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quinta-feira, 2 de março de 2023

Processo Penal I

Quais são as nalidades do processo penal? Ao processo penal cabe a descoberta da


verdade material e a realização da justiça, a proteção dos direitos fundamentais das
pessoas envolvidas no processo penal, não se trata apenas de proteger os direitos
fundamentais dos arguidos, mas também de terceiros e a nidade da paz jurídica
comunitária posta em causa com a pratica do crime e a própria paz jurídica daquele que
assume o estatuto de arguido.
Estas 3 nalidades são inconciliáveis, antinómicas, antitéticas. São aquelas situações em
que é difícil atingir estas 3 nalidades,
Processo penal tem o problema de escolha e harmonização destas nalidades con itantes.
Enquanto cidade tenho um direito de inviolabilidade do meu domicilio, mas em busca da
verdade material pode ser necessário fazer uma busca ao me domicilio.
O processo penal, atinge direitos terceiros ex: escuta telefónica. Meio de obtenção da obra
onde é evidente que num processo penal também são atingidos direitos fundamentais de
terceiros.
Percurso de revisão que vai permitir atingir uma decisão já transitada em julgado. Em nome
da descoberta da verdade e da realização da justiça, inquéritos pode ser reabertos se
existirem novos dados.
A nalidade da proteção perante o estado, os direitos fundamentais das pessoas, está a
con ituar com a descoberta da verdade. Proibição da tortura, que é um direito
fundamental.
Para proteção dos direitos fundamentais, tenho métodos que até poderiam ser úteis da
descoberta da verdade e da justiça.
Em nome de um direito fundamental de uma pessoa já falecida eu admitir revisão do
processo

Restabelecimento da paz jurídica, comunitária e do arguido pode con ituar com a verdade
e a realização da justiça.
O recurso de revisão é fundamentalmente um recurso contra decisões condenatórias
injustas.
Podemos tolerar absolvições injustas, mas não podemos tolerar condenações injustas.

Uma das razões para aplicar a prisão preventiva a alguém é haver perigo para a ordem e
tranquilidade pública.
A nalidade de restabelecimento da paz jurídica comunitária vai-me permitir privar alguém
quando houver perturbação da ordem e da tranquilidade pública.

Devemos adotar a metodologia da concordância prática.


A grandeza do processo penal está neste des o constante de tanto quanto possível haver
harmonização das nalidades do processo penal.

Ex: prender alguém preventivamente, mas presume-se inocente. Harmonizamos o dever de


proteger os direitos fundamentais das pessoas com o dever da verdade e da justiça,
através de por exemplo a prisão preventiva ser aplicada em última instância.

Ac. Do Tribunal Constitucional


607/2003 - Processo marcante da justiça penal portuguesa (Casa Pia) - O juiz autorizou
uma busca domiciliaria na casa de um dos arguidos e há esta busca para a descoberta da
verdade e nessa buca domiciliaria legal, foram encontrados meios de prova (agenda,

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fotogra as, diário) Este diário pode ser valorado como bem de prova? Supondo que há
relato dos encontros com os jovens. Estamos a falar de um meio de obtenção de prova
legal. O diário levanta questões especiais, pois o diário é algo muito intimo. Neste caso, o
TC disse que não podia à partida valorar o diário como meio de prova, em nome do direito
à reserva da vida privada, no entanto se o diário for a única forma de obtenção de meio de
prova pode ser considerado.

2007 - também do caso Casa Pia - No inquérito o MP organizou um album com 80 fotos de
guras publicas para mostrar aos que apareceram no processo como vitimas, para que
identi cassem os abusadores. O direito à imagem foi levado ao TC, pois no album estavam
elencadas fotos de pessoas que eram suspeitas e pessoas que não tinham nada a ver com
o caso. Mas o caso que foi especi camente levado ao TC foi o de saber se tendo havido a
elaboração de um album deste tipo deveria ter sido levado até ao m. O TC disse que não
era inconstitucional porque o TC achou que poderia ser útil a presença do album para a
manutenção da defesa dos arguidos.

Caso das escutas é paradigmático, se escuto um arguido estou a violar o direito da


inviolabilidade das comunicações, quer seja do arguido, quer seja de terceiros que se
comuniquem com ele.

No processo penal português põe-se um problema grave relativamente a terceiros que num
processo penal veem os seus bens apreendidos. Hoje há a consciência de que as penas
não são su cientes para fazer face ao lucro ilícito. Deste modo, para que o crime não
compense é necessário mais que uma pena, é preciso perder a favor do estado a
vantagem que eu obtive.

Temos 1 problema grave no processo penal, pois a perda de bens é hoje, também uma
perda de bens de terceiros. Põe-se aqui em causa o direito de propriedade destes
terceiros.

Desde 2017 é possível haver perda de bens sem condenação.


Ou seja pode haver perda de bens, mesmo que a pessoa tenha falecido. Ex: senhor não foi
acusado, era apenas arguido, porque entretanto morreu, os seus bens passam para os
herdeiros e estes bens podem vir a ser declarados perdidos a favor do estado.

O processo penal torna possível a afetação de pessoas que são estranha ao con ito
jurídico penal e daí a importância de dizermos que o processo penal se deve preocupar
com direitos fundamentais.
Ex: testemunha que pode ser detida durante 24h

Conformação jurídico-constitucional do processo penal português

O DIREITO PROCESSUAL PENAL É DIREITO CONSTITUCIONAL APLICADO. Hagel

Na CRP não encontramos nenhum ramo do direito que tenha na CRP tantas normas sobre
ele como o processo penal.

O direito processual penal espelha as opções políticas de um determinado estado. Temos


modelos de estado mais ou menos autoritários ex: o processo penal português de 1929 era
um código típico de uma ditadura. Até à um ano e pouco a esta parte esse código de 1929
serviu à justiça angolana, isto espelha bem que há um modelo de estado mais autoritário,
outro mais democrático..

Art. 27 da CRP
Art. 28 da CRP - prisão preventiva - a CRP diz que a detenção não pode ultrapassar as 48
horas mas ex: casos de guras publicas detidas à sexta feira e só terça ou quarta é que
aparece alguém a dizer qual a medida de coação, excedemos assim as 48 horas.

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Os nosso tribunais esquecem-se deste art. 28º embora o TR de Lisboa tem um acórdão
A prisão preventiva aplica-se em última instância.

Art. 31 Habeas corpus - privações excessivas ou abusivas da liberdade

Art. 32 mais importante a nível da CRP sobre processo penal

Art. 34 buscas domiciliarias são da competência do juiz

Na CRP temos normas que incidem diretamente no processo penal, além dessas valem
muitas vezes em processo penal outras normas constitucionais. Ex: Direito à reserva da
intimidade e da vida privada; direito à imagem.

Um arguido em processo penal pode remeter-se ao silêncio porque se presume inocente e


porque o processo penal assume todas as garantias de defesa (quem cala não consente)
Art. 32º

E se o arguido for uma pessoa coletiva? Tem direito ao silêncio? Às vezes é bom
envergonharmo-nos quanto ao direito que não temos ou não tínhamos. O CP de 82 admitia
que se pudesse consagrar a responsabilidade penal das pessoas coletivas.
A partir de 2007 houve uma extensão da responsabilidade da pessoa coletiva.
Dia 21/03/2023 faz um ano que em Portugal passámos a ter normas que regulam a pessoa
coletiva arguida.
Só entre 2007 e 2018 foram condenadas 20000 pessoas coletivas sem normas
processuais.
Estes direitos e garantas consagrados na CRP, em matéria de processo penal valem
também para as pessoas coletivas? Os direitos fundamentais são trunfos dos cidadãos
contra o poder estadual. Os direitos fundamentais pela sua natureza são direitos de pessoa
físicas.
Art. 12º CRP as pessoa coletivas não são titulares de direitos fundamentais, mas são
titulares daqueles que sejam compatíveis com a sua natureza, como indica o legislador.
Exclui-se o art. 24º direito à vida; direito de constituir família art. 36º.
O direito à inviolabilidade da correspondência, do domícilio 34º CRP (…) já são direitos da
pessoa coletiva.

O TC disse que o conteúdo do “34º juiz que ordena uma busca”, não é o mesmo quando
estamos a falar de pessoas coletivas.

Caso - Questão posta ao TC, na zona de Coimbra havia uma discoteca que tinha uns
anexos ao espaço de diversão nocturna onde as prostitutas trabalhavam e houve uma
busca aquela discoteca (casa de alterne), questionou-se podia haver uma busca ordenada
pelo MP à casa de alterne. Podiam ser feitas buscas aos quartos anexos à casa de
alterne? O TC disse que as buscas não eram nulas e que não era inconstitucional por se
considerar que aquelas buscas não eram domiciliarias, aqueles espaços não eram
“domicilio”.

Estruturação do processo penal

Modelo acusatório - é, em regra, o modelo típico de estados de direito democrático e


liberais, caracteriza-se por haver um privilegiamento da proteção dos direitos fundamentais
das pessoas, é um processo penal em que os arguidos têm um estatuto de sujeitos. As
funções investigação e acusação pertencem a uma entidade distinta daquela que vai
proceder ao julgamento, pois tem de haver objetividade e imparcialidade da decisão nal.
A con ssão é a rainha das provas, obtida através de métodos e cazes, embora
atentatórios dos direitos fundamentais das pessoas.

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Modelo inquisitório - Descoberta da verdade é a nalidade. A con ssão é a rainha das
provas, obtida através de métodos e cazes, embora atentatórios dos direitos fundamentais
das pessoas.
Os arguidos são meros objetos do processo pena. Quem julga é também quem investigou
e acusou, a mesma entidade faz tudo, não se reparte como no modelo acusatório.

Código de 1929 - é um código típico da ditadura e era o processo penal que se regia
segundo a forma acusatória, mas materialmente era inquisitória pois o juiz que julgav,
investigava previamente.

Em 1945, Portugal recebeu os ventos mais liberais do nal da guerra e a partir de 1945 a
instrução preparatória passou a ser feita pelo MP.
Era notória a desproteção dos direitos fundamentais.
Na altura o MP estava governamentalizado.

