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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

1. RECURSO
Conceito: recurso é o meio destinado a provocar o reexame da decisão judicial, no mesmo
processo em que foi proferida, com objetivo de obter a invalidação, reforma, esclarecimento
ou integração.

• O recurso prolonga o estado de litispendência, não instaura processo novo. Esse fato
se afasta as ações autônomas (ação rescisória, mandado de segurança contra ato
judicial, reclamação, embargos de terceiro etc.), que estão fora do âmbito recursal.
• O direito de recorrer é potestativo, visto que produz a instauração do procedimento
recursal e o respectivo complexo de situações jurídicas dele decorrentes, como no
caso da tutela jurisdicional recursal – direito à resposta do Estado-juiz, que deve ser
qualificado pelos atributos do devido processo legal.
• Em regra os recursos possuem duas faces, podendo ser (i) provocação da matéria e
(ii) impugnação da decisão recorrida. Todavia, vale ressaltar que, existe também a
possibilidade de impugnação involuntária. Ex.: numa apelação, há provocação e há
impugnação, sendo está ultima voluntaria – depende da vontade de alguém, esse caso
é diferente na remessa necessária, que tem seu impulso por meio da lei, não
dependendo de ninguém para fazê-la. Portanto, poderá o recurso ser voluntario ou
involuntário.
Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:
I - apelação;
II - agravo de instrumento;
III - agravo interno;
IV - embargos de declaração;
V - recurso ordinário;
VI - recurso especial;
VII - recurso extraordinário;
VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;
IX - embargos de divergência.

1.1. MEIOS DE IMPUGNAÇÃO.


a. Recursos: é o meio de impugnação da decisão judicial proferida internamente no
mesmo processo. Por meio do recurso, prolonga-se o curso (a litispendência) do
processo.
b. Ações autônomas de impugnação: é uma impugnação da decisão judicial que da
origem a um novo processo, com objetivo de atacar ou interferir em decisão judicial.
A principal diferença do recurso é que não se trata de uma forma que abrange o
mesmo processo, mas sim um novo. Ex.: ação rescisória, embargo de terceiro,
mandato de segurança e o habeas corpus contra ato judicial e a reclamação.
c. Sucedâneos recursais: é uma forma de impugnação residual, ou seja, tudo o que não
for nem do tópico a. e b. serão automaticamente sucedâneos recursais. Ex.: pedido
de reconsideração, pedido de suspensão.
Resumo da vídeo aula:

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Meios para impugnar as decisões judiciais: serve para tornar a tutela jurisdicional plena,
perfeita e justa. Logo, podem ser:
i. Meios incidentais (art.994 e ss do CPC): São situações que acontecem dentro
do próprio processo, de modo a impugná-lo. Por esse motivo nenhum recurso
pode gerar processo novo, limitando-se internamente ao que está em andamento.
Portanto, implica em um prolongamento do processo.
ii. Meios autônomos: É ação judicial que ocorre após o trânsito em julgado,
quando o processo já terminou. É o caso da ação rescisória e Querela nullitatis
insanabilis. São formas de impugnação à decisão que foi proferida em processo
que já transitou em julgado. Nesse caso, ocorre a geração de novo processo.
Conceito:
“é remédio voluntário A, idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo B, a reforma, a
invalidação, o esclarecimento, a integração ou a correção C da decisão judicial a que
se impugna D”.
A. Nenhum recurso é obrigatório. Remessa necessária não é recurso.
B. Nenhum recurso gera processo novo.
C. Basicamente é o rol dos pedidos recursais, logo todo recurso deve haver pedido(s).
i. Em REGRA a maioria dos recursos são justificados por meio da possibilidade
de:
a. Reforma (erro in judicando - erro de julgamento): Ocorre quando tem-
se uma má apreciação do direito material discutido no processo, isto é,
má apreciação do direito processual.
b. Invalidação (erro in procedendo – erro de procedimento).
ii. Embargo de declaração (é a EXCEÇÃO): ele será aplicado em casos de:
a. omissão (integração)
b. contradição ou obscuridade (esclarecimento)
c. erro material (correção, integração).
D. Serve para impugnar decisão judicial, sendo elas:
i. Despachos (NÃO CABE RECURSO)
ii. Dec. interlocutórias.
iii. Sentenças.
iv. Decisões monocráticas
v. Acórdãos

1.2. PRINCIPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO.

É o principio que assegura as partes ao menos um recurso a ser utilizado, seja qualquer
hierarquia do órgão jurisdicional no qual teve inicio o processo.
“O principio do duplo grau de jurisdição pressupõe dois órgãos judiciários diversos,
postos em posição de hierarquia: um inferior, outro superior. A decisão proferida pelo
órgão de grau inferior é revista pela decisão proferida pelo órgão de grau hierárquico
superior. A segunda decisão não é necessariamente melhor que a primeira; é apenas
superior, ou seja, é apenas proferida por um órgão hierarquicamente superior”.
Seu principal objetivo é prevenir abuso de poder por parte do juiz

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Obs.: no sistema brasileiro somente as decisões interlocutórias são imediatamente recorríveis
(art. 1.015, CPC/15), as demais são impugnáveis na apelação (art. 1.009, CPC/15).
Cabe mencionar também que não se trata de um direito absoluto ou irrestrito1.
1.2.1. Duplo grau vertical e horizontal.
Existem duas formas de se exercer tal princípio:
i. Vertical: é aquele em que a apreciação ocorre por uma instância superior ao ato
decisório proferido pelo órgão anterior.
ii. Horizontal: é aquele em que o reexame ocorre por um órgão da mesma
hierarquia, mas com uma composição diferente da que proferiu a decisão
anterior, é comum nos Juizados Especiais, nos quais o recurso é reexaminado
por uma turma composta por juízes da primeira instância.

1.2.2. Limitações ao duplo grau.


As regras que outorgam competência originária para os tribunais julgarem certas causas, sem
recurso de devolução plena, não importam violação ao duplo grau.
É possível também o tribunal julgar direto o mérito, sem que antes o órgão haja proferido
uma sentença (art. 1.013, p. 3°, CPC/15). Há também aquelas que permitem ao recorrente
deduzir questões novas no recurso (art. 1.014, CPC/15).
Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.
(...)
§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde
logo o mérito quando:
I - reformar sentença fundada no art. 485 ;
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da
causa de pedir;
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.

