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06/02/2024

EMENTA: Teoria Geral dos Recursos, embargos de declaração, apelação, agravo de


instrumento, revisão e processo na prática etc.

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO: Trabalho em sala (3,0) e avaliação escrita (7,0).

BIBLIOGRAFIA: Renato Montans de Sá, Daniel Amorim Neves e Maria Helena Diniz.

TEORIA GERAL DOS RECURSOS

(ART. 994 (rol taxativo) E SS, CPC)

LINHA DO TEMPO PROCESSUAL: Petição Inicial; Citação; Defesa; Despacho Saneador;


Provas; Audiência de Instrução, Debates e Julgamento; Sentença.

1. CONCEITO DE RECURSO: instrumento voluntário interposto pela parte para reformar


(conteúdo), invalidar (forma) ou esclarecer a decisão a quo.

2. PRESSUPOSTOS RECURSAIS

2.1 Conceito: são formalidades analisadas pelos Tribunais que precedem ao juízo de
mérito (conteúdo), ou seja, requisitos necessários a serem analisados antes do mérito.

2.2 Ausentes os requisitos: não há a admissão do recurso (juízo de admissibilidade) e,


logo, não há juízo de mérito.

2.3 Juízo de admissibilidade: Antes do CPC de 2015, o juiz singular (juízo a quo) verificava
os pressupostos recursais. Após o CPC de 2015, o juízo ad quem (quem receberá o
recurso) que verificará os pressupostos. Cabe ao juiz apenas receber o recurso, intimar a
parte contrária para contrarrazoar (apresentar contrarrazões). Se o juiz verificar os
pressupostos, cabe reclamação de usurpação de competência (IMPORTANTE!).

Justiça Estadual (1º grau – juiz/sentença) – Tribunal de Justiça (2º grau –


desembargadores/acórdão – órgão colegiado) – Superior Tribunal de Justiça – Superior
Tribunal Federal (instâncias superiores).

ADMISSÃO🡪 PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS

MÉRITO🡪CONTEÚDO

3. PRESSUPOSTOS RECURSAIS INTRÍNSECOS (REFEREM-SE À EXISTÊNCIA)

3.1 Cabimento/adequação: há recursos adequados para cada decisão proferida pelo juiz.
Exemplo: da sentença cabe apelação (art. 1.009, CPC).

3.2 Legitimidade: art. 996, CPC: partes, MP e terceiro interessado.


4. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS EXTRÍNSECOS (REFEREM-SE AO MODO DE
RECORRER)

4.1 Tempestividade: prazo de 15 dias úteis em regra, mas há exceções (art. 1.003, CPC)

* Recurso intempestivo: recurso não foi interposto dentro do prazo legal.

4.2 Preparo $ (art. 1.007, CPC): valor necessário para o recurso tramitar (custas + porte de
remessa e retorno em caso processos físicos). Custas calculadas em 1% do valor da
causa, no mínimo de 5 UFESPs e máximo 3.000 UFESPs.

* Dispensados do preparo: MP, Fazenda Pública, autarquias e beneficiários da justiça


gratuita.

* Pagamento a menor: parte intimada para complementação em cinco dias, sob pena
de deserção (recurso não foi admitido por não cumprir este pressuposto).

* Não pagamento: parte intimada para pagamento em dobro, sob pena de deserção. A
lei não estabelece dias, mas em tese são cinco dias.

5. EFEITOS:

A admissão de um recurso gera efeitos no processo civil, tais como:

5.1 Tantum devolutum quantum apellatum: Tribunal reexamina somente o que foi
requerido pela parte. Eu só devolvo o que eu apelo. O recorrente requer que seja
reexaminado os pedidos A e B, não o C. Portanto, não cabe o Tribunal reexaminar o
pedido C.

