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Falta ver a reclamação e a alínea g)

Nota:

1 – ver os critérios de valor e sucumbência estão preenchidos.

2 – ver se estamos perante uma exceção:

Quando não estão preenchidos esses 2 critérios, a partida não é recorrível, mas temos de
ver se há uma exceção que admite recurso

3 - Ver se é matéria de facto ou matéria de direito.

Apelação – direito e facto. 1 instância para a relação.

Revista – relação para o STJ

Excecional

Revista ampliada

Per saltum – 1 para o STJ

Extraordinários:

Revisão:

Uniformização:

Nesta cadeira quando falamos nos casos em que não é possível interpor recurso só
falamos dos casos que decorrem da lei.

Mas há casos em que a impossibilidade decorre não da lei, mas da autónima privada (as
partes podem acordar renunciar ao recurso) – art.º 630 CPC

2 possibilidade – pagina 17 monica!

PROCESSOS ESPECIAIS E RECURSOS – DIREITO PROCESSUAL CIVIL

1º Frequência – 19/11/2021

I (5v)
Distinga entre efeito suspensivo e efeito meramente devolutivo da
interposição de recurso.

- Noção de recurso (designadamente por confronto com outras formas de reação


contra decisões judiciais).

- Identificação dos efeitos da interposição de recurso no plano da possibilidade


de execução do teor da decisão.8

● - Identificação das duas modalidades de regime: efeito devolutivo e efeito


suspensivo vs. efeito meramente devolutivo.

- Explicitação das razões que podem justificar a opção do legislador por um ou


outro dos regimes.

- Menção do regime aplicável em sede de recurso de apelação: hipóteses de


suspensão (com referência aos seus vários tipos) e hipóteses de mera devolução (a
regra) – arts. 647.º e 648.º C.P.C.

- Menção do regime aplicável em sede de recurso de revista: hipóteses de


suspensão e hipóteses de mera devolução (a regra) – art. 676.º C.P.C.

O recurso é um instrumento processual. Os recursos são um pedido de


reponderação sobre certa decisão judicial, apresentado a um órgão jurisdicionalmente
superior e têm como finalidade impugnar decisões judiciais que, sem a interposição de
recurso se tornariam definitivas, formando caso julgado. O objeto do recurso é a decisão
judicial (627, nº1 e 628) e o seu objetivo é a impugnação (eliminação ou correção) dessa
decisão.

Os recursos 2 espécies de recursos: ordinários (de apelação e de revista) e


extraordinários (de revisão e de uniformização da jurisprudência) e os efeitos são
diferentes conforme o tipo de recurso em causa.

(Evolução evolutiva geral)

Antigamente, o efeito da interposição de recurso era suspensivo e


excecionalmente meramente devolutivo.
No entanto, deu-se uma reforma ao nível da matéria dos recursos (em geral),
tendo como objetivos principais: a simplificação e celeridade processual, a
racionalização no acesso ao STJ, e por último, a ideia de maior uniformização da
jurisprudência.

Especificamente quanto à simplificação e celeridade processual, o objetivo central foi a tentativa


de tornar a tramitação dos recursos cíveis mais simples e célere, tanto no tribunal recorrido como no
tribunal de recurso. Os corolários desde desiderato são cinco:

a) As decisões que põem termo ao processo, sejam elas de mérito ou de forma, passam a dispor
do mesmo regime (644º CPC – as decisões proferidas ao abrigo do número 1 deste artigo são
imediatamente recorríveis, no mesmo prazo e, por regra, com efeito meramente devolutivo);

b) Suprime-se o recurso de agravo e reformula-se o recurso de apelação (644º CPC);

c) Introduz-se a regra de impugnação das decisões interlocutórias conjuntamente com o recurso


que vier a ser interposto da decisão final (644º/4 CPC);

d) Unificam-se dos atos e interposição de recurso de apresentação das alegações o que significa
que deixam de existir dois despachos autónomos (o despacho de admissão de recurso e o despacho de
subida do mesmo).

Quanto à racionalização do acesso ao STJ:

a) Atualização do valor das alçadas, tanto nos tribunais de primeira instância como nos tribunais
da Relação (pretende-se reservar para o STJ os casos com expressão económica mais relevante;

b) Maior controlo da fixação do valor da causa pelo juiz (sempre que sem prejuízo de a parte
recorrer da decisão assim tomada e sem embargo do dever de o mandatário parte fazer a sua indicação na
petição inicial. A regra da “dupla conforme” prevê uma racionalização no acesso ao STJ;

c) Simplifica-se o regime de vistos aos juízes.

Quanto ao contributo para maior uniformização da jurisprudência:

a) Introdução do novo recurso extraordinário para uniformização de jurisprudência (688 ss º


CPC);

b) O julgamento ampliado de revista (686º CPC).

c) É eliminada a oposição de terceiro, como recurso extraordinário, que passa a ser consumido
pela atual revisão (696º ss CPC).
É, também, de aludir à divulgação da reforma dos recursos cíveis pelo DGPJ após aprovação do
DL 303/2007. Significa, em grande medida, que hoje o único recurso ordinário de que é passível uma
qualquer decisão de primeira instância passou a ser a apelação.

Desaparece ainda a tradicional distinção entre o recurso de subida imediata e o recurso de subida
diferida: a partir de agora todo o recurso interposto de primeira instância (toda a apelação, portanto) passa
a ser de subida imediata. À exceção das decisões que põem termo ao processo, que sobem nos próprios
autos (como veremos mais á frente) a regra é a da subida em separado (645/2º CPC).

Em conclusão: superam-se certos paradigmas, para atingir novas formas de realização do direito;
em boa verdade, o abandono do sistema dualista, que tanto nos acompanhou, relegará para a história o
sentido da expressão: “Sem apelo nem agravo”.

(Regime de evolução relevante)

No regime anterior (regime em vigor antes da reforma dos recursos) o credor


estava impedido de exigir o pagamento coercivo da prestação contida na sentença, antes
da decisão transitar em julgado, ou seja, antes de o tribunal superior proferir a decisão
do recurso. De acordo com a visão anterior, os recursos tinham um efeito suspensivo,
porque apesar da decisão ser proferida, os seus efeitos ficavam suspensos até à decisão
definitiva.

De acordo com o regime atual, os recursos têm, por regra, um efeito meramente
devolutivo, ou seja, não têm efeito suspensivo. O legislador quando estabeleceu o efeito
suspensivo como o efeito regra dos recursos tinha em mente uma questão de segurança,
pois, enquanto não houver uma ação definitiva, não se justifica executar a decisão
provisória porque a própria execução tem que sofrer modificações – executa-se uma
ação no valor de 15 000€, mas o tribunal da relação condena em 10 000€, e tem que se
voltar atrás. Por isso é que os efeitos ficam suspensos até à decisão definitiva.

Porém, verificou-se que, na prática, muitas partes interpunham recurso, não


porque entendessem que a decisão proferida era errada, mas apenas para não sofrerem
as consequências de imediato, havendo um aproveitamento abusivo do efeito
suspensivo do recurso. Assim, não tendo o recurso efeito suspensivo, as partes só irão
recorrer se efetivamente entenderem que há razões para tal, e não para aproveitarem o
efeito suspensivo do recurso.

Portanto, quanto ao respetivo efeito, a regra geral atualmente, é a do efeito


meramente devolutivo. É devolutivo pois se interpor recurso e ele for aceite, ele devolve
no sentido de remeter para o tribunal superior o dever de apreciar. Todos os recursos
ordinários têm efeito meramente devolutivo, ou seja, constituem o tribunal superior no
dever de decidir. O que coloquialmente se traduz em ‘’passar a bola para o tribunal
superior’’, ou seja, do tribunal a quo (tribunal que proferiu a sentença de onde se
recorre) para o tribunal ad quem (tribunal superior para o qual se recorre). Isto vai de
encontro com o princípio do esgotamento do poder jurisdicional (613, nº1 do CPC) – o
tribunal que proferiu a decisão (não tem de ser a decisão final) fica impedido de alterar a
partir do mento em que a profere, portanto, aqui o juiz que profere a decisão vê
esgotados os seus poderes jurisdicionais e esses poderes são enviados para o tribunal
superior.

E neste caso, enquanto o tribunal superior não decide pode ser executada a
decisão, os seus efeitos produzem-se plenamente.

O efeito suspensivo traduz-se na suspensão dos efeitos da decisão, isto é, o réu


foi condenado, mas essa decisão não pode ser executada, não se pode exigir a realização
coerciva da obrigação. Só o pode fazer após a decisão do tribunal superior e consoante
essa decisão é que se procede à execução se o tribunal decidir manter a decisão
condenatória anterior, pois, pode não concordar e absolver o reu. Por isso, podemos
dizer que esta decisão ainda não é a definitiva.

Desta forma, podemos ter vários cenários: podemos ter um recurso com efeito
meramente devolutivo que foi o conceito exposto acima, onde o efeito consiste no
tribunal superior ter o dever de decidir. Podemos ter um recurso com efeito devolutivo e
efeito suspensivo, onde se verifica o referido acima, mas os efeitos da decisão
encontram-se suspensos. Neste último caso o legislador se quisesse ser completo
deveria ter dito ‘’efeito devolutivo e efeito suspensivo’’, mas apenas diz ‘’efeito
suspensivo’’, ou seja, quando nos deparamos com um artigo que estipule que o efeito do
recurso é suspensivo sabemos que o legislador quis dizer que o recurso tem efeito
devolutivo e suspensivo. Se por outro lado, só referir ‘’efeito meramente devolutivo’’ é
porque só tem o efeito devolutivo

(Analise dos recursos individualmente)

O recurso de apelação tem um efeito meramente devolutivo, salvo nos casos


previstos no CPC, tal como estipula o art.º 647, nº1 CPC (e nº 2 do mesmo artigo). O
nº2 do mesmo artigo confirma que o recurso de apelação (tem sempre o efeito
devolutivo) tem efeito suspensivo nos casos indicados no número 3 (indica as
exceções). Ou seja, podemos concluir que aqui, a regra é efeito meramente devolutivo,
exceto nos casos expressamente previstos.

Assim, o recurso de apelação tem efeito suspensivo nos casos em que o


legislador o determine (art.º 647, nº2 e nº3), mas há outro caso onde o recurso pode ter
efeito suspensivo, não porque o legislador assim o determina, mas porque permite que a
parte o requeira e que o juiz lhe atribua esse efeito (art.º 647, nº4).

