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DIREITO ELEITORAL

ELEGIBILIDADE E INELEGIBLIDADE

Por Priscilla von Sohsten


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SUMÁRIO

1 ELEGIBILIDADE ................................................................................................................................................... 3
1.1 Condições de Elegibilidade ........................................................................................................................ 3
1.1.1 Condições Próprias ..................................................................................................................................... 3
1.1.2 Momento para aferição das condições de elegibilidade ................................................................... 7
2 INELEGIBILIDADE ............................................................................................................................................... 7
2.1 Classificação das Inelegibilidades .............................................................................................................. 9
2.1.1 Inelegibilidades Constitucionais ........................................................................................................ 9
2.1.2 Desincompatibilização ..................................................................................................................... 11
2.2 Inelegibilidades Infraconstitucionais ....................................................................................................... 13
3 DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO .................................................................................................. 25
4 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA ................................................................................................................................ 26
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ATUALIZADO EM 21/03/2023

ELEGIBILIDADE E INELEGIBILIDADE

1 ELEGIBILIDADE

A elegibilidade é a aptidão para ser eleito, ou seja, é a condição adquirida pelo cidadão para receber
votos nas eleições. Aquele que é elegível, portanto, detém capacidade eleitoral passiva.
Portanto, as condições de elegibilidade são requisitos positivos, devem estar presentes para que o
cidadão se candidate. Por outro lado, e simultaneamente, as hipóteses de inelegibilidade são requisitos
negativos, o que importa afirmar que não podem estar presentes para que o cidadão concorra a cargos eletivos.
As condições de elegibilidade estão previstas na Constituição Federal e na legislação eleitoral como um
todo, tal como a Lei das Eleições e o Código Eleitoral. A Lei das Eleições é lei ordinária, já o Código Eleitoral, na
parte que trata das condições de elegibilidade, também é norma ordinária.
Já as hipóteses de inelegibilidade estão previstas na Constituição e em Lei Complementar, apenas. Não
se admite a fixação de hipóteses de inelegibilidade em leis ordinárias. Por quê? Porque a Constituição Federal
exige que as hipóteses de inelegibilidade sejam editadas por lei complementar. Desse modo, a Lei de
Inelegibilidade é uma lei complementar.

1.1 Condições de Elegibilidade


As condições de elegibilidade são classificadas em condições próprias e impróprias.
➢ Condições Próprias: são aquelas estabelecidas na Constituição Federal, tais como a nacionalidade, idade
mínima, domicílio eleitoral.
➢ Condições Impróprias: são exigências previstas na legislação eleitoral e que, indiretamente, se não observadas,
não possibilitam que o interessado concorra a cargos político-eletivos.

1.1.1 Condições Próprias


a) nacionalidade brasileira: somente o nacional detém capacidade eleitoral passiva, sendo a exceção os
portugueses que tiverem residência permanente no Brasil e houver reciprocidade em favor de brasileiros,
com a consequente suspensão do gozo dos direitos políticos em Portugal;
b) direitos políticos: a perda e a suspensão dos direitos políticos influem na elegibilidade;

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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
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c) alistamento eleitoral: é conditio sine qua non para a aquisição da cidadania, sendo provada por meio do
título eleitoral;
d) domicílio eleitoral: somente se pode concorrer às eleições na circunscrição eleitoral em que for
domiciliado há pelo menos seis meses;
*#AJUDAMARCINHO #NOVIDADELEGISLATIVA: ALTERAÇÕES NA LEI 9.504/97
Qual é o prazo mínimo de domicílio eleitoral necessário?
ANTES: para concorrer às eleições, o candidato deveria possuir domicílio eleitoral na respectiva
circunscrição pelo prazo de, pelo menos, um ano antes do pleito.
AGORA: esse prazo mínimo de domicílio eleitoral foi reduzido para 6 meses.

LEI 9.504/97 (LEI DAS ELEIÇÕES)

Redação anterior Redação ATUAL


Art. 9º Para concorrer às eleições, o Art. 9º Para concorrer às eleições, o
candidato deverá possuir domicílio eleitoral candidato deverá possuir domicílio eleitoral
na respectiva circunscrição pelo prazo de, na respectiva circunscrição pelo prazo
pelo menos, um ano antes do pleito, e estar de seis meses e estar com a filiação deferida
com a filiação deferida pelo partido no pelo partido no mesmo prazo.
mínimo seis meses antes da data da eleição.

e) filiação partidária: decorre da opção por uma “democracia partidária” e consiste no vínculo jurídico
estabelecido entre um cidadão e a entidade partidária. Prova-se mediante consulta ao banco de dados da
Justiça Eleitoral e, havendo omissão, o TSE permite a demonstração por outros meios desde que não se
trate de processo de registro de candidatura, no qual há exigência de prova robusta.

#DEOLHONOGANCHO: para concorrer às eleições, o candidato deve estar com a filiação deferida pelo partido
político no mínimo seis meses antes da data da eleição, exigindo-se o mesmo prazo para filiação partidária (art.
9º da Lei das Eleições).
*(Atualizado em 28/06/2020) #DEOLHONAJURIS

Mesmo com a situação de calamidade pública decorrente da covid-19, são constitucionais e devem ser
mantidos os prazos para filiação partidária e desincompatibilização previstos na legislação para a as eleições
municipais de 2020. STF. Plenário. ADI 6359 Ref-MC/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 14/5/2020 (Info 977).

Tal requisito (filiação partidária por no mínimo seis meses) será exigido para toda e qualquer
candidatura?
Sim, em toda e qualquer candidatura! Contudo, o prazo mínimo de filiação poderá ser flexibilizado. A
filiação partidária poderá ser inexigível ou, ao menos, o tempo de filiação flexibilizado em relação a
determinados agentes públicos:
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a) daqueles em relação aos quais não se exige filiação partidária prévia. Nesse caso haverá apenas o registro
da candidatura pelo partido, após prévia escolha em convenção partidária; e
b) daqueles que deverão se filiar ao partido político no prazo da desincompatibilização, vale dizer, seis
meses antes do pleito.

O primeiro grupo trata da elegibilidade do militar. A CF, no art. 14, § 8º dividiu os militares da seguinte
forma:
➢ Militares com menos de 10 anos de carreira

Tais militares, para concorrerem às eleições, devem ser afastar definitivamente do cargo militar
ocupado. Tradicionalmente, o TSE sempre entendeu que o afastamento definitivo só deve ocorrer quando o
registro de candidatura tiver sido deferido, o que pode ocorrer até 20 dias antes das eleições. Neste caso, o
militar participará da convenção do partido, e terá seu registro feito perante a Justiça Eleitoral requerido,
mesmo que não seja filiado a partido político. O registro de candidatura sendo deferido levará ao afastamento
do militar, quando então será ele filiado ao partido político.

