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Os meios de impugnação às decisões judiciais são, grosso modo, uma concretização do direito à segurança jurídica.

Através dos meios de impugnação faz-se possível aos interessados continuarem na defesa de seus interesses, questionando a
forma e o conteúdo da sentença, e, uma vez verificado que a lei não foi corretamente aplicada, obtenham a sua reforma ou
nulidade.

três espécies os meios de impugnação às decisões judiciais:

1. Conceito de recurso

Recurso, é o “remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou
a integração de decisão judicial que se impugna”. Recurso, do que se extrai do sistema jurídico-brasileiro exige
voluntariedade. Recurso, portanto, é meio de impugnação da decisão judicial utilizado dentro do mesmo processo em que é
proferida. Com ele prolonga-se o curso (litispendência) do processo.5

2. A ação autônoma de impugnação

É o instrumento de hostilização da decisão judicial, pelo qual se dá origem a um processo novo, cujo objetivo é o de
atacar/interferir em decisão judicial. Distingue-se do recurso exatamente porque não é veiculada no mesmo processo em que
a decisão recorrida fora proferida. São exemplos: a ação rescisória, os embargos de terceiro, o mandado de segurança e o
habeas corpus contra ato judicial e a reclamação constitucional.

3. Sucedâneo recursal, por exclusão

É todo meio de impugnação de decisão que nem é recurso nem é ação autônoma de impugnação. Trata-se de categoria que
engloba todas as outras formas de impugnação da decisão. São exemplos: pedido de reconsideração, pedido de suspensão
da segurança a remessa necessária (CPC, art. 496) e a correição parcial.

Decisões jurisdicionais são de duas espécies. Podem ser interlocutórias ou sentenças; as primeiras resolvem questão
incidental, sem resolver o processo. A segunda, segundo orientação do Codex, em sua versão original, põe fim a relação
processual.

Bastaria dizer que sentença é pronunciamento judicial dotado de carga decisória que põe fim na fase de conhecimento ou
na fase executiva do processo. Isso porque, não haverá exemplos de decisões que põem fim na fase sem que
necessariamente se alicercem em alguma das hipóteses ou do art. 485 ou do art. 487, do CPC.

A decisão interlocutória é também pronunciamento dotado de carga decisória e que, em geral, resolve questão incidental
do processo, mas que pode, no entanto, resolver o mérito da demanda. O que importa para sua conceituação, por
consequência, é que não ponha fim na fase de conhecimento ou na fase executiva.

Despacho. trata-se este de pronunciamento sem qualquer carga decisória e que, portanto, potencialmente não tem o
condão de causar qualquer prejuízo às partes. É justamente por conta disso que os despachos que, são marcados por serem
atos do juiz que promovem o mero impulso processual, são, na forma do art. 1001 do CPC, irrecorríveis.
Natureza jurídica do recurso

1. Recurso como prolongamento da ação originária

A primeira corrente aduz que os recursos são mero prolongamento da ação originária. Trata-se da doutrina majoritária. O
recurso é, portanto, o exercício prolongado da pretensão à tutela jurídica do Estado. Quando a parte recorre ela apenas
renova “seu pedido de tutela jurisdicional, já anteriormente veiculado por meio da demanda.”

2. Recurso como ação autônoma

Para uma corrente minoritária, o recurso represente uma nova ação processual. Tratar-se-ia de uma ação autônoma distinta
da existente com força (ou eficácia) desconstitutiva. Uma ação que visa desconstituir um ato judicial. Não são encontrados
defensores dessa corrente no direito brasileiro.

3. Recurso como pretensão autônoma no mesmo processo

Tratar-se-ia o recurso de uma nova pretensão exercida simultaneamente no próprio processo e com natureza desconstitutiva,
porque almeja sempre reformar ou cassar uma decisão judicial, logo desconstituir uma relação jurídica formada.

Classificação dos recursos

1. Quanto à extensão: Recursos TOTAL e PARCIAL

Recurso parcial é aquele que, em virtude de limitação voluntária, não compreende a totalidade do conteúdo impugnável da
decisão. O recorrente decide não impugnar todos os capítulos recorríveis da decisão ou impugnar apenas uma parcela de um
capítulo decisório. Por vezes poderá a parte atacar apenas parte da decisão porque apenas sucumbiu em parte.

Recurso total é aquele que abrange a integralidade do conteúdo impugnável da decisão recorrida (não necessariamente o
seu conteúdo integral). Em suma, o recurso pode ser total sem abranger todo o conteúdo decisório quando houver
sucumbência parcial.