Art. 1.014. As questões de fato não propostas no juízo inferior poderão ser suscitadas na
apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior.
Há regras que merecem destaque: a) apreciada uma das questões de mérito (decadência, por
exemplo), o tribunal, rejeitando-a, julga as demais que não foram examinadas na sentença
(art. 1.013, §1°, CPC); b) interposta apelação contra sentença que não examina o mérito (art.
485, CPC), o tribunal pode julgar diretamente o mérito (art. 1.013, §30, 1, CPC); c) o tribunal
percebe afronta à regra da congruência (arts. 141 e 492, CPC) e, anulada a decisão, prossegue
e julga o mérito sem esse vício (art. 1.013, §30, II, CPC); d) o juiz omite a apreciação de um
dos pedidos formulados pelo autor e o tribunal corrige o vicio, julgando-o (art. 1.013, §30,
III, CPC); e) o juiz, num caso de cumulação eventual de pedidos, acolhe o primeiro e deixa

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O duplo grau confere o direito a um duplo julgamento. Não se trata de direito absoluto ou irrestrito,
podendo ser limitado. Tanto que há causas de competência originária do STF (art. 102, 1, CF/1988), em
que não há duplo grau de jurisdição. Há, porém, recursos garantidos constitucionalmente, e que não
podem ser eliminados por lei infraconstitucional (p. ex.: o recurso ordinário para o STF, art. 102, II, e para
o STJ, art. 105, II, ambos da Constituição Federal). Os recursos não previstos constitucionalmente podem
ser limitados pela legislação infraconstitucional (DIDIER, 2019).

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de examinar o segundo, mas o tribunal rejeita o primeiro e acolhe o segundo, ou vice-versa
(art. 1.013, §30, III, CPC); 1) o tribunal anula a sentença por vício de fundamentação (art.
489, §-1°, CPC) e julga a causa com a motivação adequada (art. 1.013, §30, IV).
Portanto, o processo de duplo grau de jurisdição permite que o tribunal assuma os mesmos
poderes do órgão a quo, mas para que ele possa agir dentro dessas competências é preciso
que (i) seja de iniciativa do vencido, ou por meio da (ii) remessa necessária, que tem parâmetro
legal.
2. CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS.

2.1. Quanto à extensão da matéria.


Eles se dividem em (i) parcial e (ii) total: art. 1002 CPC/15, aqui aplica-se o termo quantum
devolutum quantum appellatum, isso é, só se devolve ao tribunal aquilo de fato foi recorrido.

Art. 1.002. A decisão pode ser impugnada no todo ou em parte.


i. O parcial é aquele em que, em razão da limitação voluntária não compreende a
totalidade do conteúdo impugnável, isto é, somente uma parte do capítulo da
decisão2 é impugnado.
Os capítulos de sentença podem versar sobre o mérito, ou seja, sobre o pedido
formulado pela parte, podem versar sobre matéria processual ou podem
igualmente versar tanto sobre matéria processual como sobre o mérito.
Vale mencionar que os capítulos não são dependentes, sendo assim, impugnado
somente uma parte, não poderá de modo nenhum atingir a parte não impugnada,
portanto, o capítulo não impugnado é atingido pela preclusão.
a. A preclusão aqui diz respeito a perda de faculdade de se praticar o ato, seja
ela (i) temporal, quando ocorre por meio da perda do prazo; (ii) consumativa, que
recai sobre o ato já praticado, ou ainda, (iii) lógica, é aquela que apresenta
concordância com o ato que já foi decidido, como no caso do recurso
mesmo, isso porque, se a parte não impugna a decisão, presume-se que houve
a concordância com o que foi estabelecido, logo, quando proferida a sentença
não caberá mais a interpelação de recurso, pois a decisão além de se tornar
imutável foi consumida pela preclusão (art. 507, CPC/15).
Art. 507. É vedado à parte discutir no curso do processo as questões já
decididas a cujo respeito se operou a preclusão.
O art. 1.013, p. 1°, do CPC/15 embora fale sobre a apelação, pode-se utilizar
como parâmetro para os demais recursos, de modo análogo.
§ 1° Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as
questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido
solucionadas, desde que relativas ao capitulo impugnado.

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Capitulo da decisão: quando o juiz profere uma decisão ele analisa o mérito, isso é, o pedido. Com base
no que foi requerido pelo autor o juiz julgará procedente ou improcedente estabelecendo suas devidas
fundamentações legais, desta maneira, cada pedido deve estar acompanhada de sua devida justificativa
de acordo com os dispositivos, e para uma melhor organização são divididas em capítulos. Logo, cada
capitulo tem uma decisão fundamentada do pedido, seja ele procedente ou não.

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ii. Total é aquele que atinge todo o conteúdo impugnável da decisão recorrida, caso
a parte não destaque a parte que deseja impugnar, o recurso aplicado será contra
toda a decisão.

2.2. Quanto a fundamentação.


Divide-se em:
i. Fundamentação livre: é aquele em que existe uma certa liberdade para estabelecer
criticas a decisão, sem que isso gere impactos na admissibilidade.
ii. Fundamentação vinculada: é aquela limitada pelas razões legais, sendo assim,
precisa de uma fundamentação típica para que possa estabelecer a crítica.
2.3. Atos sujeitos a recurso e recurso em espécie.
Cabe mencionar que despachos, atos não decisórios, são irrecorríveis (art. 1001 CPC/15).
Tal como, são irrecorríveis os atos praticados pelo escrivão ou chefe por conta da delegação
do magistrado (art. 152, VI; art. 203, p. 4°, CPC; art. 93, XIV, CF). precisam de motivação
pelo próprio magistrado sem maiores formalidades.
Art. 1.001. Dos despachos não cabe recurso.
As decisões que podem ser proferidas pelo juízo singular são a decisão interlocutória e a
sentença. Será decisão interlocutória toda decisão que não encerrar o procedimento em
primeira instância; sentença é a decisão judicial que, enquadrando-se numa das hipóteses do
art. 485 ou do art. 487 do CPC, encerra o procedimento em primeira instância, ultimando a
fase de conhecimento ou de execução

2.4. Recurso principal ( independente) e adesivo.


O (i) recurso principal é aquele que aplica-se independentemente da vontade de outra pessoa,
pois houve sucumbência no processo, de forma que a decisão o prejudicou (é o que ocorre
geralmente). Aqui tem-se a parte recorrente legitima ingressando com recurso, afim de
modificar a decisão ao seu favor.
O (ii) recurso adesivo, previsto no art. 997 do CPC, estabelece que depende do recurso
principal, logo, só subsiste se o principal existir. Portanto, é aquele que não ia impugnar, mas
o fez em razão da impugnação de outro litigante.
Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das
exigências legais.
§ 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro.
§ 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas
regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição
legal diversa, observado, ainda, o seguinte:
I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que
a parte dispõe para responder;
II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial;
III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado
inadmissível.