*(Atualizado em 18/11/2020) Todavia, em recente consulta, o TSE exarou entendimento no sentido de


que o afastamento deve ocorrer desde o requerimento do registro da candidatura, e não do deferimento:

“Consulta realizada por deputado federal. Elegibilidade dos militares. Questionamento a respeito de qual
momento o militar que não exerce cargo de comando deve se afastar de suas atividades para concorrer a cargo
eletivo. Resposta. Afastamento a ser verificado no momento em que requerido o registro de candidatura. 1. In
casu, questiona-se qual o momento em que o militar elegível que não exerce função de comando deverá estar
afastado de suas atividades para concorrer a cargo eletivo. 2. O prazo fixado pelo Estatuto dos Militares para a
agregação do militar em geral há de ser compreendido como o momento em que é requerido o Registro de
Candidatura, tendo em vista que, com a reforma da Lei Eleitoral em 2009, a condição de candidato é obtida com
a formalização do pedido de registro, e não após o seu deferimento pela Justiça Eleitoral, o que garantirá ao
candidato militar a realização de todos os atos de campanha, mesmo que seu registro esteja ainda em
discussão. 3. Consulta respondida na linha de que o militar elegível que não ocupe função de comando deverá
estar afastado do serviço ativo no momento em que for requerido o seu Registro de Candidatura.”
(Ac. de 20.2.2018 na CTA 60106664, rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho.)

Para mais informações: https://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2018/Fevereiro/tse-responde-consulta-


sobre-elegibilidade-dos-militares

➢ Militares com mais de 10 anos de carreira:


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Para esses casos, devem os militares ser agregados pela autoridade competente, ou seja, perderá o
posto, mas não a patente. Desse modo, o militar concorre como militar. Esta regra acaba por violar a regra do
impedimento da candidatura avulsa, vez que o militar acaba se candidatando sem estar filiado.

Diante de tal situação, o TSE entende que o militar com mais de 10 anos de atividade, ainda que não
filiado, deverá participar normalmente das convenções, sendo o registro de sua candidatura requerido
normalmente pelo partido político. Após tal requerimento, havendo o deferimento, o militar será agregado,
sem deixar de ser militar. Estamos, portanto, diante da única hipótese em que é possível a candidatura a
mandato eletivo, sem estar filiado a partido político.

#NÃOCONFUNDIR: a candidatura avulsa continua sendo impossível. O militar somente pode concorrer, pois,
apesar de não estar filiado, sua candidatura se fará por intermédio do partido político. Assim, essa hipótese não
é considerada candidatura avulsa. Caso eleito, o militar passará a inatividade e deverá se filiar ao partido político
para exercer o mandato.

A segunda hipótese aplica-se ao magistrado, membro do Ministério Público e ministros do Tribunal de


Contas da União dos quais se exige a filiação 6 meses antes das eleições. Em verdade, aqueles que ocupam os
cargos acima mencionados não podem dedicar-se à atividade político-partidária, contudo, podem concorrer a
cargos eletivos. Em razão disso, caso pretendam candidatar-se, exige a Lei de Inelegibilidades a
desincompatibilização no prazo de 6 meses antes do pleito, momento em que deverão filiar-se ao partido
político.

f) idade mínima: abaixo o rol de idades exigidas:


o 35 anos: para Presidente e Vice e para Senador;
o 30 anos: para Governador e Vice-Governador;
o 21 anos: Prefeito, Vice-Prefeito, Deputado Federal, Deputado Estadual e Juiz de Paz.
o 18 anos: Vereador.

#OLHAOGANCHO: Essa situação dos 18 anos exigidos para vereador sempre foi motivo de discussão na
doutrina, vez que a Lei das Eleições previa que a idade mínima somente seria exigida na data da posse. Nesse
cenário, era possível que menor de 18 anos concorresse às eleições, e acabasse por praticar condutas tipificadas
como crimes eleitorais para os quais havia o entendimento de que prevalecia a competência da Vara da Infância
e Juventude, por se tratar de atos infracionais. Com a minirreforma eleitoral de 2015, a legislação eleitoral
passou a prever que para o cargo de vereador, a idade mínima deverá ser observada no último dia possível para
o registro da candidatura. Assim, a regra é de que a idade mínima somente seja verificada na data da posse,
ressalvada a hipótese de cargos que exijam a idade mínima de 18 anos, quando estes requisitos deverão ser
observados na data do registro da candidatura.
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#DEOLHONAJURIS: segundo o TSE, mesmo o emancipado civilmente precisa demonstrar a idade mínima. Não
obstante, é possível que o cargo seja ocupado, excepcionalmente, por quem não detém a idade mínima, como
ocorre no caso de impedimento ou vacância do presidente, em que será chamado ao exercício da Presidência o
presidente da Câmara, cuja idade poderá ser de 21 anos.

Por fim, quando se adquire a plena elegibilidade? Aos 35 anos! A plena exigibilidade significa a
capacidade do cidadão de concorrer a quaisquer cargos eletivos. Se o cidadão estiver alistado, preencher todas
as condições de elegibilidade, somente atingirá a plena elegibilidade quando puder candidatar-se aos cargos de
Presidente da República e de Senado Federal, conforme disciplina nossa CF (art. 14, §3º, VI, a).

1.1.2 Momento para aferição das condições de elegibilidade

Há importante distinção entre o momento de aferição e o momento de perfeição das condições de


elegibilidade. Segundo o art. 11, §10, Lei nº 9.504/97, “as condições de elegibilidade e as causas de
inelegibilidade devem ser aferidas no momento da formalização do pedido de registro da candidatura,
ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade”.
No entanto, o art. 9º, da mesma lei, diz que o alistamento e o domicílio eleitorais, bem como a filiação
partidária, sejam aferidos com base no dia do pleito. No tocante à idade mínima, deve-se considerar a data da
posse, exceto no caso visto acima. Então, todas as condições de elegibilidade, que podem ser preenchidas com
o simples advento do termo (evento futuro e certo), têm na data da eleição o seu marco, sendo esse o caso do
alistamento, do domicílio, da filiação e da idade mínima. Portanto, não é necessário que, no momento do
registro de candidatura, o pré-candidato ostente as condições de elegibilidade integralmente, podendo vir a
preenchê-las até a data das eleições.

2 INELEGIBILIDADE
A inelegibilidade é o conjunto de causas que impedem o exercício da capacidade eleitoral passiva. Daí se afirma
que o TSE segue a teoria tradicionalista da Inelegibilidade, segundo o qual a inelegibilidade a e elegibilidade são
institutos distintos.

As hipóteses de inelegibilidade podem decorrer de dois fundamentos principais:


➢ Decorrente da aplicação de uma sanção.
➢ Mera situação jurídica em que a pessoa se encontra ao efetuar o registro da candidatura,
decorrente de: a) status profissional; ou b) outras situações específicas previstas na legislação.
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No primeiro caso, ou seja, quando a inelegibilidade tiver fundamento em uma sanção, ela será
decorrência de um processo, que decidirá a respeito de uma violação à legislação constituindo o cidadão
inelegível. Ou seja, enquanto não houver a referida decisão, não é possível se falar em inelegibilidade. A decisão
judicial constituirá o status de inelegível ao cidadão condenado. No segundo caso, quando decorrer a
inelegibilidade de uma situação fática, ela será denominada de originária ou inata. Ou seja, ocorrida a situação
prevista na legislação, o cidadão será considerado automaticamente inelegível. Nesse caso, eventual discussão
judicial em torno dos fatos apenas terá o condão de conferir certeza aos fatos. Desse modo, afirma-se que a
decisão tem caráter declaratório do status de inelegível.