Só em 1972, época de primavera Marcelista, é que surge a gura do juiz de instrução, que
surge com a função que ainda hoje tem, ser o garante dos direitos, liberdades e garantias.

O 25 de abril de 1974 pôs em causa todo o processo penal que tínhamos.


O nosso Código é de 1987, entrou em vigor a 1 de janeiro de 1988 pela mão do Dr.
Figueiredo Dias.

Tem estrutura acusatória - signi ca isto que estamos a falar do principio da acusação - a
entidade que investiga e acusa é distinta da que julga, há uma repartição de funções,
inclusivamente no processo penal português a repartição faz-se através da repartição de
magistratura distinta. A instrução não é uma fase de investigação, é só para controlar se o
MP acusa ou não acusa.

O processo penal português apesar de ter uma estrutura acusatória, não deve ser
caracterizado como (…) principio subsidiário da investigação (art. 340 cpp o processo
penal não se desenrola a partir dos contributos da acusação e da defesa, ele desenrola-se
e decide-se por uma intervenção ativa do juiz).
É um princípio subsidiário de investigação porque o tribunal, o juiz só intervém quando for
necessário.
Art. 348º CPP regras de inquirição de testemunhas. Antes do cpp de 1987, numa estrutura
inquisitória, a advogado do arguido perguntava a testemunha se no dia tal tinha visto o
arguido no sitio tal por intermédio do juiz, as testemunhas não eram interrogadas
diretamente.
Como a nossa estrutura é acusatória, neste art. 348/4º a testemunha é inquirida
diretamente por quem a indicou.
Nº 5 os juízes e os jurados podem, a qualquer momento, formularem à testemunha as
perguntas que considerem necessárias para esclarecimento da verdade. Este art. Mostra
que a nossa estrutra é acusatória integrada por um principio subsidiário de investigação.

Aplicação do direito processual penal

Interpretação e integração de lacunas da lei processual penal. Quanto à interpretação, a lei


deve interpretar-se de acordo com os cânones interpretativos estudados em IAD.
Quando interpretamos. Lei processual penal é bom que tenhamos presentes quais são as
nalidades do processo penal. Devemos interpretar a lei processual penal de acordo com a
CRP.
Relativamente à integração de lacunas, aprendemos em penal que está proibido o recurso
à analogia art. 29º. O art. 4º CPP aponta a analogia
Se não for possível por analogia aplicamos as normas de processo civil que se harmonizem
com processo penal.

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Recurso aos princípios gerais do processo penal que tem uma função positiva e
moderadora, mas também tem uma função negativa, pois nesses casos podemos dizer
que não podemos aplicar normas de processo civil que se harmonizem com processo
penal.

A doutrina e a jurisprudência constitucional têm entendido que o conteúdo de sentido do


principio nada legalidade art. 29º da CRP também vale em processo penal. Em processo
penal não é possível o recurso á analogia, se do recurso à analogia resultar uma diminuição
das garantias processuais do art. 29º.
O 32º nº1 da CRP diz que o processo penal fornece todas as garantias de defesa.

Ac. 2013 . TC passou a dizer que em processo penal está negado o recurso à analogia
sempre que daí resultar uma diminuição dos direitos do arguido

Art. 399º

Art. 400º quando as decisões não são recorríveis.

A analogia é possível em processo penal art. 4 CPP, mas de acordo com a doutrina e a
jurisprudência há limites, os limites decorrentes impostos pelo princípio da legalidade
criminal a par do art. 32º nº1.

16/03/2023

SUJEITOS E PARTICIPANTES PROCESSUAIS

Estatuto do ministério público - art. 219º CRP


O que nos interesse é que cabe ao ministério publico exercer a ação penal orientada por
um principio de legalidade. A magistratura goza de estatuto próprio e tem autonomia
hierarquizada. Existem 2 magistraturas, a judicial e a do ministério público, antes do 25 de
abril, só existia a magistratura judicial.
Ao MP não acbe propriamente de nir a política criminal, mas sim a execução da mesma
que é de nida pelo governo.

Este segmento do nº1 do 219º é importante porque é ele que justi ca que o inquérito seja
da competência do ministério publico, pois cabe a ele exercer a ação penal.
A autonomia do MP é em face da magistratura judicial, mas não só também é autonomia
em face de qualquer poder político.
O procurador geral da republica tem a con ança política do presidente da república e do
governo. Podemos dizer que em última instancia pode ser a rmada a responsabilidade
política do procurador geral da república. Isto não acontece relativamente ao presidente do
STJ, pois ele é escolhido pelos seus pares.

Se o sistema não fosse o que temos, podia p. Ex. O ministro a justiça dar ordens ao
procurador geral da república para não abrir um processo contra um político.
O mandato do PGR é de 6 anos e questiona-se se é renovável, mas em cargos importantes
deve haver mandato único, mas na CRP isso não está muito claro.
A magistratura do ministério publico é hierarquizada, diferentemente da magistratura
judicial, pois estes últimos são independentes e só devem obediência à lei.

Ha quem defenda que os magistrados do ministério público não deveriam ser sujeitos a
ordens de superiores hierárquicos. Há alguns magistrados que confundem o MP com a
magistratura judicial, mas só se podem controlar os atos do MP através do superior
hierárquico.
Nota nal, em relação ao MP, nos termos do art. 53º CPP, temos uma norma crucial em
matéria de processo penal, decorre daqui que o MP português não é uma parte

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processual. E não é uma parte porquê? Porque o MP deve obedecer a todos os critérios
processuais de estrita objetividade.
É isto que explica o art. 53º/2, interposição de recursos ainda que no exclusivo interesse da
defesa.

Processo penal é um palco de con itos entre a descoberta da verdade, realização da


justiça e proteção de direitos fundamentais.

ARGUIDO

Em processo penal, o arguido pode ser uma pessoa singular ou coletiva (desde 1984).

Quanto à pessoa singular arguida, vamos ver qual é o momento da constituição de arguido
e qual é o modo da constituição (art. 60º CPP). Retiramos deste art. que a partir do
momento em que a pessoa passa a ser arguida ela é titular de uma série de direitos
processuais que permitem dizer que é sujeito processual.
Uma coisa é ser suspeito, outra é ser arguido. O suspeito art. 1º/e) CPP, participante
processual e o arguido é já sujeito processual.

Momento em que a pessoa assume a qualidade de arguido art. 57º/1 CPP. O momento
regra para a pessoa ser constituída arguida é quando contra ela é deduzida uma acusação.
Suponhamos que o MP em vez de acusar, arquiva, só quando for requerida a abertura da
instrução é que se assume o estatuto de arguido.
Art. 58º e 272º/1 CPP indica-nos situações em que é obrigatória a constituição de arguido.
A constituição de arguido supõe sempre que haja uma suspeita fundada que ele está
envolvido no crime de que se tem noticia, até porque o estatuto de arguido, apesar de ser
protetor, é melhor não tê-lo. O MP não pode, perante qualquer noticia, constituir uma
pessoa em causa arguida.
O processo penal era secreto e agora, em regra, é público e a constituição de arguido tem
o sentido de estarmos a associar essa pessoa à pratica do crime e não pode ser de ânimo
leve que ponhamos em causa o bom nome da pessoa.

Porque é que nos casos do art. 58º há a constituição de arguido? Porque tenho de dar
àquela pessoa o direito ao silêncio e à não autoincriminação.
Art. 59º/2 - a pessoa pode ser constituída arguida a seu pedido

Quanto ao modo da constituição de arguido art. 58º/2

Estatuto processual do arguido, a titulo geral, a constituição de arguido é uma garantia de


defesa de processos penal. Estudo esse que à luz do art. 60º e 61º é um estatuto de sujeito
processual. Este estatuto de sujeito processual está informado por 3 vetores fundamentais:
- Informado pelo direito de defesa art. 61º/a) 287º/1/a) 361º/1, quando falamos em direito
de defesa, os arguidos defendem-se quanto aos factos e quanto ao direito em que são
enquadrados os factos que lhe estão imputados, portanto é bom que o processo penal
decorra com a presença do arguido, e não só com a presença do defensor. No entanto o
defensor acaba por ter um papel importante ao nível da defesa técnica, mas é
necessária presença do arguido. O que temos no direito português relativamente às
pessoas que têm uma anomalia psíquica durante o processo penal? Suponhamos que
alguém que vai ser considerado imputável, mas que no decurso do processo entrou
numa fase de descompensação clinica. A anomalia psíquica pode comprometer o
exercício do direito de defesa. Só que o no processo penal português a existência de
uma anomalia psíquica é irrelevante ainda que a pessoa seja incapaz de se defender,
temos é a norma do art. 64º, no entanto é insu ciente, a MJA diz que o nosso código vai
conta a convenção das nações unidas que protege as pessoas com de ciência.

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- Princípio da presunção de inocência art. 32º/2 CRP, vale até ao trânsito em julgado da
sentença de condenação. Isto tem muito relevância quanto ao momento do
cumprimento da pena que lhe seja aplicada. Decorre deste principio, o que se diz no
32º/2 CRP, porque alguém se presume inocente deve ser julgado no mais curto período
de tempo. Quando estamos o nível da aplicação das medidas de coação e garantia
patrimonial só as podemos aplicar, só podemos sujeitar o arguido a estas limitações se
estivermos ainda perante medidas comunitariamente aceitáveis face à possibilidade de
estarem a ser aplicadas a alguém que é inocente. Principio in dubio pro reu - a dúvida
tem de ser valorada a favor do arguido. Depois de produzida toda a prova o juiz ca
perante 3 situações possíveis: ou conclui que não houve crime e absolve; ou dá os
factos como provados e condena; ou apesar da prova produzida, o juiz car na dúvida,
deve valorar a dúvida a favor do arguido.
- Principio do respeito pela sua decisão de vontade 32º/2 CRP quando consagra o
principio da presunção de inocência, mas também no 32º/8.

