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PROCESSO PENAL I – M1 1

 O núcleo fundante do Processo Penal é convencer o juiz, através de provas

 No processo Penal... a carga de provas cabe ao Ministério Público, inclusive as


excludentes.

 FAD – Fato Aparentemente Delituoso (criminoso)


Direito Penal trata de fatos, não pensamentos. Importa o que a pessoa faz, o que não
causa alteração no mundo exterior.
Fato é algo que já aconteceu.
Aparentemente é porque deve ser, mas não se tem certeza.

 CPP  Código Rocco (1930) – Estado Facista


Nosso Código do Processo Penal tem grande influencia do Código Rocco de 1939,
utilizado na Itália fascista. Sofreu algumas alteração, como a “minirreforma” de 1984, a
CF de 1988 e a alteração na Lei do Juri, em 2008.

 Garantia de Direitos  Regra é a Liberdade = Prisão é a exceção.


Em um estado democrático de Direito, prisão é exceção e a liberdade é a regra. Essa é a
Garantia de Direito neste estado.
Art 311 e 312 do CPP tratam da Prisão Preventiva.

 La Lei del mas Debil


Direito Espanhol: Lei do Mais Fraco
O estado é personificado no MP, e o réu sempre é uma pessoa física. O Estado possui
muito mais aparato para agir, sendo mais forte. O Estado (Leviatã) é o monstro e precisa
ser controlado.
Lei do Mais Debil é de Ferrajolli, o mais fraco é o cidadão, e o mais forte é o Estado.

 Momento do Crime
Para Ferrajolli o momento do Crime (FAD) tem como personagem principal a vítima,
porque necessita socorro. O réu se prende depois. O foco nesse momento é a vítima.

 Durante o Processo
Já no processo penal, o eixo, o personagem principal é o réu, pois não se pode condenar
um inocente (fato que é tido com a desgraça do Processo Penal), pois um erro judicial é
um erro de todas as partes envolvidas.

 Processo Penal Constitucional


O processo penal tem que respeita a Constituição. O Brasil é um Estado Internacional
Constitucional de Direito. A Constituição é superior a todas as leis, sendo necessário o
CPP respeitar a Constituição.

 Processo – Reconstituição dos Fatos


O processo é a forma de reconstituir os fatos. Segundo Jacinto Coutinho, é necessário
reconstituir os fatos (FAD). O Processo Penal se atem ao passado, pois busca voltar ao
fato ocorrido.

 Gestão das Provas


O processo busca a verdade dos Fatos.

 Separação das Funções  Juiz Ator x Juiz Expectador.


Juiz Ator: participa do processo (pergunta nas audiências, acompanha a prisão, etc). É
um promotor ou advogado “travestido”. O jogo entre MP e Defesa deve ser limpo.

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Juiz Expectador: não age pelas partes, somente cuida para que não haja ilegalidade no
processo.
Tarzietá: juiz alheio as partes, neutro.
Fair Play: partes jogam limpo, sendo leais entre si.
A CF determina que o juiz seja “expectador”.

***O MANTRA DO PROCESSO PENAL CONSTITUCIONAL = FORMA É GARANTIA


FORMA = os atos tem que ser praticados exatamente como a Lei prevê
GARANTIA = somente cumprindo a Lei o cidadão terá um JULGAMENTO JUSTO

 Maniqueísmo  Interesse Público x Interesse Privado


Religião criada por Manu. Baseia a vida em dualidades (bem x mal). Em outras áreas do
direito, o Direito Publico prevalece sobre o Direito Privado. Em Processo Penal, o privado
prevalece sobre o público, para se evitar a condenação de um inocente.

Princípios do Processo Penal

 Presunção de Inocência – Dever de tratamento  2 dimensões


“Ninguém é culpado...” traz consigo um dever de tratamento. Para o Direito, a parte tem
que ser tratada como inocente. Inocente não precisa provar nada. Isso gera 2 dimensões:
1. Dimensão Endoprocessual (mais importante / endo = dentro): Provar é um
direito, não uma obrigação.
2. Dimensão Exoprocessual (fora do processo): exagero na divulgação pela
mídia, que acaba gerando um pré-julgamento. Dever de tratamento dentro e fora
do processo. O processo, com exceções, é contencioso.