Assim, nesta última hipótese, o recurso tem efeito meramente devolutivo e para
que tenha efeito suspensivo será necessário que a parte interessada (recorrente) requeira
a atribuição (o que não acontece no nº3, onde não é preciso fazer nada pois o recurso
tem naturalmente um efeito suspensivo) desse efeito. Para que isto aconteça é
necessário fundamentar esse pedido, justificar a necessidade de o recurso ter efeito
suspensivo, e para isso, tem de invocar e demonstrar que a execução da decisão lhe
causa prejuízo considerável. Este pedido é feito na audição, na peça processual em que
o recorrente interpõe recurso e o apelado pode responder a este pedido na sua alegação
(art.º 648, nº2).

Para além disto, é necessário que o recorrente se ofereça para prestar caução, e
se o tribunal conferir efeito suspensivo ao recurso, esse efeito só se verifica quando
efetivamente for prestada a caução (647, nº 4 + 650 CPC). O objetivo deste regime para
a caução é para evitar que o recorrente durante este período dissipa todo o seu
património. Para evitar isto, cria-se esta solução que atende à posição do recorrente que
não quer ser executado e ao mesmo tempo salvaguarda a posição do recorrido. Assim,
se o tribunal superior vier a confirmar a decisão, aquela caução foi conservada e serve
de garantia para cumprir a decisão condenatória, mesmo no caso de o recorrente ter
dissipado todo o seu património.

Por fim, para escapar a eventuais abusos da possibilidade de requerer efeito


suspensivo, a lei prevê que se a decisão estiver parada por mais de 30 dias, cessa o
efeito devolutivo (art.º 648, nº1).

O recurso de revista, segundo o art.º 676, nº1, a regra é que o recurso tem efeito
meramente devolutivo, exceto nas questões sobre o estado das pessoas. Aqui, no caso de
o recurso ter efeito suspensivo aplica-se o mesmo regime do art.º 649, nº2 (art.º 676,
nº2).

Recurso de uniformização de jurisprudência tem efeito meramente devolutivo


(art.º 693) e art.º 693

II (5v)

Pronuncie-se quanto ao teor da seguinte afirmação: ‘’Apenas quando


preenchidos os requisitos do valor da ação e da sucumbência é admissível a
interposição de recurso’’.

- Valor da ação e sucumbência como critérios gerais de admissibilidade de


interposição de recurso e explicitação do sentido desses critérios – art. 629.º, n.º 1
C.P.C.

- Critério complementar da não verificação de dupla conforme em sede de


recurso de revista – art. 671.º, n.º 3 C.P.C.

- Identificação de hipóteses em que a interposição de recurso é admissível


mesmo sem que se encontrem preenchidos esses critérios gerais e explicitação das duas
modalidades de possibilidade privilegiada de acesso à instância de recurso – art. 629.º,
n.ºs 2 e 3 C.P.C.

A resposta é valorizada em caso de alusão a situações especiais de


admissibilidade de recurso – ex.: art. 617.º, n.º 6 C.P.C.

- Referência a hipóteses de impossibilidade de interposição de recurso mesmo


quando verificados ambos os critérios gerais – art. 630.º C.P.C.

A frase em questão é falsa.

Relativamente à admissibilidade de interposição de recurso temos que falar


de 3 regimes.

Vamos começar pelo regime-regra, que é um regime condicional, isto é, sendo


este regime, em princípio, as decisões são recorríveis desde que se verifiquem 2
condições cumulativas. O art.º 629, nº1 estipula os dois critérios: critério de valor e o
critério da sucumbência.
O critério do valor da ação exige que o valor da ação seja superior ao valor da
alçada do tribunal de que se recorre. Assim, temos de recorrer ao artigo 296, nº1 e nº2
parte final. E para encontrar os critérios para a fixação do valor da causa temos de
recorrer o art. 297, 298, 300 e ss. O art.º 299, n º1 fixa o momento relevante para fixar o
valor, e a regra é o momento em que a ação é proposta. E a ação considera-se proposta
quando a petição é apresentada (art.º 259, nº1 remissão para 144, nº1 e nº6).

O art.º 305 refere-se aos poderes de indicação das partes e o art.º 306 refere-se
aos poderes do juiz (dever de decisão).

O juiz fixa o valor da causa no despacho saneador (art.º 306, nº2).

Portanto, para saber se é admissível o recurso ou não nos termos do art.º 629,
nº1, é necessário fazer um confronto entre o valor da causa, que é determinado de
acordo com os critérios expostos acima, com o valor da alçada desse tribunal. E para
sabermos o valor da alçada dos tribunais temos de convocar o art.º 44, nº1 da LOSJ.
Segundo este, o valor da alçada dos tribunais de 1º instância é 5.000€; os tribunais da
relação: 30.000€; e o STJ não tem alçada, porque não é permitido que seja interposto
recurso do STJ para outro tribunal civil.

Todavia, caso o valor das alçadas seja alterado, para evitar este tipo de surpresas,
vale a regra de que o releva é o valor da ação em vigor no momento em que a ação é
proposta (art.º 44, nº3 LOSJ) e já sabemos que a ação é proposta quando é dada entrada
à petição inicial.

O critério da sucumbência também esta relacionado com o valor da alçada. A


parte para recorrer tem de ficar vencida, tem de ter sucumbido, mas exige-se que a parte
tenha ficado vencida em montante superior a metade do valor da alçada do tribunal de
que se recorre (tribunal a quo).

Vamos ver os regimes especiais, e são regimes incondicionais, pois a


possibilidade de interposição de recurso não depende de condição. São dois regimes em
sentidos opostos.

Assim, em primeiro lugar, vamos falar dos casos onde o recurso é admissível
mesmo que não se verifiquem estes 2 critérios, ou seja, estamos perante um desvio do
art.º 629, nº1. Dentro destes casos temos duas hipóteses.
As decisões que são sempre passiveis de recurso para qualquer tribunal superior
– art.º 629, nº2 – são decisões de tal modo importantes que podem ser interpostas para a
relação e para o STJ, mesmo que não se verifiquem os requisitos anteriores.

E, as decisões que são sempre passíveis de recurso – art.º 629, nº3 -, mas só
podem recorrer para o Tribunal da relação. Aqui, as partes podem interpor livremente
recurso (sem se verificarem os requisitos anteriores), mas só até ao tribunal da relação,
sendo que se quiserem recorrer até ao STJ terão de estar verificados os pressupostos
anteriores.

Por fim, o último regime especial aponta no sentido oposto do aludido no


primeiro regime especial. Desta forma, o recurso não é admissível mesmo que se
verifiquem estes critérios, é, portanto, um desvio para menos.

Aqui, encontram-se cumpridos os requisitos do art.º 629, nº1, e apesar disso, não
é possível interpor recurso. Dentro deste caso, temos duas hipóteses (630):
impossibilidade absoluta e impossibilidade relativa.

A impossibilidade de interpor absoluta (630, nº1) reporta-se ao despacho de


mero expediente e ao despacho discricionário. Para sabermos que despachos são estes
recorremos ao artigo 152, nº4.

No primeiro caso, este tipo de despacho destina-se a assegurar a normal


tramitação do processo, sem interferir no conflito de interesses das partes. (despachos de
tramitação, puramente formais, puramente burocráticos). Logo, se a decisão não tem
reflexo ao nível dos interesses das partes, não há o porquê de assegurar o recurso, pois a
parte não foi prejudicada em virtude dessa decisão.

Também não admitem recurso os despachos proferidos no uso legal de um poder


discricionário (630, nº1/parte final). Estão em causa despachos que decidem matérias
confiadas ao poder do julgador, porque há certas matérias que o legislador entende que
só o tribunal que esta decidir tem condições para resolver, e o tribunal superior pela
distância que tem do caso, não tem quanto a este tipo de matérias capacidade de proferir
uma decisão.

Já a impossibilidade de interpor relativa refere-se a simplificação e agilização


processuais. O legislador tem apostado muito na concessão ao juiz de poderes de gestão
processual, de atuação formal, isto é, conceder ao juiz a possibilidade de perante as
particularidades do caso poder adaptar o processo e praticar atos que não estão
expressamente previstos na lei, mas concede-se esta maleabilidade em busca de uma
solução justa. O legislador não consegue pré-definir as diversidades de atos que o juiz
poderá praticar ou não praticar, portanto, num voto de confiança confere estes poderes
ao juiz – o poder de simplificação, os poderes de agilização processual, de atuação
formal e o poder de decidir quanto as nulidades do art. 195, nº1 (carater geral da
nulidade dos atos). O juiz tem a possibilidade de optar pela tramitação mais simples que
permite a agilização desse determinado processo (rapidez) – art.630, nº2 O juiz pode
alterar um caminho alternativo (6, nº1), apesar do previsto no artigo, para ser mais
adequado ao caso (adotar uma nova tramitação processual).

Estas decisões, em regra, não admitem recurso, mas se contenderem com o


princípio da igualdade, com o princípio do contraditório, com o processo de factos ou
com a admissibilidade dos meios de prova, já serão passiveis de recurso (art.º 630, nº2
in fine CPC). Por exemplo, o juiz dispensa o contraditório do reu e toma logo uma
decisão, é possível o recurso, pois a decisão contende com o princípio do contraditório.
O reu indica 5 testemunhas, são ouvidas 2 e o juiz decide que está esclarecido e que não
precisa de ouvir as outras testemunhas, isto contende com a possibilidade de se
constituir prova, logo, é passível de recurso.

III (10v)

Automov, S.A, intentou contra Beatriz ação declarativa de condenação, em que


requereu que o tribunal condenasse a Ré a pagar-lhe 30.000€, a título de preço devido
pela venda de um veículo automóvel. O tribunal condenou a Ré no pagamento de
20.000€. Inconformada, a Ré interpôs recurso de apelação, pugnando pela total
absolvição do pedido.

Uma vez notificada das alegações oferecidas pela recorrente, a Recorrida


(Autora) requereu (nas alegações que apresentou, em exercício do contraditório) a
ampliação do objeto do recurso, solicitando que o tribunal ad quem aprecie a parte do
pedido em que a mesma haveria decaído em 1º instância (10.000€) e condena a Ré
(Recorrente) na totalidade do pedido.
Pronuncie-se, em termos devidamente fundamentados, acerca do teor das
alegações apresentadas pela Recorrida.

Identificação do âmbito aplicativo da ampliação do objeto do recurso (art. 636.º


C.P.C.) e conclusão pela sua não aplicação no caso em apreço.

