Você está na página 1de 44

Direito Internacional

Pedro M. Sloboda

É expressamente proibido compartilhar senhas e logins de


acesso às aulas e aos materiais, bem como a gravação ou difusão não
oficial desses conteúdos. Aos desvios deverão ser aplicadas
as leis de proteção aos direitos autorais, audiovisuais, bem como
constantes em matéria penal. OS IPs de acesso são monitorados
diariamente, bem como a geolocalização do acesso.
Pergunta (s)
• Direito dos Tratados (DIP);
• Poderia ter uma revisão sobre fases de tratados e/ou fontes de DIP;
Fontes de DIP
• Artigo 38.
• 1. A Côrte, cuja função é decidir de acôrdo com o direito internacional as controvérsias que
lhe forem submetidas, aplicará:
• a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais. que estabeleçam regras
expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;
• b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito;
• c) os princípios gerais de direito reconhecidos pelas Nações civilizadas;
• d) sob ressalva da disposição do art. 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos publicistas
mais qualificados das diferentes Nações, como meio auxiliar para a determinação das regras
de direito.
• 2. A presente disposição não prejudicará a faculdade da Côrte de decidir uma questão ex
aeque et bano, se as partes com isto concordarem.
Fontes extraestatutárias
• Atos unilaterais dos estados
• Guiding principles da CDI, 2006;
• Públicos; acompanhados da vontade de se obrigar

• Decisões de Organizações internacionais


• Obrigatoriedade deve estar prevista no tratado constitutivo da organização
Direito dos Tratados
• Meios de manifestação de consentimento
• Reservas
• Aceitação e Objeção a reservas
• Parecer Consultivo CIJ (1951) sobre reservas à Convenção contra o Genocídio
• Interpretação de tratado
• Boa-fé; sentido comum; objetivo e finalidades; contexto; Meios suplementares; Textos autenticados em mais
de um idioma
• Tratados e terceiros Estados
• Emendas
• Nulidade, extinção e suspensão da execução de tratados
• Denúncia
• Funções do depositário
Relação DIP – direito interno

Atos Ratificação
Negociação Adoção Autenticação Assinatura
internacionais:

Atos Aprovação Promulgação Publicação


internos: parlamentar (DOU)
Hierarquia de tratados para o direito brasileiro

Constituição
– Tratados de
DH (CF art.
5º §3º)
Tratados em
Tratados de DH matéria
tributária

LEI
Lei 13.810/2019

• Art. 6º As resoluções sancionatórias do Conselho de Segurança das Nações


Unidas e as designações de seus comitês de sanções são dotadas de
executoriedade imediata na República Federativa do Brasil.

• Art. 7º Sem prejuízo da obrigação de cumprimento imediato das resoluções


sancionatórias do Conselho de Segurança das Nações Unidas e das designações de seus
comitês de sanções, as resoluções e as designações de que trata este Capítulo, ou seus
extratos, serão publicadas no Diário Oficial da União pelo Ministério das Relações
Exteriores, em língua portuguesa, para fins de publicidade.
Pergunta(s)
• Professor, quais assinaturas/ratificações/promulgações de atos internacionais recentes (fica
a seu critério definir o que é recente) você indicaria como prioritários para termos em
mente?
• Principais tratados para ficarmos alertas;
• Em todas as matérias, gostaria que ressaltassem as novidades do último TPS para cá;
Participação do Brasil em Tratados Internacionais
• Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de
Intolerância: DECRETO Nº 10.932, DE 10 DE JANEIRO DE 2022. Status de emenda constitucional
• Regulamento Sanitário Internacional. DECRETO Nº 10.212, DE 30 DE JANEIRO DE 2020.
• Convenção de Viena sobre Sucessão de Estados em Matéria de Tratados: DECRETO Nº 10.214, DE 30
DE JANEIRO DE 2020.

