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Exmo. Senhor Dr.

Juiz de Direito do
Tribunal Administrativo e Fiscal de Sintra

Unidade Orgânica 3
Proc. n.º ______________

Município de Oeiras, Requerente nos autos à margem referenciados, em que é Requerente


_____________________vem, nos termos do artigo 117º nº1 do Código de Processo nos
Tribunais Administrativos (doravante abreviadamente designado CPTA), apresentar a sua
OPOSIÇÃO
o que faz pelos fundamentos seguintes:

DOS FUNDAMENTOS DA OPOSIÇÃO:

A Requerente deu origem aos presentes autos peticionando ao douto Tribunal que profira a
seguinte decisão: ser decretada provisoriamente a suspensão do ato administrativo que indeferiu
o pedido de transmissão da posição de arrendatário até à decisão da ação principal e ser
atribuída provisoriamente a disponibilidade da habitação objeto do contrato de arrendamento
celebrado entre a mãe do Requerente e o Requerido.

Para tanto afirma em suma o Requerente:


a) Que a sua mãe celebrou um contrato de arrendamento com o Requerido a 13-03-2019,
com referência ao locado sito na R._________________;
b) Que, sendo filho da arrendatária, com ela viveu uns anos até se ausentar para o Brasil,
tendo regressado a Portugal e ao locado em 2018, aí passando a residir;
c) Que desde essa data que viveu em economia comum com a sua mãe e padrasto, até à
morte de ambos;
d) Que, pese embora vivesse com a mãe e o Requerido disso tivesse conhecimento, este
sempre recusou o pedido de integração no agregado por parte do Requerente, alegando
que este não tinha título de residência válido.
e) Que a 22 de janeiro de 2020 submeteu a manifestação de interesse para obtenção de
residência junto do SEF, tendo a 26 de Outubro do mesmo ano sido notificado por aquela
entidade que a sua aplicação tinha sido aceite e que deveria proceder ao agendamento,
do qual continua a aguardar por motivos a si alheios.
f) Que requereu a transmissão de arrendatário após a morte da arrendatária sua mãe, tendo
tal pedido sido indeferido por ato de 16-03-2021.
g) Que não tem capacidade económica para residir noutra habitação, pelo que ficará
desalojado e passará a viver na rua.
3.º
Conforme seguidamente se irá expor, e com toda a facilidade se alcança, não assiste qualquer
razão ao Requerente, de facto ou de direito, para colocar em causa a decisão do Requerido de
16-03-2021 e muito menos estão preenchidos os pressupostos legais de que dependeria o
decretamento da tutela cautelar requerida.
4.º
Sendo o pedido do Requerente absolutamente insuscetível de obter acolhimento, ou sequer de
ser judicialmente apreciado nos termos pretendidos.

É o que seguidamente se propõe demonstrar,

A - DA NÃO VERIFICAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS PARA O DECRETAMENTO DA PROVIDÊNCIA


CAUTELAR: Os requisitos do n.º 1 do artigo 120º do Código de Processo nos Tribunais
Administrativos.

5.º
Determina o art.º 120.º, n.º 1 e 2 do CPTA
“1 - Sem prejuízo do disposto nos números seguintes, as providências cautelares são
adotadas quando haja fundado receio da constituição de uma situação de facto
consumado ou da produção de prejuízos de difícil reparação para os interesses que o

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requerente visa assegurar no processo principal e seja provável que a pretensão
formulada ou a formular nesse processo venha a ser julgada procedente”.
2 - Nas situações previstas no número anterior, a adoção da providência ou das
providências é recusada quando, devidamente ponderados os interesses públicos e
privados em presença, os danos que resultariam da sua concessão se mostrem superiores
àqueles que podem resultar da sua recusa, sem que possam ser evitados ou atenuados
pela adoção de outras providências. “

6.º
Ou seja:
Prossupostos positivos (120.º, n.º 1 CPTA)
a) Periculum in mora – fundado receio de que, na pendência de uma acção, o direito do
requerente se torne consumado, sem possibilidade de restauração, ou este sofra lesão
de difícil reparação;
b) fumus bónus iuris – aparência do direito, i.e., probabilidade séria da existência do
direito invocado pela requerente;
Pressuposto negativo:
a) ponderados os interesses públicos e privados em presença, os danos que resultariam da
sua concessão se mostrem superiores àqueles que podem resultar da sua recusa, sem que
possam ser evitados ou atenuados pela adoção de outras providências. (120.º, n.º 2)

7.º
Ora, conforme seguidamente se demonstrará, contrariamente ao que vem defender o
Requerente, a tutela cautelar requerida é manifestamente improcedente, face à gritante falta de
verificação dos pressupostos legais de que depende o seu decretamento, mormente face à
manifesta falta de fundamento da pretensão a formular no processo principal e à necessária
ponderação dos interesses em presença.