O arguido tem direito à não autoincriminação 61º/1/d


Ac. Nº 155/2007 exclui-se do âmbito da proteção do direito à não autoincriminação a
recolha de material biológico para determinar o per l de ADN.
Os arguidos têm o dever de responder a perguntas sobre os seus antecedentes criminais?
Devem responder a perguntas sobre a sua identidade, sobre os seus antecedentes, mas
quantos à resposta dos factos praticados pode manter o silêncio. Não facultar prova
documental, p. Ex.

O direito à não auto incriminação vale para elementos de prova que existam na
dependência da vontade do arguido. No entanto o per l de ADN existe independentemente
da vontade, o que depende da vontade é falar.
Viola o direito à não autoincriminação alguém ser condenado ao crime de desobediência se
alguém se tiver recusado aa escrever um documento. Suspeitando-se da falsi cação de n
um documento e a pessoa recusar comparar a letra, o STJ decidiu que se deveria ser
condenado ao crime de desobediência, a MJA considera que o STJ decidiu mal.

Não há só direitos, há também deveres art. 61º


O termo de identidade e residência é formal, quer for constituído arguido presta sempre
termo de identidade e residência. Prestar este termo é um incómodo se eu me ausentar
mais de 5 dias, tenho de comunicar às autoridades.

Defensor do arguido é um sujeito processual, o que o defensor do processo, que pode ser
constituído ou nomeado, representa o arguido no processo.
O defensor pode ser um advogado estagiário ou pode ser nomeado, isto porque de acordo
com o 20º na CRP, a justiça não é gratuita, mas não se pode prejudicar ninguém no seu
acesso à justiça por via da sua situação económica, temos então p mecanismo da defesa
o ciosa.
A defesa em processo penal é sempre defesa técnica, só se pode ser defendido por um
advogado ou advogado estagiário. Art. 63º art. 64

23/03/2023

Participantes processuais que podem ter o estatuto de sujeitos ou meros participantes


processuais.

Contrapor ao ofendido que é um mero participante processual ao sujeito processual que é


o assistente.
Em principio o ofendido pode constituir-se assistente. Esta gura de assistente é muito
antiga do direito processual penal português, pois este sempre quis dar relevo à
participação da vitima no processo penal. Há uns anos, houve um diretiva da UE no

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sentido de atribuir poderes processuais às vitimas do crime e nós pouco tivemos de fazer,
pois Portugal dava relevo, ao nível do processo, aos interesses da vítima.
Sempre tivemos di culdade em arranjar no estrangeiro uma palavra correspondente à
palavra portuguesa assistente, pois damos poderes ao nível do processo penal.
A CRP no 32/7º diz que o ofendido tem direito de intervir no processo nos termos da lei.
Há situações em que não é o ofendido que se constituiu assistente no processo art. 68º/1
a), é o ofendido e outras pessoas.
Há uma ressalva que faz pender a constituição de assistente a uma idade superior a 16
anos.
Se a vitima de um crime sexual for uma criança de 10 anos, ela é ofendida, mas em razão
da idade não se pode constituir assistente, tomando lugar o seu representante legal.
D) a entidade ou instituição com responsabilidade tutelares ou educativas (…) decorre o rol
de pessoas que em substituição do menor de 16 anos, pode constituir-se assistente.
C) caso o ofendido morra
B) pessoas de cuja queixa ou acusação particular depender o procedimento.
As al. a), b) c) e d) pessoas que se consideram ofendidas, e as pessoas que em
substituição destas por não serem capazes ou serem menores.
Na al. a), c) e d) a vítima é quem foi ofendido, mas há crimes em que não conseguimos
identi car a vitima (ex. Crime de corrupção, não conseguimos identi car o ofendido, pois
estes crimes protegem um crime supra individual).
Sempre que estejamos perante um crime que proteja um crime supra individual temos a al.
e).
A razão de ser desta norma assenta na ideia de que qualquer pessoa deve ter o direito e
deve contribuir de forma constitutiva para a declaração do direito de caso.
Um assistente pode recorrer de uma decisão judicial.
No nal do inquérito o MP arquiva ou deduz acusação, o arguido acusado, pode requerer a
abertura da instrução. E se o MP arquivar? 287º permitir ao assistente
Ex: pessoas particulares que se constituem assistentes, com o objetivo de controlar a
forma como é administrada a justiça penal.
Só há razões para aplaudir a al. e) do art. 68º/1 CPP.
Mas há o lado negro desta al. e), a prática tem-nos mostrado que os cidadãos que deviam
intervir positivamente, às vezes se constituem assistentes para terem acesso ao processo e
para o divulgarem (violação do segredo de justiça que costuma sair impune).

Lei nº 35/98 dá às ONG ambientais a possibilidade de se constituirem assistentes. Nos


crimes ambientais não dá para identi car o ofendido e por isso uma pessoa coletiva
também se pode constituir assistente.

O estatuto processual de assistente que tem a posição de sujeito processual art. 69º CPP,
este estatuto de assistente é de colaborador do MP e o MP deve pautar a sua atividade
com critérios de imparcialidade de objetividade. Para se ser assistente tem de se pagar um
taxa e tem sempre de ser representado por um advogado o que também, tem os seus
custos.
Art. 69º casos em que se admitem a intervenção de assistente.
Remissão da al. b) do 69º para os art. 284º e 285º.
O assistente tem o direito de interpor recurso ex; se um tribunal absolver um arguido;
tribunal aplicar uma pena não privativa da liberdade (…).
Além deste art. 69º no CPP podemos indicar o 287º/1 b).
O momento da constituição de assistente está no art. 68º/3, os assistentes podem intervir
em qualquer altura do processo (…).
A pessoa não tem de se constituir assistente logo no início do processo e só quando se dá
conta que a investigação torna certo rumo pode achar útil, a meio do inquérito, constituir-
se assistente. A MJA parece excessivo constituir-se assistente no prazo de interposição de
recurso, pois ela considera que não seria um momento adequado.

Como distinguimos vítima, de ofendido, de assistente? Podemos ter uma mesma pessoa
num caso a ter o papel de vitima, ofendido e assistente no processo penal. Estas guras

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podem coincidir. A diferença entre ofendido e assistente é que o primeiro é mero
participante processual e o assistente é sujeito processual. Mas e a vítima? A vitima,
quando o CPP entrou em vigor a 1 de janeiro de 1988, tínhamos um conceito de vitima que
era criminológico, socorriam-nos deste conceito que integrava uma categoria
criminológica. Hoje temos um CPP muito confuso, o art. 281º/8 diz-nos que em processos
por crime de violência domestica o MP (…), aqui falamos em vitima e não em assistente.
No 292º/2 diz-se que se interroga o arguido e se ouve a vitima; 212º/4 a vitima deve ser
ouvida.
Alterações legislativas através de uma lei de 2015, houve uma irritação na terminologia do
CPP, a vitima tanto parece ser participante processual como sujeito processual. Art. 67-A
baralha a terminologia do código que nos diz quem é vítima, se lermos este art. A vitima
não é o ofendido, mas também não é o assistente. Este art. Surgiu a pensar nos contextos
de violência domestica, pois muitas vezes estas vitimas não se constituíam assistentes
pois não tinham meios económicos de o fazer, mas este argumento é falso, pois temos
sempre a possibilidade de obter ajuda judicial, mas também estas vitimas não são
colaborativas com a justiça penal, por medo, ou por ainda gostarem do agressor.
A recusa do depoimento das vítimas de violência doméstica inviabiliza a prova dos factos.

A vitima não é o ofendido nem o assistente, mas tem alguns direitos que o assistente tem e
o ofendido não tem, por isso a vitima é uma gura híbrida. A MJA não considera que este
art. Traga vantagens, é apenas politico.

As partes civis (pessoa que é lesada com a pratica do crime, pessoa que tem
responsabilidade civil para reparar as perdas e os danos), não são sujeitos nem
participantes do processo civil.
Ex: A foi vitima de um crime de violação art. 67ºA é ofendido e pode ser assistente, se
assim for constituído e pode surgir no processo como lesado.
Art. 129º CP fala em responsabilidade civil emergente do crime, a pratica de um crime, se
for vitima a uma ofensa a integridade física grave tenho direito a uma indemnização civil
(custos do hospital e faltas ao trabalho).
O tribunal competente seria o tribunal cível, mas para que as pessoas não tenham de
intentar uma ação separada, a indemnização civil de perdas e danos é decidida em
processo penal, isto é o principio de adesão art. 71º CPP. Este pedido é deduzido pelo
lesado em processo penal e é decidido de acordo com a lei civil, mas em processo penal.
O juiz penal, não pode arbitrar o ciosamente, tem de seguir o principio do pedido que vale
em processo civil.
O que concluímos é que as pessoas que em processo penal têm responsabilidade civil e as
que têm direito à indemnização civil são sujeitos da ação cível. O lesado é sujeito da ação
cível que adere à ação penal.

Estatuto dos orgãos de policia criminal

Eles são apenas participantes processuais, o relevo dos atos que praticam esgotam-se
nesses próprios atos, não co-determinam a decisão nal.
Art. 1 c) e d) - quem são os orgãos de policia criminal, deduzimos da c) que há uma técnica
de duplo reenvio, para sabermos concretamente o órgão de polícia criminal competente
temos de ir à legislação extravagante - Lei 49/2008 lei de organização a investigação
criminal (PJ, PSP, GNR, antigamente o SEF, ASAE para alguns crimes; crimes tributários as
nanças). Através da lei de cada uma desta policias é que sabemos qual a competente. Ex:
crimes de terrorismo - PJ. A PJ é. Policia da repressão criminal, só acessoriamente é que
intervém na prevenção criminal, contrariamente à PSP e à GNR que são policias de
prevenção criminal.
Al. d) art. 1º dá-nos o conceito de autoridade de policia criminal, isto quer dizer que no
CPP, algum ato em questão é reservado a algum orgão de policia criminal (ordenar uma
perícia criminal).
O CPP reserva a pratica do ato ao orgão d polícia criminal, mas as vezes reserva o ato às
autoridade de policia criminal (ordenar uma perícia criminal).