• Brasil não é parte nas Emendas de Campala, de 2010;


• Não é parte no TPAN, de 2017;
• Não é parte na Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores
Migrantes e dos Membros das suas Famílias, de 1980;
• Não é parte na Convenção sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e dos Crimes contra a
Humanidade, de 1065.
Pergunta(s)
• Tratados de Viena;
• Acho que seria bom uma análise sobre os tratados de sucessão de Estados;
Sucessão de estados em matéria de tratados
Quanto à modalidade de sucessão
• 1) Estado de independência recente (descolonização)
• Regra geral: tábula rasa
• Direito de sucessão em tratados multilaterais
• 2) Sucessão relativa a parte de um território (anexação parcial)
• Tratados do sucessor passam a ser aplicados ao território
• 3) Unificação (fusão e agregação) e Separação (desmembramento e secessão)
• Sucessão automática
• Preservação das obrigações internacionais
• Quando há sucessão, enquanto regra, o mesmo se aplica aos casos de aplicação provisória, reservas e
tratados ainda não em vigor.
• Não haverá sucessão se a participação do estado for incompatível com o objeto e a finalidade do
tratado.
Sucessão de estados em matéria de tratados

• Quanto à natureza do tratado:


• 1) Tratados territoriais: sucessão automática
• [2) Tratados pessoais: tábula rasa] (Doutrina)

• Quanto ao número de parte em um tratado (PARA OS ESTADOS DE INDEPENDÊNCIA RECENTE):


• 1) [Tratados multilaterais: possibilidade de sucessão automática se o tratado permitir]
• 2) [Tratados bilaterais: tábula rasa] (a menos que os estados decidam de outra forma)
Pergunta (s)
• Migrações, direito do mar, direito aéreo - DIP;
Lei de migração

• Nacionalidade

• Condição jurídica do estrangeiro

• Cooperação jurídica internacional em matéria penal


Nacionalidade brasileira

Nacionalidade originária Nacionalidade derivada


• 1) Ius solii; • 1) Ordinária : 4 anos (ou 1);
• 2) Ius sanguinis • 2) Extraordinária: + de 15 anos (direito à
• 2.1) A serviço do país naturalização);
• 2.2) Registrado em repartição brasileira • 3) Especial: casado com diplomata (mais de 5 anos)
ou contratado local (mais de 10 anos)
• 2.3) Residente que opte pela nacionalidade
• 4) Provisória: criança ou adolescente (menos de 10
anos de idade)
Lei de migração