Somente é possível cogitar a interposição do recurso adesivo em vista de sucumbência


reciproca (ambos devem perder e ganhar) – art. 997, p. 1°

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§ 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir
o outro.
• O recurso adesivo não é espécie de recurso, mas sim uma forma de interposição.
• Remessa necessária não é passível de recurso adesivo, pois a sua interposição é
forçada.
• Só podem ser objeto de recurso adesivo: apelação; recurso especial e extraordinário.
• Para valer precisa ser admitido. Ficando condicionado ao juízo de admissibilidade do
recurso principal.
• São, portanto, pressupostos para o manejo do recurso adesivo: decisão em que houve
sucumbência recíproca, o recurso de uma parte e o silêncio da outra (aquela que
pretende interpor o recurso adesivo).
Ex: em uma ação indenizatória, o autor pede 500 mil, ao passo que o réu alega que não deve
pagar tal quantia. Ao decidir o juiz aplica que o réu terá que pagar 250 mil para o autor.
Após a decisão o perdedor (réu) entra com recurso alegando que não deve pagar nada. Ao
saber desse fato o autor poderá entrar com recurso adesivo para reivindicar o valor pedido
inicialmente (500 mil).
OBS: a legitimidade da parte recorrente só aplica-se ao perdedor, sendo o réu a parte legitima
para entrar com recurso. Todavia, por meio do recurso adesivo, poderá o autor recorrer para
validar o seu direito. Sendo assim, sem o recurso principal o autor não poderia entrar com
recurso, visto que não é legitimo.

CONFIRMAR ISSO DEPOIS.


2.5. Recurso ordinário e extraordinário/ excepcional
O recurso ordinário é o mais comum, ao qual visa a tutela de um direito subjetivo.
O recurso extraordinário visa a tutela do direito objetivo.
3. Desistência do recurso
O recorrente pode revogar o recurso, de modo a qualificar a desistência. Podendo ser (i) total
ou (ii) parcial. Tal desistência pode ser por escrito ou em sustentação oral, sem necessidade
do consentimento da outra parte e de homologação judicial para produzir efeitos (art. 9998
CPC/15).

Recurso interposto ---------------------- desistência


Recurso não interposto ----------------- renúncia
Uma vez configurada a desistência do recurso não caberá mais aplica-lo, mesmo que dentro
do prazo, sendo considerado inadmissível.
A desistência do recurso é especial e deve ser expressa na procuração outorgada ao advogado
(art. 105, CPC).3

3
Há uma regra especial de desistência do recurso interposto pela Fazenda Nacional. O art. 19 da Lei n.
10.522/2002 autoriza a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional a "não contestar, interpor recurso ou
desistir do que tenha sido interposto" sempre que a tese fazendária for contrária a: (i) precedentes
oriundos do julgamento de recursos repetitivos); (ii) à jurisprudência pacífica do STF e demais Tribunais

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Art. 105. A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento público ou particular
assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, exceto receber
citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito
sobre o qual se funda a ação, receber, dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de
hipossuficiência econômica, que devem constar de cláusula específica.

Desistência do processo não se confunde com desistência do recurso.


Desistência do processo Desistência do recurso
Estingue-se o processo sem resolução do Pode implicar extinção do processo com
mérito (art. 485, III, CPC) julgamento do mérito ou sem julgamento
do mérito; pode não implicar a extinção do
processo, como no caso de uma desistência
de um agravo de instrumento;
Precisa ser homologada pelo magistrado Dispensa homologação (art. 998 do CPC);
(art. 200, par. (An., CPC);

Depende do consentimento do réu, se já Independe de anuência do recorrido (art.


houve contestação (art. 485, § 40 , do CPC); 998 do CPC);

Requer poder especial do advogado Também requer poder especial, quando


implicar a extinção do processo; mas o
poder especial será de disposição de direito
material (renúncia ou reconhecimento),
quando houver extinção do processo com
análise do mérito.

4. Juízo de admissibilidade e juízo de mérito do recurso.


4.1 distinção
Juízo de admissibilidade requer que a decisão sobre a aptidão de um procedimento tenha
seu mérito (objeto litigioso) analisado.
Toda postulação se sujeita a um duplo exame do magistrado, em um primeiro momento
observa-se se será possível o exame do conteúdo da postulação; após a analise positiva
no primeiro momento, examina-se a procedência ou não daquilo que se postula.
No juízo de mérito é aquele "em que se apura a existência ou inexistência de fundamento
para o que se postula, tirando-se dai as consequências cabíveis, isto é, acolhendo-se ou
rejeitando-se a postulação. No primeiro, julga-se esta admissível ou inadmissível; no
segundo, procedente ou improcedente".

Juízo de admissibilidade ---------------- admissível ou inadmissível.


Juízo de mérito --------------------------- procedente ou improcedente.
O juízo de admissibilidade condiciona o juízo de mérito, sendo admissível ele terá seu
mérito analisado.

Superiores, devidamente ratificada por ato declaratório do Procurador Geral da Fazenda Nacional
aprovado pelo Ministro da Fazenda.