A ampliação do objeto do recurso é feita pelo recorrido. No caso de pluralidade


de fundamentos da ação, quando a parte vencedora invoca 2 argumentos, mas o tribunal
de 1 instância decide com base num. Aqui para evitar a possível absolvição do reu, o
autor quer convocar o 2 argumento que não foi analisado no tribunal de 1 instância.
Aqui a parte não perdeu, a decisão foi lhe inteiramente favorável, mas tem medo
que o tribunal superior absolva o reu, então quer convocar todos os argumentos. Alguns
dos fundamentos que não chegaram a ser apreciados ou decaíram, ela quer que esses
fundamentos sejam apreciados para a eventualidade do recurso da outra parte proceder.

- Menção à possibilidade de interposição de recurso subordinado, regime deste e


contraposição com a hipótese de recurso independente e seu regime (art. 633.º C.P.C.).

Isto não é o que se verifica no caso prático, aqui a recorrida ficou vencida
em 10.000. Só faz sentido que seja a interposição de recurso subordinado. Pode ter
lugar quando há lugar a um requerimento (uma das partes decaiu).

Quando o autor se apercebe que o tribunal superior pode proferir uma decisão
favorável ao reu interpõe recurso.

No caso houve efetivo decaimento de ambas as partes. Não era requer a


ampliação do objeto, mas interpor recurso subordinado (633).

Prazo: a contar a partir da notificação da interposição do recurso da parte


contraria – 30 dias

A alternativa seria interpor recurso independente logo que fosse notificada da


decisão sentença no prazo legal.

Como houve decaimento de ambas as partes tmbm podia interpor recurso


independente 633.

O recurso pode ser independente ou subordinado. Para melhor entender a


matéria em questão é essencial usar exemplos práticos.
No exemplo seguinte ambas a parte tem fundamento para recorrer. A requerer
uma ação de condenação de B no pagamento de 30 mil euros, B é condenado no
pagamento de 20 mil euros. A (autor) fica vencida em 10.000, mas conforma-se com a
decisão. No entanto, B surpreendeu o autor e interpôs recurso. Assim, como o reu
interpôs recurso surge a possibilidade de o tribunal da relação vir absolver o reu na
totalidade, pois verifica-se um efeito devolutivo, e a decisão passa a ser apreciada pelo
tribunal da relação e partir desse momento, há uma incerteza, a decisão pode manter-se,
pode não haver condenação ou condenação em quantia menor. Perante isto, o autor
deixa de ter a certeza que tinha quando recebeu a decisão, e pode acabar por não receber
nada. Aqui ele tem 2 hipóteses:

Limita-se a responder ao recurso, fazendo contraordenações. O reu sustenta que


não deve haver condenação e o autor em contraditõrio sustenta que a decisão deve
manter-se como está. Neste caso, o aturo conforma-se com a decisão que foi proferida
em 20.000.

Ou

Apesar de ter ficado vencido em 10.000 não tinha intenção de interpor recurso,
mas como o réu decidiu fazê-lo, então o autor vai lutar pelo pedido inicial. Neste caso,
ele só decide reagir pela parte em que ficou vencido, na medida em que o reu reagiu
interpondo recurso, o autor interpor recurso e neste caso, temos o dito recurso
subordinado. Isto é, subordinado ao recurso que o reu interpôs, o autor só tem interesse
em manter este recurso porque o reu também o interpôs (633, nº1)

Pelo exposto acima podemos perceber que o recurso Independente é quando, o


autor pretende recorrer faça o réu o que fizer, ele quer mesmo lutar pela totalidade do
pedido inicial. E subordinado é quando se conforma com a decisão a não ser que o réu
reaja, que é o exemplo que estamos a considerar.

Assim, quando o recurso é subordinado o prazo para interpor recurso conta-se


a partir do momento da notificação da interposição do recurso da parte contrária
(art.633º/nº2).

Há uma especialidade, o recurso é possível se o valor da sucumbência for


superior a metade do valor da alçada do tribunal de que se recorre (art.º629, nº1) mas
quanto ao recurso subordinado o legislador prescindiu desta condição, é o que resulta do
art.633º/nº5.

A interposição de recurso subordinado (que é sempre feita pelo recorrido), não


se confunde com a ampliação do objeto do recurso, apesar da ampliação do recurso
também ser feita pelo recorrido.

Vamos admitir, que por exemplo, A intenta uma ação de reivindicação contra B,
o autor exige a entrega de uma coisa por ser seu proprietário e, invocando 2 situações
para fundamentar a causa de pedir, diz que adquiriu o seu direito de propriedade por
contrato de compra e venda, mas invoca em simultâneo a usucapião, isto é, diz que
mesmo que não tivesse sido celebrado o contrato de compra e venda, o direito de
propriedade teria sido adquirido pelo decurso do tempo, pois praticou atos que o
proprietário pratica, comportando-se como tal (exercício da posse).

E o tribunal vem a condenar B na restituição do bem e a declarar a propriedade


do A, mas faz com base no contrato de compra e venda e não com base no usucapião.
Perante a decisão de condenação, B interpõe recurso da decisão, dizendo que o contrato
de compra e venda é nulo, e que, portanto, o tribunal quando decidiu neste sentido
decidiu mal.

Perante isto A não pode interpor recurso porque A não ficou vencido, ele
venceu, tudo o que pediu lhe foi dado, obteve integralmente tudo aquilo que pretendia.
Mas agora que o B pretende discutir essa decisão, A pode ter interesse em que no
recurso se discuta não apenas o fundamento que o tribunal a quo considerou - o
contrato de compra e venda -, mas também o outro fundamento que invocou, usucapião.
Agora que a decisão vai ser reapreciada há um risco de o tribunal superior vir a
considerar o contrato efetivamente nulo, e se isso acontecer reverte-se a decisão e a
deixa de ser proprietário, e B deixa de ter que devolver o bem.

Desta maneira, A (recorrido) tem interesse em recuperar o argumento que tinha


invocado em 1º instância para que o tribunal da relação para além de considerar a
questão da compra e venda, para a eventualidade de achar que a compra e venda é nula,
analise também a usucapião e possa concluir se houve usucapião ou não. O A tinha
invocado 2 argumentos para obter o que queria, mas o tribunal deu-lhe razão com base
no contrato, mas como no recurso o contrato está em risco, o A quer que seja
considerada a outra arma por ele invocada, mas que não foi considerada porque a
primeira bastou. Então ele vai poder requerer a ampliação do objeto do recurso, de
maneira que o Tribunal da relação considere não apenas a compra e venda como
fundamento da aquisição da propriedade, mas também a usucapião.

Quando há ampliação do objeto do recurso há um contraditório acrescido, e é


importante identificar essa questão para que sejam observadas todas as garantias
processuais que estão previstas.

A ampliação do objeto do recurso está prevista no art.636º/nº1, na parte final


onde diz “prevenindo a necessidade da sua apreciação” significa que o recorrido vai
recorrer esta ampliação para a eventualidade de o tribunal superior dar razão ao
recorrente quanto ao fundamento do tribunal de 1ª instância teve em consideração.

Quando é requerida pelo recorrente a ampliação do objeto do recurso nos termos


do art.º 636, o recorrente pode responder à matéria da ampliação nos 15 dias posteriores
à notificação do requerimento (art.638º/nº8). Quando há ampliação do objeto do recurso
tem que ser concedida ao recorrente a possibilidade de se pronunciar quanto a esse tema
relativamente ao qual ainda não teve possibilidade de se manifestar, e para que esta
garantia seja aprovada, sob pena de haver uma irregularidade processual é importante
que o recorrido declare por forma inequívoca que pretende que o tribunal considere o
fundamento que invocou em primeira instância e que não foi considerado por esse
tribunal agora que o réu interpõe recurso.

2º Frequência – 10/12/21

Grupo I (5 valores)

Distinga entre revista ampliada e revisão.

- Inclusão do recurso de revista no âmbito dos recursos ordinários e da revisão


no âmbito dos recursos extraordinários.

- Explicitação do sentido que preside ao julgamento ampliado de revista e seu


regime (arts. 686.º e 687.º C.P.C.).

- Referência às razões justificativas da existência da possibilidade de revisão,


traços essenciais do seu regime e alusão ao caráter doutrinalmente controverso da
natureza deste meio de reação processual, com adoção de posição quanto à classificação
do mesmo (arts. 696.º a 702.º C.P.C.).

As decisões judiciais, uma vez proferidas, não são necessariamente irrevogáveis.


A lei permite a quem se sinta prejudicado por alguma delas reagir contra elas. Quando é
proferida uma decisão judicial e alguma das partes não concorda com esta, o meio de
reagir contra ela é a impugnação. Esta reação assume duas formas, nomeadamente,
recurso e reclamação.

Vamos nos focar nos recursos. O recurso é um instrumento processual. Os


recursos são um pedido de reponderação sobre certa decisão judicial, apresentado a um
órgão jurisdicionalmente superior e têm como finalidade impugnar decisões judiciais
que, sem a interposição de recurso se tornariam definitivas, formando caso julgado. O
objeto do recurso é a decisão judicial (627, nº1 e 628) e o seu objetivo é a impugnação
(eliminação ou correção) dessa decisão.

Os recursos 2 espécies de recursos: ordinários (de apelação e de revista) e


extraordinários (de revisão e de uniformização da jurisprudência) e os efeitos são
diferentes conforme o tipo de recurso em causa.

Podemos já ver que uma das diferenças entre este tipo de recurso reside no facto
e o recurso de revista ser um recurso ordinário e o recurso de revisão um recurso que
está inserido nos recursos extraordinários.

Os recursos ordinários são o instrumento reativo dos interessados contra as


decisões que o juiz profere ao longo da instância judiciária pendente. Ou seja, são
interponíveis durante o andamento normal do processo, antes do transito em julgado da
decisão impugnada. Estes recursos podem ter qualquer fundamento, apesar de o recurso
de revista ser recurso que conhece apenas matérias de direito.

Os recursos extraordinários são incidentes sobre decisões já transitadas,


comportando uma fase ou juízo rescendente (destinado a revogar ou anular a decisão
impugnada) e uma fase ou juízo rescisório (visando a elaboração de nova decisão que
substitua a rescindida ou invalidada e ainda implicando a reabertura e a prossecução da
instância). Ou seja, só podem ser interpostos depois do trânsito em julgado.
Podemos dizer que a maior diferença entre estas categorias de recursos é o facto
de decisão se considerar ou não transitada em julgado. Aqui, importa referir as duas
modalidade do transito em julgado – formal (art.º 620), trata-se de uma decisão de
natureza processual; é uma decisão que só interessa ao respetivo processo e que não diz
respeito ao mérito da causa; (a decisão tornou-se, em principio, imodificável, no âmbito
do processo, ou seja, esta decisão tem força de caso julgado dentro do processo e não
fora, pode ser proposta outra ação igual) e material (628), está em causa uma decisão
sobre a questão de fundo; e essa decisão não é suscetível de recurso ordinário ou de
reclamação, e não pode ser proposta uma ação igual (quer no mesmo processo, quer em
qualquer outro processo), pois o caso julgado material é uma exceção dilatória (que
pode ser suscitada pelo juiz ou pelo réu), art.º 576, nº2.