• Nacionalidade

• Condição jurídica do estrangeiro

• Cooperação jurídica internacional em matéria penal


Nova Lei de Migração
• Art. 3o A política migratória brasileira rege-se pelos seguintes princípios e diretrizes:
• I - universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos;
• II - repúdio e prevenção à xenofobia, ao racismo e a quaisquer formas de discriminação;
• III - não criminalização da migração;
• IV - não discriminação em razão dos critérios ou dos procedimentos pelos quais a pessoa foi admitida em território
nacional;
• V - promoção de entrada regular e de regularização documental;
• VI - acolhida humanitária;
• VII - desenvolvimento econômico, turístico, social, cultural, esportivo, científico e tecnológico do Brasil;
• VIII - garantia do direito à reunião familiar;
• IX - igualdade de tratamento e de oportunidade ao migrante e a seus familiares;
• X - inclusão social, laboral e produtiva do migrante por meio de políticas públicas;
• XI - acesso igualitário e livre do migrante a serviços, programas e benefícios sociais, bens públicos, educação,
assistência jurídica integral pública, trabalho, moradia, serviço bancário e seguridade social;
Nova Lei de Migração
• XII - promoção e difusão de direitos, liberdades, garantias e obrigações do migrante;
• XIII - diálogo social na formulação, na execução e na avaliação de políticas migratórias e promoção da participação
cidadã do migrante;
• XIV - fortalecimento da integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, mediante
constituição de espaços de cidadania e de livre circulação de pessoas;
• XV - cooperação internacional com Estados de origem, de trânsito e de destino de movimentos migratórios, a fim
de garantir efetiva proteção aos direitos humanos do migrante;
• XVI - integração e desenvolvimento das regiões de fronteira e articulação de políticas públicas regionais capazes de
garantir efetividade aos direitos do residente fronteiriço;
• XVII - proteção integral e atenção ao superior interesse da criança e do adolescente migrante;
• XVIII - observância ao disposto em tratado;
• XIX - proteção ao brasileiro no exterior;
• XX - migração e desenvolvimento humano no local de origem, como direitos inalienáveis de todas as pessoas;
• XXI - promoção do reconhecimento acadêmico e do exercício profissional no Brasil, nos termos da lei; e
• XXII - repúdio a práticas de expulsão ou de deportação coletivas.
Nova Lei de Migração
• Art. 4o Ao migrante é garantida no território nacional, em condição de igualdade com os nacionais, a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, bem como são
assegurados:
• I - direitos e liberdades civis, sociais, culturais e econômicos;
• II - direito à liberdade de circulação em território nacional;
• III - direito à reunião familiar do migrante com seu cônjuge ou companheiro e seus filhos, familiares e
dependentes;
• IV - medidas de proteção a vítimas e testemunhas de crimes e de violações de direitos;
• V - direito de transferir recursos decorrentes de sua renda e economias pessoais a outro país, observada a
legislação aplicável;
• VI - direito de reunião para fins pacíficos;
• VII - direito de associação, inclusive sindical, para fins lícitos;
• VIII - acesso a serviços públicos de saúde e de assistência social e à previdência social, nos termos da lei, sem
discriminação em razão da nacionalidade e da condição migratória;
• IX - amplo acesso à justiça e à assistência jurídica integral gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos;
Nova Lei de Migração
• X - direito à educação pública, vedada a discriminação em razão da nacionalidade e da
condição migratória;
• XI - garantia de cumprimento de obrigações legais e contratuais trabalhistas e de aplicação das
normas de proteção ao trabalhador, sem discriminação em razão da nacionalidade e da
condição migratória;
• XII - isenção das taxas de que trata esta Lei, mediante declaração de hipossuficiência
econômica, na forma de regulamento;
• XIII - direito de acesso à informação e garantia de confidencialidade quanto aos dados pessoais
do migrante, nos termos da
• XIV - direito a abertura de conta bancária;
• XV - direito de sair, de permanecer e de reingressar em território nacional, mesmo enquanto
pendente pedido de autorização de residência, de prorrogação de estada ou de transformação
de visto em autorização de residência; e
• XVI - direito do imigrante de ser informado sobre as garantias que lhe são asseguradas para
fins de regularização migratória.
Lei de migração
• DAS MEDIDAS DE RETIRADA COMPULSÓRIA
• Art. 47. A repatriação, a deportação e a expulsão serão feitas para o país de nacionalidade
ou de procedência do migrante ou do visitante, ou para outro que o aceite, em observância
aos tratados dos quais o Brasil sej
Da Repatriação
• Art. 49. A repatriação consiste na devolução de pessoa em SITUAÇÃO DE IMPEDIMENTO ao
país de procedência ou de nacionalidade.
• § 4o Não será aplicada medida de repatriação à pessoa em situação de refúgio ou de
apatridia, de fato ou de direito, aos menores de dezoito anos desacompanhados ou
separados de suas famílias, exceto nos casos em que se demonstrar favorável para a
garantia de seus direitos ou para a reintegração a sua família de origem, ou a quem
necessite de acolhimento humanitário, nem, em qualquer caso, de devolução para país ou
região que possa apresentar risco à sua vida, integridade pessoal ou liberdade.
Deportação
• Art. 50. A deportação é medida decorrente de procedimento administrativo que
consiste na retirada compulsória de imigrante que se encontre em SITUAÇÃO
MIGRATÓRIA IRREGULAR em território nacional.
• § 1o A deportação será precedida de notificação pessoal ao imigrante, da qual constem,
expressamente, as irregularidades verificadas e prazo PARA A REGULARIZAÇÃO NÃO
INFERIOR A SESSENTA DIAS, podendo ser prorrogado, por igual período, por despacho
fundamentado e mediante compromisso de o imigrante manter atualizadas suas
informações domiciliares.
• § 2o A notificação prevista no § 1o não impede a livre circulação em território nacional,
devendo o imigrante informar seu domicílio e suas atividades.
Expulsão
• Art. 54. A expulsão consiste em medida administrativa de retirada compulsória do
migrante do território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por
prazo determinado.
• Art. 54.
• § 1º Poderá dar causa à expulsão a condenação com sentença transitada em julgado
relativa à prática de:
• I – crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de
agressão, nos termos definidos pelo Estatuto de Roma do Tribunal Penal
Internacional, de 1998, promulgado pelo Decreto no 4.388, de 25 de setembro de
2002; ou
• II – crime comum doloso passível de pena privativa de liberdade, consideradas a
gravidade e as possibilidades de ressocialização em território nacional.
Expulsão
• Art. 55. Não se procederá à expulsão:
• I - a medida configurar extradição inadmitida pela legislação brasileira;
• II - o expulsando:
• a) tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência
econômica ou socioafetiva ou tiver pessoa brasileira sob sua tutela;
• b) tiver cônjuge ou companheiro residente no Brasil, sem discriminação
alguma, reconhecido judicial ou legalmente;
• c) tiver ingressado no Brasil até os 12 (doze) anos de idade, residindo
desde então no País;
• d) for pessoa com mais de 70 (setenta) anos que resida no País há mais
de 10 (dez) anos, considerados a gravidade e o fundamento da expulsão;
Lei de migração