INELEGIBILIDADE NATUREZA
SANÇÃO CONSTITUTIVA

INELEGIBILIDADE NATUREZA
NATA DECLARATÓRIA

*#ATENÇÃO: Admite-se a RCED (Recurso contra a Expedição do Diploma) em razão de inelegibilidade posterior
ao pleito eleitoral? ERRADO! O Recurso contra Expedição de Diploma possui natureza jurídica de ação, ou seja,
constitui ação autônoma de impugnação do diploma. Nos termos do art. 262, I, do Código Eleitoral, trata-se de
instrumento hábil para apurar inelegibilidade ou incompatibilidade de candidato, além de outras hipóteses. E se
esta inelegibilidade ocorrer após o pleito eleitoral, é cabível o manejo o RCED?

*Cuidado! Nesse ponto há uma alteração legislativa de 2019, vejamos:

Art. 262. O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos casos de inelegibilidade superveniente ou
de natureza constitucional e de falta de condição de elegibilidade. (Redação dada pela Lei nº 12.891, de 2013)
§ 1º A inelegibilidade superveniente que atrai restrição à candidatura, se formulada no âmbito do processo de
registro, não poderá ser deduzida no recurso contra expedição de diploma. (Incluído pela Lei nº 13.877, de 2019)
§ 2º A inelegibilidade superveniente apta a viabilizar o recurso contra a expedição de diploma, decorrente de
alterações fáticas ou jurídicas, deverá ocorrer até a data fixada para que os partidos políticos e as coligações
apresentem os seus requerimentos de registros de candidatos. (Incluído pela Lei nº 13.877, de 2019)
§ 3º O recurso de que trata este artigo deverá ser interposto no prazo de 3 (três) dias após o último dia limite
fixado para a diplomação e será suspenso no período compreendido entre os dias 20 de dezembro e 20 de
janeiro, a partir do qual retomará seu cômputo. (Incluído pela Lei nº 13.877, de 2019)
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2.1 Classificação das Inelegibilidades
As inelegibilidades serão absolutas quando se aplicarem a todos os cargos, como por exemplo, os
analfabetos. Serão relativas quando somente se referem a alguns cargos, como por exemplo, a inelegibilidade
para um terceiro mandato consecutivo nos cargos do Executivo.
2.1.1 Inelegibilidades Constitucionais
A doutrina também divide as inelegibilidades em constitucionais e legais, sendo a principal diferença entre
elas o fato de aquelas não precluem, podendo ser arguidas mesmo após o prazo para ajuizamento da AIRC. Em
face disso, o TSE já decidiu que “as inelegibilidades supervenientes ao requerimento de registro de candidatura
poderão ser objeto de análise pelas instâncias ordinárias no próprio processo de registro de candidatura, desde
que garantidos o contraditório e a ampla defesa” (RO 15429/DF, 26/08/2014).

As inelegibilidades constitucionais são as seguintes:

a) inalistáveis e analfabetos (art. 14, §4º, CF): os inalistáveis são os estrangeiros, os conscritos (durante o
período de serviço militar), os menores de 16 anos e aqueles que tiveram seus direitos políticos perdidos ou
suspensos.

#CAIEMPROVA #AJUDAMARCINHO: quanto ao analfabeto, há entendimento consolidado na Justiça Eleitoral de


que o “analfabeto funcional” se encontra habilitado a disputar as eleições. Além disso, o simples fato de o
candidato já ter exercido cargo eletivo não é circunstância suficiente para, em REspe, reformar-se decisão
mediante a qual o candidato foi considerado analfabeto, nos termos da Súmula 15 do TSE.

b) motivos funcionais (art. 14, §6º, CF): caso desejem concorrer a outros cargos, os ocupantes de cargos do
Executivo devem renunciar aos seus mandatos em até seis meses antes do pleito. Trata-se de uma hipótese de
(auto)desincompatibilização, pois permite o afastamento da própria inelegibilidade funcional. Na hipótese em
que o ato do Chefe do Executivo venha a beneficiar terceiro que estava reflexamente inelegível em razão do
fato de ele ser Chefe do Executivo, fala-se em heterodesincompatibilização. Ademais, o vice pode ser candidato
a outro cargo sem renunciar ao seu mandato, desde que não substitua o Chefe do Executivo nos seis meses
anteriores à eleição.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: conforme entendimento do STF, o chefe do executivo reeleito não poderá


concorrer a um terceiro mandato, mesmo na condição de vice, haja vista que em caso de renúncia do titular
configuraria o vedado terceiro mandato.

c) “inelegibilidade reflexa” (art. 14, §7º, CF): trata-se da inelegibilidade que atinge o cônjuge e os parentes
consanguíneos ou afins, no âmbito do mesmo território de jurisdição do titular, até o segundo grau ou por
adoção (filhos, netos, pais, avós, irmãos, cunhados, sogros e o cônjuge), do Presidente, Governador, Prefeito ou
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de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e
candidato à reeleição.

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: Ao se fazer uma interpretação conjugada dos §§ 5º e 7º do art. 14 da


CF/88 chega-se à conclusão de que a intenção do poder constituinte foi a de proibir que pessoas do mesmo
núcleo familiar ocupem três mandatos consecutivos para o mesmo cargo no Poder Executivo Em outras palavras
a CF/88 quis proibir que o mesmo núcleo familiar ocupasse três mandatos consecutivos de Prefeito de
Governador ou de Presidente A vedação ao exercício de três mandatos consecutivos de prefeito pelo mesmo
núcleo familiar aplica-se também na hipótese em que tenha havido a convocação do segundo colocado nas
eleições para o exercício de mandato-tampão. Ex: de 2010 a 2012 o Prefeito da cidade era Auricélio. Era o
primeiro mandato de Auricélio. Seis meses antes das eleições, Auricélio renunciou ao cargo Em 2012, Hélio
(cunhado de Auricélio) vence a eleição para Prefeito da mesma cidade.De 2013 a 2016, Hélio cumpre o mandato
de Prefeito.Em 2016, Hélio não poderá se candidatar à reeleição ao cargo de Prefeito porque seria o terceiro
mandato consecutivo deste núcleo familiar. STF. 2ª Turma. RE 1128439/RN, Rel. Min. Celso de Mello, julgado
em 23/10/2018 (Info 921).

#SELIGANASÚMULA: segundo a Súmula Vinculante nº 18, a dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no


curso do mandato, não afasta a inelegibilidade. Contudo, em meados de 2014, ao julgar o RE 758461/PB, o
Tribunal fez um distinguishing e decidiu que o enunciado não se aplica aos casos de extinção do vínculo conjugal
pela morte de um dos cônjuges, já que o espírito do §7º é o de “impedir a hegemonia política de um mesmo
grupo familiar, ao dar efetividade à alternância no poder, preceito básico do regime democrático”, o que,
definitivamente, não é o que ocorre no caso de morte, que é evento fortuito.