RECURSO DE REVISTA:

O recurso de revista é, por definição, o recurso ordinário interponível de uma


relação para o STJ (art.º 671, nº1). Este recurso sofreu significativa alteração com a
entrada em vigor do DL nº 303/2007, por 2 motivos fundamentais: acabar com o agravo
e tentar combater a ‘’banalização’’ do aceso ao STJ.

Para que se possa recorrer da Relação para o STJ é necessário verificar-se 2


fundamentos.

O requisito positivo, que é o critério geral da admissibilidade da interposição de


recurso: é necessário que a causa tenha valor superior à alçada do tribunal de que se
recorre (30.000), e é também necessário que o valor da sucumbência seja superior a
metade da alçada do tribunal (superior a 15.000), art.º 620, nº1.

O requisito negativo encontra-se no art.º 671, nº3, não se pode verificar a


designada dupla conforme. Para se verificar dupla conforme, é necessário que o acórdão
da relação confirme a decisão da 1 instância, sem voto de vencido (manifestação de
discordância de um juiz relativamente à decisão propugnada pela maioria), ou seja, é
necessário que haja unanimidade (tem de ser todos os juízes a decidir no mesmo
sentido). É necessário que a fundamentação seja essencialmente igual, ou seja, as razões
que levam a Relação a decidir no mesmo sentido que as 1 instâncias são essencialmente
as mesmas. Se a Relação mantém a decisão, mas por outras razões, já não há dupla
conforme, e já não há impedimento para o recurso de revista.
Por outras palavras, se existir dupla conforme (2 decisões concordantes sem voto
de vencido e fundamentação da relação semelhante à do tribunal da 1 instância), não
pode haver recurso de revista do acórdão da relação para o STJ, salvo nos casos em que
o recurso é sempre admissível.

Em suma, para que haja recurso de revista é necessário que, em principio que o
valor da ação seja superior á alçada do tribunal da relação, 30 mil euros, é preciso que o
valor da sucumbência seja superior a metade do valor da alçada do tribunal da relação,
15 mil euros, e é necessário que a decisão proferida pela relação não confirme a decisão
de primeira instância pela totalidade dos juízes e com base na mesma fundamentação
essencial (art.671º/nº1 articulado com o nº3, é aqui que se consagra a regra da
dupla conforme).

Esta é a formulação geral do recurso de revista, mas há exceções,


nomeadamente, o recurso excecional, recurso per saltum e revista ampliada.

REVISTA AMPLIADA

Quando falamos de via geral e a via excecional (recurso de revista excecional)


estamos a analisar o recurso de revista na sua entrada. Quando falamos de recurso de
revista ampliado falamos no regime do recurso de revista quanto à saída. Temos um
julgamento ampliado de revista, quando há ampliação quanto ao número de juízes que
decide. Não confundir com a ampliação do objeto do recurso, pois aí, estamos a falar do
recurso à entrada, quando o recorrido pretende que o tribunal decida sobre mais do que
aquilo que o recorrente pediu.

Este recurso também não se confunde com o recurso extraordinário de


uniformização de jurisprudência. Ambos visam na medida do possível criar uma
tendencial aplicação o mais próxima possível do direito na maior parte dos casos. Mas
esse objetivo é conseguido de maneira diferente: sendo que no âmbito da revista,
acontece na parte final do recurso de revista.

O julgamento de recurso de revista ampliado tem uma especialidade. Por regra,


o recurso de revista é decidido por uma secção constituída por três juízes a quem o
processo foi distribuído, mas há possibilidade de qualquer uma das partes pedir, ou do
próprio relator ou adjunto, pelo MP propor que o recurso seja julgado não apenas por
esta secção, mas pelo pleno das secções cíveis.
Assim, o julgamento ampliado pode ser requerido por qualquer das partes e deve
ser proposto pelo relator, por qualquer dos adjuntos, pelos presidentes das secções cíveis
ou pelo MP (art.º 686, nº2) até à prolação do acórdão, se tal se revele necessário ou
conveniente para assegurar a uniformidade da jurisprudência (686, nº1).

No entanto, torna-se obrigatório quando se verifique a possibilidade de


vencimento de solução jurídica que esteja em oposição com jurisprudência
uniformizada, no domínio ad mesma legislação e sobre a mesma questão fundamental
de direito (686, nº3). Neste caso é o relator do processo ou algum dos adjuntos que
obrigatoriamente proponham que o julgamento seja realizado em termos alargados do
ponto de vista decisivo - julgamento ampliado de revista - ampliação quanto ao número
de juizes que decide, ou seja à saída, diferente da ampliação do objeto de recurso que se
verifica à entrada. Quando seja pedido por uma das partes ou o relator propõe que haja
julgamento ampliado de revista para fixação de jurisprudência, esta é uma decisão
definitiva.

Pela sua importância no que diz respeito à uniformidade de jurisprudência que


pretende promover a decisão obedece no momento da sua construção a duas
especificidades.

Por um lado, exige-se um quórum mínimo de juízes, a decisão é de tal forma


importante, que se exige que estejam presentes pelo menos ¾ dos juízes que estão em
exercício nas secções cíveis (art.687º/nº4). São todos convocados, mas podem alguns
não aparecer, e se não estiverem presentes pelo menos ¾ a decisão não é proferida.

Admitido que é reunido esse pressuposto, estas decisões são publicadas em


Diário da República. O objetivo aqui é estimular a uniformidade da jurisprudência, é
importante que este sentido decisório que foi delimitado e objeto de decisão por várias
secções cíveis do STJ seja de conhecimento geral da comunidade jurídica. Para que as
partes saibam que existe essa tendência e para que os vários magistrados tomem dela
conhecimento, e possam se assim entenderem orientar a sua decisão em conformidade
com essa decisão (art.686º e 687º).

RECURSO DE REVISÃO:
II (5v)

Pronuncie-se quanto ao teor da seguinte afirmação: ‘’O processo de


acompanhamento de maiores é um processo de jurisdição voluntária.’’

- Matéria de processos especiais

Objetivo: Esclarecer que estamos perante um processo com caráter especial –


justificar a natureza; explicar porque é especial e não comum.

Alusão breve a referência do regime substantivo. Este processo de


acompanhamento de maiores deveu-se como vimos à alteração que se verificou no
âmbito do CC, na sequência da extinção da interdição e da inabilitação.

Trata se de não de um processo de jurisdição voluntária, mas sim um processo


de jurisdição contenciosa, não obstante, este regime especial tornar aplicável a este
processo algumas caraterísticas dos processos de jurisdição voluntaria, designadamente,
no que diz respeito aos poderes do juiz e à possibilidade de alteração superveniente da
decisão.

Quando falamos em processos especiais falamos dos processos que constam do


CPC e podemos distinguir duas categorias de processos especiais:

1) jurisdição contenciosa (todos os processos que não são especiais e não se


enquadram nesta matéria e são tmbm processos todos aqueles que sendo
especiais se encontram previstos até ao 985)

2) jurisdição voluntária.

Os processos especiais de jurisdição contenciosa estão previstos entre os arts.


878.º a 985.º CPC, os processos de jurisdição voluntaria estão previstos entre os arts.
986.º e seguintes. Os três primeiros artigos consagram regras que são comuns aos vários
processos de jurisdição voluntária e nos capítulos seguintes estão previstos vários
processos de jurisdição voluntária.

Na jurisdição voluntária, não vigora o princípio do dispositivo em matéria de


facto. Sendo esta uma nota distintiva relativamente aos processos de jurisdição
contenciosa, onde vale a regra do art.º 5 CPC, segundo o qual o tribunal só pode
conhecer de factos que sejam invocados pelas partes. podendo conhecer
excecionalmente de alguns factos explicitados no nº2. Diferentemente nos processos de
jurisdição voluntária o juiz pode livremente investigar factos (art.986º/2).

Por outro lado, o juiz tem menor liberdade em matéria de prova, não no que diz
respeito à sua produção a título oficioso porque essa possibilidade também existe nos
processos de jurisdição contenciosa, mas no que diz respeito às provas que são
consideradas necessárias. Nestes processos só são admitidas as provas que o juiz
considerar necessárias - art.º 986, nº2 parte final.

Aqui, as decisões são mais céleres, as sentenças são proferidas no prazo de 15


dias como resulta do art.º 986, nº3. A maior leveza na tramitação revela-se também no
facto de só ser obrigatória a constituição de advogado no caso de recurso (art.º 986,
nº4). Ou seja, aqui não vigora a regra prevista para a jurisdição contenciosa que se
encontra prevista no art.40º.

A quinta nota distintiva é que o tribunal pode proferir decisão livremente de


acordo com critérios de equidade. No âmbito dos processos de jurisdição contenciosa o
recurso à equidade só se verifica quando o legislador o admite, assim, por regra, o juiz
tem que decidir de acordo com critérios de legalidade. Nos processos de jurisdição
voluntária (art.987º), o juiz pode decidir de acordo com critérios de conveniência e de
oportunidade, mas se tal acontecer, deixa de ser possível interposição de recurso para o
STJ, uma vez que este só conhece decisões de direito (art.988º, nº2)

Última nota distintiva, no âmbito dos processos de jurisdição contenciosa o


poder jurisdicional esgota-se no momento em que o juiz profere decisão (art.613º/1).
Na jurisdição voluntária, existe a possibilidade de alteração da decisão proferida,
mesmo que transitada em julgado (esgotada todas as possibilidades de interposição de
recurso) com fundamento em circunstâncias supervenientes que justifiquem essa
alteração; e essa alteração é feita pelo juiz que proferiu a decisão. (art.º 988, nº1).

Tradicionalmente, havia menoridade, interdição e inabilidade (estas últimas


relevam apenas para maiores). Começou-se a entender que estes regimes não serviam pois eram
demasiado penalizadores para o sujeito, e não tinham em conta a autonomia do sujeito. Estes regimes
eram muito gravosos para a pessoa, apesar de serem pensados para a proteção da pessoa, nos tínhamos de
obedecer estritamente a um princípio de taxatividade. Os fundamentos para a interdição e inabilitação
eram apenas aqueles e não podiam ser outros. E havia situações em que a pessoa podia necessitar de
algum acompanhamento, auxílio, e não era possível obtê-lo. Ao ser um regime de tudo ou nada, poder-se-
ia estar a pôr em causa a própria pessoa e a limitar um bocado a autonomia da pessoa, a não respeitar essa
autonomia. Por outro lado, entendeu-se que, tal como os regimes estavam pensados, eles deixavam sem
proteção muitas situações.