 Contraditório a Ampla Defesa – Espécies de Defesa


É a possibilidade de exercer um direito. É o direito de contestar a as alegações da parte
contrária. Existem 2 tipos de defesa no processo penal:
1. Autodefesa: exercida pela réu, quando ouvido no interrogatório, podendo ser
renunciável, no caso de confissão.
2. Defesa Técnica: defesa lega, através de defensor. É irrenunciável, sendo
obrigatório se defender o réu.

 Publicidade – Exceções
Publicidade no processo penal é a regra. Entretanto existem exceções:
1. Processo em que envolva crianças ou adolescentes.
2. Quando houver decretação judicial ou previsão legal.
3. Votação na Sessão do Júri.

 Duração Razoável do Processo – Tempo – outra pessoal – François Ost – O tempo


e o direito
O processo não pode ser rápido demais, nem lento demais, pois caso se prolongue, ocorre
o Estado de Prolongada Angustia. Não existe tempo ou prazo para o processo (salvo o
prazo prescricional). François escreve que a demora causa prejuízo a sociedade, pois
quando o processo demora muito, julga-se outra pessoa.
Ocorrem consequências do tempo exagerado no processo:
1. Diminui o interesse da sociedade/probatório: a sociedade não vai se preocupar
com o que ocorreu.
2. Enfraquecimento da prova testemunhal, pois o cérebro registra somente
informações importantes. O réu e a vitima não esquece o ocorrido, entretanto as
testemunham tendem a esquecer.

 Imparcialidade do Juiz – Ideia força

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É necessário o juiz ser neutro no processo, distante das partes, sendo um “arbitro de
boxe”.

 Paridade de Armas
Devem existir as mesmas condições processuais, tanto para o MP, como para a Defesa.

 Verdade Real?
Não se atinge. O principio da verdade real é arcaico, antigo e ultrapassado. Roxin apoia
essa ideia, mas se pode recriar a cena do crime.

 Devido Processo Legal


O processo é uma sequencia de atos pré-determinados e sequenciais. Por lidar com
liberdades, deve seguir regras rígidas.
Existem 2 tipo de processo:
1. Common Law (USA, Canadá, Irlanda, etc.). Nesses países o processo criminal é
negociável, através de acordo na definição da pena.
2. Não negocial ou rígido: A Ação Penal é pública, não se negocia e nem se faz
acordos. É um sistema não flexível.

 Favor Rei
In dubio pro reu – Em caso de dúvida, deve se ir a favor do réu. Não se pode condenar u
inocente, mas pode-se absolver um culpado. Só se condena quando se tem certeza
absoluta.

 Necessidade do Processo em relação a pena: Penas inegociáveis. Exceções

 Motivação das decisões.


Despachos não precisam ser motivados. Decisões interlocutórias geralmente não
precisam de motivação. Entretanto, Sentenças devem ser fundamentadas, não podendo
ser fundamentação genérica, e sim especifica para o caso em concreto. Não se pode usar,
segundo XXX de Carvalho, as mesmas fundamentações alegadas pelo MP na sentença. Os
atos praticados devem seguir as formalidades legais, pois somente seguindo a lei, se
consegue chegar a um julgamento justo.

INQUERITO POLICIAL

 Necessidade do IP – Dispensabilidade.
O CPP, de 1941, foi feito para a realidade da época. O IP é entendido como algo atrasado.
O IP é necessário?
FAD é quando se busca a materialidade a autoria. O principio da anterioridade??? só
considera relevante fatos ilícitos cometidos contra terceiros. Além disso, não interessa
para o Direito Penal e para o Direito Processual Penal. É necessário saber se o fato
aconteceu, e se ele é relavante para o direito (o direito penal não se preocupa com
pensamentos)
Materialidade: o fato ocorreu?
Autoria: Pode existir IP sem autor “a investigar”, pois o autor será apurado. Já para Ação
Penal necessita-se precisar o autor do delito.
O IP não é indispensável, podendo entrar-se com ação penal diretamente. Temos a
tradição e o costume do IP, não sendo obrigatório, mas pode ser dispensável (pois basta
ir ao MP, e entregar as provas do crime).
Em 99% das vezes, o IP antecede a Ação Penal. É dispensável, mas é usado pelo costume e
tradição.