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Art. 55º/1 juntamente com o art. 56º - meros participantes processuais (palavra importante
no art. Coadjuvação). Dá-se autonomia técnica e tática à PJ, mas nos limites do art. 55º/1
CPP. O sujeito é o MP, juiz de instrução ou de julgamento.
Art. 262º a direção do inquérito cabe ao MP assistido pelos orgãos de policia criminal.
Isto não invalida, porém, art. 55º/2 que os órgãos de policia criminal tenham um âmbito de
competência própria.
Ex: crime cometido numa casa, não se pede a autorização ao juiz, aí os órgãos de policia
criminal podem intervir se houver perigo na mora.

FASE DE INQUÉRITO

Princípios gerais da condução processual

Principio da promoção processual

- Principio da o cialidade (prática dos crimes semipúblicos e particulares) - este


princípio responde a 2 questões, a quem cabe a iniciativa de investigar a pratica do
crime e a quem é que cabe a decisão de submeter a causa a julgamento. Cabe a uma
entidade publica, o cial, estadual (MP), a iniciativa de investigar e a decisão depois de
submeter a causa a julgamento. Art. 219º cabe ao MP exercer a ação penal; art. 48º do
CPP. Art. 53º/2 a); art. 276º/1 decidir se acusa ou arquiva. A alternativa a este principio
da o cialidade é a iniciativa de investigar a prática do crime e a decisão de submeter a
causa a julgamento caber a um particular, nomeadamente o ofendido ou a familiar do
ofendido
No caso de um lho matar o pai para defender a mãe de violência domestica, cabe ao MP
o exercício da função jurisdicional.
Em suma, entre nós vale o principio da o cialidade que se traduz no MP ter a iniciativa de
investigar e de submeter a causa a julgamento. Este principio também vale para os crimes
públicos.

Crimes públicos - a distinção é simples. Se no tipo legal de crime, se veri car a regra, o
crime é público (art. 131º)

Crimes semipúblicos - sempre que no tipo legal de crime o legislador diga que o
procedimento legal depender de queixa, estamos perante um crime semipúblico. (Art.
143º/2; art. 163º e 164º remissão para o 178º). Estes constituem uma limitação ao princípio
da o cialidade (só se contem com a 1ª pergunta), pois quando o crime é semipúblico quem
decide se se investiga o crime é o ofendido ou outras pessoas. Art. 48º diz-nos que existe
entre nós um principio de o cialidade. Restrição art. 49º
Regime dos crimes semipúblicos art. 113º CP, onde temos os titulares do direito de queixa.
Art. 68º/2 se o ofendido for menor, se for incapaz, se entretanto morrer, este art. Diz-nos
quem são as pessoas que podem exercer o direito de queixa.
Nos termos também do 113º do CP há exceções também ao direito de queixa (ex: pai que
bate a um lho, nestes casos quando o titular do direito de queixa coincide com o agressor,
esse direito pode ser exercido pelo MP; e em casos em que a vítima seja menor - avô que
bate no neto, neste caso não há coincidência, mas certamente que o pai da criança pode
ter inibições em apresentar queixa contra o avô que, neste caso é seu pai e aí o MP pode
apresentar queixa, apesar de ser um crime semipúblico).
Os crimes sexuais são os que mais discussão geram a propósito da natureza do crime. Os
abusos sexuais de crianças acontecem muito frequentemente no ambiente familiar e é
meio caminho andado, para que nenhum familiar apresente queixas, daí este crime ser
público. O mesmo não acontece com crimes de abuso sexual contra adultos.
Em 2015 acrescentou-se para os crimes de violação e coação sexual art. 163º e 164º. É
uma solução híbrida, o crime é semipúblico por ex: a vítima não apresenta queixa por
medo do agressor, neste caso, o MP pode avançar com a queixa.

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Voltando ao 113º é o CP que nos z quem é titular do direito de queixa, mas além deste
art. O 115º que xa o prazo de 6 meses para apresentar queixa. O PS quer alargar o prazo
de 6 meses.
Art. 116º liga-se ao art. 51º do CPP, relativamente aos crimes que necessitam de queixa,
pode haver desistência da mesma e esta desistência pode ser até à publicação da
sentença de primeira instância. Esta desistência não é possível nos crimes públicos. Art.
51º, o ofendido apresenta a queixa e até meio do julgamento desiste da queixa, mas
suponhamos que a desistência acontece na fase de instrução, não basta desistir da
queixa, esta tem de ser homologada pelo MP e o arguido tem o direito de se opor à
desistência de queixa e aí já não é homologada pelo MP. Costa Andrade diz que o PP
através da sua regulamentação nunca pode roubar o con ito jurídico-penal.

Crimes particulares - quando o legislador diz que o procedimento criminal depende de


acusação particular (art. 180º crimes contra a honra: 188º). Estes constituem uma exceção
ao principio da o cialidade. O que muda nos crimes particulares é que estes dependem de
acusação particular. O regime dos crime particulares art. 50º º é necessário que essas
pessoas se queixem e que haja constituição de assistente. Art. 113º CP que nos diz quem
são os titulares da acusação particular que são os mesmos titulares do direito de queixa -
Art. 117º.
Qual a diferença relevas-te entre um crime semipúblico e particular, no crime semipúblico
só está em causa a primeira pergunta, no crime particular estão e causa os dois
momentos, pois quem decide se há ou não processo é o ofendido ou as pessoas do art.
113º e não o MP, também é o particular que nos termos do 285º decide se a causa é ou
não submetida a julgamento. Exceção ao princípio da o cialidade.
Para o MP iniciar o inquérito é preciso que o titular ou as pessoas previstas no art. 113º
apresentem a queixa, mas não basta a queixa, logo que se apresenta a queixa ele tem de
dizer que quer constituir-se assistente e no prazo de 10 dias. Art. 50º/1 remissão para art.
246º remissão para o art. 68º CPP. O MP pode iniciar o processo depois do ofendido ou
outras pessoas do 113º apresentarem uma queixa e se constituirem assistentes no prazo
de 10 dias.
Este é o único caso de constituição obrigatória de assistente, a queixa que existe nos
crimes semipúblicos e nos particulares é uma forma de denúncia, mas nem todas as
denuncias são queixas (ex: vizinho a matar a mulher - no âmbito dos crimes públicos há
denúncia, nos outros dois é queixa). Art. 285º

Em regra os crimes são públicos.


Quem decide a natureza do crime é o legislador.
Os crimes semipúblicos constituem uma limitação, os particulares constituem uma
exceção.

Porque é que um crime contra a integridade física simples depende de queixa? Uma
bofetada é um crime contra a integridade física simples, mas o MP não pode estar sempre
a abrir processos por todas as estaladas dadas no país. E por isso damos ao ofendido a
decisão de escolher se há processo ou não.
Há um conjunto de crimes cuja gravidade justi ca se o ofendido decide se há ou não
processo.
Há estudos que mostram que o processo pode ser uma causa de vitimização. Ex: casos de
violação demonstram que às vezes o processo pode ser mais prejudicial para a vítima do
que não haver processo.
É a lei e não nós que decide se um crime é publico, semipúblico ou particular.
Há muito avanço para minimizar os prejuízos processuais, mas mesmo assim, aceitam-se
melhorias.
Art. 170º o facto de darmos a algumas pessoas a serem eles a decidir se há processo
crime vai haver um fenómeno de discriminalização real.
Crimes que sem a colaboração da vítima não é possível fazer a prova dos factos, daí
haverem estes crimes para garantir que a vitima colabora.

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30/03/2023

Deve a violação ser um crime público? Plenário Assembleia da República - Projeto onde se
propõe o alargamento do prazo de apresentação da queixa, art. 113º e ss.

A diferença entre coação sexual e a violação reside apenas nos tipos de atos sexuais de
relevo.

Devem ou não os crimes de coação sexual e violação ter natureza pública quando a vítima
seja maior? Quando a vítima é menor já é um crime público.
Porque se fala sempre no crime de violação? Até 1998, a violação era um crime que tinha
de ter necessariamente a vítima como mulher.
Esta matéria enquadra-se num dos princípios fundamentais do processo penal, o principio
da o cialidade. Art. 178º/1 depende de queixa.
O legislador português tem vindo a modi car as suas opções, antigamente tinha-se a ideia
de que o processo penal era prejudicial para o livre desenvolvimento do menor e do livre
desenvolvimento da sua esfera sexual, entendia-se como uma segunda vitimização do
menor, daí, antes estes crimes sexuais contra menores serem semipúblicos. No entanto, as
estatísticas mostraram-nos que o não exercício do direito de queixa, protegia não o menor,
mas sim os familiares por ex. porque em geral estes crimes acontecem em contexto
familiar, como nos mostram as estatísticas.

Em relação à violência doméstica também existiram tempos em que o procedimento


criminal dependia de queixa, atualmente já não. As estatísticas da vida mostram-nos que o
homem ou mulher, vítimas de violência doméstica não apresentavam queixa, pois tinham
uma dependência económica e/ou afetiva em relação ao agressor e tinham ainda receio de
sofrer mais violência se apresentassem queixa.

O facto de o crime de violação ser semipúblico confere à vitima o poder de decidir ou não
se quer envolver-se no processo penal, pois considera-se que se cria assim uma segunda
vitimização.

No entanto, o avanço do processo penal auxilia a que não haja esta segunda vitimização
art. 88º; 271º; 1294º e 335º.
Estes arts. permitem que as declarações que são prestadas antes do julgamento sejam
valoradas pelo juiz de julgamento de maneira a que as pessoas não tenham de prestar as
declarações mais que uma vez.
Se estas vitimas têm de ir à audiência de julgamento, cruzam-se com o agressor, daí este
instituo de declarações para memória futura permite minimizar todos estes problemas.
A inquisição de testemunhas que sejam menores de 16 anos, permite-se que o arguido
seja afastado quando a vítima estiver a prestar declarações.
As instalações dos gabinetes médico-legais podem receber a queixa Lei 45/2004
Lei 45/2004 ajuda a minimizar o mal do processo nestes casos. A vitima deve ser ouvida
em ambiente reservado e informal; constituir rede de gabinetes de informação à vítima.