*Atualizado em 21/03/2023: #AJUDA360 A exceção à inelegibilidade prevista na parte final do § 7º do art.


14 da Constituição Federal – denominada inelegibilidade reflexa – aplica-se na hipótese em que a assunção do
mandato pela pessoa suplente, embora de origem temporária (decorrente de licença da pessoa titular), passa a ter
status de definitividade em razão do extenso lapso temporal no exercício do cargo. Agravo Regimental no Agravo
Regimental no Recurso Especial Eleitoral nº 0600441-91, Nazaré/BA, redator para o acórdão Min. Alexandre de
Moraes, sessão de 10/8/2021.

#IMPORTANTE #PREFEITOITINERANTE: questionava-se a possibilidade de o prefeito reeleito em determinado


município candidatar-se ao cargo de Prefeito em outro município. Esses prefeitos passaram a ser conhecidos
como “prefeitos itinerantes” ou “prefeitos profissionais”. Inicialmente, houve jurisprudência no sentido de que
seria possível, por não haver violação direta à vedação do terceiro mandato consecutivo na mesma circunscrição
eleitoral. No entanto, a partir de 2008, o TSE alterou seu entendimento para considerar que o cargo de
prefeito é considerado independentemente da unidade federativa para fins de reeleição. Assim, se um sujeito
foi prefeito de um município por dois mandatos seguidos, não poderá concorrer a prefeito em outro município
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na eleição subsequente ao término do seu mandato. Vale ressaltar que neste precedente, o STF entendeu que
para situações que o processo eleitoral é alterado por determinado entendimento jurisprudencial, a
aplicabilidade do que foi decidido pelo Poder Judiciário deverá ta,bém observar o princípio da anualidade.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA

d) serviço militar (art. 14, §8º, CF): nesse caso, para ser elegível, o militar alistável deverá afastar-se da atividade
caso conte com menos de 10 anos de serviço, ou, se contar com mais de 10 anos, será agregado pela autoridade
superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

2.1.2 Desincompatibilização
A desincompatibilização está prevista no art. 14, §6º, da CF, e constitui modalidade de inelegibilidade
relativa.

§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito


Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.

Da literalidade do dispositivo devemos extrair necessariamente que:


1) A desincompatibilização aplica-se ao membro do Poder Executivo. Detentores de mandatos político-
eletivo pelo Poder Legislativo (senadores, deputados federais e estaduais e vereadores) não são afetados pela
regra constitucional acima.
2) A desincompatibilização aplica-se tão somente para ocupar outro cargo. Desse modo, em caso de
reeleição, não é necessário desincompatibilizar-se. Por outro lado, se o vice pretender concorrer para o cargo
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de titular deverá se desincompatibilizar. Embora improvável na prática, também será necessária a
desincompatibilização se for ocupante do cargo titular e pretender concorrer para vice.
3) Se o Presidente, Governador ou Prefeito pretenderem candidatar-se a qualquer outro cargo eletivo
deverão renunciar ao mandato até seis meses antes do pleito.

Por sua vez, a LC 64 traz outras hipóteses de desincompatibilização. Primeiramente deveremos ter em
mente que para que a desincompatibilização seja necessária, é obrigatório que haja previsão legal.

#OLHAOGANCHO: o presidente de partido político e titular de emissora de rádio e televisão não precisam se
desincompatibilizar, pois não existe tal exigência legal.

Para aqueles que precisam desincompatibilizar, a regra é que o prazo a ser observado é de 6 meses
antes das eleições. No entanto, existem três exceções que alteram este prazo. São elas:

CARGO QUE OCUPA PRAZO PARA DESINCOMPATIBILIZAR CARGO PRETENDIDO


Aqueles que tenham ocupado cargo 4 MESES PRESIDENTE
ou função de direção, administração
ou representação em entidades
representativas de classe, mantidas,
total ou parcialmente, por
contribuições impostas pelo poder
público ou com recursos
arrecadados e repassados pela
Previdência Social.
Servidores públicos, estatutários ou 3 MESES PRESIDENTE
não, dos órgãos ou entidades da
administração direta ou indireta da
União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios e dos
Territórios, inclusive das fundações
mantidas pelo Poder Público.
Membros do Ministério Público e 4 MESES PREFEITO
Defensoria Pública em exercício na
Comarca.
Autoridades policiais, civis ou 4 MESES PREFEITO
militares, com exercício no
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Município.

#ATENÇÃO: No caso dos servidores públicos estatutários ou não, o afastamento é temporário, e ocorre sem
prejuízo da remuneração ou licença. No entanto, o TSE entende que o afastamento não será temporário se o
servidor ocupar apenas cargo em comissão, caso em que será exonerado. Para este caso, existe a exceção da
exceção. Ou seja, se o servidor tiver competência direta, indireta ou eventual, relacionada à tributação (auditor
fiscal da Receita Federal, analista de Tributos, etc.), aplica-se o prazo de 6 meses para a desincompatibilização.

2.2 Inelegibilidades Infraconstitucionais

As inelegibilidades infraconstitucionais estão previstas na LC nº 64, editada com base no §9º, do art. 14,
CF. As principais inovações trazidas pela LC nº 135/2010 (Ficha Limpa) foram a substituição das penas de
inelegibilidade de três para oito anos e a possibilidade de imputação das inelegibilidades sem necessitar
aguardar o trânsito em julgado, bastando que a condenação seja proferida por órgão colegiado. Quanto ao
primeiro ponto, o STF decidiu que é possível a aplicação retroativa da LC nº 135/2010, possibilitando o
indeferimento do registro de candidaturas pleiteadas por cidadãos condenados por órgãos colegiados do
Judiciário antes da sua publicação. E, quanto ao segundo ponto, nem se alegue que representa violação ao
princípio da presunção de inocência, que, além de não ser absoluto, cede em face da necessidade de conferir
uma proteção mais eficaz aos preceitos basilares da ética, da moralidade e da preservação do interesse público
primário. As hipóteses mais importantes são as que seguem abaixo:

Art. 1º, inciso I, alínea, b: os membros do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas, da Câmara
Legislativa e das Câmaras Municipais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infringência do disposto
nos incisos I e II do art. 55 da Constituição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de mandato das
Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se realizarem
durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos oito anos subseqüentes ao
término da legislatura;

Tratam de proibições para o Legislativo, na qual inclui o decoro parlamentar. A perda do cargo é
imposta pelo próprio Legislativo, e a inelegibilidade é automática. São atingidos por essa hipóteses todos os
parlamentares federais, estaduais ou municipais. O prazo da inelegibilidade pode durar por mais de 8 anos, vez
que também engloba o tempo remanescente do mandato.