 Finalidade do IP

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o Assegurar a máxima genuinidade (eficácia) da matéria probatória


Depoimento na Delegacia ocorrem logo depois do fato. Em juízo, podem demorar
anos. Essa demora prejudica a lembrança das prova pelas testemunhas, pois
quanto mais próximo do fato, mais fidedigno o depoimento/prova. A ocorrência
do depoimento no IP permite o registro mais fidedigno (prova gravada) das
provas e depoimentos. Isso auxilia até na situação da instrução processual em
juízo.
o Função de Filtro Processual.
Procura-se refinar as informações mais importantes do processo, para não haja
processo contra pessoas sabidamente inocente, pois se apura o motivo do crime
(ex.: legitima defesa). Isso permite que só cheguem em juízo, casos realmente
necessários, apurando antecipadamente a culpa.

 Filtro Processual – 3 fatores


XXX MP em só oferecer denuncia quando realmente encontrar algum “fumus comissis
delicti - FCD”. É necessária essa filtragem para não ser promovida uma ação penal
indevida.
o Custo do Processo: não gastar desnecessariamente
o “Stato de Prolongata Ansia”: causa no acusado Estado de Prolongada
Angustia, pois o réu inocente passa por uma angustia quando tem que responder
uma ação penal, promovida sem a correncia do FCD
o Pena de banquilho: banco dos réus, em alegoria ao banquinho do castigo.

 Vantagens do IP
o Maior abrangência policial no Brasil: Tem mais delegacias que fóruns nas
cidades, principalmente nos interiores.
o Maior proximidade com a população: maior proximidade da policia com a
população.
o Policia é mais barata que o judiciário: o custo do judiciário é superior ao da
policia.

 Desvantagens do IP
o Seleção de investigação: originário do poder discricionário do Delegado,
definindo o que realmente investigar.
o Contaminação politica da polícia: políticos tende a interferir no andamento
das investigações.

 Objeto do IP – Fumus Comissis Delicti (FMD)


É a fumaça do Cometimento do Delito. Trata-se de uma suposição, de um “achismo” do
cometimento do delito.

 IP – Calamandrei – Instrumentalidade Qualificada


O IP serve de instrumento do processo, ou seja, serve ao processo. Ele existe devido a
necessidade de se alcançar a ação penal ( mais importante).

 Inicio do IP
o Portaria
Ato da autoridade policial quando chega ao seu conhecimento um FAD. Se a
autoridade percebe FMD, investiga-se para esclarecer e fazer justiça.
o Requisição
É necessário algo para iniciar o IP, onde existem elementos de prova. Poder ser
requisitado pelo Juiz ou pelo MP. Trata-se de uma ordem do juiz ou do promotor
para que se investigue um FMD. Entretanto, o delegado não tem vinculação
funcional com o MP ou com o Juiz.

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o Requerimento
Pode ser feito por cidadão da sociedade. Trata-se de um pedido.
o Prisão em Flagrante
Ocorre pela flagrância, através de um Auto de Prisão em Flagrante, que já é o
inicio do IP.

 Atos de desenvolvimento do IP – Art. 6º do CPP


O Delegado deve* fazer, quando tiver conhecimento de uma pratica de infração penal**:
1. Peritagem do local/fato, procedendo ao isolamento e proteção da área até a
chegada do perito.
2. Apreensão de objetos relacionados ao fato, após a peritagem (salvo se objeto
necessário ao trabalho).
3. Colher as provas necessárias para o esclarecimento.
4. Ouvir a vitima (quando tiver condições).
5. Ouvir o indiciado.
6. Proceder ao reconhecimento das pessoas (3 pessoas parecidas). Reconhecimento
policial por fotografia só é valido corroborado por reconhecimento presencial (é
uma prova parcial).
* tem o direito de decidir, o termo deve é em sentido ultrapassado.
** Se exclui contravenção penal.
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a
quaisquer outras perícias;
Delicta Facta Permanentis DPF – deixa marca ou vestígio
Delicta Facta Transeuntis DFT – não deixa marca ou vestígio
Exame de corpo de delito em DFP, pode ser realizdo de espécies:
o Direito ou propriamente dito: quando se analisa o próprio corpo. É o exame feito
no próprio corpo.
o Indireito: é feito através de prova testemunhal.
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual,
familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e
depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem
para a apreciação do seu temperamento e caráter.
Direito Penal do Autor: o autor de delito deve ser sempre avaliado pelo que é, e nunca
pelo que fez antes do FAD. Deve-se julgar o fato, e não a pessoa, sendo isso o Direito Penal
do Fato, quando se avalia a vida pregressa ado autor do FAD, aí torna-se o direito penal
do autor.

