) Utilidade: Deve a prestação jurisdicional buscada apresentar alguma utilidade, aqui entendida como
melhoria da situação fática, para o autor
b) Necessidade: Sem a intervenção jurisdicional o autor não obtém a pretensão buscada.
📌 OBSERVAÇÃO
Atualmente, a jurisprudência tem se inclinado para exigir requerimento administrativo prévio como
condição para ajuizamento da ação (manifestação do interesse processual necessidade).
c) Adequação: O pedido deve ser adequado para resolver a lide. A demanda judicial deve ser feita pela
via adequada. Como exemplo disso, tem-se o mandado de segurança, o qual só pode ser utilizado
quando há prova pré-constituída. Se o autor/impetrante ingressar com um mandado de segurança sem
as provas documentais pré-constituídas, o juiz extinguirá o processo sem resolução do mérito (após
intimar o autor para emendar a petição inicial, desde que ele não faça as adequações necessárias).
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SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL15
Sobre o tema, vale mencionar, ainda, que a substituição processual é diferente da representação
processual. O representante não é parte, pois está no processo em nome alheio na defesa de interesse
alheio; já o substituído é parte porque, apesar de buscar a defesa de interesse alheio, atua em nome próprio.
Já no que diz respeito ao microssistema de direitos difusos e coletivos, é possível dizer que o legitimado
coletivo é aquele que estará no processo em nome próprio na defesa de interesse da coletividade ou da
comunidade. Salienta-se que, para uma parcela da doutrina (MARINONI e NERY), teríamos nesse cenário a
legitimação autônoma para a condução do processo, mas para outra (BARBOSA MOREIRA e DINAMARCO),
tratar-se-ia de simples legitimidade extraordinária.
Por fim, oportuno ter mente outras classificações da legitimidade, a saber:
CLASSIFICAÇÃO DA LEGITIMIDADE
15
BORBA, Mozart. Diálogos sobre o CPC. 7ª ed. Salvador. Ed. Juspodivm, 2020. Pg. 918
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PARCIAL Legitimidade para determinados atos.
⚠️ ATENÇÃO
Alguns autores (ex: Didier) até entendem que tal análise possa ser feita depois da petição inicial, mas
desde que ainda com uma cognição superficial das alegações feitas pelo autor. O autor em referência aponta
que não é o momento que caracteriza a teoria da asserção, mas sim a produção ou não de prova para a verificação
do preenchimento das condições da ação.
🚨 JÁ CAIU
Na prova para Defensor Público do Estado de Roraima (FCC - 2021), sobre a teoria da asserção, foi assinalado
como CORRETA a assertiva que disse: “a verificação de ilegitimidade passiva do réu após a produção de provas
enseja a extinção do processo com resolução do mérito.“
⚠️ ATENÇÃO
No Brasil, a doutrina majoritária adota a TEORIA AUTONOMISTA/ABSTRATIVISTA E ECLÉTICA das
condições da ação (Liebman). No âmbito do STJ, mais recentemente, tem prevalecido a teoria da asserção
(Tema nº 939 – Repetitivo). Neste sentido: REsp nº 818.603/RS; REsp nº 1.395.875/PE, Segunda Turma, DJe
7/3/2014).
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Destaque-se que a decisão que reconhece a falta de uma das condições da ação é uma decisão sem
mérito.
Importante perceber que, no CPC/15, a legitimidade e interesse devem ser demonstrados por todos
aqueles que postulam no processo, não se reduzindo ao autor e ao réu. O conceito de partes é dinâmico. Como
exemplo, num caso de impedimento e suspeição, o juiz é parte (réu).
🚨 JÁ CAIU
Na prova para Promotor de Justiça do Estado da Bahia (Fundação CEFETBAHIA - 2018), foi apresentado o texto
que segue: “O direito de ação é deduzido a partir das noções de jurisdição e processo, e ocorre quando o
Estado, substituindo o particular, resolve conflitos entre os sujeitos de direito, exercendo de fato a jurisdição. O
resultado processual advindo desse direito de agir provocando o Estado-juiz dependerá de certas condições.”