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4.2. Generalidades sobre o juízo de admissibilidade
Poderá ser (i) positivo, quando se conhece ou admite o recurso, passando para analise do
mérito. Será (ii) negativo quando não se admite ou conhece do recurso, sem que o mérito
seja analisado.
Poderá ser (i) provisório, quando o recurso for interposto perante o órgão a quo, esse a
depender da previsão normativa poderá exercer o juízo provisório de admissibilidade.
Cabendo ao órgão ad quem exercer o juízo (ii) definitivo de admissibilidade.4
4.3. Objeto do juízo de admissibilidade
Podem ser:
a. Requisitos intrínsecos: que se são destinados à própria existência do direito de
recorrer.
b. Requisitos extrínsecos: relativos ao modo de exercício do direito de recorrer
4.3.1. requisitos intrínsecos
4.3.1.1. Cabimento:
o cabimento é um requisito de admissibilidade que deve ser examinado sobre dois
aspectos : (i) se a decisão é recorrível e (ii) qual recurso que cabe essa decisão.
4.3.1.1.1. Princípios:
a. fungibilidade dos recursos: é possibilidade da conversão de um recurso em outro, no
caso em que houver equivoco da parte (não pode ser erro grave, que prejudique o
procedimento).
Assim é permitido aceitar um recurso em decorrência do outro se tiver regado de boa-fé
objetiva.
Para avaliar o comportamento é necessário analisar dois pontos:

• Dúvida objetiva: é preciso existir uma dúvida razoavelmente aceita, com base nos
elementos objetivos – como equivocidade de texto da lei, divergência doutrinaria ou
jurisprudência.
• Erro grosseiro: é quando não há justificativa necessária para configurara a mudança
de um recurso por outro.
b. Regra da unicidade, unirrecorribilidade ou singularidade: segundo esse princípio fica
vedado a utilização de dois recursos diferentes para a mesma decisão, caso que implica a
inadmissibilidade do recurso (REGRA GERAL).5

4
É importante frisar que, ressalvado o caso do agravo de instrumento (arts. to-15 e segs., CPC), os recursos
são interpostos perante o órgão que proferiu a decisão recorrida. Nada obstante isso, em regra o juízo a
quo não tem competência para fazer o juízo de admissibilidade do recurso - o recurso extraordinário e o
recurso especial excepcionam a regra, pois, em relação a eles, o juízo a quo tem competência para
proceder ao primeiro juízo de admissibilidade. O juízo ad quem sempre terá a competência para proceder
ao juízo de admissibilidade do recurso.
5
A regra da singularidade não impede a interposição de um único recurso para impugnar mais de uma
decisão. Se, por exemplo, o juiz profere uma decisão e, antes do término do prazo recursal, vem a proferir

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EXCEÇÕES:
i. Contra acórdãos complexos: é possível ocorrer o cabimento simultâneo de um
recurso especial e outro extraordinário.
ii. Interposição simultânea de embargos de declaração e outro recurso contra a
decisão (é fato discutível na doutrina, coisa rara de acontecer).
c. Regra da Taxatividade: é vedada a criação de recurso para se aplicar a decisão, sendo
admitidos somente os que constam na lei, em rol taxativo de numerus clausus.
4.3.1.2. Legitimidade:
Segundo o art. 996 do CPC/15: "O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo
terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica".
Dentro desses parâmetros tem-se:
i. Parte: é preciso examinar a legitimidade recursal da parte. Para tal, a lei determina
que para recorrer não precisa necessariamente ser autor ou réu, podendo também
recair sobre terceiros.
a. Podendo ser: o assistente (simples ou litisconsorcial), o denunciado, o
chamado, etc. também possuem legitimidade para recorrer.6
ii. Recurso do assistente simples: o paragrafo único do art. 121 do CPC/15
estabelece: "sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o
assistente será considerado seu substituto processual". Com base nesse fragmento
entende-se que o assistente simples pode suprir qualquer omissão, não se
limitando aos casos de revelia. Portanto, se o assistido tiver manifestado vontade
de não recorrer, renunciando ao recurso ou desistindo, não poderá o assistente
ser admitido, visto que a manifestação do assistido é negativa.
iii. Amicus curiae: a legitimidade do amicus curiae não está contemplada no referido
dispositivo, isso porque, o CPC considera que ele seja sujeito parcial do processo,
ao se tratar da intervenção de terceiro. Sendo assim, os poderes processuais do
amicus curiae não são os mesmos das partes principais (autor e réu). Vale
mencionar, que como regra geral não cabe a essa modalidade recurso (art.138, p.
1°, CPC). existem duas exceções7 que não são tão frequentes. Cabe mencionar
uma possibilidade de recurso, que recai sobre a não admissão da intervenção, visto
que o art. 138 considera somente irrecorrível aqueles que forem admitidos (não
entendi muito bem).
iv. Terceiro: terceiro é aquele que não participa do processo, todavia, com o recurso
passa a fazer parte do processo. O terceiro terá que demonstrar que a decisão

outra, pode a parte, num único recurso, impugnar ambas, desde que esse mesmo recurso seja adequado
a combater as duas decisões
6
"parte vencida" também deve ser incluído aquele sujeito processual que é parte apenas de alguns
incidentes, como é o caso do juiz, na arguição de suspeição ou de impedimento de suspeição (art. 146,
§50, CPC), e o terceiro desobediente, no caso da aplicação da multa do §2° do art. 77 do CPC.
7
duas exceções: garante-se a ele o direito de opor embargos de declaração (art. 138, §10, fine, CPC) e o
de recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas (art. 138, §30; arts.
976 e segs., CPC). Em razão da existência de um microssistema de julgamento de casos repetitivos (art.
928, CPC), a permissão de interposição de recursos deve estender- -se, também, ao julgamento de
recursos especiais ou extraordinários repetitivos

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judicial pode recair sobre direito em que é titular ou que possa discutir como
substituto processual (996, p.u, CPC). hipóteses de recurso por parte de terceiro:
a. O terceiro afirma ser o titular ou cotitular da relação jurídica discutida.8
b. O terceiro afirma ser o titular ou cotitular da relação jurídica conexa àquela
discutida no processo.
c. O terceiro afirma ser legitimado extraordinário, ao qual é autorizado a discutir
em juízo direito em que ele não é o titular.
v. Ministério Público: o MP poderá recorrer quando atuar como parte ou fiscal da
lei (Enunciado 99, da Súmula do STJ):
"O Ministério Público tem legitimidade para recorrer no processo em que oficiou
como fiscal da lei, ainda que não haja recurso da parte.”
Poderá, ainda, recorrer em ação acidentária (En. 226 da Súmula do STJ)
"O Ministério Público tem legitimidade para recorrer na ação de acidente do
trabalho, ainda que o segurado esteja assistido por advogado".