• Nacionalidade

• Condição jurídica do estrangeiro

• Cooperação jurídica internacional em matéria penal


Extradição
• Art. 81.
• A extradição é a medida de cooperação internacional entre o Estado brasileiro e
outro Estado pela qual se concede ou solicita a entrega de pessoa sobre quem
recaia condenação criminal definitiva ou para fins de instrução de processo penal
em curso.
Transferência de execução da pena
• Este instituto prevê a transferência da execução da pena de uma pessoa que tenha fugido
do país onde foi condenada, para evitar o cumprimento da sentença, para o Estado de sua
nacionalidade.
• O Estado que emitiu a condenação pode solicitar ao país para o qual a pessoa se evadiu a
transferência da execução da pena, para que esse último assuma a execução da pena.
• Nesse caso, não há necessidade do consentimento da pessoa condenada, sendo executada
uma medida compulsória para que o condenado no país estrangeiro cumpra a pena no país
de sua nacionalidade. Essa medida evita a impunidade de condenados que cometeram
crimes no exterior e retornaram aos seus países.
• Lei de migração
• Seção II
Da Transferência de Execução da Pena
• Art. 100. Nas hipóteses em que couber solicitação de extradição executória, a autoridade
competente poderá solicitar ou autorizar a transferência de execução da pena, desde que
observado o princípio do non bis in idem .
• Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal) , a transferência de execução da pena será possível quando preenchidos os
seguintes requisitos:
• I - o condenado em território estrangeiro for nacional ou tiver residência habitual ou vínculo
pessoal no Brasil;
• II - a sentença tiver transitado em julgado;
• III - a duração da condenação a cumprir ou que restar para cumprir for de, pelo menos, 1 (um)
ano, na data de apresentação do pedido ao Estado da condenação;
• IV - o fato que originou a condenação constituir infração penal perante a lei de ambas as partes;
e
• V - houver tratado ou promessa de reciprocidade.
Transferência de condenados
• Art. 104. A transferência de pessoa condenada será possível quando:
• I - o condenado no território de uma das Partes for nacional ou tiver residência habitual ou
vínculo pessoal no território da outra Parte que justifique a transferência;
• II – a sentença tiver transitado em julgado;
• III – a duração da condenação a cumprir ou que restar para cumprir for de, pelo menos, um
ano, na data de apresentac ão do pedido ao Estado da condenação;
• IV – os fatos que originaram a condenação constituírem infração penal perante a lei de ambos
os Estados;
• V – houver manifestação de vontade do condenado ou de seu representante, quando for
necessário; e
• VI – houver concordância de ambos os Estados.
Pergunta (s)
• Migrações, direito do mar, direito aéreo - DIP;
Direito do mar
• Convenção das Nações Unidas sobre • Solução de controvérsias (CNUDM, Parte XV)
Direito do Mar - Soluções Diplomáticas
• Mar territorial e zona contígua - Soluções jurisdicionais
• Estreitos
• Estados arquipélagos
• Zona Econômica Exclusiva
• Plataforma Continental
• Alto Mar
• Regime das ilhas
• Área (Parte XI)
Pergunta(s)
• O requerimento de renuncio executório após renuncio à imunidade de jurisdição civil e
administrativa do agente diplomático (art 32) também inclui a necessidade de duplo
renuncio - de jurisdição e executório - em matéria penal?
CVRD, 1961
• Artigo 32
• 1. O Estado acreditante pode renunciar à imunidade de jurisdição dos seus agentes
diplomáticos e das pessoas que gozam de imunidade nos têrmos do artigo 37.
• 2. A renuncia será sempre expressa.
• 3. Se um agente diplomático ou uma pessoa que goza de imunidade de jurisdição nos
têrmos do artigo 37 inicia uma ação judicial, não lhe será permitido invocar a imunidade de
jurisdição no tocante a uma reconvenção ligada à ação principal.
• 4. A renuncia à imunidade de jurisdição no tocante às ações civis ou administrativas