Apesar de tudo, hoje o processo penal português já não é um processo que acrescente
tanto mal à vitima como o fez no passado.

Os crimes de violência doméstica, é boa a opção a sua natureza pública? A verdade é que
esta natureza pública não contribuiu em nada para a diminuição dos crimes de violência
doméstica.

MJA diz que a solução boa é uma solução intermédia. Até agora falámos de 2 alternativas,
o crime é público e o MP abre inquérito, ou é semipúblico e o MP abre o inquérito se

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houver a queixa. MJA defende que a via é os crimes terem natureza semipública, mas
haver sempre a possibilidade de o MP promover o processo desde que fosse em nome
dos interesses da vítima. Esta opção já existiu para os crimes de violência doméstica e
para os crimes de abuso sexual de menores. Talvez seja o que vá acontecer com a
violação art. 178º/2 CPP. Temos aqui uma solução híbrida.
MJA diz que houve razões para esta solução não ter tido êxito - caso escandaloso dos
tribunais portugueses Ac. Tribunal da Relação do Porto, os desembargadores disseram o
seguinte no caso em que a vitima do abuso sexual era uma menina de 5 anos abusada
pelo companheiro da mãe e a mãe não apresentou queixa para proteção do agressor. O
MP, em nome dos interesses da vitima, deu inicio ao procedimento criminal. Esta questão
chega a este tribunal, pois os crimes semipúblicos admitem desistência da queixa, no
entanto a mãe não chegou a apresentar queixa e opôs-se ao seguimento do processo.
Pode o titular do interesse de queixa opor-se ao processo? O TRP entendeu que a mãe se
poderia opor à continuidade do processo e a argumentação foi que este assunto se tratava
dentro do seio familiar e não se podia nem devia intervir em assuntos deste tipo, disseram
ainda que a mãe fez bem em bater na menina, mas que deveria também bater no
companheiro, portanto resolvido à bofetada e ainda que a menina deveria ter sido
institucionalizada para a resolução do problema.

O nosso legislador se alterar o art. 178º deveria alterar também o art. 281º do CPP. A pouca
convicção do legislador é que o povo saiba que ele está preocupado com as vitimas, mas
não está tão certo assim relativamente ao crime ser público.

No art. 281º/8 e 9 do CPP, este é o legislador que para português ver diz que os crimes
devem ter natureza pública, mas depois é este mesmo legislador que permite que no nal
do inquérito a causa não vá para julgamento se a vitima requerer.

Principio da legalidade - art. 2º CPP

O MP está obrigado a abrir um inquérito sempre que receba a noticia de um crime. A


noticia do crime pode chegar ao MP por conhecimento próprio; por denúncia (queixa se for
semipúblico ou particular; intervenção das polícias.

Contrapomos este principio ao principio de oportunidade, pois, segundo este, o MP


quando recebe a noticia do crime decide se abre ou não o inquérito e decide, ainda se a
causa deve ser ou não submetida a julgamento se forem recolhidos os indícios su cientes
da prática do crime 283º/1 CPP , isto não vigora em Portugal, reside no art. 13º da CRP.

Além do art. 13º é importante referir também o art. 219º da CRP, o principio da legalidade
tem consagração constitucional, vejamos também o 262º/2 do CPP. As exceções a este
art. São os crimes semipúblicos e particulares.

Se o MP arquivar quando deveria ter acusado eu posso requerer a abertura da instrução


287º; a hierarquização do magistrado do ministério público art. 278º CPP.

No CPP apenas encontramos estes mecanismos, mas apesar de não haver mais nada
previsto, poderá sempre haver responsabilidade disciplinar por não ter dado seguimento a
uma noticia do crime e poderá haver responsabilidade penal e o magistrado do MP
cometer crime de denegação de justiça.

Quais são as consequências desse principio da legalidade? Se o MP está obrigado a


acusar sempre que recolha indícios su cientes e se tem de abrir inquérito logo que receba
a noticia do crime, temos aqui em causa o principio da imutabilidade da acusação publica.
O MP que acusa não pode desistir da acusação.

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Casos de denúncia obrigatória - art. 244º a denúncia de crimes é facultativa, é uma opção
positiva na opinião da MJA, não vamos fazer cada um de nós policias uns dos outros. Não
há aqui um dever de denúncia.
Os casos de denúncia obrigatória são os que estão no 242º CPP, as entidades policiais
estão obrigadas a levar a noticia desses crimes ao MP; funcionários na acessão do art.
386º CP

O dever de denúncia colide, muitas das vezes, com outros deveres, pois tenho o dever de
denunciar, mas enquanto médica também tenho o dever de guardar segredo. Como
resolvemos este con ito? Fazendo uma ponderação do que está em jogo. Art. 135º CP
segredo pro ssional, temos situações que chamo um médico a tribunal para depor, ele é
testemunha, mas invoca sigilo médico, e aqui temos um art. 135º/3 com um bom critério
para prevalecer uma coisa em relação a outra.

Lei 93/2021 de 21 de dezembro Portugal transpôs uma diretiva da UE


O que nós temos é um regime de proteção de denunciantes que vai além da proteção
daqueles que denunciam infrações ao direito da UE.
Crimes art. 1º
Decorre desta lei a proteção dos denunciantes de crime ao nível laboral (não ser despedida
por um crime praticado na empresa e pela empresa); esta lei protege quem denunciar
crimes que os conhecem no exercício da sua função ou atividade. Nos EUA promove-se a
denúncia dos crimes de corrupção garantindo que as vantagens que o Estado declarar
perdidas a seu favor também serão dos denunciantes.
Hoje, há um conjunto de entidades que estão obrigados a criar canais de denúncias.
No nosso direito, no âmbito do que podemos chamar direito premial, vejamos o 374-B CP.
O CP admite hoje, art, 246º/6 a denúncia anónima, na versão originária do código não
podiam haver denúncias anónimas. Crime de denúncia caluniosa.

Ex: se eu vou denunciar o meu gerente ou administrador e é ele que está a cometer crimes,
eu vou denunciar o crime ao meu agressor, neste caso estou a dar tempo para branquear,
consertar as suas irregularidades.

Ainda no contexto deste principio da legalidade, há situações previstas na lei, em que


podemos concluir que há um certo desvio ao principio da legalidade, na parte em que nos
diz que o MP deve acusar sempre que tiver recolhido indícios da pratica do crime e souber
quem é o seu agente, assim não será nos art. 280º (arquiva) e 281º (suspende) do CPP,
signi cam que não obstante estes dois fatores, o MP não acusa.
No entanto, não podemos dizer com isto que há situações de oportunidade, pois quando
estes art. têm aplicação o MP continua vinculado à lei e por outro lado, podemos dizer que
estes 2 artigos acabam por ser uma forma de dar cumprimento a todo um programa
politico-criminal vigente no nosso pais.
Temos aqui um principio de legalidade aberta às opções politico-criminais vigente no
nosso pais em matéria de política criminal.

No nal do inquérito o MP ou acusa ou arquiva, mas em alternativa a acusação o MP pode


arquivar ou suspender.

O art. 280º (arquivamento) tem como epígrafe arquivamento em caso de dispensa de pena,
nós sabemos que pode haver culpa e não haver aplicação de pena art. 74º CP. Se o caso
for de dispensa de pena, o art. 280º permite que o MP arquive logo no nal do inquérito,
para evitar que mais tarde no julgamento o juiz o faça. Este art. 280º está pensado como
uma outra solução processual para a pequena criminalidade. Mecanismo de diversão
simples.

O art. 281º diz-nos que no âmbito da pequena e média criminalidade (crimes punidos até 5
anos), o MP impõe ao arguido regras de conduta que ele deve respeitar, se o zer o MP
arquiva, senão acusa. Mecanismo de diversão com intervenção.

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Estes dois arts. Representam um principio de legalidade aberta a uma ideia que perpassa
pelo nosso ordenamento jurídico quanto às opções politico-criminais, tendo uma resolução
consensual e divertida do con ito jurídico criminal.

Quer o 280º que tem a concordância do juiz, quer no 281º que tem a concordância do juiz,
arguido e assistente, estamos a dirigir este con ito jurídico penal de uma forma desviada.
Não podemos, no processo penal, tratar um ladrão de ovos de galinhas igual a um
assassino da vizinha.

O nosso legislador subverteu este instituto da suspensão provisória do processo, e o


arquivamento, o que justi ca isto? Qual é o sujeito processual em nome de quem o
legislador prevê estes institutos? O sujeito processual arguido. Ao não submeter a causa
estamos a evitar um momento que é estigmatizaste, que é o momento da audiência do
julgamento, pois é uma cerimonia degradante. Podemos esta a facilitar a reintegração
destas pessoas se evitarmos eu elas vão a julgamento.

Nos termos do 281º/8, em processos de crime por violência domestica, o MP mediante


requerimento livre e esclarecido da vítima (…)
Estamos a usar este instituto que nem sequer estão na pequena e média criminalidade,
estamos a usá-lo na criminalidade mais grave.
Art. 281º/10 (a MJA não percebe porque isto está aqui, diz que é uma má prática
legislativa).

Além do 280º e 281º temos outra forma devida da tramitação normal e que evita os
julgamentos que é a mediação penal Lei 21/2007, a MJA lamenta que não tenha aplicação
prática nenhuma.

