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FACULDADE DOCTUM DE MANHUAÇU

MARIA LUÍSA HENRIQUE PEREIRA

TRABALHO TEÓRICO: Direito Processual Cívil II.

O presente trabalho é apresentado ao


Professor Leandro Araújo, docente da
disciplina de Direito Processual Civil II,
no 5° período do curso de Direito da
Faculdade Doctum de Manhuaçu.

Manhuaçu
2024
Efeitos dos Recursos – Processo Cívil.

1- EFEITO DEVOLUTIVO

Por esse efeito, reabre-se a oportunidade de reapreciar e, novamente, julgar questão


já decidida.
Dessa forma, conclui-se que não se pode, logicamente, conceber um recurso que não
restabeleça, no todo ou em parte, a possibilidade de rejulgamento. Por conta disso,
esse é um efeito presente em todos os recursos. Ou seja, o órgão superior analisará
novamente a matéria objeto do recurso. O efeito devolutivo significa a transferência
do poder de reexaminar a decisão do órgão que prolatou a decisão (a quo) para o
órgão que vai julgar o recurso (ad quem).

Quando a parte interpõe o recurso, o ato de interposição transfere para outro


julgador o poder e dever de reexaminar a decisão dentro dos limites do efeito
devolutivo. Em regra, o recurso faz com que aquela decisão saia de um órgão
com hierarquia inferior e vá para um órgão de hierarquia superior (os embargos
de declaração, no entanto, são exemplos de exceção a essa regra).
O efeito devolutivo tem dois aspectos diferentes:

• Dimensão horizontal – examina-se o efeito devolutivo em sua extensão.


Isso quer dizer que a parte que interpõe o recurso define a extensão do
efeito devolutivo: a parte pode recorrer da decisão inteira, ou apenas de
uma parte da decisão. Isso delimita o quanto que o juízo ad quem tem
poder de examinar naquele recurso. O efeito devolutivo está ligado ao
princípio dispositivo, de modo que é o recorrente que define o que ele
quer submeter ao juízo ad quem. Assim, por exemplo, vamos imaginar
que a parte propôs uma ação de reintegração de posse, em que ela
também formulou um pedido indenizatório, e o juiz julgou os dois
improcedentes. Dessa sentença, cabe apelação e é o apelante quem
decide do que ele vai recorrer, se é dos dois pedidos ou se de apenas
um deles. Ou seja, o apelante pode reduzir voluntariamente o efeito
devolutivo do seu recurso, limitando, dessa forma, o órgão julgador.

• Dimensão vertical/profundidade – pegando o exemplo acima citado,


digamos que a sentença julgou improcedente os dois pedidos do autor,
e ele apelou apenas em relação a um dos pedidos feitos. O tribunal
pode, então, reexaminar tudo em relação àquele pedido, toda a matéria
de direito, todas as provas. Portanto, dentro do pedido impugnado, o
juízo ad quem pode reexaminar tudo o que for necessário para julgar
aquele recurso. Essa é uma manifestação do princípio inquisitivo.
2- EFEITO SUSPENSIVO

Refere-se ao impedimento da imediata execução do decisório impugnado. A nova


legislação processual civil tratou esse efeito recursal como exceção, pelo fato de
apenas o recurso de apelação possuir efeito suspensivo automático.
Todavia, caso a imediata decisão produza efeitos que criem riscos de dano grave, de
difícil ou impossível reparação e fique demonstrada a probabilidade de provimento do
recurso, poderá o litigante requerer o efeito suspensivo.
Vale frisar que, essa concessão, dependerá sempre da decisão do relator, caso a
caso. Essa suspensão impede que a decisão tenha efeito imediato, aguardando a
decisão final do órgão competente.
Hoje, como regra, os recursos não têm efeito suspensivo, salvo disposição
legal (ex.: apelação) ou por decisão judicial. É assim que dispõe o art. 995 do
CPC: “Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou
decisão judicial em sentido diverso.”

Nessa segunda hipótese (decisão judicial), tem-se que, nos recursos que de
regra não têm efeito suspensivo, o recorrente pode pedir que seja conferido tal
efeito. Se o relator entender que estão presentes os requisitos legais, o relator
dá ao recurso o efeito suspensivo. Logo, a regra geral é não ter efeito
suspensivo, mas toda vez que a parte entender que aquela decisão contra a
qual ela está recorrendo é, aparentemente, equivocada, e a demora no
julgamento do recurso pode causar dano irreparável, o recorrente pode pedir o
seu efeito suspensivo.

3- EFEITO EXPANSIVO

É uma espécie de variação do efeito devolutivo do recurso.

O efeito em tela delimita a área de cognição e decisão dos Tribunais Superiores, na


espécie, consiste em reconhecer que a devolução operada pelo recurso não restringe
às questões resolvidas na sentença, compreendendo também as que poderiam ter
sido decididas, seja porque suscitadas pelas partes, seja porque conhecíveis de
ofício.

4- EFEITO TRANSLATIVO

Diz respeito à limitação de cognição do tribunal, salvo se se tratar de matéria de ordem


pública. Insta observar que as questões de ordem pública podem ser conhecidas pelo
Tribunal ainda que não tenham sido reconhecidas objeto de recurso.
Pode ser reformada de ofício pelo juízo sem que haja pedido. Recurso próprio.

5- EFEITO REGRESSIVO
É o efeito que permite ao próprio juiz prolator da decisão impugnada rever sua
decisão. Sempre que for aberto um juízo de retratação ao órgão prolator da decisão,
pode-se falar em efeito regressivo.

O efeito regressivo é a regra em alguns recursos, como no caso do agravo. A


apelação por sua vez em regra, não tem esse efeito. Com exceção de dois casos (no
CPC):

• Sentença de indeferimento da Petição inicial, artigo 296/CPC.


• Sentença de improcedência de plano, artigo 285-A,1°/CPC.

Nos recursos de natureza extraordinária, como o recurso especial e o recurso


extraordinário, esses efeitos podem ser aplicados de forma diferenciada. Por
exemplo, no recurso especial, a devolutividade é restrita às questões apontadas pelo
recorrente, enquanto no recurso extraordinário, a devolutividade é ampla, abrangendo
todas as questões discutidas no processo.
O efeito suspensivo também pode variar conforme o tipo de recurso e a legislação
aplicável. Em alguns casos, a interposição do recurso não suspende
automaticamente a decisão recorrida, sendo necessária a solicitação de efeito
suspensivo específico. Em suma, os efeitos recursais têm importância fundamental
na análise e no desdobramento dos recursos, garantindo a efetividade do sistema
jurídico e o direito ao devido processo legal.

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