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EXCELENTISSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA XXª VARA DO TRABALHO DE

XXXXXXXXXXXXXXXXXX.

Reclamação trabalhista n. XXXXXXXXXXXXXX


SMURFS S/A, empresa já qualificada nos autos do processo em epígrafe, por seu
advogado que esta subscrevem (procuração em anexo), vem respeitosamente a
presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 525 e 803 do CPC, ajuizar,
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE
em face da execução em reclamação trabalhista que lhe move GARGAMEL DOS
SANTOS, diante dos motivos de fato e direito que passa a expor.
DOS FATOS
Trata-se de reclamação trabalhista interposta por GARGAMEL DOS SANTOS em
xx/xx/xxxx em face do excipiente.
Após sentença condenatória transitada em julgado, foi iniciada a liquidação de
sentença.
Após homologados os cálculos a empresa foi intimada, contudo, não pode arcar com o
valor da condenação e nem apresentar bens a penhora pois não obtinha. Não possui
bens que pudesse apresentar para que fosse penhorado.
Após houve tentativa de penhora via convênios SISBAJUD e RENAJUD, contudo, nada
foi encontrado, pois como já relatado a empresa não obtinha recursos para
pagamento.
Intimado o Excipiente para que apresentasse outros meios para processar a execução
eis que quedou-se inerte.
Ocorre que três anos depois, o excipiente peticionou requerendo a penhora de
imóveis de propriedade do excepto, contudo, tal pedido não merece prosperar pois a
execução encontra-se prescrita, como será cabalmente demonstrado, motivo pelo qual
faz-se necessário o ajuizamento da presente Exceção de Pré- Executividade.
DO CABIMENTO
A admissibilidade da exceção de pré-executividade é amparada pela análise
necessária de questões de ordem pública, tratando-se de questões imperativas, que
fulminam a execução.
Portanto, tratando-se de matéria cogente, tem-se por necessário o processamento da
presente exceção de pré-executividade, a qual poderia inclusive ser conhecida de
ofício pelo julgador.
Por fim, considerando que a exceção de pré-executividade, por se tratar de criação
doutrinária e jurisprudencial, não dispõe de prazo específico para sua apresentação,
pode ser oposta em qualquer fase do processo, razão pela qual requer o seu
deferimento.
DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
Conforme já demonstrado acima, a presente execução encontra-se fulminada pela
prescrição intercorrente.
Prescrição intercorrente é aquela que ocorre no curso do processo, motivada pela inércia da parte
Exequente. Na prática, a prescrição intercorrente tem por objetivo evitar a eternização indevida
das execuções trabalhistas, bem como a inércia do credor trabalhista.

Após o excipiente ter sido intimado para indicar outros meios para processar a
execução, este manteve-se inerte.
Ocorre que agora, três anos após a intimação eis que reaparece requerendo a penhora
de imóveis de propriedade do excepto, contudo eis que correu a prescrição
intercorrente, veja-se o art. 11-A, §1º da CLT:
Art. 11-A. Ocorre a prescrição intercorrente no processo do
trabalho no prazo de dois anos.

§ 1º A fluência do prazo prescricional intercorrente inicia-se


quando o exequente deixa de cumprir determinação
judicial no curso da execução.

§ 2º A declaração da prescrição intercorrente pode ser


requerida ou declarada de ofício em qualquer grau de
jurisdição.

Portanto, a partir do momento em que o excipiente se manteve inerte de fronte a


intimação recebida, deixando de cumprir a determinação judicial passou-se a fluir o prazo
de prescrição.

Veja-se a ementa abaixo:

RECURSO DE REVISTA. EXEQUENTE. LEI Nº 13.467/2017. EXECUÇÃO.


PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. OFENSA AO DEVIDO PROCESSO LEGAL
CONFIGURADA.
1 - Há transcendência política no recurso de revista, quando se constata
em exame preliminar o desrespeito da instância recorrida à
jurisprudência sumulada do TST (Súmula nº 114 do TST).
2 - A controvérsia dos autos diz respeito à possibilidade de se aplicar a
prescrição intercorrente no processo do trabalho, visto que a tese
adotada pelo Colegiado de origem foi a de que, mesmo no caso de
execuções em curso antes da vigência da Lei nº 13.467/2017, "A
execução trabalhista prescreve em cinco anos após a expedição de
certidão de crédito".
3 - De acordo com o artigo 2º da Instrução Normativa nº 41 do TST, "O
fluxo da prescrição intercorrente conta-se a partir do descumprimento
da determinação judicial a que alude o § 1º do art. 11- A da CLT, desde
que feita após 11 de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017)".
4 - Desse modo, a prescrição intercorrente é incompatível com a
dinâmica do processo trabalhista anterior à Reforma Trabalhista, o que
impossibilita a punição do exequente por inércia e a perda da pretensão
executiva, consoante a expressa dicção da Súmula nº 114 do TST,
segundo a qual, para casos anteriores à Lei nº 13.467/2017, "É inaplicável
na Justiça do Trabalho a prescrição intercorrente".
5 - No caso, a certidão de crédito foi expedida no ano de 2011, muito
antes, portanto, da vigência da Lei nº 13.467/2017.
6 - Portanto, o entendimento adotado no acórdão recorrido contrapõe-se
à jurisprudência desta Corte Superior, consolidada no sentido de que a
declaração da prescrição intercorrente na Justiça do Trabalho (casos
anteriores à Lei nº 13.467/2017) importa em ofensa ao artigo 5º, incisos
XXXVI e LIV, da Constituição, por impedir os efeitos da coisa julgada e
obstaculizar a garantia ao devido processo legal. Julgados.
7 - Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento.
(TST - RR: XXXXX20095180012, Relator: Katia Magalhaes Arruda, Data de
Julgamento: 24/03/2021, 6ª Turma, Data de Publicação: 26/03/2021)

Desta forma, requer seja reconhecida a prescrição intercorrente e extinta a presente


execução.
3. DOS PEDIDOS
Ante ao exposto, requer a Vossa Excelência:
a) o recebimento e o processamento do presente pedido, nos termos do artigo 525 do
CPC;
b) O reconhecimento da prescrição intercorrente e a extinção da execução;
c)E a intimação do excipiente para manifestação no prazo fixado por este juízo.

Termos em que,
Pede deferimento.
LOCAL E DATA.
Advogado OAB/UF.

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