Você está na página 1de 3

Joana Costa Lopes

Assistente Convidada

§ Esquema – Objeto do Processo


Direito Processual Civil II

Modificações do Objecto

1. Modificação Livre 2. Modificação condicionada/limitada

O art. 260.º do CPC – que consagra 2.1 Modificação do Pedido


o princípio da estabilidade da
instância – proíbe, em regra que As modificações objectivas da instância quanto ao pedido
desde a citação do réu ocorram podem dizer respeito a pedido único ou cumulativo:
alterações ao pedido e à causa de
pedir, embora ressalve as a) Quanto a um pedido que é e permanece único, a
possibilidades excepcionais de alteração pode traduzir se numa redução, numa
modificação consignadas na lei. ampliação ou numa transformação de outra natureza;
por exemplo:
Exceções:
A pede a condenação de B em € 10.000; pode passar a pedir só € 5.000
(redução), ou € 15.000 (ampliação) ou um automóvel (transformação);
a) A alteração convencional do
pedido ou da causa de pedir,
b) Perante um pedido cumulativo, a alteração do pedido
por acordo das partes, se
pode decorrer de uma subtracção (cumulação
esta alteração ou ampliação
objketiva inicial), em face do pedido que passa a ser
não perturbar
cumulativo, a alteração do pedido verifica-se por
inconvenientemente a
cumulação sucessiva;
instrução, discussão e
julgamento do pleito (art. Por exemplo: A pedia só € 1.000; passa a pedir esse dinheiro e um imóvel.
264.º).
2.2 Modificação da Causa de pedir
b) É livre a alteração de pedido
e de causa de pedir por MTS: A modificação da causa de pedir ocorre quando são
redução, resultante de alegados factos distintos daqueles que preenchiam uma
desistência parcial (art. 265.º, anterior causa de pedir. Os factos são distintos se forem
n.º 2; art. 283.º, n.º 1, e 286.º, subsumíveis a uma diferente previsão legal.
n.º 2).
A alteração da causa de pedir só é admitida com base em
confissão do réu (art. 265.º, n.º 1).

1
Modificação Condicionada/Limitada

2.1 Modificação do Pedido:

a) Redução/Subtração: a modificação unilateral que se traduza em redução ou


subtracção de pedidos é sempre admissível (art. 265.º, n.º 2, e 283.º, n.º 1). A redução
pode ser quantitativa (pedia se € 5.000, passa se a pedir € 4.000) ou qualitativa (pedia
se a declaração de domínio, passa a pedir se a de usufruto;

b) Ampliação/Transformação/Cumulação Sucessiva: no que concerne à


modificação unilateral do pedido por ampliação, transformação ou cumulação
sucessiva, as possibilidades são estas:

Ampliação: Cumulação Sucessiva: Transformação:

Qualquer tipo de modificação do pedido Qualquer tipo de modificação do pedido é Se é admissível a cumulação
é admissível, se lei especial o determinar admissível até ao encerramento da sucessiva e a redução, é possível a
- por exemplo: o autor pede discussão em 1.ª instância, se for o transformação, que pode sempre
12.000 EUR, de indemnização desenvolvimento ou a consequência do entender se como resultante de
por certo acto danoso, que pedido primitivo (art. 265.º, n.º 2). Por uma sucessão destes dois
posteriormente é causa de novo exemplo: o autor instaurou uma acção, fenómenos. Por exemplo: A
prejuízo no valor de 3.000 EUR, pedindo a condenação do réu no reivindica o objecto x, que está em poder
o pedido de indemnização pode cumprimento de uma prestação de facto de B; B, no decurso do processo,
ser ampliado para € 15.000 nos infungível e durante a pendência da causa dolosamente destrói o; é possível a A
termos do art. 569.º CC. pode pedir a condenação do réu numa transformar o seu pedido num de
sanção pecuniária compulsória por cada dia indemnização de perdas e danos (A
de atraso no cumprimento da obrigação começa por cumular um pedido de
(nos termos do art. 265.º, n.º 4; cf. art. indemnização e depois desiste do pedido
829.º-A, n.º 1, CC). de reivindicação);

2.2 Modificação da Causa de Pedir

a) Alteração da Causa de Pedir: só é admitida com base em confissão do réu (art.


265.º, n.º 1). Por exemplo, o autor pede uma indemnização com base em
responsabilidade civil por facto ilícito; o réu alega que os danos causados se ficaram
a dever a uma actuação em estado de necessidade; o autor pode aceitar esta confissão
e passar a pedir a indemnização com fundamento nessa actuação (art. 339.º, n.º 2,
CC).

2
b) Ampliação da Causa de Pedir (Art. 265.º, n.º 1): esta ampliação parece só poder
ser qualitativa, dado que o acrescento de um novo facto constitutivo a uma causa de
pedir que está completa (se assim não fosse, verificar-se a ineptidão da petição inicial,
nos termos do art. 186.º, n.º 2, al. a) do CPC. Só é admissível se se conseguir
preencher mais um elemento da previsão da norma sobre análise: é o caso de o autor
propôr uma acção de reivindicação do usufruto e o réu confessar que o contrato
celebrado com o autor recaiu sobre a propriedade plena, embora acrescente que o
mesmo é inválido; o autor pode alterar a causa de pedir, passando a invocar a sua
propriedade plena e a pedir o seu reconhecimento como proprietário pleno.

c) Modificação da Causa de Pedir: pode ser realizada de forma subsidiária, ou seja,


apenas para a hipótese de a causa de pedir que o autor invocou inicialmente não ser
considerada procedente.

2.1 Modificação do Pedido + 2.2 Modificação da Causa de Pedir = Modificação Conjunta:


artigo 265.º, n.6 do CPC se o segundo pedido for conexo com o primeiro, e não pode haver uma
convolação para a relação jurídica diversa da controvertida (265/6.º do CPC).

Você também pode gostar