4.3.2. Interesse
Para que o recurso seja admitido é preciso que haja utilidade, devendo o recorrente aguardar
pela situação mais vantajosa.
En. 126, Súmula do STJ: : "É inadmissível recurso especial, quando o acórdão
recorrido assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer
deles suficiente, por si só, para mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso
extraordinário".

4.3.2.1. Interesse recursal eventual


Nem sempre o interesse recursal surge após a intimação da decisão, podendo ocorrer
posteriormente. Como no caso da parte vencedora que por ter ganhado não manifesta
interesse em apelar uma decisão interlocutória, todavia, poderá a parte perdedora entrar com
recurso de apelação, demonstrando que a parte vencedora terá que manifestar o interesse
para rediscutir os fatos após a apelação.
5. Preparo
O preparo consiste em adiantamento das despesas relativas ao processamento do recurso,
sob pena de deserção. Pode-se alegar que a deserção é causa objetiva de inadmissibilidade.
É preciso que seja provado no momento da interposição, como menciona o art. 1007,
CPC/15, de forma anexada peça recursal. Segundo o art. 5° da Lei n. 11.636/2007: "o
preparo compreende todos os atos do processo, inclusive a baixa dos autos".
Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido
pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno,
sob pena de deserção.

8
O CPC admite o recurso de terceiro juridicamente prejudicado''''. O terceiro prejudicado há de afirmar-
se titular ou da mesma relação jurídica discutida ou de uma relação jurídica conexa com aquela deduzida
em juizo, ou, ainda, ser um legitimado extraordinário.

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§ 1º São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos
interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados,
pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal.
§ 2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno,
implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-
lo no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 3º É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos
eletrônicos.
§ 4º O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento
do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu
advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção.
§ 5º É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive
porte de remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do § 4º.
§ 6º Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por
decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo.
§ 7º O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena
de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o
recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias
• O preparo incide também sobre o recurso de terceiro: § 3° do art. 6° da Lei
11.636/2007, que cuida do regime de custas perante o STJ: "O terceiro prejudicado
que recorrer fará o preparo do seu recurso, independentemente do preparo dos
recursos que, porventura, tenham sido interpostos pelo autor ou pelo réu".
O valor do preparo não é devolvido se o recurso não for conhecido (admitido), da mesma
forma ocorre com o valor dos portes de remessa e de retorno dos autos.
5.1. Problemas do preparo:
a. falhas na comprovação
seria o equivoco no preenchimento da guia de custas ou defeito na cópia
§ 7º O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da
pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao
recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias.
b. ausência de preparo.
Na ausência do preparo o relator intima a parte para que ela pague em dobro, sob pena de
deserção (art.. 1007, p. 4°, CPC/15). Por não haver um prazo direcionado a ele, aplica-se a
regra geral de 5 dias (art. 218, p. 3°, CPC), salvo se outro for definido pelo juiz.
§ 4º O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento
do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu
advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção.

Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei.
(...)
§ 3º Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o
prazo para a prática de ato processual a cargo da parte.
• A natureza dessa sanção é de multa, sendo assim, não se aplica as despesas de
sucumbência.

11
• Caso mesmo após a intimação, o recorrente pague valor inferior ao dobro, ele não
será enquadrado no p. 2° do 1007:
§ 2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno,
implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a
supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias.
• Encontra-se superado o entendimento do En. 187 da Súmula do STJ: 'É deserto
o recurso interposto para o Superior Tribunal de Justiça, quando o recorrente não
recolhe, na origem, a importância das despesas de remessa e retorno dos autos'

c. Preparo insuficiente
A insuficiência no valor do preparo gera a deserção, se o cliente não complementar o valor
necessário no prazo de 5 dias (p. 2°, art. 1007, CPC). Portanto, a insuficiência está ligada com
o pagamento inferior ao devido.

• A deserção é sanção de inadmissibilidade

5.3. Relevação da deserção.


§ 6º Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por
decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo.

Só será possível com a comprovação do justo impedimento, podendo fazer o preparo em


até 5 dias, sem qualquer multa. Sendo essa decisão irrecorrível.9
5.4. Sujeitos dispensados do preparo
São dispensados de preparo os recursos interpostos pelo Ministério Público, União, Estados,
Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal, como o beneficiário
da justiça gratuita (art. 98, §1°, VIII, e § 1° do art. 1.007, CPC).10
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para
pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da
justiça, na forma da lei.
VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para propositura de ação e para
a prática de outros atos processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do contraditório;

5.5. Dispensam o preparo os recursos:


a. Embargos infringentes de alçada (art. 34 da Lei Federal n. 6.830/1980)
b. Agravo em recuso espacial ou extraordinário (art. 1.042, §2°, CPC)
c. Recursos do ECA (art. 198, I, Lei n. 8.069/1990)
d. Agravo interno e embargos de declaração (art. 1.023, CPC).

9
Se o recurso foi protocolado dentro do prazo, durante o expediente forense, mas após cessado o
expediente bancário, vindo o preparo a ser efetuado no primeiro dia útil subsequente à atividade
bancária, não há deserção (n. 484 da súmula do STJ).
10
O pedido de gratuidade de justiça pode ser formulado no próprio recurso (art. 99, caput, CPC). Nesse
caso, o recorrente estará dispensado de comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao relator,
neste caso, apreciar o requerimento e, se indeferido, fixar prazo para realização do recolhimento (art. 99,
§7), CPC).

12
6. Cumulação de pedidos.
Pode ser (i) própria11, quando há vários pedidos em um único processo, com possibilidade
de serem acolhidos. Existe a (ii) imprópria, ao qual são designados vários pedidos, todavia
somente um poderá ser acatado, sendo que, ao acolher um, não poderá escolher outro.
Existe também a possibilidade de alegação conjunta do erro in procedendo e erro iudicando,
sendo empregados como causa de pedir.