2. Quanto à fundamentação: recurso de fundamentação livre ou de fundamentação vinculada

Recurso de fundamentação livre é aquele em que o recorrente está “livre” para, nas razões do seu recurso, deduzir
qualquer tipo de crítica em relação à decisão, sem que isso tenha qualquer influência na sua admissibilidade. A causa de
pedir recursal não está delimitada pela lei, podendo o recorrente impugnar a decisão alegando qualquer vício. Ex: o recurso
de apelação, o agravo de instrumento e o agravo interno.

Recurso de fundamentação vinculada , a lei limita o tipo de crítica que se possa fazer contra a decisão impugnada. O
recurso caracteriza-se por ter fundamentação típica. É preciso “encaixar” a fundamentação do recurso em um dos tipos
legais. O recurso não pode ser utilizado para veicular qualquer espécie de crítica à decisão recorrida. Ex: embargos de
declaração, recurso especial e extraordinário.

3. Quanto ao objetivo imediato: recursos de natureza ordinária e recursos de natureza extraordinária


Recursos ordinários visam imediatamente à tutela do direito subjetivo das partes. A correção da decisão, no que tange,
especificamente à incidência correta da lei em questão, somente é alcançada mediatamente. Basta para o cabimento desses
recursos, que seja alegada a injustiça da decisão. De um modo geral, é também permitida uma ampla revisão da matéria
fática e probatória, sem que haja exigência da necessidade de se demonstrar a aplicação específica de um determinado texto
legal.

Recursos extraordinários visam a tutelar o direito objetivo. Não buscam a correção da “injustiça” da decisão. Visam, tão
somente, averiguar se a lei foi corretamente aplicada ao caso concreto. Como não servem à tutela do direito subjetivo, o
próprio sistema impõe uma série de condições específicas, inerente unicamente a eles. Exemplificadamente, não permitem o
reexame de matéria fática; é necessário o esgotamento de todos os recursos na instância ordinária; somente permitem a
reavaliação da questão já decidida. Ex: recurso extraordinário, recurso especial e embargos de divergência.

4. Quanto à autonomia: independente e subordinado

Os recursos podem ser pensados ainda quanto a sua dependência ou independência. A regra será que o recurso é uma
faculdade da parte a ser exercida de forma independente. Um poder processual, verdadeiro direito potestativo que se impõe
em face do Estado.

Trata-se de instituto que é comumente denominado de recurso adesivo (subordinado), todavia, não existe propriamente uma
adesão do recorrido ao recurso principal, mas o manejo de outro recurso em linha diametralmente oposta. O que ocorre
efetivamente é que o juízo de admissibilidade deste recurso fica subordinado à admissibilidade do principal. Vale dizer,
optando a parte pelo manejo do recurso adesivo fica ela na dependência do conhecimento do recurso da parte contrária para
que o seu seja também conhecido. Eventual desistência da outra parte no recurso principal também leva seu recurso ao
mesmo caminho. O regime, portanto, é de subordinação.

O recurso adesivo ou subordinado é cabível em recursos de apelação, recurso extraordinário e recurso especial deduzidos
de forma independente (art. 997, II, CPC). O objeto do recurso adesivo será justamente o capítulo da decisão que lhe foi
desfavorável, em razão disso a sua utilização em recursos de fundamentação vinculada, como o recurso especial exige que
este se baseie em afronta a questão federal desfavorável ao recorrido principal. O recurso adesivo não constitui espécie de
recurso. Trata-se apenas de uma forma de manejar alguns daqueles recursos previstos no rol taxativo do art. 994 do CPC.

Interesse para interposição do recurso subordinado Só terá interesse para manejo do recurso adesivo aquela parte que
sucumbiu ao menos em parte. Não terá interesse recursal para, por exemplo, hostilizar a sentença o autor que teve seu
pedido integralmente acolhido, com acolhimento de apenas uma de suas causas de pedir formuladas na peça inicial para que
vença com base nas duas. “Também não se admitirá o emprego da apelação adesiva, por exemplo, no caso de a parte ter
interposto apelação principal inadmissível (v.g., tempestividade). Intimada para responder o apelo do adversário, não cabe
renovar, na via subordinada, o recurso não admitido.

O recurso adesivo deve ser manejado no mesmo prazo que a parte recorrida tem para apresentar contrarrazões. Portanto,
tem o prazo de quinze dias a contar da intimação com vistas do recurso principal.