Sob esse aspecto, tendo ainda a noção de ação como um elemento fundamental do direito processual, foi tido
como CORRETO afirmar que: “não há nenhuma condição atrelada ao direito de postular em juízo, embora se
revele prejudicado o exame do mérito da ação, se ausente o interesse processual ou a legitimidade.”
Na prova para Magistratura do Estado de São Paulo foi questionado: “O momento processual adequado para
ser examinada, pelo julgador, questão envolvendo ilegitimidade das partes será:
I. quando do despacho da petição inicial;
II. no despacho saneador;
III. no despacho saneador ou na sentença;
IV. quando do julgamento do recurso.”
Tendo sido consideradas CORRETAS todas as afirmativas acima.
Na prova para Magistratura do Estado de São Paulo foi questionado: “O sistema faculta ao juiz rever de ofício
decisões interlocutórias irrecorríveis:" Tendo sido considerada CORRETA a alternativa que completou: “se
atinentes aos pressupostos processuais ou às condições da ação”
Na prova para Procurador do município de Belo Horizonte/MG (CESPE - 2017), foi considerada CORRETA a
afirmar que disse: “A falta de condição da ação, ainda que não tenha sido alegada em preliminar de
contestação, poderá ser suscitada pelo réu nas razões ou em contrarrazões recursais.”
Na prova para Magistratura do Trabalho da 4ª região (RS) (Baca própria - 2016), foi determinado que assinalasse
a resposta INCORRETA, sendo assinalada a resposta a seguir: “São condições da ação, conforme previsão
expressa, e, portanto, matéria de ordem pública, sobre as quais o Juiz deve se pronunciar de ofício, a
legitimidade de parte, o interesse processual e a possibilidade jurídica do pedido.”
10
Nas palavras de Marcelo Ribeiro16:
“Os elementos da ação, aqui compreendidos pela parte, pelo pedido e pela causa de pedir, traduzem os
elementos da relação jurídica, outrora estudados na Teoria Geral do Direito e que, aqui, identificam a situação
concreta deduzida em juízo, sobre a qual se demanda uma resposta judicial.
Perceba que esses três elementos, quando regulados pelo direito material, no Código Civil, retratam,
respectivamente: os sujeitos de direito (partes), o bem (pedido) e o fato jurídico que desenlaça a própria
relação jurídica (causa de pedir)”.
Diferem-se das condições da ação, porque estas são requisitos que devem existir para o exercício do
direito de ação, e são divididos em: partes, causa de pedir e pedido.
Passemos, pois, à análise individualizada dos conceitos.
3.1. PARTES
Geralmente tratam-se do autor (quem pede) e do réu (a quem se pede), mas devem ser consideradas
com uma visão dinâmica e não estática. Há algumas divergências na doutrina que merecem atenção, a
saber:
1. CHIOVENDA afirma que parte é quem pede e contra quem se pede tutela jurisdicional (conceito
restrito). Assim, seriam partes o autor, réu, denunciado à lide, chamado ao processo, o sócio ou pessoa
jurídica diante da desconsideração.
2. LIEBMAN, por outro lado, afirma que parte é todo sujeito que participa da relação jurídica processual
em contraditório como titular das situações jurídicas ativas e passivas (conceito amplo). Ou seja, além
das figuras citadas no item anterior, são também considerados partes o assistente, amicus curiae e o
MP.
3. DINAMARCO adota posição que congloba as duas anteriores. Assim, teríamos partes na demanda
(conceito de Chiovenda) e partes no processo (conceito de Liebman).
📌 OBSERVAÇÕES
■ Tanto no conceito restritivo quanto no conceito ampliativo, o juiz não é considerado parte.