Isto determinou uma mudança no paradigma e estes dois institutos (interdição e


inabilitação) foram revogados e substituído pelo regime do maior acompanhado,
regulado pela Lei 49/2018 de 14 de Agosto. O art. 2 desta lei é importante, porque foram
introduzidas alterações ao CC; mas mais relevante é o art.º 3 que introduz alterações ao CPC: ao nível do
art.º 19 CPC – capacidade judiciaria; prova testemunhal – art.º 495 CPC; o art.º 891, nº1 salienta que se
trata de um processo com carater urgente, ou seja, aplica-se a este processo especial o disposto nos
processos de jurisdição voluntária, mas com algumas diferenças.

Assim, no que diz respeito à sua natureza temos de sublinhar dois aspetos:

Um aspeto fundamental deste regime é o seu carater urgente que a lei atribui de
forma expressa, classifica-o como processo urgente, e por outro lado embora esse seja o
processo especial que esteja nos processos de jurisdição contenciosa aplicam-se-lhe as
regras do processo de jurisdição voluntária no que diz respeito: aos poderes do juiz, ao
critério de julgamento e alteração das decisões com fundamento em circunstâncias
supervenientes

Quanto aos poderes do juiz ele tem livre poder para investigar factos, relevam
em matéria de facto, pois ao contrário do que acontece com o processo declarativo
comum, aqui o tribunal tem ampla liberdade para investigar em matéria de facto. No
âmbito das medidas cautelares o juiz tem maiores poderes, maior liberdade do que fora
desse domínio, mas relativamente ao acompanhamento de maiores, essa liberdade é
ainda maior porque aqui não há limitação imposta pelo princípio do pedido. O tribunal
pode decretar uma medida cautelar oficiosamente, ainda que ninguém o requeira.

Por outro lado, quanto ao critério do julgamento ao contrário do processo


declarativo comum, o juiz pode decidir com base em critérios de oportunidade e
conveniência quando lhe parecer mais adequado, não depende de outra especial
autorização legal,

Possibilidade de alteração das decisões com base na verificação de


circunstâncias supervenientes: a decisão, uma vez proferida, não se torna
absolutamente imutável, na medida em que se houver alteração de circunstâncias
supervenientes que justifique a adoção de uma nova decisão, não há um esgotamento do
poder jurisdicional imediatamente após a provação da decisão.

TRAMITAÇÃO:

Há em primeiro lugar um requerimento inicial que deve obedecer ao previsto


no art.892º e também aqui há um aspeto importante que não é comum às outras ações
declarativas que tem a ver com a publicidade, com o grau de publicidade a dar ao
processo, porque este é um processo que representa ou contém matéria sensível a 2
níveis,

por um lado, porque está em causa uma pessoa que carece de uma
vulnerabilidade evidente, são frágeis e não é de defender que se torne de conhecimento
geral,

e por outro lado, pode também ser importante dar publicidade á decisão e á
pendência da ação quanto ao seu início e quanto ao seu percurso para proteção da
pessoa, para dar conhecimento ao publico e evitar que sejam consumados atos jurídicos
que depois possam padecer de vícios. Portanto o juiz tem aqui um papel muito
importante quando se pronuncia quanto á graduação do grau de possibilidade a atribuir
ao processo.

Uma vez apresentado o requerimento há lugar a citação e à representação do


beneficiário. (art.895º), o beneficiário terá hipótese de exercer contraditório num
prazo curto, no prazo de 10 dias. Mas se o beneficiário não contestar não se verifica a
consequência que se verificaria num processo normal, haveria revelia e haveriam
consequências, aqui o legislador eliminou essa possibilidade, pois quem não contesta é
alguém que padecerá de algumas fragilidades e é por isso que se requer o seu
acompanhamento e por isso caso não haja contestação aplica-se o art.21º, a defesa desta
pessoa para a qual é requerido acompanhamento é assegurada pelo Ministério Público,
fazer remissão do art.21º para o art.896º.

Em matéria de prova o juiz beneficia de amplos poderes probatórios, é uma


característica comum ao processo declarativo em geral, mas há neste caso uma prova
obrigatória, um meio instrutório obrigatório. O juiz deve sempre ouvir pessoal e
diretamente o beneficiário, o beneficiário é a pessoa relativamente á qual é requerida a
medida de acompanhamento.
O legislador tornou indispensável que o juiz tenha contacto imediato com a
pessoa, e esta proximidade é tao importante que ainda que a pessoa não se desloque ao
tribunal tem o tribunal o dever de se deslocar à pessoa, pois deste processo podem
resultar medidas absolutamente drásticas para a liberdade pessoal do réu, que o juiz
pode perceber se as medidas se justificam ou não, ou se são adequadas, devendo
eventualmente adotar essas ou outras, para isso torna-se imprescindível contacto com a
pessoa, e a pessoa pode não estar em condições de ter a iniciativa ou de estar em
condições de exigir a ida ao tribunal.

Também a forma desta atividade instrutória obedece a especificidades.

Vigora no âmbito do processo civil o princípio da publicidade e da audiência


contraditória, ou seja, a outra parte tem sempre o direito, ou geralmente tem o direito a
estar presente em todas as atividades instrutórias (o advogado pergunta o outro pode
contra inquirir, e o facto de ser o advogado ou o juiz a fazer a pergunta tem impacto
diferente na pessoa a quem a pergunta é feita).

Por regra, no processo declarativo são os advogados que se dirigem diretamente


á pessoa a questionar e lhes fazem as perguntas. Neste caso as questões, atendendo ao
tipo de pessoa que está em causa são colocadas pelo juiz, embora com assistência do
requerente e dos peritos, bem como dos representantes do beneficiário. No entanto, a
inquirição não é direta e pode haver mesmo uma restrição ao princípio da publicidade e
mesmo interpessoalmente de tal forma que o juiz pode determinar que a audição que
parte da audição decorra apenas na presença do beneficiário, sem mais ninguém
presente. (art.898º).

Assume um papel importantíssimo nestas ações o relatório pericial. Este


relatório incidirá em princípio sobre matéria de saúde que corresponde a uma área da
ciência sobre a qual o juiz não terá domínio técnico e aquilo que o perito diga
dificilmente pode ser contestado com solidez pelo juiz, mas o juiz apesar de não ter essa
capacidade técnica específica em matéria medica é capaz de perceber se o discurso é
coerente ou não, se é lógico se a conjugação dos argumentos faz sentido. E para que não
fique refém do perito, do primeiro relatório apresentado pelo perito, caso o juiz tenha
dúvidas pode autorizar que haja lugar a exame numa clínica de especialidade, sendo que
o internamento nunca pode ser superior a um mês, sob pena de privação ilegítima da
liberdade.
DECISAO: No que diz respeito à sentença que venha a ser decretada, de que
conste o decretamento das medidas de acompanhamento que sejam entendidas como
necessárias e que para esse efeito releva de forma particular art.145º, a par disso, se o
tribunal entender ser necessário decretar esse tipo de medidas é obrigatória a menção de
existência de testamento vital e de procuração para cuidados de saúde no sentido de
acautelar o respeito pela vontade antecipadamente expressa pelo acompanhado
(nº3/art.900º).

Tratando-se de uma decisão com o impacto que tem na vida de uma pessoa
difícil seria que esta decisão pudesse ficar nas mãos de uma só pessoa, que um só um
juiz podesse decretar com carater absolutamente definitivo medidas com esta natureza,
e, portanto, estas decisões prevê o legislador, destas decisões cabe recurso de apelação
(art.901º).

Em caso de morte do beneficiário há lugar a extinção da instância oque não


sucede na generalidade dos processos declarativos na medida em que havendo morte de
uma das partes há lugar a sucessão mortis causa, há lugar a habilitação dos herdeiros.

Contrariamente ao que sucede no âmbito dos processos declarativos comuns,


neste processo especial, o poder jurisdicional não se esgota de forma definitiva após a
provação da decisão, uma vez que as decisões podem ser modificadas em função da
evolução do acompanhado. Esta ideia já constava do previsto no 891.º na parte final
CPC, mas concretiza-se no artigo 904.º/2 CPC, fazendo a remissão entre os dois
preceitos.

A tramitação da alteração de decisão anteriormente proferida processa-se nos


mesmos termos da tramitação com que se inicia o processo de acompanhamento de
maiores 904.º/3 CPC.

III (10v)

Alberto intentou contra Bernardo, no passado mês de março, uma ação


declarativa de condenação em que, invocando a sua qualidade de proprietário,
requereu que o Tribunal condenasse o Réu a desocupar um prédio rústico (com o valor
de 50.000€), sito em Coimbra, onde o mesmo Réu abusivamente desenvolve, já há dois
anos, a atividade agrícola. O tribunal condenou o Réu no pedido formulado pelo Autor.
Inconformado com a decisão, o Réu manifesta intenção de interpor recurso da decisão,
no âmbito do qual pretende alegar que a condenação se deveu ao facto de o tribunal ter
indevidamente invertido o ónus da prova no que diz respeito ao facto aquisitivo do
direito de propriedade invocado por Alberto.

Admita que Bernardo a consulta na qualidade de advogada, no sentido de ser


esclarecido quanto à forma mais adequada de reação processual. Em que sentido o
aconselharia?

Alberto intenta uma ação condenatória – ação de reivindicação - contra o B,


invocando que era proprietário do terreno. Este tipo de ação intenta-se sempre em 1
instância.

Como o réu diz que quer interpor recurso e não se sabe qual é, é porque não
transitou em julgado e tem como fundamento a troca do ónus da prova: devia incidir
sobre Alberto, mas incidiu sobre o Bernardo.

A decisão proferida em 1ª instância é constituída por várias partes e duas das


partes fundamentais são aquelas em que o tribunal decide a matéria de facto e a outra
em que o tribunal aplica o direito dos factos.

Identificação da possibilidade de interposição de recurso de apelação,

por verificação dos critérios gerais de admissibilidade (at. 629.º, n.º 1 C.P.C.):

No regime regra: tem de reunir 2 critérios – o critério do valor e da


sucumbência.

Aqui, o valor da ação era 50.000, logo, o critério do valor da causa ser superior
ou valor da alçada encontra-se preenchido pq estamos perante um tribunal de 1 instancia
que conhece de causa com o valor de 5.000. e o valor da sucumbência também se
encontra preenchido.

objeto (art. 644.º, n.º 1, a) C.P.C.)