• É preciso que haja uma organização. Primeiro alega-se o erro de forma, para
posteriormente demonstrar o erro da decisão.

7. PRINCIPIO DA PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS. VEDAÇÃO


AO BENEFICIO COMUM DO RECURSO.
Esse princípio estabelece que não é permitido agravar a situação do recorrente (perdedor),
só sendo possível a melhora ou seu mantimento.

• Não é aceito que a decisão do tribunal ad quem, determine uma decisão


desfavorável12
OBS: segundo o artigo 85, CPC/15. É possível a majoração dos honorários advocatícios na
instancia recursal. Portanto, é possível que o recorrente tenha a sua situação piorada após o
julgamento do recurso, em vista do aumento da condenação ao pagamento de horários
advocatícios. Note-se que, essa decisão não incide sobre o capitulo da decisão que foi
recorrido.
8. Efeitos dos Recursos.
8.1. Impedimento ao trânsito em julgado.
A interposição do recurso impede o trânsito em julgado da decisão, todavia, somente o
recurso admitido gera esse efeito.
8.2. Efeito suspensivo.
O efeito suspensivo provoca o impedimento da produção imediata dos efeitos da decisão.
Desta forma, o efeito suspensivo decorre da recorribilidade.
Uma vez não interposto o recurso, opera-se o trânsito em julgado.
8.3. Efeito devolutivo.
É comum a todos os recursos, de modo que é a essência do recurso provocar o reexame da
decisão.

ANOTAR DEPOIS O QUE TIVER NA VIDEO AULA.

11
A cumulação própria pode ser simples ou sucessiva. A simples caracteriza-se por serem autônomos os
pedidos. . Já a sucessiva se caracteriza pela dependência do segundo pedido relativamente ao primeiro:
o segundo só será examinado se o primeiro for acolhido.
12
SÚMULA 45 - NO REEXAME NECESSARIO, E DEFESO, AO TRIBUNAL, AGRAVAR A
CONDENAÇÃO IMPOSTA A FAZENDA PUBLICA.

13
DOS RECURSOS EM ESPÉCIES
9. APELAÇÃO
Apelação é o recurso cabível contra sentenças e as decisões interlocutórias não impugnáveis
por agravo de instrumento.
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.
§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não
comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas
em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas
contrarrazões.
§ 2º Se as questões referidas no § 1º forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente será
intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas.
§ 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões mencionadas no
art. 1.015 integrarem capítulo da sentença.

A apelação poderá ser interposta contra toda e qualquer sentença, independentemente da


apreciação do mérito, em jurisdição contenciosa ou voluntária.

• Sentença: é a decisão que encerra uma fase do procedimento.


• Decisão interlocutória: é aquela que não põe fim ao procedimento na instância. Se
caso tiver como conteúdo uma das hipóteses dos art. 485 ou 487, a decisão
interlocutória será uma decisão parcial impugnável por agravo de instrumento13.
9.1. Sentenças que não são apeláveis
Embargos infringentes de alçada: Das sentenças proferidas em execução fiscal de valor igual
ou inferior a 50 obrigações reajustáveis do tesouro nacional, só será possível embargos
infringentes de alçada ou de declaração.
Sentença que decreta falência: da decisão que decreta a falência cabe agravo de instrumento
(art. 100, primeira parte, Lei n° 11. 101/2005).
9.2. Apelação contra decisão interlocutória.

Observações necessárias:
a. A apelação somente é aplicável à fase de conhecimento, não sendo possível na
liquidação, cumprimento de sentença e nem ao processo de execução de titulo
extrajudicial (apelação). Nesses casos, toda e qualquer decisão interlocutória é
passível de agravo de instrumento, também é permitido nos processos de
inventário. Assim, é passível de agravo de instrumento e NÃO de apelação:
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem
sobre:
(...)
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias
proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo
de execução e no processo de inventário.

13
Observar os artigos 485; 487; 354, p.ú. e 1.015, II, CPC/15.

14
b. Na fase de conhecimento, as decisões agraváveis são sujeitas à preclusão, caso não
tenham sido interposto o recurso. Ao contrário, as que NÃO são agraváveis não se
sujeitam a preclusão imediata.
Quando o parágrafo 1° do 1009, CPC/15 determina que essas decisões não
precluem, indiretamente ele diz que não são passíveis de agravo de instrumento,
sendo a apelação o recurso cabível.
§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não
comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser
suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final,
ou nas contrarrazões.

9.3. Análise do parágrafo 1° do 1.009.


Quando no parágrafo primeiro o legislador colocou a palavra “suscitadas”, ele se refere a
“impugnada”. Assim, a parte que pretende recorrer da decisão interlocutória terá que realizar
esse ato na apelação.
Como a parte vencida (perdedor) tem legitimidade para recorrer, seja da sentença ou decisão
interlocutória, a apelação terá como objetivo atingir as duas espécies de decisão. Assim
poderá recorrer contra ambas durante a apelação.
No caso de ambas impugnações conjuntas, ocorrerá a cumulação impropria de pedidos, isto
é, em meio a vários pedidos somente um poderá ser acolhido. Ou seja, acolhido o reexame
da decisão interlocutória, a sentença será desfeita. Faz-se necessário mencionar que, quando
o legislador estabelece o termo “preliminar”, ele se refere que a impugnação da decisão
interlocutória será feita antes, visto que é cronologicamente anterior a sentença e, desta
forma, ao reexaminar uma interlocutória não agravável, o mérito será analisado, pois, integra
a apelação (aqui também terá uma cumulação impropria de pedido recursal dirigido a
sentença).
Caso a parte vencida quiser optar somente pela sentença, as decisões interlocutórias não
agraváveis irão precluir. Por outro lado, se o vencido optar por atacar apenas a decisão
interlocutória, a sentença mesmo não recorrida, ficará sob condição suspensiva, ressalvada
as existências do p. 1° do 1.012.
Só a sentença ---------------------- preclusão das interlocutórias não recorridas.
Só a D.I--------------------------- causa suspensiva da sentença.
§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua
publicação a sentença que:
I - homologa divisão ou demarcação de terras;
II - condena a pagar alimentos;
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado;
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;
VI - decreta a interdição.