A.1. - Periculum in mora

8.º

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O que se torna necessário verificar para preenchimento deste requisito é se os factos concretos
alegados pelo Requerente inspiram o fundado receio de que, se a providência for recusada, se
tornará depois impossível, no caso de o processo principal vir a ser julgado procedente,
proceder à restauração natural, no plano dos factos, da situação conforme à legalidade.
9.º
Ou se, mesmo que seja de prever que a reintegração, no plano dos factos, da situação conforme
à legalidade se tornará impossível pela mora do processo, os factos concretos alegados pelo
Requerente inspiram o fundado receio da produção de “prejuízo de difícil reparação” no caso
da providência ser recusada, seja porque a reintegração no plano dos factos se torna difícil, seja
porque pode haver prejuízos que, em qualquer caso, se produzirão ao longo do tempo e que a
reintegração da legalidade não é capaz de reparar, ou pelo menos, de reparar integralmente.
10.º
Vejamos a situação de facto.
11.º
O que o Requerente pretende em última instância é obstar ao seu despejo e manter-se no locado
fazendo operar a transmissão do arrendamento pela morte, ora ainda que não seja decretada a
presente providência e a ação principal venha a proceder, será sempre possível proceder à
restauração natural da situação legal.
12.º
De facto, ainda que não seja possível atribuir ao Requerente o fogo onde reside, será sempre
possível atribuir-lhe outro fogo.
13.º
Não se encontra assim preenchida a primeira hipótese de periculum im mora (art.º 120.º, n.º 1
do CPTA.)
14.º
Também não se mostra preenchido a segunda parte desse requisito, pois o decretamento da
providência e o consequente despejo do Requerente não produzirá um prejuízo de difícil
reparação, exatamente pelas mesmas razões referidas anteriormente.
15.º
De facto, caso o Requerente venha a ser despejado e a ação principal venha a proceder, sempre
poderá o Requerido atribuir ao Requerente outro fogo.

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16.º
Acresce, que o Requerente não alegou quaisquer factos que permitam concluir que se a
providência não for decretada a consumação do ato lhe causará ”prejuízos de difícil reparação”.
17.º
De facto, o Requerente apenas refere que “a obrigação de desocupação do locado imposta pelo
Requerido irá colocar o Requerente numa situação de enorme fragilidade” (art.º 40.º), uma vez
“não tem outro local para residir, pelo que ficará desalojado e terá de viver na rua” (art.º 41.º),
embora não apresente prova que permita inferir essa alegação.
18.º
Refere ainda a situação pandémica o colocou numa situação de maior fragilidade.
19.º
No entanto, não concretiza nada do que alega: em que medida é que a sua situação se
deteriorou com a morte da mãe e com a pandemia atual.
20.º
Com efeito, o facto de não ter outra casa não determina por si só a necessidade premente do
fogo em causa, pois não alega sequer as suas possibilidades reais para arrendar no mercado
normal.
20.º
Na verdade, junta recibos de retribuição que, embora não demonstrem que o Requerente tem
um vencimento muito alto, não determinam por si só a necessidade real do fogo, pois existem
diversas pessoas na nossa sociedade que auferindo o mesmo se suportam sem terem de recorrer
a arrendamento apoiado.
21.º
Assim, no entender do Requerido, o Requerente apenas enuncia preceitos genéricos quanto à
violação de um suposto direito fundamental, o que não configura alegação suficiente para o
requisito do periculum in mora.
22.º
O Requerente deveria ter alegado obrigatoriamente – e não alegou – factos ou circunstâncias
que, de acordo com as regras de experiência, (i) evidenciassem a gravidade da hipotética lesão e
que, por outro lado, (ii) aconselhassem a imediata adoção da medida cautelar pedida como
forma de salvaguardar a eficácia ou efeito útil da decisão a proferir na ação principal, isto é,

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factos que demonstrassem, com elevado grau de certeza que, sem o decretamento das medidas
cautelares, os direitos supostamente violados ficariam irremediavelmente perdidos ou muito
dificilmente podiam ser reparados no futuro.
23.º
Não basta o Requerente ter alegado genérica e vagamente, como fez, que o seu não
decretamento o lesa.
24.º
Apesar de o Requerente não ter alegado factos indiciadores da gravidade da pretensa lesão dos
direitos que invocou, sempre se dirá, à cautela, que tal lesão, a existir, não assume contornos de
gravidade que justifiquem a adoção urgente da medida cautelar peticionada.