 Relatório do IP – Art. 10 §§ 1º e 2º
Deve ser feito um resumo objetivo, pelo delegado, e nunca subjetivo, sem conter a
opinião do Delegado. Este relatório, deve ser enviado ao Ministério Público.

 Arquivamento do IP – Procedimento – IP  MP  Arquivamento


Se existe o FCD, o IP deve ir para analise do MP. Não encontrando o MP o FCD, deve pedir
o arquivamento. Isso ocorre de 2 maneiras:
o Quando o juiz acata o parecer do MP, e determina o arquivamento.
o Quando o juiz não acata o parecer do MP. Remete-se a Procuradoria de Justiça
que:
 Se concordar com o promotor, pede o arquivamento, que deve ser
acatado pelo juiz.
 Se concordar com o juiz, nomeia outro promotor, que poderá oferecer a
denuncia, a ser recebida pelo Juiz

 Art. 12 – Fundamentos da não obrigatoriedade do IP.


 Prazo do IP

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Tem prazo para ser terminado. Em caso de réu preso, o prazo é de 10 dias. Em caso de
réu solto, pode ser por mais 30 dias. As prorrogações podem ocorrer porque o indiciado
está solto e não ocorre prejuízo.
Lei 12345/2016 – altera o Estatuto da Advocacia, permitindo acesso ao IP. É um
contraditório “meia boca”.
XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração,
autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que
conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital;
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade
absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos
investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive,
no curso da respectiva apuração:
a) apresentar razões e quesitos;
§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de
que trata o inciso XIV.

 Termino do IP
o Preso
o Solto
o Regra Geral

AÇÃO PENAL

O IP é encaminhado para o MP. Após analise do MP, o IP pode:


 Ser arquivado
 Baixar para Delegacia, para realização de diligências
 Excludente no IP pode arquivar.
 Oferecer Denuncia.

Em caso de oferecimento de denuncia, e a mesma seja recebida pelo Juiz, o IP torna-se Ação
Penal. Ocorre a denuncia pelo MP, quando existem elementos suficientes de materialidade
(certeza), e autoria (indícios).

Ação Penal Pública Incondicionada - APPI


 É a regra geral, pois a maioria dos crimes é de competência do Ministério Público. Para
descobrir se trata de APPI, verifica-se a tipificação nos artigos do CP, procurando as
palavras “representação”, “queixa”, ou se o artigo for silente (não faz referencia). Tem
que confirmar se é isso
 Não existe condicionamento ao Ministério Público para oferecer denuncia.
 Princípios da APPI
o Obrigatoriedade: se existe os elementos da FCD, deve se proceder a denuncia.
o Indisponibilidade: O MP não pode desistir da ação, podendo somente pedir a
absolvição do denunciado, mas nunca desistir dos termos da denuncia, pois o
MP representa o interesse público.
o Oficialidade: o MP é um órgão estatal
o Individualidade: a denuncia deve ser feita a todos os envolvidos, na medida
dos elementos do cometimento do crime (todos que participaram do crime,
devem ser denunciados).
o Personalidade: a pessoa só responde pelos seus atos. Não pode ocorrer de
alguma pessoa assumir o crime de outra pessoa.

Ação Penal Pública Condicionada - APPC


Para descobrir se se trata de APPC, verifica-se a tipificação nos artigos do CP, procurando a
palavra “representação”. A vítima maior de 18 anos (per si) ou representado autoriza o MP a
fazer a denuncia. A representação é para, caso o MP queira denunciar, mas não é
obrigatória, e sim uma autorização.

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