não implica renúncia a imunidade quanto as medidas de execução da sentença, para as
quais nova renúncia é necessária.
Pergunta(s)
• Sobre o caso Shangri-la. Quando, em 2021, o STF firmou a tese de que atos ilicitos
praticados por Estados estrangeiros em violação a DH não gozam de imunidade de
jurisdição, não se refere em nada à imunidade de execução, que é absoluta, certo?
Caso Shangri-lá, STF, 2021
• O Supremo Tribunal Federal acolheu o recurso de familiares de um pescador que pretendem que a República Federal da Alemanha os
indenize pela sua morte, em 1943, quando um barco pesqueiro foi afundado por um submarino alemão na costa brasileira. Por maioria,
em julgamento do recurso com repercussão geral (Tema 944), o Plenário fixou a tese de que Estados estrangeiros que pratiquem atos
em violação aos direitos humanos não gozam de imunidade de jurisdição no Brasil e podem responder judicialmente por eles.
• O ataque ao barco pesqueiro Changri-lá matou dez pescadores em julho de 1943, durante a 2ª Guerra Mundial, em mar territorial
brasileiro, nas proximidades de Cabo Frio (RJ). Em 2001, o Tribunal Marítimo reconheceu, oficialmente, que a causa do naufrágio foi o
torpedeamento da embarcação pelo submarino U-199 alemão, levando os netos e as viúvas dos netos de um dos pescadores a ajuizar,
em 2006, a ação de ressarcimento de danos materiais e morais.
• Na primeira instância, a ação de reparação foi extinta sem resolução de mérito, pois o juízo da 14ª Vara Federal da Seção Judiciária do
Rio de Janeiro declinou de sua competência. A família recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas o recurso não foi admitido
com base na jurisprudência daquela corte, que impede a responsabilização de Estado estrangeiro por ato de guerra.
• No recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, a família do pescador sustentou que deve ser considerada a submissão
expressa da Alemanha, por tratados internacionais, à jurisdição do local onde foram praticados os crimes de guerra e contra a
humanidade durante o regime nazista. Argumentaram, ainda, que não há ato legítimo de império (decorrente do exercício do direito
da soberania estatal) na prática de crime de guerra e contra a humanidade já julgados e condenados por Tribunal Internacional nem
imunidade de jurisdição para atos atentatórios aos direitos humanos.
Caso Shangri-lá, STF, 2021, EMENTA
• RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. REPERCUSSÃO GERAL. DIREITOS HUMANOS. DIREITO INTERNACIONAL. ESTADO ESTRANGEIRO. ATOS DE IMPÉRIO.
PERÍODO DE GUERRA. CASO CHANGRI-LÁ. DELITO CONTRA O DIREITO INTERNACIONAL DA PESSOA HUMANA. ATO ILÍCITO E ILEGÍTIMO. IMUNIDADE DE
JURISDIÇÃO. RELATIVIZAÇÃO. POSSIBILIDADE. ACESSO À JUSTIÇA. PREVALÊNCIA DOS DIREITOS HUMANOS. ART. 4º, II, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. 1.
Controvérsia inédita no âmbito desta Suprema Corte, estando em questão a derrotabilidade de regra imunizante de jurisdição em relação a atos de império
praticados por Estado soberano, por conta de graves delitos ocorridos em confronto à proteção internacional da pessoa natural, nos termos do art. 4º, II e V, do
Texto Constitucional. 2. A imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro no direito brasileiro é regida pelo direito costumeiro. A jurisprudência do STF
reconhece a divisão em atos de gestão e atos de império, sendo os primeiros passíveis de cognoscibilidade pelo Poder Judiciário e, mantida, sempre, a
imunidade executória, à luz da Convenção de Viena sobre as Relações Diplomáticas (Dec. 56.435/1965). Precedentes. 3. O artigo 6, “b”, do Estatuto do Tribunal
Militar Internacional de Nuremberg, reconhece como “crimes de guerra” as violações das leis e costumes de guerra, entre as quais, o assassinato de civis,
inclusive aqueles em alto-mar. Violação ao direito humano à vida, incluído no artigo 6, do Pacto sobre Direitos Civis e Políticos. Assim, os atos praticados em