QUAL É O SUJEITO PROCESSUAL QUE DELIMITA A EXTENÇÃO? O recorrente. (prova)

5.2 Vedada a reformatio in pejus: Proibição da reformação da decisão judicial proferida


em prejuízo. Exemplo: juiz proferiu uma sentença que condena o réu ao pagamento de R$
100,00. A parte recorrente pede para aumentar e a recorrida pede para diminuir. Caso a
parte contrária não recorra, não pode o Tribunal diminuir. Caso recorra a parte contrária,
pode o tribunal diminuir o valor.

6. EFEITO DEVOLUTIVO

6.1 Conceito: é a devolução da matéria para reexame do Tribunal, presente em todos os


recursos, menos nos Embargos de Declaração.

6.2 Extensão do efeito devolutivo: Tribunal está circunscrito horizontalmente ao objeto do


recurso formulado pela parte. Os desembargadores olham para os pedidos que foram
feitos (exemplo: A, B, C – horizontal)

6.3 Profundidade do efeito devolutivo: Tribunal terá ampla liberdade para analisar
questões suscitadas em todo o processo, além de matérias de ordem pública (nulidade
de citação, prescrição e decadência, coisa julgada – pode ser verificado de ofício). Ao
analisar os pedidos, os desembargadores observam as argumentações desde a petição
inicial (desce para analisar desde o começo do processo).

Logo: EXTENSÃO (PEDIDOS)🡪 HORIZONTAL

PROFUNDIDADE (ARGUMENTAÇÕES)🡪 VERTICAL

7. EFEITO TRANSLATIVO

7.1 Conceito: possibilidade de o tribunal conhecer matérias de ofício no que tange à


matéria de ordem pública. Se somente observar matéria de ordem pública, é efeito
translativo. Caso sejam verificados além da matéria de ordem pública os argumentos, é o
efeito devolutivo.

8. EFEITO OBSTATIVO

8.1 Conceito: interposição de recurso impede (obsta) o trânsito em julgado (coisa julgada
formal).

9. EFEITO SUBSTITUTIVO (ART. 1.008)

9.1 Conceito: dado provimento ao recurso, ele substitui a sentença no conteúdo


específico até o limite da extensão.

10. EFEITO SUSPENSIVO (ART. 995)

10.1 Conceito: possibilidade de a sentença não produzir seus regulares efeitos quando
houver interposição de recurso.

10.2 Regra: recursos em geral não apresentam esse efeito.

10.3 Exceções: risco de dano grave ou probabilidade de provimento do recurso, ambos


por decisão do relator (art. 995, §único), além do recurso de apelação (art. 1.012)

11. RECURSO ADESIVO (ART. 997, §2º)

11.1 Conceito: não se trata de espécie de recurso, mas de uma forma de interposição.
Assim, no prazo em que o réu é intimado a apresentar contrarrazões, o mesmo poderá
recorrer adesivamente (“colado”, “ligado”, condicionado”!). Existe somente para apelação,
recurso extraordinário e especial.

11.2 E se o recurso principal não for admitido ou se houver desistência da parte contrária?
O mesmo destino tem o recurso adesivo!

RECURSO ADESIVO RECONVENÇÃO

Momento: prazo contrarrazões Momento: contestação


Recurso principal não admitido ou Inicial extinta: reconvenção prossegue
desistência: mesma sorte tem o adesivo

12. INFORMAÇÕES FINAIS SOBRE TEORIA GERAL DOS RECURSOS

12.1 Despachos são irrecorríveis

12.2 Prazo recursal unificado de 15 dias úteis (exceção: Embargos de Declaração, 05 dias).

12.3 Recurso interposto por um litisconsorte (pluralidade de sujeitos ativos ou passivos) a


todos aproveita, salvo interesses opostos.

12.4 O prazo recursal inicia-se da intimação da sentença (que pode ser inclusive em
audiência). Publicação da decisão recorrida.

12.5 Renúncia x desistência: renúncia é quando deixou de interpor recurso, já na


desistência o recurso foi interposto, mas há a desistência.