■ Não há posição dominante em relação a esse tema. Trata-se apenas de discussão doutrinária.
“Podemos concluir que autor é aquele que pede, e o réu, aquele em face de quem se pede, pois, como
sabemos, o pedido não é dirigido diretamente ao réu, mas sim ao Estado, que, no Brasil, detém o monopólio
da jurisdição. Em razão da autonomia entre as já comentadas esferas de direitos, cabe aqui uma importante
observação: nem sempre aquele que se apresenta como titular ou integrante da relação de direito material
16
Ribeiro, Marcelo. Processo Civil, 2ª edição . Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo GEN, 2019.
11
será necessariamente aquele a buscar sua guarda em juízo, pois, em alguns casos, o ordenamento permite
que um terceiro vá a juízo e deduza um pedido em face de outra pessoa. ”17.
📌 OBSERVAÇÕES
■ A título de conhecimento, vale mencionar a teoria da individuação, a qual apregoa que basta o
fundamento jurídico para que o Estado tenha que pronunciar um julgamento, mas que não é adotada no Brasil.
■ Muitos autores chamam a causa de pedir fundamento jurídico de “próxima” (a tese jurídica) e a causa
de pedir de “remota” (narrativa fática). Apesar de predominante, tal entendimento não é pacífico, pois alguns
autores invertem a causa de pedir próxima e a causa de pedir remota, com o fundamento de que a teoria da
substanciação, aparentemente, impõe a prevalência do fundamento de fato sobre o fundamento jurídico.
■ Não confunda fundamento jurídico com fundamento legal. Fundamento jurídico é a tese jurídica;
fundamento legal é a indicação do dispositivo do ordenamento jurídico que sustenta a tese jurídica. O
fundamento legal não é de indicação obrigatória pelas partes, pois, no Brasil, vige a ideia de “jura novit curia”,
ou seja, o juiz conhece o direito.
3.3 PEDIDO
“O pedido pode ser definido como o elemento nuclear da ação, pois, enquanto manifestação da
pretensão deduzida em juízo, é sobre ele que incidirá a decisão. Por exigência dos arts. 322 e 324 do CPC, o
pedido deve ser certo (expresso) e determinado. Compreendem-se, no pedido principal, os juros legais, a
correção monetária e as verbas de sucumbência, incluindo-se também os honorários advocatícios”18.
(...)
II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato;
17
Ribeiro, Marcelo. Processo Civil, 2ª edição . Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo GEN, 2019.
18
Ribeiro, Marcelo. Processo Civil, 2ª edição . Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo GEN, 2019.
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III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado
pelo réu.
Consiste na prestação jurisdicional que se busca em juízo. Poder ser dividido em:
● Imediato: é o pedido contra o Estado, ou seja, o pedido de tutela jurisdicional.
● Mediato: é o pedido contra o réu, é o bem da vida buscado.
📌 OBSERVAÇÃO
O réu pede tutela declaratória negativa, ou seja, improcedência do pedido do autor.
Vale dizer que o pedido deve apresentar certeza e determinação, nos termos dos arts. 322 e 324, CPC,
os quais tratam-se de elementos cumulativos.
A certeza do pedido consiste na identificação da espécie de tutela e do gênero do bem da vida. Já a
determinação é a liquidez, ou seja, a quantidade e a qualidade do bem da vida. O art. 324, §1º, CPC, estabelece
exceções a essa regra, permitindo a formulação de pedido genérico nas ações universais, se o autor não puder
individuar os bens demandados; quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou
do fato; ou quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser
praticado pelo réu.
Por fim, deve-se dizer que o pedido seja expresso (art. 492, CPC), mas a tutela que o juiz conceder de
ofício é considerada como pedido implícito.
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em
quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.
Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional.
🚨 JÁ CAIU
Na prova para Técnico do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (FGV - 2016), foi assinalado como
CORRETA a alternativa que disse: “causa de pedir, legitimidade e demanda”
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