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DO AGRAVO EM EXECUÇÃO

Noções – o agravo em execução é o recurso cabível contra atos judiciais que decidem
incidentes no processo penal, conforme previsto no art. 197 da LEP, que vale para
todas decisões proferidas pelo juiz da execução. Trata-se de recurso contra as
decisões com força de definitiva que julga incidentes da execução penal tais como: os
deferimentos ou indeferimento de livramento condicional, de progressão de regime, de
indulto, de graça, de anistia, de saída temporária de apenado e de extinção de
punibilidade.

            O art. 197 da LEP traz um contorno geral desse recurso, no âmbito do
processo de execução penal, dispondo que das decisões proferidas pelo juiz das
execuções penais, que causem prejuízo à acusação ou à defesa, caberá recurso de
agravo em execução, sem efeito suspensivo. A matéria foi uniformizada com a
previsão legal e ampla para o combate das decisões do juízo das execuções. Assim,
não é possível a utilização de outros recursos diversos do agravo em execução na
fase de cumprimento de pena, como por exemplo, o ReSE, cujas hipóteses de
cabimento ali previstas foram revogadas.

Interposição – por petição ou por termo nos autos, sendo recomendável tanto a
petição como o termo nos autos venham acompanhadas das razões recursais,
especialmente em face da divergência doutrinária relativamente à aplicação das
normas do recurso em sentido estrito. (art. 581 CPP) ou do agravo de instrumento do
CPC/2015j (arts. 1.015 a 1.020). prevalece, contudo entendimento que o procedimento
a ser observado é o do recurso em sentido estrito.

Tempestividade - prazo de 05 (cinco) dias (Súmula nº 700 STF), que fixou o prazo
em 5 (cinco) dias contados da intimação da decisão que será agravada. Lembrando
que nem mesmo as alterações da lei processual civil, no tocante aos agravos, foram
capazes de alterar esse entendimento, sendo o que até hoje prevalece.

A súmula 700 do STF foi editada única e exclusivamente para fixar o prazo para
interposição do recurso de agravo em execução. Esse recurso é utilizado quando
um pedido é feito e negado pelo juiz da Vara das Execuções Criminais. Havia
dúvida em relação a seu prazo de interposição, tanto no silêncio da lei, quanto
por força de mudanças legislativas. Havendo interposição sem as razões
recursais, deve o juiz adotar o rito do ReSE, determinado a intimação do
agravante para apresentar as razões no prazo de dois dias (art. 588 CPP), e, em
seguida em igual prazo do agravado.

Legitimidade e interesse – deverá ser analisada a partir da legitimidade geral para a


execução penal, disposto no art. 195, da LEP, que estabelece que o procedimento
judicial da execução penal inicia-se de oficio pelo juiz, ou a requerimento do MP,
do interessado ou quem o represente, de seu cônjuge, parente ou descendente,
ou mediante propostas do Conselho Penitenciário ou da autoridade
administrativa.

Assim, o MP, o condenado, seu representante ou seus parentes, se tiverem qualquer


requerimento indeferido, terão legitimidade e interesse em recorrer.

Quanto ao Conselho Penitenciário e a autoridade administrativa, de acordo com


explicação de Scarense “eles podem simplesmente propor a instauração do
procedimento sem, contudo, formular pedido, portanto, não há que se cogitar de
indeferimento, ou de prejuízo, caso seja desatendida a representação, razão pela qual
não poderão recorrer”.

O juiz não pode recorrer de ofício, pois tal previsão exige declaração expressa.

Procedimento – originariamente não havia grande diferença entre o agravo de


instrumento, no CPC, e o recurso em sentido estrito, no CPP. Entretanto, com as
alterações da Lei 9.139/95, que alterou substancialmente o regime do agravo no CPC,
passando a ser os regimes completamente diferentes, a jurisprudência diante dessa
incompatibilidade, passou a entender que o regime adequado ao agravo em execução
era o do ReSE, sendo posteriormente sumulado pela Súmula 700 STF>

Efeitos do agravo em execução - possui efeito devolutivo, pois devolve ao tribunal o


conhecimento da questão. Não possui efeito suspensivo (art. 197 – parte final), porém,
se a eficácia imediata da decisão puder causar dano irreparável, o condenado poderá
se valer de habeas corpus para obter o efeito suspensivo à decisão (Ex.: decisão que
determina a progressão de regime) e o MP poderá utilizar o mandado de segurança,
(por exemplo, para suspender a eficácia de decisão que concede livramento
condicional).

O recurso possui efeito regressivo, ou seja, o juiz pode retratar-se e, caso não o faça,
o recurso de agravo segue para o Tribunal (art. 589 caput CPP), aplicável ao agravo.

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