Art. 1º, inciso I, alínea, c: o Governador e o Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal e o Prefeito e o
Vice-Prefeito que perderem seus cargos eletivos por infringência a dispositivo da Constituição Estadual, da Lei
Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se realizarem durante o
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período remanescente e nos 8 (oito) anos subsequentes ao término do mandato para o qual tenham sido
eleitos;

Trata-se de hipótese semelhante à alínea anterior, todavia atinge os chefes do Executivo que sofrerem
impeachment. Observe que aqui não foi mencionado o Presidente e o Vice-Presidente. Pois, em tais casos, o que
ocorre é a inabilitação e não a inelegibilidade.
A inabilitação é mais grave do que a inelegibilidade.
o Inelegibilidade: limita a capacidade para concorrer a cargo eletivo. Ataca a capacidade eleitoral
passiva.
o Inabilitação: não poderá o inabilitado exercer qualquer função pública.

Art. 1º, inciso I, alínea, d: os que tenham contra sua pessoa representação julgada procedente pela Justiça
Eleitoral, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de apuração de
abuso do poder econômico ou político, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem
como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;

Trata-se do abuso do poder político e poder econômico. Neste caso, diferentemente dos anteriores, a
inelegibilidade não é automática, sendo imposta pela Justiça Eleitoral. A inelegibilidade já exise desde a prolatação
por órgão colegiado, sendo prescindível o trânsito em julgado.

A inelegibilidade atingirá a eleição em que foi verificada a situação de abuso, e naquelas ocorridas nos 8
anos seguintes.

#DEOLHONAJURIS: o prazo de inelegibilidade desta alínea inicia-se na data da eleição do ano da condenação e
expira no dia de igual número de início do oitavo ano subsequente.

* #IMPORTANTE: A condenação por abuso do poder econômico ou político em ação de investigação judicial
eleitoral, transitada em julgado, “ex vi” do artigo 22, inciso XIV, da Lei Complementar 64/90, em sua redação
primitiva, é apta a atrair a incidência da inelegibilidade do artigo 1º, inciso I, alínea "d", na redação dada pela Lei
Complementar 135/2010, aplicando-se a todos os processos de registros de candidatura em trâmite. STF.
Plenário. RE 929670/DF, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 1º/3/2018
(repercussão geral) (Info 892)

#SELIGANASÚMULA: O prazo de inelegibilidade de três anos, por abuso de poder econômico ou político, é contado a
partir da data da eleição em que se verificou. Essa súmula tem de ser relida para observar o prazo de 8 anos.
15
Assim, ainda que a inelegibilidade seja julgada em momento posterior à ocorrência da eleição,
ainelegibilidade é contada a partir da data da eleição, e não do julgamento da ação respectiva.

Art. 1º, inciso I, alínea, e: os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão
judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena,
pelos crimes:
1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público
2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula a
falência;
3. contra o meio ambiente e a saúde pública;
4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade;
5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o
exercício de função pública;
6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores;
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos
8. de redução à condição análoga à de escravo;
9. contra a vida e a dignidade sexual; e
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando;

Aqui são situações que decorrem do art. 15, da CF/88. O prazo da inelegibilidade inicia-se com a
condenação, e vai até 8 anos após o cumprimento da pena. Por essa alínea, é possível que o cidadão se torne
inelegível antes mesmo da suspensão de seus direitos políticos. Isto porque essa suspensão só ocorre a partir do
trânsito em julgado da decisão condenatória. Já a inelegibilidade inicia-se com a condenação prolatada por
órgão colegiado.
#NÃOCONFUNDIR: Inelegebilidade com suspensão de direitos políticos. Esta impede a capacidade eleitoral
passiva e ativa. Já a inelegbilidade tem influência apenas sobre a capacidade eleitoral passiva, conservando a
capacidade eleitoral ativa.

#CAIEMPROVA: a inelegibilidade prevista na alínea e não se aplica aos crimes culposos, crimes de
menor potencial ofensivo, nem aos crimes de ação penal privada.

f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos;

A pena em questão só pode ser aplicada por Tribunal ou juízo militar. Aqui não se trata de
inelegibilidade automática, devendo ser declarada expressamente.
16
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade
insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão
competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se
realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II
do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que
houverem agido nessa condição;

O agente público é gestor de coisa alheia, por isso deve sempre prestar contas. Quem analisa as contas
prestadas pelo Chefe do Esxecutivo é o Poder Legislativo. Tratando-se de outros agentes públicos, as contas serão
analisadas pelo Tribunal de Contas.
Importante perceber que a norma exige que a rejeição tenha por fundamento um vício insanavél que se
traduza em ato doloso de improbidade administrativa, não sendo suficiente apenas que se trate de irregularidade
insanável.
É possível que essa inelegibilidade deixe de ser aplicada nas hipóteses em que a decisão do órgão
houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário.

(*) ATUALIZADO EM 11/01/2022: #NOVIDADELEGISLATIVA2: LC 184/2021: só incide a inelegibilidade do art. 1º,


I, “g”, da LC 64/90 se as contas tiverem sido julgadas irregulares com imputação de débito
O que fez a LC 184/2021?
Incluiu um parágrafo no art. 1º da LC 64/90 afirmando que a condenação do art. 1º, I, “g”, da LC 64/90 só gera
inelegibilidade se reconhecer que a conduta do agente gerou dano ao erário e, por conta disso, condená-lo a
ressarcir os cofres públicos, o que se chama de imputação de débito.
Explicando um pouco melhor.
O Tribunal de Contas, ao julgar ou emitir parecer sobre as contas do administrador público, pode considerá-las:
a) regulares;
b) regulares, com ressalvas; ou
c) irregulares.
Segundo os arts. 16 e 23 da Lei nº 8.443/92 (Lei Orgânica do TCU):
AS CONTAS SERÃO JULGADAS...

REGULARES
REGULARES IRREGULARES
COM RESSALVA

Quando expressarem, Quando evidenciarem Quando comprovada qualquer das seguintes ocorrências:
de forma clara e impropriedade ou
a) omissão no dever de prestar contas;
objetiva, a exatidão qualquer outra falta
dos demonstrativos de natureza formal de b) prática de ato de gestão ilegal, ilegítimo, antieconômico,
contábeis, a que não resulte dano ou infração à norma legal ou regulamentar de natureza
legalidade, a ao Erário. contábil, financeira, orçamentária, operacional ou

2
Comentários retirados do Buscador do Dizer o Direito.
17
legitimidade e a patrimonial;
economicidade dos
c) dano ao Erário decorrente de ato de gestão ilegítimo ao
atos de gestão do
antieconômico;
responsável.
d) desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores
públicos.

Será dada quitação O Tribunal dará Pode existir, ou não, débito (dano ao erário):
plena ao responsável. quitação ao
· Se houver débito: o Tribunal condenará o responsável ao
responsável, mas
pagamento dessa dívida atualizada e com juros (isso é
determinará a adoção
chamado de imputação de débito). É possível ainda aplicar
de medidas
multa cumulativamente.
necessárias à correção
das impropriedades · Se não houver débito: o Tribunal irá aplicar multa, nas
ou faltas identificadas. hipóteses legais.