9.4. A apelação do vencedor como espécie de recurso subordinado.


O recurso do vencedor consiste em manifestar as contrarrações à apelação. Assim, a apelação
do vencedor, é um recurso subordinado, seguindo a apelação do vencido.
15
Logo, desistindo da apelação (o perdedor) não terá mais sentido a apelação do vencedor.
Distinções14:
i. Apelação subordinada do vencedor: só é possível na apelação; não é preciso
sucumbência reciproca (autor e réu perderam e ganham); o recorrente (vencedor)
só poderá fazer se o (perdedor) recorrido tiver feito, sem possibilidade de ser
independente (subordinação).
ii. Recurso adesivo: não se limita a apelação, podendo ocorrer no recurso
extraordinário e especial; é preciso sucumbência reciproca; é possível que o
recorrente a apresente de forma independente, isso porque, o vencedor perdeu
de forma parcial o processo.
Apelação do vencedor – art. 1.009 do CPC, p. 1° e 2°.
§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não
comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas
em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas
contrarrazões.
§ 2º Se as questões referidas no § 1º forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente será
intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas.
Vale mencionar que, a apelação do vencedor, além de subordinada, também é condicionada.
Isso significa que, só será analisada de a apelação do vencido for acolhida.
Sendo assim:
i. Tendo a apelação do vencido negada: a apelação do vencedor não poderá ser
examinada.
ii. Provida a ação do vencido, poderá a do vencedor: a. ser invalidada; b. reformada;
c. retornar ao momento que ela havia sido proferida (a sentença não será
substituída pela decisão que julgou a apelação do vencido, pois retrocede a
momento anterior a ela).
Por ultimo, é fato que, o vencedor interpõe a sua apelação na peça das contrarrazões.

9.5. Interposição autônoma pelo vencedor (não entendi)


Caso o vencedor deseje recorrer de alguma interlocutória n
Momento: o momento para o recurso contra as interlocutórias não agraváveis é o das
contrarrazões, MAS é possível o vencido, sem esperar interponha a sua apelação sem
aguardar a oportunidade das contrarrazões.
OBS.: se o vencedor recorreu de apenas uma interlocutória não agravável, não poderá depois,
nas contrarrazões à apelação do vencido
??????????
NÃO ENTENDI NADAAAAAAAAA

14
No cód. de 73, ambos os recursos subordinados, apelação do vencedor e recurso adesivo eram tidos
como sinônimos.

16
9.6. Regulado de forma e prazo
O prazo é de 15 dias e deve ser feito por meio de petição escrita dirigida ao juízo de 1°
instância (a quo), somente com as razões recursais. É possível redobrar o prazo nos casos de
agentes públicos.

• Só se contam o prazo pelos dias úteis.


É necessário conter:
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá:
I - os nomes e a qualificação das partes;
II - a exposição do fato e do direito;
III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;
IV - o pedido de nova decisão.
Não é preciso indicar o órgão ad quem.
9.7. Dos efeitos
A. Devolutivo:
A apelação como qualquer recurso produz efeito devolutivo. Por conta do efeito devolutivo
que o recurso é transferido para o órgão ad quem, com objetivo de serem reexaminadas.
a. Extensão: o recorrente delimita o capitulo da sentença que ele pretende que seja
reexaminado pelo tribunal. É chamado de tantum devolutum quantum appellatum,
que significa que é delimitada as razões apresentadas no recurso.
Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.
b. Profundidade: determina em que medida competira ao tribunal a respectiva
apreciação, com base na matéria impugnada. Medida pelo matéria fático e jurídico
que o órgão ad quem poderá trabalhar.

B. Efeito suspensivo
A apelação, em regra, gera o efeito suspensivo, impedindo a produção imediata de efeitos da
sentença. Mas vale lembrar que só ocorre quanto a sentença, não aplica-se as decisões
interlocutórias.
O art. 1.012, p. 1° elenca as hipóteses que não ocorre o efeito suspensivo.
Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo. REGRA
§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua
publicação a sentença que: EXCEÇÃO
I - homologa divisão ou demarcação de terras;
II - condena a pagar alimentos;
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado;
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;
VI - decreta a interdição.

C. Efeito de retratação
Em regra não pode ocorrer, com base na inalterabilidade da sentença, mas existem exceções
que permitem que o juiz se retrate e modifique sua própria sentença, nos casos de:

17
a) apelação contra sentença que indefere a petição inicial (art. 331, CPC);
b) apelação contra sentença que julga liminarmente improcedente o pedido (art. 332, §3°,
CPC); c) apelação contra sentença que extingue o processo sem resolução do mérito (art.
485, §7°, CPC);
d) apelação contra sentença proferida nas causas que digam respeito a direitos de criança ou
adolescente (art. 198, VI, ECA).

9.8. Alegação de fato novo na apelação.


Essa situação só ocorre em face de caso força maior, ao qual não era possível alegar
anteriormente.
Art. 1.014. As questões de fato não propostas no juízo inferior poderão ser suscitadas na apelação,
se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior.

9.9. Julgamento do mérito diretamente pelo Tribunal.


Segundo o art. 1.013, p. 3°, poderá o tribunal decidir diretamente o mérito da causa, em
certos casos. Isso ocorrerá, quando a causa estiver madura, assim, não deverá o tribunal
devolver os autos para que o juiz profira nova sentença, podendo ele mesmo prosseguir e
julgar o mérito da causa. – Teoria da Causa Madura.

• Fundamento: primazia do mérito e duração razoável do processo.


• Aqui temos o efeito desobstrutivo do recurso, e não o devolutivo (pois, ele ocorre
após o julgamento do recurso).
§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo
o mérito quando:
I - reformar sentença fundada no art. 485 ;
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da
causa de pedir;
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.

Síntese com base na aula e vídeo


1. Apelação - art. 1009 até 1014 do CPC/15
• É um recurso cabível contra sentença
• Vai impugnar a sentença do juiz.
• Agora, a apelação também poderá ser utilizada contra decisão interlocutória.