A.2- Fumus boni iuris: aparência do direito, i.e., probabilidade séria da existência do direito
invocado pela Requerente

25.º
Estabelece a lei que a procedência da providência cautelar depende, em primeira linha, da
existência do direito invocado pelo lesado.
26.º
Tomando por base a configuração da providência apresentada pelo Requerente, podemos
afirmar que o direito invocado pelo Requerente é o direito à habitação em causa, em regime de
arrendamento social/apoiado.
27.º
É certo que, em sede cautelar, basta um juízo de mera probabilidade ou verosimilhança da
existência do direito, mas no caso em apreço o direito invocado nem sequer na aparência existe.
Vejamos,
28.º
Ao arrendamento em causa, aplica-se o regime do arrendamento apoiado, previsto na Lei
81/2014, 19/12, na versão da Lei 32/2016, 24/08.
29.º
Nos termos do art.º 17.º do Regime em causa, o contrato de arrendamento rege-se pelo disposto
na referida Lei, pelos regulamentos nela previstos e pelo Código Civil.

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30.º
Nos termos do art.º 4.º da referida Lei “As habitações arrendadas em regime de arrendamento
apoiado só podem destinar-se a residência permanente dos agregados familiares aos quais são
atribuídas.” Nosso negrito.
31.º
E nos termos do art.º 5.º da mesma Lei: “Podem aceder à atribuição de habitações em regime de
arrendamento apoiado os cidadãos nacionais e os cidadãos estrangeiros detentores de títulos
válidos de permanência no território nacional que reúnam as condições estabelecidas na
presente lei e que não estejam em nenhuma das situações de impedimento previstas no artigo
seguinte.” Nosso negrito
32.º
Por outro lado, o Regulamento da Habitação em Regime de Arrendamento Apoiado do Município
de Oeiras - Regulamento n.º 829/2018 – publicado no Diário da República n.º 239/2018, Série II
de 2018-12-12 - refere no seu art.º 26.º as pessoas que podem residir na habitação atribuída:
a) Os titulares do arrendamento;
b) Os elementos que integram o agregado familiar à data da atribuição da habitação e respetiva
formalização;
c) Pessoa que, por motivos justificados, se encontre autorizada pelo Município a residir no fogo,
nomeadamente pessoa relativamente à qual, por força da lei ou de negócio jurídico que não
respeite diretamente à habitação, viva em comunhão de mesa e habitação com o titular do
arrendamento e tenha estabelecido com ele uma vivência comum de entreajuda e partilha de
recursos por razões laborais, escolares, formação profissional ou por motivos de saúde, nos
termos do Decreto-Lei n.º 70/2010, de 16 de junho, e da demais legislação aplicável
33.º
E no art.º 41.º, números 1 que:
A titularidade do arrendamento do fogo só poderá ser objeto de transmissão mediante
autorização expressa, por escrito, do Município de Oeiras.
34.º
E o n.º 2 e o n.º 2 do mesmo artigo, refere que a transmissão do arrendamento só é admitida nas
seguintes situações:

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a) Divórcio, separação judicial de pessoas e bens ou cessação da situação de união de facto,
devidamente comprovadas;
b) Morte de um dos titulares;
(…)
35.º
Sendo que o direito à transmissão não se verifica no caso de o transmissário não preencher os
requisitos cumulativos de inscrição (art.º 41.º, n.º 5).
36.º
A transmissão do arrendamento ficará assim dependente do resultado da avaliação da situação
económica e social do agregado, de acordo com os critérios em vigor, sendo autorizada apenas
quando se mostrem preenchidos os requisitos constitutivos do direito à transmissão e os
requisitos de atribuição e manutenção da habitação, nos termos daquele regulamento (art.º 41.º,
n.º 6).
37.º
Para efeitos de transmissão do arrendamento, os interessados deverão apresentar ao Requerido
os respetivos comprovativos da situação que alegam, no prazo máximo de trinta dias a contar da
verificação do facto.
38.º
Por outro lado, o art.º 43.º do referido Regulamento refere que, no caso de morte, para efeito de
transmissão do contrato de arrendamento, o transmissário deve reunir as condições de
atribuição e manutenção da titularidade do fogo, nos termos do previsto no dito Regulamento.
39.º
Ou seja, a transmissão não é automática, mas antes dependerá da apreciação das condições do
transmissário para ter acesso ao arrendamento apoiado.
40.º
Sendo que, tanto nos termos do art.º 5.º da Lei 81/2014, 19/12, como nos termos do art.º 7.º, n.º
1, alínea c) do citado Regulamento, apenas aos cidadãos nacionais ou com título de residência
válido poderá ser atribuído um arrendamento apoiado.

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41.º
E nos termos do art.º 8.º, n.º 2 alínea f) o pedido de atribuição de habitação deve ser instruído
com cópia do documento de autorização de residência ou documento equivalente que habilite o
candidato a permanecer de forma legal em território nacional.
42.º
Portanto, ao contrário do que sucede no arrendamento dito convencional, em que se aplica tout
cour a regra do Código Civil citada pelo Requerente, no arrendamento apoiado, primeiro ter-se-á
que ter em conta as normas citadas e só depois se poderá verificar o requisito do art.º 1106.º CC.
43.º
Repare-se que o regime da renda apoiada tem por base as necessidades sociais de determinados
indivíduos que leva à atribuição de fogos, aos quais é aplicado uma renda apoiada, de acordo
com as reais necessidades de cada agregado.
44.º
Esse apoio é calculado de acordo com os rendimentos de cada agregado familiar e tem
especificidades próprias fugindo às regras do arrendamento dito convencional.
45.º
Ora, no caso em apreço o Requerente não possui título de residência válido, pelo que foi
indeferido, e bem, o seu pedido de transmissão do arrendamento.
46.º
Isso mesmo resulta não só das suas declarações na ação em apreço, como também dos
documentos por este juntos, donde consta apenas uma manifestação de interesse no pedido de
autorização de residência.
47.º
Acresce, que mesmo que se aplicasse apenas o disposto no Código Civil, também não existe
prova de que o Requerente vivesse com a arrendatária sua mãe, à data de sua morte, há pelo
menos um ano.
48.º
Na verdade, esse facto resulta sempre e apenas de declarações do próprio e nunca de factos
verificados pelo Requerido.
49.º
Pelo que o Requerente não tem uma aparência do direito invocado.

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50.º
Pelo que, não se encontra preenchido o requisito do Fomus Bonis Iuris, pois é por demais
evidente que não assiste razão ao Requerente.
51.º
De facto, o Requerente não reúne os requisitos para que lhe seja atribuído o arrendamento
apoiado e, assim sendo, não pode operar a transmissão do arrendamento prevista no art.º
1106.º CC que tem aplicação subsidiária em relação à Lei 81/2014 e ao Regulamento Municipal.
52.º
Recorde-se que o arrendamento apoiado tem uma vertente social que visa apoiar o direito à
habitação, daqueles que cumpram os requisitos para essa ajuda, por não poderem efetivamente
recorrer ao arrendamento convencional, no mercado comercial.
53.º
Razão pela qual, a habitação se destina apenas ao agregado familiar registado, sendo a renda
apoiada determinada em função dos rendimentos dos membros desse agregado.
54.º
E razão também pela qual, é causa de cessação do contrato, a permanência de membros fora do
agregado.
55.º
No caso em apreço, desconhece-se se o Requerente tem sequer direito a um arrendamento
social, mas certo é que não é pela sua permanência no locado, seja porque anos for que terá
direito ao dito arrendamento.
56.º
Sendo também certo que o Requerente pretende “entrar pela porta do cavalo” no arrendamento
apoiado, passando à frente de uma listagem de pessoas que atualmente se cifra em cerca de
3000 pessoas.
57.º
Pelo que, não se encontra preenchido o segundo requisito previsto no art.º 120.º, n.º 1 do CPTA.
Sem prescindir,

A.3 - Da necessária ponderação de interesses nos termos do artigo 120º nº2 do CPTA -
Proporcionalidade e Adequação da Providência Cautelar:

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58.º
Não obstante os requisitos do art.º 120.º, n.º 1 não se encontrarem preenchidos e, portanto, a
presente providência improceder desde logo por essa mesma razão, verifica-se ainda que a dita
providência sempre improcederia por conta do disposto no art.º 120.º, n.º 2 do CPTA.
59.º
Com efeito, o art.º 120.º, n.º 2 estabelece uma cláusula de salvaguarda, permitindo que no
interesse dos demais envolvidos, a providência ainda seja recusada, quando o decretamento da
providência cause danos (ao interesse público e/ou a terceiros) desproporcionais em relação
àqueles que se pretende evitar que sejam causados à esfera jurídica do Requerente.
60.º
Invoca o Requerente o seu direito à habitação, no entanto há que ponderar os direitos dos
demais inscritos para atribuição de habitação social.
61º
De facto, como atrás se disse o Requerente procurou entrar “porta do cavalo” no arrendamento
social, sem que fosse efetuada uma ponderação de acordo com o regime previsto na Lei do
Arrendamento Apoiado, assim passando à frente de todos os inscritos para atribuição de fogo
social.
62.º
Note-se que a atribuição de fogo camarário se destina a agregados carenciados, existindo uma
fila de espera muito grande, de cerca de 3000 pessoas.
63.º
Das quais, cerca de 113 agregados esperam um fogo de tipologia T1 (isto apenas na zona da
Requerente), 113 agregados que comprovadamente não têm rendimentos suficientes para o
mercado convencional de arrendamento, facto que se desconhece no que toca ao agregado do
Requerente e que só por si não a coloca à frente dos demais.
64.º
Caso a presente providência viesse a ser decretada, colocar-se-ia em causa os direitos desses
agregados inscritos na lista de espera, que seriam preteridos por uma pessoa que não cumpre os
trâmites legais.

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65.º
Sendo que se o Requerente não alegou e efetuou prova de quaisquer factos que permitam
concluir que não possui condições económicas para contratar arrendamento no mercado
comercial.
66.º
Diga-se que o rendimento que apresentou é até superior a alguns rendimentos de pessoas em
lista de espera.
67.º
Entende-se assim que não alegou quaisquer danos que permitam realizar aquele «juízo de
superioridade» que é indispensável à dita avaliação interativa e complexa exigida pelo nº2 do
artigo 120º do CPTA.
68.º
Neste sentido veja-se o Acórdão do Tribunal Administrativo Central Norte, proferido no processo
03064/11.8BEPRT, a 02/03/2012: “Não sendo titular da licença de ocupação, nem sequer
ocupante autorizada do fogo social, a recorrente não poderá qualificar a decisão administrativa
de desocupação da casa como drástica e desproporcional, porquanto a ocupa de uma forma
ilegal. E importará salientar, a este respeito, que a aplicação do princípio da protecção da
confiança está dependente de vários pressupostos, desde logo daquele que se prende com a
necessidade de se estar face a uma confiança legítima, o que significa que não poderá ser
invocada a violação da confiança sempre que ela radique numa situação claramente ilegal [ver,
entre outros, AC STA de 18.06.2003, Rº01188/02].”
69.º
Ora, de todas as considerações tão amplamente expostas, face à argumentação carreada pelo
Requerente no seu RI, resulta que no caso aqui em apreço, ponderados os interesses públicos e
privados em presença, deverá considerar-se que os danos que resultariam da concessão da
providência se mostram superiores àqueles que podem resultar da sua recusa.
70.º
Pelo que fica supra exposto é, pois, manifesto que também face à necessária ponderação de
interesses, nos termos previstos no artigo 120º nº2 do CPTA, impõe-se decretar a improcedência
do pedido cautelar deduzido pelo Requerente.

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Termos em que, deverá V. Exa. julgar totalmente improcedente o
presente procedimento cautelar mantendo-se a eficácia integral da
decisão posta em crise.

PROVA:
A) Documental: a referida supra.

B) Gravação da Prova:
Requer-se a gravação da prova nos termos do disposto no artigo 155º do Código de Processo
Civil, “ex vi” do artigo 1º do CPTA.

JUNTA: 18 documentos, comprovativo do pagamento da taxa de justiça e procuração forense.

TESTEMUNHAS:
1-
2-
3-
P.D.
A ADVOGADA

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