20/02/2024

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (ARTS. 1.022 E SS, CPC)

1. CONCEITO

Instrumento processual utilizado contra qualquer decisão judicial1, de 1º, 2º grau e


instâncias superiores para esclarecer obscuridade, eliminar contradição, suprir omissão
ou corrigir erro material do julgador, não possuindo como finalidade a reforma da
decisão.

Em regra, não cabe recurso nos despachos, mas sabe ED contra erro material, como por
exemplo, despacho designando audiência no dia 30 de fevereiro. Não tem efeito
devolutivo, pois não devolve para o juiz ad quem, quem recebe é o juiz a quo. Verbo:
opor.

2. HIPÓTESES DE CABIMENTO:

2.1 Esclarecer obscuridade: falta de clareza na ideia, onde a redação compromete o


entendimento. A doutrina não esclarece o conceito ou traz exemplos de obscuridade.
Geralmente não corre. Exemplo: imprime a sentença em processo físico e não dá para
entender, ou o juiz fundamenta que é “mais ou menos urgente”.

2.2 Eliminar contradição: enunciados inconciliáveis. Exemplo: as provas são favoráveis ao


autor, julgo improcedente.

1
Decisão interlocutória, sentença, acórdão.
2.3 Suprir omissão: ocorre quando o magistrado não discute todos os pontos requeridos
na peça processual. Também é considerada omissão nas hipóteses do art. 489, §1º, CPC2.
Decisão infra petita (são 5 pedidos, o juiz esquece de um).

2.4 Corrigir erro material: exemplo: erro de digitação (colocou 2030 e era 2020).

3. PRAZO PARA OPOSIÇÃO: 5 dias úteis, a contar da intimação da publicação.

3.1 Prazo para julgamento: 5 dias (art. 1.024, caput, CPC). Em tese, pois é um prazo
impróprio (não sofre preclusão, ou seja, não há consequência).

4. AUSÊNCIA DE PREPARO: tramita na mesma instância. Não há preparo, pois não há


custas e porte de remessa e retorno, por tramitar na mesma instância.

5. INTERRUPÇÃO DE PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DE DEMAIS RECURSOS PARA AMBAS


AS PARTES, QUANDO DA OPOSIÇÃO DE ED (ART. 1.026)

🡪 Exemplo: suponha que de uma sentença, foram opostos embargos de declaração no 4º


dia do prazo. Qual o prazo para a outra parte interpor recurso de apelação, se ainda não o
fez?

Ora, se o ED interrompe o prazo, ele volta a contar do zero a partir da decisão dos
embargos. Assim, as partes têm os prazos restituídos, exceto se os embargos forem
intempestivos.

Advogado se utiliza para ter mais tempo para apelar. No Juizado, o prazo suspendia, mas
hoje todos os prazos se interrompem,

6. EMBARGOS PROTELATÓRIOS (ART. 1.026)

6.1 Conceito: trata-se de um dano processual que atrasa o desfecho da causa, podendo
gerar litigância de má-fé. Atrasar, retardar a marcha processual sem fundamento.
Exemplo: consta na ata de audiência de 2020, mas o advogado diz que consta 2030.

🡪 1º ED protelatório: multa de até 2% valor da causa.

2
1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou
acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação
com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua
incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a
conclusão adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos
determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem
demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
🡪 2º ED: multa de até 10%, e a interposição de qualquer recurso ficará condicionada ao
depósito prévio do valor da multa, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de
gratuidade da justiça, que a recolherão ao final (condição sine qua non).

🡪 3º ED: inadmissibilidade imediata: parte perde a chance de embargar naquele processo


(1.026, §4º). Dessa forma, o juiz não admite/conhece o ED e não pode embargar uma 4ª,
5ª vez.

6.2 Destino dos valores: parte contrária.

7. EFEITO SUSPENSIVO?

Os ED NÃO possuem efeito suspensivo, mas há exceção. Logo, a sentença continua


produzindo seus efeitos regulares, salvo:

7.1 (1.026, §1º): os ED possuem o condão de suspender os efeitos da decisão quando juiz
ou relator verificar:

🡪 § 1º A eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser suspensa pelo respectivo


juiz ou relator se demonstrada a probabilidade de provimento do recurso ou, sendo
relevante a fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil reparação.