O recurso da apelação é um recurso ordinário que é passível uma qualquer


decisão da primeira instância. Este recurso pode conhecer de matérias de facto (não
concorda com os factos que o tribunal a quo considerou como provados ou não
provados) e matérias de direito (discordância quanto ao direito que o tribunal inferior
considerou para proferir a decisão).
O recurso de apelação (art.º 644) é interposto das decisões proferidas em 1
instância para o tribunal da relação. Vamos ver se o réu reúne os critérios necessários
para a interposição de recurso de apelação.

e legitimidade (art. 631.º, n.º 1 C.P.C.)

as partes principais - a parte vencida - podem ser ambas as partes (réu ou autor)
se o autor requereu condenação em quantia x e o tribunal condenou em x-y, o autor é
parte vencida e pode interpor recurso; para além das partes principais vencidas, podem
partes acessórias prejudicadas pela decisão; pessoas que não sejam partes mas que
tenham ficado prejudicadas com a decisão

- Explicitação da paralela possibilidade de interposição de recurso para o S.T.J.


per saltum por verificação dos requisitos deste (designadamente, em termos justificados
a circunstância de estar em causa matéria de direito, não obstante associada à decisão
quanto à matéria de facto) e menção dos traços essenciais do seu regime (art. 678.º
C.P.C.).

4 pressupostos cumulativos

tribunal da instância profere a decisão da matéria de facto invertendo os


critérios sobre o ónus da prova, - inverte o ónus da prova -342 – porque mesmo
estando a ter impacto na parte que diz respeito aos factos, esta inversão sobre o ónus da
prova trata-se de uma matéria de direito.

exemplo que não tem interesse aqui: inversão sobre o ónus da prova mas por
aplicação de uma regra jurídica e portanto o autor descontente com a decisão, pode
interpor recurso de revista por errada aplicação de uma norma jurídica, mesmo estando
a ter impacto na parte que diz respeito aos factos, não obstante a decisão ter tido
impacto na decisão de facto; ou seja, quando temos no número 1 o fundamento da
revista, podemos envolver as alíneas a), b), c) numa chaveta e lançar uma seta para a
segunda parte do número 3 porque é também um dos fundamentos possíveis de
revista.

- Admitem-se outras possibilidades de resposta quando a(o) aluna(o)


expressamente invoque ter partido de pressupostos que legitimem esse diferente
raciocínio e devidamente o justifique.
Processos Especiais e Recursos - 20.11.2020

I (6 val.)

Distinga entre:

a) recurso subordinado e ampliação do objeto do recurso

- Enquadramento das noções no âmbito da impugnação de decisões por via de recurso

- Noção de recurso e suas modalidades

- Aplicabilidade das duas vias de reação às várias espécies de recurso

- Recorrido enquanto sujeito ativo de mobilização destas vias processuais

- Relação entre recurso independente e recurso subordinado

- Fim prosseguido pelo recorrido que interpõe recurso subordinado

- Regime jurídico e normas aplicáveis (arts. 633.º e 641.º, n.º 4 CPC) – enunciação e
fundamentada explicação do seu teor

- Explicitação das noções expostas com exemplos práticos

- Objetivo visado pelo recorrido quando requer a ampliação do objeto do recurso

- Regime jurídico e normas aplicáveis (arts. 636.º e 638.º, n.º 8 CPC) – enunciação e
fundamentada explicação do seu teor

O recurso pode ser independente ou subordinado. Para melhor entender a


matéria em questão é essencial usar exemplos práticos.

No exemplo seguinte ambas a parte tem fundamento para recorrer. A requerer


uma ação de condenação de B no pagamento de 30 mil euros, B é condenado no
pagamento de 20 mil euros. A (autor) fica vencida em 10.000, mas conforma-se com a
decisão. No entanto, B surpreendeu o autor e interpôs recurso. Assim, como o reu
interpôs recurso surge a possibilidade de o tribunal da relação vir absolver o reu na
totalidade, pois verifica-se um efeito devolutivo, e a decisão passa a ser apreciada pelo
tribunal da relação e partir desse momento, há uma incerteza, a decisão pode manter-se,
pode não haver condenação ou condenação em quantia menor. Perante isto, o autor
deixa de ter a certeza que tinha quando recebeu a decisão, e pode acabar por não receber
nada. Aqui ele tem 2 hipóteses:

Limita-se a responder ao recurso, fazendo contraordenações. O reu sustenta que


não deve haver condenação e o autor em contraditório sustenta que a decisão deve
manter-se como está. Neste caso, o aturo conforma-se com a decisão que foi proferida
em 20.000.

Ou

Apesar de ter ficado vencido em 10.000 não tinha intenção de interpor recurso,
mas como o réu decidiu fazê-lo, então o autor vai lutar pelo pedido inicial. Neste caso,
ele só decide reagir pela parte em que ficou vencido, na medida em que o reu reagiu
interpondo recurso, o autor interpor recurso e neste caso, temos o dito recurso
subordinado. Isto é, subordinado ao recurso que o reu interpôs, o autor só tem interesse
em manter este recurso porque o reu também o interpôs (633, nº1)

Pelo exposto acima podemos perceber que o recurso Independente é quando, o


autor pretende recorrer faça o réu o que fizer, ele quer mesmo lutar pela totalidade do
pedido inicial. E subordinado é quando se conforma com a decisão a não ser que o réu
reaja, que é o exemplo que estamos a considerar.

Assim, quando o recurso é subordinado o prazo para interpor recurso conta-se


a partir do momento da notificação da interposição do recurso da parte contrária
(art.633º/nº2).

Há uma especialidade, o recurso é possível se o valor da sucumbência for


superior a metade do valor da alçada do tribunal de que se recorre (art.º629, nº1) mas
quanto ao recurso subordinado o legislador prescindiu desta condição, é o que resulta do
art.633º/nº5.

A interposição de recurso subordinado (que é sempre feita pelo recorrido), não


se confunde com a ampliação do objeto do recurso, apesar da ampliação do recurso
também ser feita pelo recorrido.

Vamos admitir, que por exemplo, A intenta uma ação de reivindicação contra B,
o autor exige a entrega de uma coisa por ser seu proprietário e, invocando 2 situações
para fundamentar a causa de pedir, diz que adquiriu o seu direito de propriedade por
contrato de compra e venda, mas invoca em simultâneo a usucapião, isto é, diz que
mesmo que não tivesse sido celebrado o contrato de compra e venda, o direito de
propriedade teria sido adquirido pelo decurso do tempo, pois praticou atos que o
proprietário pratica, comportando-se como tal (exercício da posse).

E o tribunal vem a condenar B na restituição do bem e a declarar a propriedade


do A, mas faz com base no contrato de compra e venda e não com base no usucapião.
Perante a decisão de condenação, B interpõe recurso da decisão, dizendo que o contrato
de compra e venda é nulo, e que, portanto, o tribunal quando decidiu neste sentido
decidiu mal.

Perante isto A não pode interpor recurso porque A não ficou vencido, ele
venceu, tudo o que pediu lhe foi dado, obteve integralmente tudo aquilo que pretendia.
Mas agora que o B pretende discutir essa decisão, A pode ter interesse em que no
recurso se discuta não apenas o fundamento que o tribunal a quo considerou - o
contrato de compra e venda -, mas também o outro fundamento que invocou, usucapião.
Agora que a decisão vai ser reapreciada há um risco de o tribunal superior vir a
considerar o contrato efetivamente nulo, e se isso acontecer reverte-se a decisão e a
deixa de ser proprietário, e B deixa de ter que devolver o bem.

Desta maneira, A (recorrido) tem interesse em recuperar o argumento que tinha


invocado em 1º instância para que o tribunal da relação para além de considerar a
questão da compra e venda, para a eventualidade de achar que a compra e venda é nula,
analise também a usucapião e possa concluir se houve usucapião ou não. O A tinha
invocado 2 argumentos para obter o que queria, mas o tribunal deu-lhe razão com base
no contrato, mas como no recurso o contrato está em risco, o A quer que seja
considerada a outra arma por ele invocada, mas que não foi considerada porque a
primeira bastou. Então ele vai poder requerer a ampliação do objeto do recurso, de
maneira que o Tribunal da relação considere não apenas a compra e venda como
fundamento da aquisição da propriedade, mas também a usucapião.

Quando há ampliação do objeto do recurso há um contraditório acrescido, e é


importante identificar essa questão para que sejam observadas todas as garantias
processuais que estão previstas.
A ampliação do objeto do recurso está prevista no art.636º/nº1, na parte final
onde diz “prevenindo a necessidade da sua apreciação” significa que o recorrido vai
recorrer esta ampliação para a eventualidade de o tribunal superior dar razão ao
recorrente quanto ao fundamento do tribunal de 1ª instância teve em consideração.

Quando é requerida pelo recorrente a ampliação do objeto do recurso nos termos


do art.º 636, o recorrente pode responder à matéria da ampliação nos 15 dias posteriores
à notificação do requerimento (art.638º/nº8). Quando há ampliação do objeto do recurso
tem que ser concedida ao recorrente a possibilidade de se pronunciar quanto a esse tema
relativamente ao qual ainda não teve possibilidade de se manifestar, e para que esta
garantia seja aprovada, sob pena de haver uma irregularidade processual é importante
que o recorrido declare por forma inequívoca que pretende que o tribunal considere o
fundamento que invocou em primeira instância e que não foi considerado por esse
tribunal agora que o réu interpõe recurso.

a) valor da ação e valor da alçada

- Noção de valor da ação

- Critérios legais de determinação (arts. 296.º e ss do CPC)

- Várias dimensões do seu relevo jurídico

- Noção de alçada

- Valores das alçadas (art. 44ºLOSJ)

- Vários aspetos do seu relevo jurídico

- Cruzamento entre as duas noções no plano dos pressupostos de admissibilidade de


interposição de recurso ordinário (art. 629.º, n.º 1 CPC)

- Exceções a este pressuposto – no sentido da admissibilidade de recurso mesmo quando


não se verifique e da sua não admissibilidade ainda que se verifique

- Elucidação do discurso com referências práticas.

II (6 val.)

Comente a seguinte afirmação:


“Não é admissível a interposição de recurso de revista de um acórdão do Tribunal da
Relação que confirme decisão final proferida em primeira instância”.

- Noção de revista e seu devido enquadramento no âmbito dos recursos ordinários

- Enunciação e explicação fundamentada dos critérios de admissibilidade da sua


interposição, bem como do seu regime, em particular no que respeita aos seus objeto,
efeitos e modo de subida.