O recurso adesivo deve preencher os mesmos requisitos do recurso principal, devendo, portanto, ser formulado em peça
autônoma com o nome e qualificação das partes, fundamentos de fato e direito, mediante impugnação às razões que
alicerçaram a decisão guerreada e o pedido de nova decisão (art. 1010, CPC).
O RECURSO ADESIVO É CABIVEL NA APELAÇÃO, RECURSO ESPECIAL, RECURSO EXTRAORDINARIO

Princípios recursais

1. O duplo grau de jurisdição


Duplo Grau de Jurisdição indica a possibilidade de revisão, por via de recurso, das causas já julgadas pelo juiz de primeiro
grau (ou primeira instância), que corresponde à denominada jurisdição inferior, garantindo um novo julgamento por parte
dos órgãos da jurisdição superior, ou órgãos de segunda instância.

“se trata da possibilidade de um novo julgamento, por órgão diverso do prolator – formado por juízes de mesma ou superior
hierarquia – das sentenças de primeiro grau, mediante recurso voluntário ou em caráter cogente no reexame necessário,
prevalecendo a segunda decisão sobre a primeira.”

2. Princípio da voluntariedade
A parte que possui livre arbítrio no desejo de recorrer de decisão judicial que se sinta prejudicada. Porém, não há nenhuma
obrigação de recorrer entre as partes. O magistrado não tem autonomia de recorrer ex-officio)

3. Princípio da Colegiabilidade
A parte tem o direito de , no seu recurso a um tribunal, ter o julgamento por um órgão colegiado. Está ligado ao princípio do
Duplo Grau de Jurisdição. A reavaliação do caso, ao invés de ser feita por um único magistrado, passa a ser analisada e
discutida por um grupo deles, garantido uma melhor decisão.

4. Princípio da dialeticidade
É requisito obrigatório da parte recorrente indicar as razões de fato e de direito no recurso. A ausência da motivação do
recurso tornará o recurso inepto.

5. Princípio da unirrecorribilidade (Singularidade)


As decisões judiciais somente devem ser impugnadas por meio de um único recurso. Não é permitido à parte, portanto, a
utilização simultânea de mais de um recurso para atacar uma mesma decisão. Art. 994,1001,1009 e 1015 CPC.

Duas exceções podem ser citadas: Na hipótese dos embargos de declaração cabíveis contra qualquer pronunciamento
judicial de conteudo decisório no intuito de sanar obscuridade, contradição, omissão ou erro material na decição. Também
há possibilidade de interposição simultânea de recuros especial e extraordinário para atacar os fundamentos
infraconstitucionais e contitucionais que alicerçam um mesmo pronunciamento jurisdicional.
6. Princípio da taxatividade
Somente são cosiderados recursos aqueles institutos previstos especificamente como tais pela lei federal. Não permitindo
que os litigantes inovem no mecanismo recursal. Dessa forma, os recursos admitidos estão enumerados expressamente, em
rol taxativo, a criação de outros recursos é possivel somente através de lei federal, proibindo a criação por leis municipais.

7. Princípio da fungibilidade
Consagra a possibilidade da parte interpor um recurso que não seja o adequado para aquela decisão de que se recorre. Não é
qualquer recurso que poderá ser recebido como se outro fosse. Sua aplicação depende que não tenha a parte agido com erro
grosseiro na escolha do recurso, além do mais, o julgador deve analisar antes de aplicar o principio da fungibilidade, para
analisar se existe no caso concreto uma duvida objetiva, isto é, uma duvida consistente que não justifique o erro da parte.

Em suma, “o que interessa para a aplicação do princípio da fungibilidade é que exista divergência ou na doutrina ou na
jurisprudência, ou ainda que o próprio texto legal possa levar o recorrente a interpor o recurso tido como errado ao invés do
correto.”

8. Princípio da non reformatio in pejus


Na apreciação do recurso, a situação do recorrente não pode ser piorada. Desta forma, havera reformatio in pejus sempre
que o tribunal se afastar dos limites do recurso, prejudicando a esfera do recorrente.

9. Princípio da primazia do julgamento de mérito do recurso

Requisitos Intrínsecos: CABIMENTO: Só são cabíveis os recursos previstos em lei. O CPC os enumera no art. 994, podendo
haver outros criados em lei especial | INTERESSE: É condicionado a que haja sucumbência, isto é, a que não se tenha obtido,
no processo, o melhor resultado possivel | LEGITIMIDADE: Tem legitimidade as partes, o MP e o terceiro prejudicado. Além
disso, o advogado, desde que o recurso verse exclusivamente sobre seus honorários.

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