8. EMBARGOS COM EFEITOS INFRINGENTES (ART. 1.024, §4º)

Trata-se de situação anômala, episódica.

Imagine que o requerente embargou uma decisão e o requerido interpôs recurso de


apelação. Na decisão dos ED, há uma modificação da decisão embargada e, por esse
motivo, a apelação necessita ter suas razões alteradas ou ser complementada.

Em assim sendo, inicia-se o prazo de 15 dias para tanto.

Em regra, a parte contrária não se manifesta, ou seja, não há princípio do contraditório. A


exceção se dá com a oposição de embargos com efeitos infringentes.

O problema é quando a embargada, antes da oposição do ED, interpõe recurso de


apelação com base na decisão recorrida, que irá mudar com o ED. Da decisão do ED, a
parte contrária tem 15 dias para alterar ou complementar suas razões de apelação, nos
mesmos pedidos da apelação que foram modificados pela decisão do ED.

27/02/2024
RECURSO DE APELAÇÃO (1.009 E SS, CPC)

1. CONCEITO

Recurso que se interpõe contra sentenças, para que esta seja reexaminada pelos
Tribunais, visando obter reforma total ou parcial da decisão.

2. CABIMENTO

Art. 1.009: “da sentença cabe apelação”

Sentença: ∙ Finaliza a fase de conhecimento

(ECRM / ESRM) ∙ Finaliza fase de execução

∙ Ato do juiz reconhecido como tal nos procedimentos especiais (ex.:


formal de partilha)

* Extingue com ou sem resolução de mérito. Atenção especial à sentença parcial de


mérito?

3. POSSIBILIDADE DE RETRATAÇÃO DO JULGADOR OU EFEITO REGRESSIVO

Hipóteses:

3.1 Sentença que indefere a petição inicial (art. 331, CPC-ESRM)

3.2 Sentença que julga liminarmente improcedente o pedido (art. 332-ECRM)

3.3 Todas as sentenças terminativas (sem resolução de mérito - art. 485, CPC)

Assim, interposta a apelação, o magistrado possui 05 dias para se retratar.

4. PROCEDIMENTO DA APELAÇÃO NO JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU (A QUO)

Recebimento da apelação, apresentação de contrarrazões (art. 1.010, §1º, CPC),


possibilidade de recurso adesivo e remessa ao Tribunal.

Note! O juízo de primeiro grau não realiza o juízo de admissibilidade! Essa tarefa é
realizada pelo Juízo ad quem.

5. PROCEDIMENTO DA APELAÇÃO NO JUÍZO DE SEGUNDO GRAU (AD QUEM) (ART.


1.011, CPC)

5.1 Decisão monocrática: recurso não admitido ou prejudicado. “Não conheço do


recurso”. Referente aos pressupostos recursais. Prejudicado?
5.2 Decisão monocrática: recurso não provido quando a apelação for contrária à Súmula
do STF, STJ ou do tribunal em que o relator faz parte ou em julgamento de recursos
repetitivos ou entendimentos fixados em IRDR e IAC. Relator pode decidir sozinho.
Advogado errou. É admitida, mas não provida. Cabe agravo interno.

5.3 Provimento do recurso se a SENTENÇA for contrária à Súmula do STF, STJ ou Tribunal
de que faça parte o relator, Acórdão STF, STJ em julgamento de recursos repetitivos ou
entendimento fixado em IRDR ou IAC. Juiz errou.

🡪 Essas hipóteses ainda dizem respeito à decisão monocrática!

🡪 Se não for o caso de decisão monocrática, o relator elaborará seu


voto para julgamento do recurso pelo órgão colegiado.