Não se pode, portanto, confundir imputação de débito com multa:


IMPUTAÇÃO DE DÉBITO
MULTA
(ressarcimento ao erário)

A imputação de débito (ressarcimento ao A multa, por sua vez, consiste em uma sanção aplicada por
erário) é imposta quando o Tribunal de Contas conta de um comportamento ilegal da pessoa fiscalizada.
detecta que houve uma despesa indevida, que
Exs: gestor que descumpriu alguma determinação do
gerou prejuízo ao erário, devendo, portanto,
Tribunal de Contas; agente público que criou embaraço a
haver a recomposição do dano sofrido pelo
uma inspeção efetuada pelo TC; servidor que sonegou
ente público.
processo, documento ou informação.
Ex: quando o gestor não consegue comprovar
determinada despesa realizada, ele deverá
ressarcir tais valores aos cofres públicos.

Vale ressaltar que, tanto a imputação de débito quanto a multa, só poderão ser aplicadas se as contas foram
julgadas irregulares.
Desse modo, de acordo com o novo § 4º-A, inserido pela LC 184/2021, só haverá inelegibilidade na hipótese da
alínea “g” do inciso I do art. 1º se as contas do administrador forem julgadas irregulares com imputação de
débito (ressarcimento ao erário). Se o órgão aplicar apenas multa, essa decisão não gerará inelegibilidade.
Confira agora, finalmente, a nova redação do dispositivo:
LC 64/90
Art. 1º (...)
§ 4º-A. A inelegibilidade prevista na alínea “g” do inciso I do caput deste artigo não se aplica aos responsáveis
que tenham tido suas contas julgadas irregulares sem imputação de débito e sancionados exclusivamente
com o pagamento de multa. (inserido pela LC 184/2021)
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Vamos agora atualizar os requisitos necessários para configurar a inelegibilidade da alínea “g” do inciso I do art.
1º da LC 64/90:
a) o indivíduo ocupou um cargo ou função pública, que gerou seu dever de prestar contas;
b) essas contas foram rejeitadas pelo órgão competente;
c) essa rejeição ocorreu porque o órgão competente constatou a existência de:
c.1) irregularidade considerada insanável; e
c.2) que configurou, ao menos em tese, ato doloso de improbidade administrativa.
d) o órgão competente reconheceu a existência de dano aos cofres públicos e fez a imputação de débito ao
responsável (determinou o ressarcimento ao erário).
d) não cabe mais recurso administrativo contra essa decisão do órgão competente (decisão irrecorrível, no
âmbito administrativo);
e) essa decisão do órgão competente ainda está válida e eficaz, considerando que não foi suspensa ou anulada
pelo Poder Judiciário.
Essa análise feita pela Justiça Eleitoral faz coisa julgada para outras eleições?
NÃO. Os efeitos da decisão proferida pela Justiça Eleitoral que reconhece a causa de inelegibilidade prevista na
alínea “g” do inciso I do art. 1º da LC 64/90 em Registro de Candidatura não vincula a decisão a ser proferida em
pleito futuro.
Sendo assim, ainda que determinado candidato tenha tido seu registro de candidatura indeferido no pleito
anterior, deve a Justiça Eleitoral fazer nova análise acerca da presença dos requisitos ensejadores da
inelegibilidade, não bastando ao juiz fazer mera remissão à decisão anterior.
Nesse sentido:
“[...] Registro de candidatura. Deputado estadual. Indeferimento. Rejeição de contas pelo TCE/RJ. Aferição das
causas de inelegibilidade a cada eleição. Inexistência de coisa julgada ou direito adquirido. Precedentes. [...] 1- A
decisão proferida em ação de impugnação ao registro de candidatura, afastando a incidência de inelegibilidade,
tem eficácia restrita àquele pleito e não produz os efeitos exógenos da coisa julgada para eleições posteriores.
Precedentes. [...]” (Ac. de 19.12.2018 no AgR-RO nº 060076992, rel. Min. Edson Fachin.)
“[...] Deputado estadual. Registro de candidatura. [...] Registro de candidatura. Ausência de coisa julgada.
Possibilidade de nova avaliação na eleição seguinte. [...] 6. É pacífica a noção de que o registro de candidatura
deve ser renovado a cada pleito, pois não há direito adquirido ao registro de candidatura. Precedentes. [...]” (Ac.
de 18.12.2018 nos ED-AgR-RO nº 060068793, rel. Min. Og Fernandes.)
A LC 184/2021 entrou em vigor na data da sua publicação (30/09/2021).

*(Atualizado em 29.04.2020) #DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: O art. 1º, I, “g”, da LC 64/90 prevê que são
inelegíveis para qualquer cargo os que tiverem suas contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas “por irregularidade
insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa”. Assim, a rejeição de contas só gera a inelegibilidade
se a irregularidade insanável que for detectada configurar ato doloso de improbidade administrativa. Não é possível
fazer uma interpretação extensiva desse dispositivo para dizer que a simples violação da Lei de Licitações configura ato
doloso de improbidade administrativa e que, portanto, caracteriza essa hipótese de inelegibilidade. É necessário fazer
uma distinção entre “ato meramente ilegal” e “ato ímprobo”, exigindo para este último uma qualificação especial: lesar o
erário ou, ainda, promover enriquecimento ilícito ou favorecimento contra legem de terceiro. STF. 2ª Turma. ARE
1197808 AgR-segundo e terceiro/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 3/3/2020 (Info 968).
19
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O TSE entende a inelegibilidade prevista nesta alínea pode ser examinada a partir
de decisão irrecorrível dos tribunais de contas do prefeito que age como ordenador de despesas.
*JULGAMENTO DE CONTAS DOS PREFEITOS: Competência para julgamento das contas dos Prefeitos e sua
repercussão na inelegibilidade Para os fins do artigo 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar 64/1990, a
apreciação das contas de Prefeito, tanto as de governo quanto as de gestão, será exercida pelas Câmaras
Municipais, com auxílio dos Tribunais de Contas competentes, cujo parecer prévio somente deixará de
prevalecer por decisão de dois terços dos vereadores. STF. Plenário. RE 848826/DF, rel. orig. Min. Roberto
Barroso, red. p/ o acórdão Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 10/8/2016 (repercussão geral) (Info 834).
Parecer técnico elaborado pelo Tribunal de Contas tem natureza meramente opinativa, competindo
exclusivamente à Câmara de Vereadores o julgamento das contas anuais do chefe do Poder Executivo local,
sendo incabível o julgamento ficto das contas por decurso de prazo. STF. Plenário. RE 729744/MG, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 10/8/2016 (repercussão geral) (Info 834).

h) os detentores de cargo na administração pública direta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a


terceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem condenados em decisão transitada em julgado
ou proferida por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem
como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;
Esta alínea também trata do abuso do poder economico, assim como a alínea “d”. A diferença é que nesta
alínea os atingidos são detentores de função pública e a condenação aqui pode ser feita por qualquer órgão do Poder
Judiário.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A incidência desta alínea independe do órgão prolator da condenação –se
Justiça Comum apenas, ou Eleitoral.