períodos de guerra contra civis em território nacional, ainda que sejam atos de império, são ilícitos e ilegítimos. 4. O caráter absoluto da regra de imunidade da
jurisdição estatal é questão persistente na ordem do dia do direito internacional, havendo notícias de diplomas no direito comparado e de cortes nacionais que
afastaram ou mitigaram a imunidade em casos de atos militares ilícitos. 5. A Corte Internacional de Justiça, por sua vez, no julgamento do caso das imunidades
jurisdicionais do Estado (Alemanha Vs. Itália), manteve a doutrina clássica, reafirmando sua natureza absoluta quando se trata de atos jure imperii. Decisão, no
entanto, sem eficácia erga omnes e vinculante, conforme dispõe o artigo 59, do Estatuto da própria Corte, e distinta por assentar-se na reparação global. 6. Nos
casos em que há violação à direitos humanos, ao negar às vítimas vítimas e seus familiares a possibilidade de responsabilização do agressor, a imunidade estatal
obsta o acesso à justiça, direito com guarida no art. 5º, XXXV, da CRFB; nos arts. 8 e 10, da Declaração Universal; e no art. 1, do Pacto sobre Direitos Civis e
Políticos. 7. Diante da prescrição constitucional que confere prevalência aos direitos humanos como princípio que rege o Estado brasileiro nas suas relações
internacionais (art. 4º, II), devem prevalecer os direitos humanos - à vida, à verdade e ao acesso à justiça -, afastada a imunidade de jurisdição no caso. 8.
Possibilidade de relativização da imunidade de jurisdição estatal em caso de atos ilícitos praticados no território do foro em violação à direitos humanos. 9.
Fixação de tese jurídica ao Tema 944 da sistemática da repercussão geral: “Os atos ilícitos praticados por Estados estrangeiros em violação a direitos humanos
não gozam de imunidade de jurisdição.” 10. Recurso extraordinário com agravo a que se dá provimento.
Pergunta(s)
• Órgão de Apelação da OMC vs Trump
Contexto atual do sistema: desafios
• Desde 2017, desentendimentos entre países sobre o funcionamento do SSC têm levado ao
bloqueio da nomeação de novos membros para o Órgão de Apelação. Por isso, desde dezembro
de 2019, as atividades deste último encontram-se paralisadas, o que deixará as disputas em
um “limbo”, sem perspectivas de resolução, caso se apresentem apelações, no “vazio”, de
relatórios dos painéis.
• Com vistas a superar o impasse, o Brasil tem atuado em prol de uma solução multilateral de
longo prazo, que atenda às preocupações de todos os Membros da OMC, em estrita observância
ao Entendimento sobre Solução de Controvérsias e com o objetivo de preservar os direitos e
obrigações pactuados no Acordo de Marraqueche, que criou a Organização Mundial do
Comércio.
MPIA
• Paralelamente aos esforços multilaterais para uma solução de longo prazo, um grupo de 21
Membros da OMC (dentre os quais o Brasil) acordaram um arranjo provisório plurilateral
(“Multi-Party Interim Arbitration Arrangement” – MPIA), no qual sinalizam o compromisso
de, enquanto durar a crise do Órgão de Apelação, (i) não “apelar ao vazio” em contenciosos
entre os participantes do MPIA; e, (ii) na hipótese de uma das partes em um contencioso
desejar apelar das conclusões do painel, recorrer ao Artigo 25 do DSU para efetivar uma
“arbitragem-apelação”. O Arranjo está aberto à participação de todos os Membros da OMC.
Pergunta(s)
• Possíveis punições a Russia entre sanções e ações em Tribunais Internacionais pelos
recentes eventos;
• Olá Sloboda. Quais as implicações da Guerra entre Rússia e Ucrânia à luz do DIP e o não
cumprimento das normas de Direito Humanitário? Alguma possibilidade de questões na
Terceira Fase ou o tema ainda é muito recente?
Crise na Ucrânia
• “Ofensiva jurídico-diplomática”
• CSNU – AGNU – UfP – aplicação do art. 12 da Carta
• CIJ: medidas provisórias
• CDH: Comissão de Inquérito e suspensão da Rússia
• TPI: 42 estados denunciaram (inquérito aberto pelo Promotor)
• CEDH
• OIT
• OEA
• Sanções unilaterais (em geral ilícitas)
• BOA PROVA!!!

Você também pode gostar