Órgão colegiado: 1) Desembargador relator (profere voto) 2) desembargador e 3)


desembargador.

6. EFEITO SUSPENSIVO DA APELAÇÃO (ART. 1.012, §1º, I A VI, CPC)3

6.1 Regra: apelação possui tal efeito, suspendendo os efeitos da decisão anterior.

6.2 Exceções: nos incisos do §1º do art. 1.012, o recurso terá apenas efeito devolutivo e a
parte pode requerer execução provisória (§2º).

🡪 Como a apelação possui, em regra, efeito suspensivo e devolutivo, dizemos que a


mesma possui “duplo efeito”.

7. TEORIA DA CAUSA MADURA (ART. 1.013, §3º, CPC)

7.1 Conceito: processo se encontra com todas as alegações necessárias e provas


admitidas colhidas, desenvolvendo-se em sua inteireza e comportando imediato
julgamento pelo Tribunal.

7.2 Princípios: a teoria da causa madura relaciona-se aos princípios da primazia do mérito
e da razoável duração do processo. Desembargador afasta o vício e decide como se juiz
de primeiro grau fosse, desde que o réu citado e provas colhidas. Ex: omissão na decisão.
Não é necessário voltar ao primeiro grau, se a decisão for simples.

3
Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.
§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua
publicação a sentença que:
I - homologa divisão ou demarcação de terras;
II - condena a pagar alimentos;
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado;
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;
VI - decreta a interdição.
7.3 Hipóteses: ESRM / Omissão do magistrado / Falta de fundamentação na decisão.
Nestas hipóteses aplica-se a teoria da causa madura. Na prática, isso não ocorre.

8. REGRAS FINAIS E IMPORTANTES ACERCA DOS PRAZOS:

8.1 Art. 180, CPC: O Ministério Público possui prazo em dobro para manifestar-se nos
autos.

8.2 Art. 183, CPC: idem Fazenda Pública.

8.3 Art. 229, CPC: litisconsortes que possuem advogados com escritórios distintos: prazo
em dobro (§2º não se aplica se os autos forem eletrônicos).

05/03/2024

AGRAVO DE INSTRUMENTO E AGRAVO INTERNO (1.015 E SS, CPC)

AGRAVO DE INSTRUMENTO

1. CONCEITO

Recurso cabível contra decisões interlocutórias quando a hipótese de agravo for, em


regra, encontrada no art. 1.015, CPC. Vamos a ele:

Cabe agravo na sentença parcial de mérito (resolve fração dos pedidos, não termina o
processo)

2. CABIMENTO

Art. 1.015 - Cabe agravo de instrumento contra decisões interlocutórias que versarem
sobre:

I - tutelas provisórias; (seja urgência (antecipada e cautelar) ou evidência)

II - mérito do processo; (cuidado! Em regra, o mérito é decidido em sentença. Todavia,


pode ser decidido em interlocutória, que não põe fim ao processo. Logo, não caberia
apelação - Sentença parcial de mérito).

III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; (e se acolhe? - deslocamento de


competência do juiz do processo para câmara de arbitragem)

IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;

V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua


revogação; (rejeição da justiça gratuita - autor e revogação - réu. E se rejeita?)

VI - exibição ou posse de documento ou coisa; (exemplo - quebra de sigilo bancário)


VII - exclusão de litisconsorte; (e o aceite / recolhimento)

VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; (muita gente)

IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; (decisão que trata sobre


amicus curiae é irrecorrível)

X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à


execução;

XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º ; (ocorre na decisão


saneadora, por exemplo: o réu deve demonstrar fatos modificativos, extintivos e
impeditivos do direito do autor. Contudo, imaginemos que devido a uma dificuldade de
acesso à prova, o magistrado pode inverter o ônus da parte, que pode agravar - tanto
no deferimento quanto indeferimento, como por exemplo livro ponto no processo
trabalhista).