i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto
de processo de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, nos 12 (doze) meses anteriores à respectiva
decretação, cargo ou função de direção, administração ou representação, enquanto não forem exonerados de
qualquer responsabilidade;

Aqui a inelegibilidade dura enquanto não houver exoneração da responsabilidade quanto à liquidação.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: este dispositivo não é inconstitucional ao condicionar a duração da
inelegibilidade à exoneração de responsabilidade, sem fixação de prazo.

j) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça
Eleitoral, por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação, captação ou gastos ilícitos de
recursos de campanha ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem
cassação do registro ou do diploma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição;
20
Esta inelegibilidade só será aplicada caso tenha ocorrido, por conta da condenação, a cassação do diploma.
Os oito anos tem como termo incial a eleição em que praticado o desvio de conduta.

k) o Presidente da República, o Governador de Estado e do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do


Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, das Câmaras Municipais, que
renunciarem a seus mandatos desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura
de processo por infringência a dispositivo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do
Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se realizarem durante o período
remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 (oito) anos subsequentes ao término da
legislatura;

Aqui basta que tenha sido apresentada representação capaz de trazer abertura de processo por
cassação, que já há presunção de que a renúncia tem por objeto escapar da cassação. A inelegibilidade durará
por 8 anos, além do tempo remanescente do mandato em que se deu.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: essa inelegibilidade não será aplicada se a renúncia ocorrer para se evitar a
desincompatibilização.

l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida
por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio
público e enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8
(oito) anos após o cumprimento da pena;

A improbidade administrativa pode causar a suspensão dos direitos políticos. Quando o sujeito terminar
de cumprir a pena de suspensão de direitos políticos, se iniciará a contagem do prazo de inelegibilidade.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: a análise do enriquecimento ilícito pode ser realizada pela Justiça Eleitoral, a
partir do exame da fundamentação do decisum, ainda que não tenha constado expressamente do dispositivo.
Compete à Justiça Eleitoral verificar se está comprovado ato doloso de improbidade que signifique ao mesmo
tempo enriquecimento ilícito e dano ao patrimônio público.

*Atualizada em 21/03/2023: #AJUDA360: Prática ilícita de “rachadinha” configura enriquecimento ilícito e


dano ao erário, atraindo a incidência da inelegibilidade prevista na alínea l do inciso I do art. 1º da Lei
Complementar nº 64/1990.

m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por decisão sancionatória do órgão profissional
competente, em decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 (oito) anos, salvo se o ato houver
sido anulado ou suspenso pelo Poder Judiciário;
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Aqui a condenação é administrativa. Se essa condição houver sido anulada ou suspensa pelo Poder
Judiciário, a inelegibilidade não se aplica.

n) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em
razão de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou de união estável para evitar caracterização de
inelegibilidade, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer a fraude
Aplica-se nos casos de inelegibilidade reflexa ou por parentesco.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: a incidência desse dispositivo pressupõe ação judicial que condene a parte por
fraude.

o) os que forem demitidos do serviço público em decorrência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo
de 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário;
A demissão pode se dar por decisão administrativa ou judicial. Se decorrer de decisão administrativa, não
haverá inelegibilidade se houver sido anulada ou suspena por decisão judicial.

p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas responsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por
decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos
após a decisão, observando-se o procedimento previsto no art. 22;

Aqui são os casos cometidos durante a arrecadação de verbas durante a campanha eleitoral.

#SELIGANASÚMULA: de acordo com a súmula 21 do TSE, o prazo para ajuizamento da representação contra
doação de campanha acima do limite legal é de 180 dias, contados da data da diplomação. SÚMULA CANCELADA!

q) os magistrados e os membros do Ministério Público que forem aposentados compulsoriamente por decisão
sancionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que tenham pedido exoneração ou aposentadoria
voluntária na pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo de 8 (oito) anos;

A sanção de aposentadoria compulsória é a mais grave dentre as administrativas aplicáveis a magistrados


ou membros do MP. Essa inelegibilidade também será aplicada caso seja requerida aposentadoria voluntária para
se escapar da sanção referida.

Vamos fazer uma tabela para facilitar a memorização:


22
PESSOA ATINGIDA PELA INELEBILIDADE PRAZO DE INELEGIBILIDADE
Parlamentares que hajam perdido os mandatos por Período remanescente do mandato + 8 anos
infringência do disposto nos incisos I e II do artigo 55
da CF.
Governador, Vice, Prefeito e Vice que perderem cargo Período remanescente do mandato + 8 anos
por contrariar a Constituição Estadual e Lei Orgânica.
Abuso de poder econômico, abuso de poder político, Eleição na qual concorrem +8 anos
por corrupção eleitoral, por captação ilícita de
sufrágio, por doação, captação ou gastos ilícitos de
recursos de campanha ou por conduta vedada aos
agentes públicos em campanhas eleitorais que
impliquem cassação do registro ou do diploma,
reconhecidos pela Justiça Eleitoral, pelo menos por
órgão colegiado
Condenados por crimes definidos em lei com trânsito Desde a condenação até prazo de 8 anos após o
em julgado ou decisão de órgão colegiado: cumprimento da pena.
São os crimes: 1. contra a economia popular, a fé
pública, a administração pública e o patrimônio
público; 2. contra o patrimônio privado, o sistema
financeiro, o mercado de capitais e os previstos na
lei que regula a falência; 3. contra o meio
ambiente e a saúde pública; 4. eleitorais, para os
quais a lei comine pena privativa de liberdade; 5.
de abuso de autoridade, nos casos em que houver
condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o
exercício de função pública; 6. de lavagem ou
ocultação de bens, direitos e valores; 7. de tráfico
de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura,
terrorismo e hediondos; 8. de redução à condição
análoga à de escravo; 9. contra a vida e a dignidade
sexual; e 10. praticados por organização criminosa,
quadrilha ou bando
ATENÇÃO: esta inelegibilidade não se aplica aos
crimes culposos e àqueles definidos em lei como de
menor potencial ofensivo, nem aos crimes de ação
penal privada
23

Declarados indignos do oficalato 8 anos contados da decisão.