- Explicitação das razões justificadoras da falsidade da afirmação: pode haver


confirmação da decisão proferida em primeira instância sem que, ainda assim, haja
dupla conforme (desenvolvimento de raciocínio quanto ao sentido e conteúdo deste
pressuposto – art. 671.º, n.º 3 CPC); ainda que haja dupla conforme, pode ser admitida
revista excecional caso se verifiquem os requisitos de admissibilidade desta última
(clarificação dos requisitos em causa e exposição do regime correspondente a esta via
de exceção -art. 672.º CPC).

III (8 val.)

Bernardo intentou ação declarativa condenatória contra Carlos, requerendo a


condenação deste no pagamento de €4000. O tribunal condenou Carlos a pagar €4000.
Da sentença não consta, porém, fundamentação de facto. Carlos pretende reagir contra a
decisão invocando esta circunstância.

Pronuncie-se sobre a viabilidade desta pretensão.

- Identificação das partes constitutivas da decisão final da causa

- Falta de fundamentação da matéria de facto enquanto causa de nulidade da sentença


(art. 615.º, n.º 1, e) CPC)

- Identificação da base legal do dever de fundamentação - designadamente em matéria


de facto – e explicitação dos seus teor, razão de ser e importância (art. 607.º, n.ºs 3 a 5
CPC)

- Admissibilidade legal de fundamentação sucinta em hipóteses particulares


(designadamente a prevista no art. 663.º, n.º 5 CPC)
- Referência à falta de unicidade no que diz respeito aos meios e regimes de invocação
processual de nulidade, com explicitação, nos seus traços gerais, das várias modalidades

- Ante a impossibilidade de interposição de recurso, na hipótese prática, em virtude do


não preenchimento do critério relativo ao valor da ação, deveria a nulidade ser arguida
por via de reclamação (art. 615.º, n.º 4, primeira parte CPC)

- Noção de reclamação, sua contraposição relativamente ao recurso e relação com a


regra do esgotamento do poder jurisdicional uma vez proferida a decisão (art. 613.º, n.ºs
1 e 2 CPC)

- Identificação e explicação do regime aplicável (art. 617.º, n.º 4 CPC)

18.12.2020

I (6 val.)

Distinga entre:

a) revista excecional e julgamento ampliado da revista (3 val.)

- Noção de revista e seu fundamentado enquadramento no âmbito dos recursos


ordinários

- Enunciação e explicação fundamentada dos critérios de admissibilidade da sua


interposição, bem como do seu regime, em particular no que respeita aos seus critérios
de admissibilidade, objeto, efeitos, modo de subida, poderes do tribunal e momentos
gerais da sua tramitação processual (arts. 671.º e ss. CPC)

- Menção à possibilidade excecional de interposição de recurso de revista mesmo que


não verificado o pressuposto da dupla conforme – fundamentos de admissibilidade,
formação competente para decisão, caráter definitivo da decisão e possibilidade de
conversão oficiosa em caso de não admissão (art. 672.º CPC)

- Distinção entre o referido regime excecional (referente ao momento da avaliação da


admissibilidade de interposição de recurso) e o regime especial de julgamento ampliado
(relevante no momento decisório)
- Identificação dos entes com legitimidade para suscitar este tipo de julgamento (art.
686.º, n.ºs 2 e 3 CPC), do ente decisor e dos fundamentos da pretensão (art. 686.º, n.º 1
CPC), bem como da natureza definitiva da decisão (art. 686.º, n.º 4 CPC)

- Explicitação das especialidades caraterizadoras do julgamento em causa (art.687º


CPC)

- Elucidação das noções expostas com exemplos práticos

b) recurso de revista e recurso per saltum (3 val.)

- Noção de revista e seu fundamentado enquadramento no âmbito dos recursos


ordinários

- Enunciação e explicação fundamentada dos critérios de admissibilidade da sua


interposição, bem como do seu regime, em particular no que respeita aos seus critérios
de admissibilidade, objeto, efeitos, modo de subida, poderes do tribunal e momentos
gerais da sua tramitação processual (arts. 671.º e ss. CPC)

(os dois pontos precedentes podem ser objeto de menção mediante mera remissão para o
teor da resposta, quanto a esse aspeto, constante da alínea anterior)

- Diferentes critérios de admissibilidade do recurso per saltum (arts. 678.º, n. º 1 CPC)

- Razão de ser da sua previsão

- Identificação dos aspetos de comunhão com a revista, designadamente no que diz


respeito ao tribunal ad quem, à matéria objeto de conhecimento (matéria de direito) e
tramitação

- Particularidades da observância do regime do recurso de apelação em matéria de


efeitos da interposição do recurso (art. 678.º, n.º 3 CPC)

- Caráter definitivo ou não da decisão quanto à admissibilidade da interposição do


recurso, em função do seu teor (art. 678. º, n. º s 4 e 5 CPC)

- Explicitação das noções expostas com exemplos práticos

II (6 val.)

Comente a seguinte afirmação:


“O meio de impugnação de decisões judiciais regulado nos arts. 696.º e ss. do Código
de Processo Civil representa um verdadeiro recurso”.

- Noção de trânsito em julgado (art. 628.º CPC) e de caso julgado, bem como
identificação e caraterização geral das modalidades que este último pode assumir (arts.
619.º e ss. CPC)

- Tipos de recursos e integração legal da revisão no âmbito dos recursos extraordinários

- Razão de ser da possibilidade de revisão enquanto via de reação contra decisões


judiciais transitadas em julgado

- Identificação e explicação dos vários fundamentos de revisão (art. 696.º CPC)

- Referência à existência ou não das fases rescindente e rescisória em cada um deles,


bem como, quando ambas existentes, à articulação entre as mesmas e respetivas funções

- Identificação das várias posições doutrinais no que diz respeito à natureza da revisão

- Referência às soluções classificativas legalmente adotadas no âmbito de outros


ordenamentos jurídicos

- Caráter não vinculativo da classificação legal

- Traços identificativos do recurso enquanto forma de impugnação de decisões

- Opção, devidamente fundamentada, em desenvolvimento de raciocínio crítico, por


uma das posições doutrinais

III (8 val.)

A intentou contra B ação declarativa condenatória, subordinada à forma de


processo especial para tutela da personalidade. O tribunal admitiu a inquirição de
apenas 5 das 10 testemunhas arroladas por A, invocando, como fundamento para tanto,
a aplicabilidade do regime regulador dos procedimentos cautelares.

A não se conforma com o teor do referido despacho e pretende reagir.


Assistir-lhe-á razão? Justifique.

- Distinção entre processo comum e processos especiais e, dentro desta última espécie,
entre processos de jurisdição contenciosa e de jurisdição voluntária
- Identificação dos principais traços distintivos

- Enquadramento do processo especial em causa no âmbito da jurisdição contenciosa

- Delimitação da normatividade jurídica diretamente aplicável (art.878º a 880º CPC)

- Fins cuja realização se prossegue por via desta forma de tutela

- Traços gerais da sua tramitação

- Sinalização do problema do regime aplicável quanto a hipóteses não expressamente


reguladas nos referidos preceitos

Lacunas:

- Explicitação das duas posições doutrinais identificáveis

- Explicação do sentido e raciocínio argumentativo de cada uma delas

- Opção, devidamente fundamentada, por uma dessas perspetivas e ilação quanto ao


número de testemunhas arroláveis

01/02/2021

I (5 val.)

Distinga entre renúncia ao recurso e desistência do recurso.

O recurso prevê um ato potestativo, sendo este um ato de manifestação de


vontade. A vontade que se manifesta é que a decisão seja alvo de reapreciação, de forma
que o seu conteúdo possa vir a ser alterado.

No entanto, pode haver renuncia do direito de recurso. A renuncia pode ser


antecipada, ou seja, no momento anterior à prolação da decisão. Aqui, há uma renúncia
que tem lugar antes de o direito surgir, pois a decisão ainda não foi proferida. Por
exemplo, A intenta uma ação contra B e pede a condenação de B no pagamento de 15
mil euros. Antes de a decisão ser proferida A declara por forma escrita que ‘’prescinde
do direito a recorrer, seja qual for a decisão, não irá recorrer’’. O problema aqui coloca-
se na modalidade da renúncia antecipada. Se for unilateral, não é valida, pois o
legislador proibiu que só uma das partes renuncie ao recurso, pois pode ter
consequências tremendas, e o legislador quis proteger a parte de si mesma, e veda assim
esta possibilidade pois as partes ficariam numa situação de desigualdade gritante.

Todavia, se a renuncia for bilateral já é possível (art.º632, nº1)

No entanto, há uma parte que não tem este direito, mesmo que se trate de uma
renúncia bilateral, que é o MP. Se no processo o MP é parte, não é possível a renuncia.
(632, nº4 + 21 a 24).

Mas ainda podemos ter a renúncia contemporânea, isto é, renuncia do direito de


interpor recurso no momento posterior à prolação da decisão. A parte é notificada e
pode não concordar e interpor recurso. Ou pode aceitar a decisão, por via expressa ou
tacita(art.º 632, nº3). A parte pode declarar claramente que concorda com a decisão e
até pode dizer que renuncia a interpor recurso dela, que é a forma mais flagrante de
manifestação de concordância, e perde o direito (que tinha adquirido) de interpor
recurso. Ou a aceitação pode ser tacita, ou seja, quando não resulta de uma declaração
expressa, mas de um ato ou comportamento em que se deteve essa anuência no sentido
da decisão que foi proferida. Desde que a decorrência desse comportamento seja
inequívoca. Pegando no exemplo acima, B é condenado a pagar os 50.000 e no dia
seguinte manda um e-mail ao autor a dizer que já recebeu a decisão e vai proceder ao
pagamento do dia seguinte. Esta é uma aceitação tacita, depois deste ato deixa de ser
possível recorrer.

Também aqui não se verifica se a parte em causa for o MP.??

Outra coisa é a aquisição do direito ao recurso e a interposição de recurso e a


desistência. O recorrente tem a liberdade de desistir do recurso, desde que o faça até ao
momento em que a decisão seja proferida. Pode desistir a qualquer momento, mas tem
de ser antes da decisão ser proferida, pois a partir do momento em que a decisão for
proferida instala-se na OJ e deixa de ser possível retirar-lhe essa eficácia e essa
existência (Art.º 632, nº5).

Assim, a diferença entre estes dois conceitos reside no momento temporal


(renuncia – antes e depois de receber a decisão; e desistência – depois da interposição
de recurso) e na diferença conceitual (renuncia – renuncia do direito de recurso, não o
usa; desistência – faz uso do direito de recurso, mas desiste dele).
II (5 val.)