XII - (VETADO);

XIII - outros casos expressamente referidos em lei. (art. 100 da Lei de Falência e art. 19,
§1° da Ação Popular)

3. TAXATIVIDADE MITIGADA

O rol é taxativo, mas em casos de urgência comprovada cabe o AI.

🡪 Taxatividade mitigada (Jurisprudência do STJ: Resp nº 1.704.520, voto da Ministra


relatora Nancy Andrighi. 4

🡪 Por que exatamente tal rol no art. 1.015, CPC? Questões de política legislativa.

4. ART. 1.015, § ÚNICO:

Mais algumas hipóteses de cabimento. Também caberá agravo de instrumento contra


decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento
de sentença, no processo de execução e no processo de inventário.

* Resposta do AI: contraminuta e não contrarrazões.

5. E AS HIPÓTESES DE DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS NÃO CONTEMPLADAS NO ROL


DO ART. 1.015, CPC? COMO AGIR?

Num primeiro momento, a parte deve quedar-se inerte. Após, deverá o problema ser
vislumbrado em preliminar de apelação (ou contrarrazões), que faz as vezes de um
“agravo postergado”. Portanto, ou demonstra urgência ou espera o processo correr e
apresenta como preliminar de apelação (após a sentença).

6. PROCEDIMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO:

4
cf.:
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/STJ-define-hipoteses-de-cab
imento-do-agravo-de-instrumento-sob-o-novo-CPC.aspx
6.1 Distribuição: Dirigido diretamente ao Tribunal

6.2 Documentos a serem anexados no processo físico (art. 1.017. CPC):

Obrigatoriamente: cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a


decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou
outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas
aos advogados do agravante e do agravado5 + §1º: comprovante de custas.

🡪 Ausência de documentos obrigatórios (art. 1.017, §3º, CPC)?: prazo de 05 dias para
complementar. C/C art. 932, parágrafo único.

OBS: Na prática, no processo eletrônico junta as peças também.

7. INFORMAÇÃO DO AGRAVO NA ORIGEM - 1ª INSTÂNCIA (ART. 1.018, CPC):

7.1 No processo eletrônico (caput): agravante PODERÁ anexar cópia do Agravo de


Instrumento, assim como o comprovante de sua interposição e documentos.

7.2 No processo físico (art. 1.018, §2º, CPC): o agravante DEVERÁ agir em 03 dias contados
da interposição do agravo, sob pena do recurso não ser admitido (§3º).6

Portanto, se não informar e o agravado informar ao juízo, o recurso pode não ser
admitido.

* Não tem efeito suspensivo.

AGRAVO INTERNO (ART. 1.021, CPC)

1. CONCEITO

Contra decisão proferida pelo desembargador relator do recurso caberá agravo interno,
que será levado a julgamento pelo Tribunal (órgão colegiado).

2. PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO E CONTRAMINUTA (MANIFESTAÇÃO DO AGRAVADO):


15 DIAS ÚTEIS.

3. HIPÓTESES (ART. 932, CPC):

3.1 Relator inadmite recurso

5
Art. 1.017, II: com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I,
feita pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal.
6
Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição do
agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que
instruíram o recurso.
§ 1º Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará prejudicado o
agravo de instrumento.
§ 2º Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista no caput, no prazo
de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo de instrumento.
§ 3º O descumprimento da exigência de que trata o § 2º, desde que arguido e provado pelo
agravado, importa inadmissibilidade do agravo de instrumento.
3.2 Relator nega provimento ao recurso

3.3 Relator atribui efeito suspensivo ao recurso

3.4 Relator defere tutela antecipada

4. MULTA POR AGRAVO INTERNO MANIFESTAMENTE INADMISSÍVEL OU


IMPROCEDENTE EM VOTAÇÃO UNÂNIME - 3X0 (ART. 1.021, §4º, CPC):

O órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar ao


agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa.

🡪 Note! § 5º: A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito


prévio do valor da multa prevista no § 4º, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário
de gratuidade da justiça que farão o pagamento ao final.

12/03/2024

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