Princípio da acusação - é uma das notas que caracteriza a estrutura acusatória


portuguesa. Este principio signi ca que há uma separação entre a entidade que investiga e
acusa e aquela que vai proceder o julgamento. E isto é em nome da objetividade e da
imparcialidade. O juiz não deve fazer o julgamento com pre juízos.
Art. 32º/5 CRP Art. 48, 53, 241, 262, 263, 266 CPP.
Por termos um principio de acusação, o juiz que intervém antes de julgamento, o de
instrução, não pode proceder ao julgamento.
Quem investiga e acusa é o MP, quem julga é o juiz. Não é só uma entidade distinta, é
também a magistraturas diferentes.
O principio da máxima acusatoriedade possível, signi ca que a repartição de funções se
faz entre magistraturas distintas. Esta máxima acusatoriedade possível é importada pela
CRP art. 219º.
O principio da acusação é dos princípios que mais questões levanta. Estes princípio
implica que se há separação entre entidade que investiga e acusa e a que julga, decorre
que não pode ser o juiz de julgamento a iniciar uma investigação penal. Não pode haver
acusação na fase de julgamento, antes da fase de julgamento tem de haver uma peça
processual que se chama acusação. Se o MP arquivar e se requerer a abertura da
instrução o arguido chega a julgamento através d num despacho de pronúncia.
É a acusação que de ne o objeto do processo e esta questão é muito relevante, pois tem
de haver uma atuação para vincular tematicamente o tribunal, ele não pode sair do objeto
do processo. Isto chama-se vinculação temática do tribunal. A este efeito de vinculação
temática ligam-se 3 princípios fundamentais:
- O principio da identidade, a acusação xa um objeto de processo e esse objeto
mantém-se o mesmo até ao nal;
- Principio da unidade, o juiz tem de conhecer todo o objeto;
- Principio da consunção o juiz tem de conhecer todo o objeto do processo e se não
conhecer é como se conhecesse, em caso de crime continuado.
MP acusa um indivíduo na prática do crime de homicídio simples e o juiz dá como provado
que matou, mas também dá como provado que havia relação de parentesco entre a vitima
e o agressor, passando assim a homicídio quali cado. Pode isto acontecer, o MP acusar de

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homicídio simples e o juiz de julgamento pode condenar por homicídio quali cado neste
caso? São estes problemas difíceis que iremos dar uma luz, mas não aprofundar.

Direito de defesa do arguido, é bom que o arguido vá para julgamento conhecendo os


factos que lha são imputados, pois só assim poderá preparar a sua defesa.

Principio da prossecução processual

Principios da investigação

Principio do Contraditório - No decurso de processo penal devem ser criadas as


condições para emergirem as declarações quer da acusação quer da defesa. É um direito
de audiência que as pessoas têm no decurso do processo. Tem a ver com o estudo
processual do interveniente do processo.

Principio da Su ciência

Principio da Concentração

Principio da prova processual

Principio da forma processual

13/04/2023

Principio da prossecução processual

Principio do Contraditório - No decurso de processo penal devem ser criadas as


condições para emergirem as declarações quer da acusação quer da defesa. É um direito
de audiência que as pessoas têm no decurso do processo. Tem a ver com o estudo
processual do interveniente do processo. Art. 86º CPP
Em matéria de apreensões, estas podem ser apreensões a bens de terceiros 178º/9
Art. 32º/5 principio do contraditório tem consagração constitucional. Já no CPP temos o
art. 327º que é um artigo atinente à fase de julgamento; 321º/3, 323º g). O principio do
contraditório não vale só para a fase do julgamento, também vale para a fase de instrução
art. 302º CPP, 398º CPP.
O principio do contraditório não esta consagrado apenas para a fase de instrução e para a
do julgamento. Este principio existe desde o inicio do processo penal. Liga-se o secretismo
das partes processuais à não contrariedade dessas fases processuais. Antigamente o
inquérito era secreto, agora não mais, art. 61º CPP.

Principio de su ciência (art. 7º CPP) - investigação de um crime de furto, pessoa prova


posteriormente que a coisa é própria e não alheia, aqui temos uma questão civil e não
penal. Questão de economia processual, mas não só, há questões que se resolvidas na
sede própria não seria necessário “encher” o processo penal.
A nossa regra é a da su ciência do processo pena. Em relação às questões de
constitucionalidade não vale este principio de su ciência, no fundo os tribunais que estão a
conhecer uma questão penal podem também conhecer uma questão de
constitucionalidade. A CRP permite a recusa de aplicação de normas com fundamento na
inconstitucionalidade.

Tramitação da fase de inquérito - é uma tramitação tendencialmente unitária, há uma


fase de inquérito obrigatória, instrução (facultativa) e julgamento. Quando chegamos à fase

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de julgamento há umas distinções a fazer em função da gravidade e natureza do crime. Só
neste fase é que não temos uma tramitação tendencialmente unitária.

Fase de inquérito - é obrigatória. Quando se abre o inquérito? Inicia-se com a aquisição da


noticia do crime por parte do MP nos termos do art. 241º CPP. Nos termo0s do 219º da
CRP cabe ao MP exercer a ação penal. A noticia do crime pode adquirir-se por:
conhecimento próprio; por intermédio dos órgãos de polícia criminal 242º CPP e 247º CPP;
mediante denúncia. A denúncia tem a forma de queixa nos crimes particulares e nos
semipúblicos. O art. 246º diz-nos qual a forma e conteúdo da denúncia.
Adquirida então a notícia do crime, o MP está obrigado a abrir inquérito, isso decorre quer
do principio da o cialidade, quer do principio da legalidade art. 262º/2 CPP.
O CPP faz uma opção que nem sempre existiu entre nós, pois a noticia de um crime dá
obrigatoriamente inicio ao inquérito, inicio ao processo penal. Não é assim nos Brasil, pois
lá há uma fase de pré-inquérito, uma fase administrativa.
Desde 2007, também a denuncia anónima dá lugar a um inquérito art. 246º/6 do CPP.
No caso de denúncia caluniosa, a denúncia dá origem ao inquérito, não para investigar o
conteúdo da denuncia, mas sim para responsabilizar a pessoa que a fez falsamente.
A nalidade da fase do inquérito art. 262º CPP. Na fase d inquérito vamos investigar se há
crime, quem é o agente da pratica do crime e a sua responsabilidade. Muitas vezes o
inquérito decorre contra pessoa desconhecida. Não basta veri car se há crime, temos de
descobrir e recolher as provas que nos permitam depois submeter a causa a julgamento,
só posso acusar alguém se tiver indícios su cientes da pratica de um crime. Tem de se
saber se há crime e que aquela pessoa o praticou e indicar provas que permitam ao
tribunal, na audiência de julgamento, dar como provado o crime e o agente da sua prática.

Ex: há um homicídio que é testemunhado pela mulher e por um dos lhos do agente da
prática do crime. A mata B e confessa na fase de investigação e temos duas testemunhas.
Mas na audiência de julgamento, nem A admitiu, nem a mulher nem o lho testemunharam
e por isso o arguido foi absolvido. Não se pode sustentar uma acusação em provas frágeis.

Em suma, no inquérito vamos investigar a noticia do crime de que tivemos conhecimento, e


outra questão é saber a quem cabe a direção do inquérito, que cabe ao MP art. 219º
assistido pelos OPC que atuam sobre a direção e dependência funcional do MP. No
inquérito, apesar do MP o dirigir, nos termos do 270º há atos que podem ser delegados
aos órgãos de polícia criminal.
Há sempre uma área de reserva de competência do MP, há atos que não se podem delegar
a outros órgãos. No entanto há OPC que abrem inquéritos e que posteriormente
comunicam ao MP e isto viola a CRP e a lei - o art. 241º e 262º.
Relacionamento entre o MP e o juiz de instrução. Apesar de o MP dirigir o inquérito 263º,
há atos que o MP não pode praticar no inquérito, há atos de competência reservada de um
juiz, nomeadamente um juiz de instrução. No inquérito, há atos que têm de ser praticados
268º e 269º pelo juiz de instrução, bem como o art. 17º CPP.
Ao juiz de instrução cabe proceder à aplicação de uma medida de coação; proceder a
buscas e apreensões.
Há atos que não são praticados pelo próprio juiz, mas tem de ser um juiz a autorizar
(buscas domiciliárias; escutas).
O critério subjacente ao CPP é o 32º/4 da CRP. O critério é que todos os atos que se
prendam com direitos fundamentais são da competência de um juiz.
Nem sempre é claro se um determinado ato é da competência de um juiz ou do MP. As
apreensões, por ex. Não se percebe porque podem ser da competência do MP,
nomeadamente apreensões da vantagem de um crime. As apreensões servem para a
prova, mas nas situações em que as apreensões servem para acautelar a vantagem de um
crime põe-se em causa o direito à propriedade.

Em 2007, o TC teve de decidir se é um ato da competência de um juiz ou se pode ser o MP


a ordenar a recolha de amostra biológica, o TC entendeu que esta matéria é da

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competência reservada de um juiz, pois estamos a restringir o direito fundamental do art.
26º CRP.
Mais recentemente em 2021, o TC entendeu que era da competência do juiz a pesquisa de
emails (matéria da prova digital), quando é ordenada uma busca domiciliária e é apreendido
um computador.

Se zer uma busca na casa de alguém é uma busca domiciliária e tem de ser autorizada
por um juiz, mas se for a uma empresa já pode a busca ser ordenada pelo MP. Aqui estão
em causa direitos fundamentais art. 34º CRP.

Como o MP encerra o inquérito? Art. 276º arquiva ou deduz acusação.


Despacho de acusação ou de arquivamento são as formas de terminar o inquérito. Mas
este art. 276º não se limita a dizer que o MP encerra o inquérito arquivando ou acusando,
este art. Estabelece também os prazos de duração máxima do inquérito, em função da
natureza e complexidade do crime. Os prazos aqui xados não são compatíveis com os
inquéritos que temos (Operação Marquês por ex.). Então que valor tem este art. 276º? Há
quem entenda que estes prazos devem ser vistos como prazos de caducidade. Há quem
entenda que estes prazos são meramente ordenhadores, indicadores e não têm esta
consequência drástica de o MP ter de tomar decisão quando se atinge o limite máximo.
A MJA acha prejudicial defender que o MP, atingindo o limite máximo, acusar ou arquivar.
Ela considera que iriam haver acusações infundadas só para respeitar o prazo, e então
defende que estes prazos são indicadores. O problema não está no código, mas na forma
como é aplicado.
Sendo a magistratura do MP hierarquizada, ela funciona mal, na opinião da MJA porque ela
diz que ou a hierarquia não funciona, ou os processos disciplinares não funcionam, pois
talvez nem aconteçam. Ela defende que devemos investir mais no cumprimento dos prazos
existentes.
Porque é que o MP na Operação Marquês quis fazer dele um “monstro de processo, com
4000 páginas”? Isto fez com que o processo fosse ingovernável, a conexão de processos
faz com que existam estes megas processos que posteriormente levam ao incumprimento
dos prazos.
A duração excessiva dos processos inviabiliza a prova testemunhal, pois a memória das
pessoas não é eterna.