Pronuncie-se, em termos devidamente fundamentados, quanto ao teor da seguinte


afirmação: “O processo de acompanhamento de maiores obedece a regime em parte
comum ao que rege os processos de jurisdição voluntária”.

III(10v)

Fernando propôs contra Guilherme ação declarativa em que formulou pedido no


sentido da condenação do segundo no pagamento do montante de €65.000, a título de
indemnização pelos danos sofridos em acidente de viação provocado pelo Réu. O
tribunal proferiu sentença condenatória de Guilherme no pagamento de apenas parte
(€30.000) do valor peticionado pelo Autor. Inconformado com a decisão, o Réu (que
pugna pela sua total absolvição) interpôs recurso de apelação, que foi admitido e se
encontra pendente.

Fernando consulta-a(o), na qualidade de advogada(o), no sentido de saber se, na


pendência da instância de recurso, pode executar (sem que a tanto nada obste) o teor da
sentença proferida. Questiona-o também quanto à possibilidade de, em simultâneo,
interpor recurso quanto à parte da sentença em que o Réu foi absolvido.

Em que sentido se pronunciaria? Justifique.

04/01/2021 (2.ª sessão)

I (5 val.)

Distinga entre regime aplicável a título principal e a título subsidiário no


âmbito do processo especial para tutela da personalidade.

- Distinção entre processo comum e processos especiais (art. 546.º, n.º 1 CPC) e
subordinação da relação entre ambos ao princípio da especialidade (art. 546.º, n.º 2
CPC)

- Explicitação das principais notas distintivas entre a jurisdição contenciosa e a


jurisdição voluntária (arts. 986.º CPC)

- Inclusão do processo especial em causa no âmbito da jurisdição contenciosa


- Referência à normatividade jurídica diretamente aplicável (arts. 878º a 880º CPC)

- Distinção entre lacuna e não regulação de uma determinada hipótese no regime


aplicável a título principal

- Identificação da norma reguladora do regime subsidiariamente aplicável aos processos


especiais (art. 549.º, n.º 1 CPC) e sua remissão para o processo comum

- A título de exemplo, corolário dessa remissão ao nível do número de testemunhas


arroláveis pelas partes - regra da limitação ao número de 10 (art. 511.º CPC)

- Interpretação alternativa no sentido da aplicabilidade subsidiária do regime dos


procedimentos cautelares, de que decorreria, a título de exemplo, a limitação do número
máximo de testemunhas a 5 (arts. 365.º, n.º 3 e 294.º, n.º 1CPC)

- Opção, devidamente fundamentada, por uma dessas perspetivas

II (5 val.)

Pronuncie-se quanto ao teor da seguinte afirmação: “A admissibilidade de


interposição de recurso de revista depende sempre da verificação dos critérios do
valor da ação e da sucumbência”.

- Identificação dos critérios gerais de admissibilidade de interposição de recurso de


revista (arts. 629.º, n.º 1 e 671.º, n.ºs 1 e 3 CPC)

- Referência às hipóteses em que a interposição de recurso de revista não depende da


verificação desses requisitos (art. 629.º, n.º 2 CPC) e explicitação da razão de ser desse
regime normativo

- Identificação das hipóteses em que o recurso de revista não é admissível ainda que
verificados esses critérios gerais (arts. 6.º, 152.º, n.º 4, 195.º, n.º 1, 547.º e 630.º CPC)

III (10 val.)

Alberto intentou contra Belmiro ação declarativa em que requereu a condenação deste
no pagamento do montante de €40.000 (correspondente ao preço convencionado em
contrato de compra e venda de 9 obras de arte celebrado entre as partes). O tribunal
condenou Belmiro no pagamento integral do valor peticionado por Alberto.
Inconformado, o réu interpôs recurso de apelação. Admitido o recurso, o tribunal
superior ordenou a renovação de dois dos depoimentos testemunhais prestados em
primeira instância, por ter dúvidas sérias sobre a credibilidade desses depoentes. Alberto
discorda, porém, do teor da decisão, invocando que Belmiro não havia impugnado a
matéria de facto.

Assistirá razão a Alberto? Justifique.

- Noção de recurso

- Distinção relativamente a outras formas de impugnação de decisões

- Enquadramento do recurso de apelação no âmbito dos recursos ordinários

- Explicitação do regime aplicável ao recurso de apelação, designadamente no que diz


respeito ao seu objeto, efeitos de interposição, regime de subida, tramitação e poderes
de cognição do tribunal

- Enfoque particular no que diz respeito aos poderes de modificação da matéria de facto
(art. 662.º CPC), em especial em sede de determinação de renovação da produção de
prova (art. 662.º, n.º 2, a) CPC)

- Reflexão crítica sobre a necessidade ou não de o recorrente ter impugnado a matéria


de facto para que esse poder de renovação instrutória possa ser exercido (art. 640.º
CPC)

04/01/2021

I (5 val.)

Distinga entre julgamento ampliado de revista e recurso para uniformização de


jurisprudência.

- Noção de recurso (designadamente por confronto com outras formas de reação contra
decisões judiciais)

- Modalidades de recursos
- Identificação dos traços gerais de regime do recurso de revista

- Regime especial de julgamento ampliado (relevante no momento decisório)

- Identificação dos entes com legitimidade para suscitar este tipo de julgamento (art.
686.º, n.ºs 2 e 3 CPC), do ente decisor e dos fundamentos da pretensão (art. 686.º, n.º 1
CPC), bem como da natureza definitiva da decisão (art. 686.º, n.º 4 CPC)

- Explicitação das especialidades caraterizadoras do julgamento em causa (art.687º


CPC)

- Recurso para uniformização de jurisprudência enquanto recurso extraordinário e


justificação legal e doutrinal dessa classificação (arts. 215.º, 6.º e 627.º do CPC)

- Termos da instrução do requerimento de interposição (art. 690.º CPC)

- Ente com competência decisória, fundamentos e razão de inadmissibilidade (art. 688.º


CPC)

- Prazos para interposição e contraditório (art. 689.º CPC), legitimidade do Ministério


Público (art. 691.º CPC) e tramitação (arts. 692.º e 695.º CPC)

- Efeitos (arts. 693.º e 694.º CPC)

II (5 val.)

Pronuncie-se quanto ao teor da seguinte afirmação: “A admissibilidade de revisão


de decisão judicial, após o trânsito em julgado desta, encontra-se subordinada a
uma dupla limitação temporal”.

- Noção de trânsito em julgado (art. 628.º CPC) e de caso julgado, bem como
identificação e caraterização geral das modalidades que este último pode assumir (arts.
619.º e ss. CPC)

- Tipos de recursos e integração legal da revisão, de acordo com a classificação legal, no


âmbito dos recursos extraordinários

- Razão de ser da possibilidade de revisão enquanto via de reação contra decisões


judiciais transitadas em julgado

- Identificação e explicitação dos vários fundamentos de revisão (art. 696.º CPC)


- Identificação do regime geral aplicável aos recursos ordinários em matéria de prazo de
interposição (art. 638.º CPC)

- Explicitação do regime especial aplicável em matéria de revisão: a existência de dois


tipos de prazos (de 5 anos e de 60 dias) e termos da sua articulação (art. 697.º, n.º 2
CPC)

- Regime particular aplicável quando estejam em causa direitos de personalidade (art.


697.º, n.º 2 CPC)

- Menção das previsões especiais constantes do art. 697.º, n.ºs 3 a 5 e explicação do


correspondente regime e sua razão de ser

III(10val.)

No processo de acompanhamento de maiores proposto por Manuel contra


João, o juiz determinou que a audição deste seria feita apenas na sua presença,
assim impedindo que à mesma assistissem, designadamente, o requerente e o respetivo
mandatário judicial. Mais decretou, oficiosamente, medida cautelar. O requerente
revela-se inconformado com ambas as decisões, invocando que a primeira viola o
princípio da audiência contraditória (art. 415.º do Código de Processo Civil) e que a
segunda se revela contrária ao princípio do pedido (art. 3.º, n.º 1, 1.ª parte do Código de
Processo Civil).

Assistir-lhe-á razão? Justifique.

- Distinção entre forma de processo comum e processos especiais

- Distinção entre processos de jurisdição contenciosa e processos de jurisdição


voluntária

- Enquadramento deste processo especial no âmbito da jurisdição contenciosa

- Delimitação da normatividade jurídica diretamente aplicável (arts. 891º a 904º CPC)

- Fins cuja realização se prossegue por via desta forma de tutela processual

- Traços gerais da sua tramitação e explicitação do seu caráter urgente (art. 891.º, n.º 1
CPC)
- Especificidades de regime, designadamente no que diz respeito aos poderes oficiosos
do juiz (arts. 891.º, n.º 2 e 894.ª), publicidade (art. 893.º CPC), conteúdo da decisão
final (art. 900.º CPC), recurso (art. 901.º CPC), efeitos deste (art. 902.º CPC) e
possibilidade de alteração (art. 904.º CPC)

- Regime particular em sede de audição pessoal, de que resulta, entre o mais, a


possibilidade de o juiz determinar que a audição decorra, em parte, apenas na presença
do beneficiário (art. 898.º, n.º 3 CPC). A decisão judicial em causa não obedeceria a
este parâmetro, consubstanciando violação do princípio do contraditório, caso do seu
teor resultasse que a audição deveria decorrer integralmente na exclusiva presença do
decisor

- O decretamento oficioso de medida cautelar não representaria, porém, violação do


princípio do pedido, atenta a previsão legal expressa da possibilidade do seu
decretamento oficioso (art. 891.º, n.º 2 CPC)

CASOS DAS AULAS:

A intenta contra B uma ação, requerendo a condenação de B no valor de 60 000€. E o


tribunal onde a ação é proposta condena o reu no pagamento de 40 000€. Temos de
verificar, para aferir se é ou não admissível a interposição de recurso de acordo com o
regime regra, se se verificam os dois critérios:

1º - critério do valor da ação em confronto com o valor da alçada: o valor da ação é de


60 000€, portanto de acordo com este critério é admissível a interposição de recurso,
uma vez que o valor da alçada do tribunal de que se recorre é de 5 000€.

2º - critério do valor da sucumbência: o valor da sucumbência/montante em que ficou


vencido é de 20 mil euros (valor da perda, daquilo que o autor queria e que não teve).
Este montante, para que seja admissível recurso, tem de ser superior a metade da alçada
do tribunal de que se decorre, no caso 2 500€.

Neste caso verificam-se os critérios, sendo admissível a interposição de recurso. Estes


dois critérios que são observados no âmbito do regime regra constam do art.629º/1 CPC

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