1.1. Exemplo de como tudo ocorre:


PI--------------------------------------SENTENÇA ----------(se eu não concordar com ela eu
impugno por meio de apelação)--------- RECURSO.
Ao longo do processo várias decisões interlocutórias ocorrem, em regra o recurso aplicado
é o agravo de instrumento. Todavia, quando se tem uma decisão interlocutória que não seja
atacada por agravo de instrumento, poderá, posteriormente, na eventualidade do recurso de
apelação rediscutir a decisão interlocutória.

• Não são todas DI que poderão ser recorríveis por apelação

18
PI-------DI-------DI----------DI--------------SENTENÇA----------------APELAÇÃO
(aquelas decisões interlocutórias que não foram impugnadas por agravo, poderão ser
impugnadas na apelação, ao final do processo)
Vale mencionar que, essas decisões interlocutórias por não serem recorridas por agravo de
instrumento não sofrem a preclusão.

• Apelação é cabível contra sentença de mérito (definitiva 487) ou sem mérito


(terminativa 485).
• Apelação é cabível contra decisão interlocutória que não esteja sujeita a recurso de
agravo de instrumento. Isso será alegado em cede de apelação preliminar das razões
de apelações (se for o recorrente) e contrarrazoes de apelação (se for o recorrido).

1.2. Prazo
15 dias
1.3. Requisitos:
• Apelação é dirigida no juízo de primeiro grau – a quo. Não tem como ajuizar
apelação no tribunal – ad quem.
• É preciso expor quem é a pessoa e a qualificação das partes, a razão de fato
e fundamentação. Além disso, deve conter as razões de ter pedido a apelação.
É preciso também determinar o que se almeja com o recurso.
• É preciso o comprovante do pagamento do preparo, sob pena de pagar em
dobro. Se mesmo assim não pagar, o recurso é considerado deserto, isto é,
não haverá o julgamento ( art. 1007, 2 – 5° do CPC/15). A insuficiência do
preparo é quando não paga o valor certo, pagando a menos do que é pedido.
Em caso de força maior comprovada, o relator abre prazo para poder pagar,
sobre esse prazo não cabe recurso.

1.4. Interposição:
2. No juízo a quo (1° instancia).
3. Conforme o art. 1.010 deve constar
i. Qualificação das partes
ii. Fato e direito.
iii. Razões recursais
iv. Pedido (será a reforma ou invalidação).
Após o prazo de 15 dias da interposições teremos a contrarrazoes no prazo de 15 dias(p.1°).
Vale lembrar que é possível interposição adesiva (p.2°).
Após as contrarrazões a apelação será enviada ao Tribunal competente independentemente
de juízo de admissibilidade – acontece somente no ad quem.
1.5. O tempo de recurso de apelação vai subir para o tribunal:
Dinâmica
i. A quo abre prazo para contrarrazoes, encaminha para o ad quem, no ad quem
encaminha para o relator que faz o juízo de admissibilidade, podendo receber
ou não. Se for positivo, haverá o encaminhamento para o colegiado ou o
julgamento monocrático (932, III IV) CONFUSO?
19
ii. Quando o relator recebe ele fixa os efeitos em que a apelação é recebida
(positivo ou negativo) o efeito devolutivo sempre estará presente.
iii. Via de regra a apelação tem efeito suspensivo.

1.6. Efeitos que pode ter após o relator receber:


i. Devolutivo (1013 CPC, p. 1° e 2°): ato de devolver a matéria para reexame ele
será analisado sob dois aspectos
a. Verticalidade/ profundidade: aprofundamento da matéria. A lei define a
profundidade da matéria que está sendo decidida
b. Horizontalidade/ extensão: é a matéria impugnada, determina qual matéria
será impugnada. Aqui quem determina é a parte.
1.6.1. Situações do efeito devolutivo
a. Tantum devolutum quantum appelatum: o tanto que você devolve na apelação é
o que o tribunal vai analisar. O ad quem não pode julgar fora do impugnado –
principio da adstrição.
b. Proibição de reformatio in pejus: o ad quem não pode agravar a situação do
recorrente.
c. Proibição de inovar: não é possível inovar em cede se recurso de apelação, logo,
não se pode alegar fatos novos, com exceção do art. 1014, por motivo de força maior.
Efeito suspensivo: é aquele que trabalha a possibilidade de impedir a execução
provisória da decisão -1012 CPC/15.

• A regra: a apelação tem efeito suspensivo automático – ope legis (a própria lei
estabelece).
• Paragrafo 1°, art. 1012: apresenta casos em que a apelação não tem efeito suspensivo.
Nesses casos a parte pode fazer o requerimento (art. 1012, p.3°) para concessão do efeito
suspensivo. O requerimento é feito para o próprio tribunal no período entre a
interposição e distribuição ou para o próprio relator (quando a apelação já houver sido
distribuída) O requerimento é dentro do próprio recurso.
• IMPORTANTE:
i. Muitas vezes quando anexa o requerimento direto no pedido de recurso no
juízo a quo, demora demais, principalmente porque eles abrem prazo para as
contrarrazões(15 DIAS), e nesse tempo pode acontecer a execução
provisória. Portanto, assim que mandar o pedido de apelação para o juízo a
quo, é preciso apresentar no tribunal o requerimento para a concessão do
efeito suspensivo. Essa petição quando entrar em contato com um relator ou
desembargador, este já fica prevento para julgar a apelação quando ela subir.

1.7. Efeito regressivo:


É aquele em que o a quo pode promover a retratação. Não é toda apelação que possui isso.
Só ocorre quando:
i. Houver indeferimento de PI (331)
ii. Sentença sem mérito (485, p.7)
iii. Improcedência liminar do pedido (332, p.3°).

1.8. Teoria da Causa Madura (1013, p. 3°).

20
Quando se fala que algo está maduro é porque está pronto para o julgamento. O processo
deve estar em condições de imediato julgamento.
Nesse caso o tribunal decidirá desde logo o mérito, ele analisa o mérito do recurso e o mérito
da demanda.
Ele poderá aplicar a teoria da causa madura.
i. Reformar sentença terminativa (sem mérito)
ii. Decretar nulidade de sentença que ofende o principio da adstrição (julga além do
que foi proposto)
iii. Quando constatar omissão (quando o juiz deixa de analisar um pedido)
iv. Quando decretar nulidade por falta de fundamentação.

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