Não tiveram as contas aprovadas por irregularidade 8 anos contados da decisão.
insanável que configure ato doloso de improbidade
administrativa, por decisão irrecorrível do órgão
competente
Condenação transitada em julgado ou proferida por Eleição na qual concorrem +8 anos
órgão colegiado em caso de abuso de poder político
ou econômico
Os que, em estabelecimentos de crédito, Enquanto não forem exonerados de qualquer
financiamento ou seguro, que tenham sido ou responsabilidade.
estejam sendo objeto de processo de liquidação
judicial ou extrajudicial, hajam exercido, nos 12
(doze) meses anteriores à respectiva decretação,
cargo ou função de direção, administração ou
representação, enquanto não forem exonerados de
qualquer responsabilidade
Decisão colegiada por conduta que implique a 8 anos a conta da eleição.
cassação de diploma.
Aqueles que renunciarem ao cargo, ou desfazerem Período remanescente do mandato + 8 anos
vínculo conjugal para evitar inelegibilidade, em
caso de procedimento que pudesse levar a
inelegibilidade
Os que forem condenados a suspensão de direitos Desde a condenação até prazo de 8 anos após o
políticos por ato de improbidade administrativa. cumprimento da pena.
Os que forem excluídos do exercício da profissão, 8 anos, salvo a decisão estiver suspensa.
por decisão sancionatória do órgão profissional
competente, em decorrência de infração ético-
profissional
Os que forem demitidos do serviço público em 8 anos contados da decisão.
decorrência de processo administrativo ou judicial,
salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado pelo
Poder Judiciário.
Responsáveis por doações ilegais. 8 anos contados da decisão.
Magistrados e membros do MP aposentados 8 anos
compulsoriamente.
24

*#DEOLHONAJURIS#DIZERODIREITO#STF #IMPORTANTE A condenação por abuso do poder econômico ou


político em ação de investigação judicial eleitoral, transitada em julgado, “ex vi” do artigo 22, inciso XIV, da Lei
Complementar 64/90, em sua redação primitiva, é apta a atrair a incidência da inelegibilidade do artigo 1º,
inciso I, alínea "d", na redação dada pela Lei Complementar 135/2010, aplicando-se a todos os processos de
registros de candidatura em trâmite. STF. Plenário. RE 929670/DF, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o
ac. Min. Luiz Fux, julgado em 1º/3/2018 (repercussão geral) (Info 892). É possível aplicar o prazo de 8 anos de
inelegibilidade, introduzido pela LC 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), às condenações por abuso de poder, mesmo
nos casos em que o processo já tinha transitado em julgado quando a Lei da Ficha Limpa entrou em vigor. O fato
de a condenação nos autos de representação por abuso de poder econômico ou político haver transitado em
julgado, ou mesmo haver transcorrido o prazo da sanção de três anos, imposta por força de condenação pela
Justiça Eleitoral, não afasta a incidência da inelegibilidade constante da alínea “d” do inciso I do art. 1º da LC
64/90, cujo prazo passou a ser de 8 anos. Exemplo: em 2009, João, político, foi condenado em Ação de
Investigação Judicial Eleitoral, pela prática de abuso de poder político. Naquela época não havia ainda a Lei da
Ficha Limpa. Vigorava a redação originária do art. 1º, I, “d”, da LC 64/90. Logo, a Justiça Eleitoral determinou
que João ficasse inelegível por 3 anos. O processo transitou em julgado em 10/09/2010 e João cumpriu os 3
anos de inelegibilidade, conforme havia sido determinado. Nas eleições de 2016, já imaginando que estaria livre
da inelegibilidade, ele tentou concorrer ao cargo de Prefeito, apresentando requerimento de registro de
candidatura. Ele não pode concorrer. Isso porque, em 2010, a Lei da Ficha Limpa aumentou a punição prevista
no art. 1º, I, “d”, da LC 64/90 de 3 para 8 anos. Mesmo a Lei da Ficha Limpa tendo entrado em vigor após o fato
praticado por João, este novo diploma deve ser aplicado ao caso concreto. Logo, a inelegibilidade de João, que
era de 3 anos (e que acabou em 2012 = 3 + 2009), subiria para 8 anos (e a inelegibilidade perduraria até 2017 =
8 + 2009). STF. Plenário. ARE 1180658 AgR/RN, rel. orig. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Rosa
Weber, julgado em 10/9/2019 (Info 951).

#SELIGANASSÚMULAS
Súmula-TSE nº 2
Assinada e recebida a ficha de filiação partidária até o termo final do prazo fixado em lei, considera-se satisfeita
a correspondente condição de elegibilidade, ainda que não tenha fluído, até a mesma data, o tríduo legal de
impugnação.
Súmula-TSE nº 5
Serventuário de cartório, celetista, não se inclui na exigência do art. 1º, II, l, da LC nº 64/90.
Súmula-TSE nº 6
São inelegíveis para o cargo de Chefe do Executivo o cônjuge e os parentes, indicados no § 7º do art. 14 da
Constituição Federal, do titular do mandato, salvo se este, reelegível, tenha falecido, renunciado ou se afastado
definitivamente do cargo até seis meses antes do pleito.
Súmula-TSE nº 12
25
São inelegíveis, no município desmembrado, e ainda não instalado, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou
afins, até o segundo grau ou por adoção, do prefeito do município-mãe, ou de quem o tenha substituído, dentro
dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo.
Súmula-TSE nº 19
O prazo de inelegibilidade decorrente da condenação por abuso do poder econômico ou político tem início no
dia da eleição em que este se verificou e finda no dia de igual número no oitavo ano seguinte (art. 22, XIV, da LC
nº 64/90).
Súmula-TSE nº 41
Não cabe à Justiça Eleitoral decidir sobre o acerto ou desacerto das decisões proferidas por outros Órgãos do
Judiciário ou dos Tribunais de Contas que configurem causa de inelegibilidade.
Súmula-TSE nº 43
As alterações fáticas ou jurídicas supervenientes ao registro que beneficiem o candidato, nos termos da parte
final do art. 11, § 10, da Lei n° 9.504/97, também devem ser admitidas para as condições de elegibilidade.
Súmula-TSE nº 47
A inelegibilidade superveniente que autoriza a interposição de recurso contra expedição de diploma, fundado
no art. 262 do Código Eleitoral, é aquela de índole constitucional ou, se infraconstitucional, superveniente ao
registro de candidatura, e que surge até a data do pleito.
Súmula-TSE nº 49
O prazo de cinco dias, previsto no art. 3º da LC nº 64/90, para o Ministério Público impugnar o registro inicia-se
com a publicação do edital, caso em que é excepcionada a regra que determina a sua intimação pessoal.
Súmula-TSE nº 54
A desincompatibilização de servidor público que possui cargo em comissão é de três meses antes do pleito e
pressupõe a exoneração do cargo comissionado, e não apenas seu afastamento de fato.
Súmula-TSE nº 61
O prazo concernente à hipótese de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da LC nº 64/90 projeta-se por oito
anos após o cumprimento da pena, seja ela privativa de liberdade, restritiva de direito ou multa.
Súmula-TSE nº 69
Os prazos de inelegibilidade previstos nas alíneas j e h do inciso I do art. 1º da LC nº 64/90 têm termo inicial no
dia do primeiro turno da eleição e termo final no dia de igual número no oitavo ano seguinte.
Súmula-TSE nº 70
O encerramento do prazo de inelegibilidade antes do dia da eleição constitui fato superveniente que afasta a
inelegibilidade, nos termos do art. 11, § 10, da Lei nº 9.504/97.
3 DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVO
Constituição Federal Artigo 14
26
Lei Complementar 64/90 Leitura Integral

4 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

- GOMES, José Jairo. Direito eleitoral. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2015
- Anotações pessoais de aulas

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