Quando tem lugar o despacho de arquivamento? Art. 277º este despacho pode ter uma
fundamentação tripla.
- O MP arquiva o processo se, no âmbito da investigação, concluiu que não há
crime, ou então que há, mas não foi aquela pessoa que o praticou art. 262º.
- Arquiva se é inadmissível o procedimento, pois concluiu-se que estava prescrito o
procedimento criminal. Ex. O MP noti ca o assistente para casos queira deduzir acusação
particular e o assistente não o faz, o MP também tem de arquivar o processo, pois é
legalmente inadmissível o procedimento.
- Arquiva o processo porque não conseguiu recolher e descobrir provas que
permitam sustentar em julgamento a prática do crime.

A decisão de arquivamento em processo penal não é uma decisão de nitiva. Uma decisão
de arquivamento pode ser sempre revertida, pode haver sempre uma reabertura do
inquérito, nos termos do art. 279º CPP. Também pode haver uma reabertura do inquérito
por via de uma decisão hierárquica.
É preciso que haja sempre novos elementos de prova para a reabertura. Quando o
arquivamento seja ao abrigo do nº2 há mais tendência a reabrir o inquérito, quando
aparecem novas provas, ou testemunhas.

O despacho de acusação está no 283º do CPP. O MP acusa se, durante o inquérito tiverem
sido recolhidos indícios su cientes de se ter veri cado crime e quem foi no seu agente.
O MP tem de fazer um juízo que o leve a concluir que aquela pessoa venha a ser
condenado em julgamento. Tem de haver convicção que o resultado será a condenação e

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não a absolvição (isto são os indícios su cientes). O 283º diz-nos sob pena de nulidade
qual o conteúdo da acusação. A acusação de ne e xa o objeto do processo.

Notas:

1. O principio da acusação - a acusação de ne e xa o objeto do processo.


2. Da acusação tem que decorrer que há indícios su cientes. É mais provável a acusação
do que a absolvição.
3. Só contendo a acusação o que está no art. 283º d) o arguido exercer o seu direito de
defesa.

Art. 284º CPP mostra que o assistente é um sujeito processual, o ofendido constituído
assistente pode juntar a sua acusação à do MP, acusar pelos mesmos factos, parte deles,
ou por factos diferentes, mas não podem alterar substancialmente a acusação do MP, daí
ser subsidiária.

Se o crime for particular vale o art. 285º CP, portanto o momento do assistente decidir se
acusa ou não está consagrado neste artigo.

O assistente pode acusar, ainda que o MP lhe tenha comunicado que não há indícios
su cientes da prática do crime art. 285º CPP (característica dos crimes particulares).
Uma acusação particular acompanhada pela acusação do MP tem uma força diferente.

Há dois desvios ao principio da legalidade. Por força dos art. 281º e 282º do CPP, não
obstante haver indícios su cientes, não obstante o MP poder e dever deduzir acusação, o
legislador permite arquivar ou suspender o processo.

No caso do arquivamento do processo, os pressupostos são muitos simples, se o


processo for por crime que tenha como possibilidade a dispensa de pena, então o MP
decide-se pelo arquivamento, desde que tenha a concordância do juiz de instrução.
Esta concordância do juiz de instrução faz com que estes arquivamentos não sejam
suscetíveis de impugnação.

Questão pertinente - ideia de desnecessidade de pena, o agente é dispensado de pena se


o tribunal concluir que a pena não é necessária do ponto de vista da prevenção geral e
especial. No entanto temos casos de dispensa de pena que não assentam nesta ideia de
desnecessidade de punição. No CP temos o 374º b) do CP que assenta numa ideia de
premiar a pessoa que denuncia um crime de corrupção. A estratégia nacional anti
corrupção a rmava que o art. 280º do CPP não serve para estas situações. Obviamente
que o arquivamento em caso de dispensa de pena está pensado para situações de
desnecessidade de punição e não em caos que o arquivamento surge em situações de
denúncia de crime (premial).

Os requisitos da suspensão provisória de processo estão previstos no 281º CPP:

1. Crimes puníveis com pena de prisão não superiores a 5 anos


2. Concordância do juiz de instrução, do MP
3. Concordância do arguido e do assistente (concordância alargada)
4. Ausência de condenação anterior por crime da mesma natureza
5. Ausência de culpa grave
6. Corresponder às exigências de prevenção geral e especial
7. Imposição ao arguido injunções e regras de conduta

Evita-se que certas pessoas colidam com o sistema de administração da justiça, evita-se
que se vá a julgamento.

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Este instituto da suspensão provisória de processo é aplicado com frequência, é uma
alternativa à acusação.

Em alternativa à acusação, podemos ter o arquivamento ou a suspensão provisória do


processo. Como funciona? O tribunal suspende provisoriamente o processo art. 282º CPP.

Estes institutos 280º e 281º têm lugar quando for um crime semi publico ou particular? A
MJA diz que a questão não se coloca quando o crime é semi publico porque quem acusa é
o MP por isso é irrelevante a posição do ofendido ou do assistente. Mas e se for particular?
Nos crimes particulares há sempre a constituição de assistente e só há suspensa se o
assistente concordar.
A MJA entende que apesar do assistente poder deduzir acusação ainda que o MP não
conclua que há indícios su cientes, o assistente não tem poderes ilimitados.

20/04/2023

Fase de inquérito é obrigatória do PP comum, dirigida pelo MP que abre o inquérito logo
depois de receber a noticia do crime e procede à investigação do mesmo.

Há atos que podem ser delegados pelos OPC sem prejuízo de haver atos que têm de ser
delegadas, são competência do MP.

O MP está obrigado a abrir isqueiro e obrigado a deduzir acusação sempre que recolha
indícios su cientes do crime sabendo quem é o agente da pratica do crime.

A não abertura do inquérito pode dar aso à abertura de um processo disciplinar, o PGR, no
topo da pirâmide, tem, no limite, um controlo politico.

Relativamente à decisão de encerrar o inquérito há duas possibilidades, quando o MP não


deduz acusação pode ser querida a abertura da instrução, mas também pode haver um
controlo hierárquico da decisão de arquivar. Art. 278º CPP.
A intervenção hierarquia só acontece quando o MP não deduz acusação. Se não for
requerida abertura da instrução ainda há possibilidade da intervenção hierárquica.
Os sujeitos processuais que também podem requerer a abertura da instrução, pedem a
intervenção hierárquica.

A fase de instrução é outro mecanismo de controla da decisão que o MP toma no nal do


inquérito. Esta fase é um controlo judicial e vale quer quando o MP não deduz acusação,
quer quando o MP deduz essa mesma acusação (art. 286º CPP). A instrução tem caráter
facultativo, pois o objetivo da instrução é controlar a decisão nal tomada pelo MP, acusar
ou não acusar.
A abertura da instrução é requerida (art. 287º CPP) pelo sujeito processual interessado que
é o arguido. A instrução pode ser requerida pelo arguido relativamente a factos (…). Se o
crime for particular, quem deduziu a acusação foi o assistente e neste caso a instrução
serve para controlar a decisão do assistente de deduzir acusação. Remissão deste art.
Para o 283º e 285º.

Al. b) diz que a instrução pode ser requerida pelo assistente e pode fazê-lo relativamente a
factos pelos quais o MP não tiver deduzido acusação. Num despacho de acusação do MP,
o MP acusa por determinados factos, mas não acusa relativamente a outros. Neste
despacho constam decisões parcelares isoladas de não acusação. Em relação a estas é
que o assistente poderá requerer a abertura da instrução.

Art. 287º/1 b) se o procedimento não resultar de atuação particular. Quando o crime seja
particular, o assistente não pode requerer a abertura da instrução. Ex: MP nos termos do
285º noti cou o assistente caso ele queira deduzir acusação, o assistente não o fez, então

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o MP arquivou o processo. Este assistente que não deduziu acusação, não pode depois vir
requerer a instrução.
No entanto, haverão casos em que apesar do crime ser particular, o assistente pode
requerer a abertura da instrução. Em síntese os casos são aqueles em que a decisão de
arquivar um inquérito não teve a ver com a decisão do assistente. O MP arquiva o inquérito
por erro, não se apercebe que o crime é particular. Nestes casos em que por erro o
assistente não tenha sido noti cado nos termos do art. 285º.
- O MP noti ca o assistente e que a acusação particular vem a ser deduzida muito tempo
depois do tempo xado na lei.
Nestes casos o MP tem o poder-dever de arquivar o inquérito.

Qual é a nalidade da instrução? Art. 286º CPP A instrução visa comprovar judicialmente a
decisão de deduzir acusação ou arquivar um inquérito. A instrução não é uma fase em que
vamos sindicar o modo como o MP investigou. Vamos ver se há razões ou não para a
causa ser submetida a julgamento. A instrução é apenas um mecanismo de controlo da
decisão nal tomada pelo MP na fase de inquérito. É facultativa por ser um mecanismo
onde controlo. Abona também no sentido de a instrução ser apenas uma fase de controlo o
art. 291º CPP (o juiz de instrução decide quais os atos a serem praticados).
Na prática há a subversão da ideia do CPP de a fase de instrução ser apenas uma fase de
controlo. Há pessoas que usam a fase de instrução como uma outra fase de investigação e
ela não serve para isso, serve apenas para controlo da decisão (Art. 309º CPP - culmina
com a sanção da nulidade a decisão instrutora na parte em que pronuncia o arguido por
factos (…). A instrução não esta con gurada como um suplemento autónomo da
investigação). Neste art. também se vê o principio da máxima acusatoriedade possível.

Os atos da instrução estão sujeitos ao principio do contraditório.


Há quem diga que se deve acabar com a fase de instrução. Era bom para a economia
processual, só que temos um problema, o 32º/4 da CRP que diz que toda a instrução é da
competência de um juiz (…). Esta norma constitucional deu já aso a grandes discussões
quanto à questão de saber se o CPP respeitava este artigo. Este art. induz no sentido em
que o processo penal português deve ter uma fase de instrução.
Porque não chamamos instrução ao inquérito e uma fase de julgamento? Não pode ser
assim, se chamássemos instrução ao inquérito, esta fase tinha de ser da competência do
juiz. Esta norma não só não é inconstitucional como é a única conforme à CRP, pois
também temos o art. 219º.

Ac. 7/87 o TC apreciou a constitucionalidade. Vital Moreira diz que houve uma burla de
etiquetas, foi um dos maiores críticos.

A instrução é um outro mecanismo de controlo da decisão nal tomada pelo MP.

O que se faz na instrução? A instrução quando é requerida pera controlar a decisão do mP


pode dar origem a atos de instrução e a debate instrutório ou então só ao debate. Isto quer
dizer que os atos de instrução não são obrigatórios.
289º - há sempre debate instrutório.

Ex: A instrução vai ter como objeto uma questão de direito se for para ver se determinado
comportamento é crime ou não.

A instrução deve dizer se a causa deve ser submetida em julgamento com base no que
tem.

A instrução não é um suplemento autónomo de investigação. No entanto é uma fase de


investigação em que o juiz vai investigar de forma autónoma. O juiz de instrução, de forma
autónoma, vai decidir se a decisão tomada pelo MP é correta ou incorreta art. 288º/4 CPP.

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O debate instrutório (art. 297º) CPP é obrigatório, é um debate oral e contraditório. O
perigo é fazer deste debate instrutório um ensaio geral do julgamento. Só na fase de
julgamento é que vai ser produzida a prova e o juiz de julgamento é que vai avaliar se
absolve ou condena.
A instrução é usada como tática e técnica para empatar o processo, daí a MJA não se
lembrar de nenhum processo que não tenha havido instrução.
O prazo criminal às vezes prescreve por causa destes empates da instrução.

As leis mal feitas por parte do legislador também levam à demora dos processos.

A fase da instrução encerra-se como? No nal o juiz de instrução tem de proferir uma
decisão de pronuncia ou não pronuncia. O despacho de pronuncia arts. 307 e 308 do CPP.
A causa é submetida a julgamento. Se entender que há razões para não submeter a causa
a julgamento profere um despacho de não pronúncia.
Na fase de instrução pode também ter lugar, em alternativa ao despacho de pronúncia o
arquivamento 280º ou a suspensão provisória art. 281º.
Pode-se requerer a abertura de instrução com o intuito de arquivar ou suspender
provisoriamente. Se o arquivamento ocorrer na fase de instrução, quem decide é o juiz de
instrução, tem de ter a concordância do MP, mas também a concordância do arguido. Isto
percebe-se porque se tenho um inquérito e o MP acusa, se ele acusa, uma acusação tem o
sentido de dizer que eu quero submeter a julgamento alguém que é suspeito d pratica de
um crime. Mas o arguido também tem direitos e este arguido pode estar interessado a ir
para julgamento para demonstrar a sua inocência, por isto é que estando nós na fase de
instrução, se tiver havido uma acusação que ponha em causa o bom nome do arguido este
pode ter interesse em ir para julgamento para o limpar.
Isto percebia-se na versão original do código, pois a fase de inquérito era secreta e
portanto o legislador só fazia depender o arquivamento do 280º com a concordância do
arguido. Desde 2007, a fase de inquérito passou a ser publica e a MJA diz que o que está
no 280º já não faz sentido, pois deveríamos pedir sempre a palavra do arguido, pois tanto
na fase de inquérito como de instrução, o bom nome do arguido é posto em causa.

Quanto à suspensão provisória do processo na instrução está prevista no art. 307º/2 CPP.
Na fase de instrução quem decide a suspensão provisória do processo é o juiz de instrução
em concordância com o MP.

O CPP prevê a recorribilidade de todas as decisões, quando nada se diz em contrário as


decisões judiciais são recorríveis. Mas nem todas as decisões instrutórias são recorríveis.

O MP acusa, o arguido requer a abertura da instrução e o juiz acusa.


O MP acusa, o arguido requer a abertura da instrução e o juiz arquiva.

Nem todas as decisões instrutoras são recorríveis, aliás o art. 310º diz-nos quando é que a
decisão instrutora é irrecorrível.

A regra é a da recorribilidade da decisão instrutória.

O art. 310º é um caso de irrecorribilidade. Esta irrecorribilidade justi ca-se pela


circunstancia de termos duas decisões concordantes de duas magistraturas. Temos duas
magistraturas a do MP e a judicial que concordam que a causa deve ser submetida a
julgamento, então compreende-se esta irrecorribilidade. Se o crime por publico ou
semipublico a decisão instrutória é irrecorrível. Se for particular, quem decide se a causa é
submetida ou não a julgamento é o assistente 285º. Nos crimes particulares também não é
recorrível a decisão instrutória que pronunciar o arguido desde que a acusação particular
tenha sido acompanhada pelo MP. Como a decisão cabe ao assistente, não podemos dizer
que há aqui a concordância das duas magistraturas, não podemos comprar uma acusação

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do assistente com uma do MP. Se o MP tiver concordado com a acusação do assistente a
decisão é irrecorrível, se for apenas o assistente não é legitima.

Se não houver concordância entre juiz e MP a decisão é recorrível.

Quando o MP arquiva e o juiz não pronuncia, neste caso temos aqui a mesma decisão,
logo não deveria ser possível recorrer, só que o legislador não prevê esta situação como
situação de irrecorribilidade.
Este é um dos casos em que deveria haver irrecorribilidade da decisão, pois temos duas
magistraturas a decidir a mesma coisa.

Devemos dar garantias em relação a razões absolutórias, este caso, a MJA considera não
ser uma razão válida.

Meios processuais

Diferenciações em relação à natureza do crime Art. 1º

Meios de obtenção da prova - A busca é um meio de obtenção de prova. O juiz vai decidir
em função dos meios de prova. Mas há um trabalho anterior, usar os meios de prova
encontrados na obtenção de prova. O nosso CPP, diz-nos quais os meios de obtenção da
prova e os meios de prova. O art. 124º e ss. Abre um livro do CPP que é sobre a prova. O
art. 128º é o primeiro artigo sobre os meios de prova. A partir do art. 171º meios de
obtenção de prova. Hoje temos um problema em relação ao meio de obtenção de prova -
escutas telefónicas 188º e ss. e estão previstas nos meios de obtenção de prova, mas não
são um meio de prova.
Confunde-se então o que é um meio de prova e o que é um meio de obtenção de prova.
Se se transcrever o que se ouve nas escutas já temos prova documental, não se pode é
levar o áudio. A MJA diz que é absurdo, os arguidos têm direito à não auto-incriminação.
Isto é um método oculto de investigação, diferentemente de uma busca à casa. Quando os
métodos são ocultos, as coisa são mais complicadas. O art. 188º do CPP nº 9 e 12 tiram a
razão à MJA. Hoje as decisões são baseadas no meio de prova escuta telefónica, que em
bom rigor é um meio de obtenção de prova. O senão disto é que se banaliza a autorização
da escuta telefónica. Há exigências especi cas relativamente a este meio de obtenção de
prova que né a escuta telefónica. Escutamos o arguido e não só, a vida do crime, mas
também a vida privada e a vida de terceiros e isto vai contra os direitos fundamentais. No
código espanhol e alemão chamam-se interseção das comunicações e não escutas
telefónicas.
AC. 2023 do TC em relação aos emails, discutia-se em Portugal se era a mesma coisa
aceder a email abertos ou fechados, se uma carta for aberta a tutela é menor sobre o
direito de correspondência secreta. Houve uma altura que se disse que se o email
estivesse aberto estávamos a apreender um documento qualquer. Mas esta é uma questão
que não está fechada, no entanto diz-se irrelevante o email estar aberto ou fechado.
Neste acórdão o TC vem dizer que se deixo o meu email aberto ou fechado, ainda há tutela
das telecomunicação, pois mantenho o servidor do Outlook a interferir no meu
armazenamento dos documentos. Se estiver numa pasta de computador a tutela é menor
da inviolabilidade das comunicações. A MJA não considera que isto faça sentido.

Meios de prova - Os documentos encontrados na busca são meios de prova. O 1º meio é o


exame e percebe-se que por meio do exame (que é uma obtenção de prova) das pessoas,
dos locais, dos animais e das coisas se obtêm meios de prova. O exame de determinação
de ADN 172º tem de ser autorizado pelo juiz.
Revistas e buscas - a diferença entre elas é quando se fala em revistas é da pessoa,
quando se fazem buscas é em locais. A revista e a busca são os meios de obtenção de
prova, o que eu encontro com a revista e com a busca são meios de prova.
Em matéria de buscas, há 2 tipos que têm uma tutela acrescida que se revela também
depois na competência da autoridade para efetuar a busca. As buscas domiciliarias são

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diferentes das buscas de pessoa coletiva Art. 34º CRP - direito à inviolabilidade de
domicilio, mas podem haver buscas no meu domicilio, excepcionalmente podem haver de
noite. As buscas domiciliarias distinguem-se das outras desde logo porque a autoridade
competente para as autorizar é o juiz. O domicilio é uma projeção espacial da reserva da
intimidade da vida privada. E por isso é que as buscas de não necessitam da autorização
do juiz. Quando falamos de domicilio temos de pensar que há um conceito constitucional
de domicilio, não é só o apartamento, é também a garagem por ex. E por isso também
preciso de autorização para fazer busca à minha garagem se tiver portão na garagem. O
lugar de garagem não cria um espaço reservado para as pessoas, mas isto não acontece
relativamente à garagem com porta que se fecha e abre. Também o quarto de hotel onde
se dorme é domicilio; a tenda de campismo, a caravana. Se a senhoria der consentimento
para fazer busca num quarto arrendado a um estudante é inválido, pois o arrendatário é
que tem de autorizar.
Outro tipo de buscas autorizadas ou ordenadas por um juiz e até tem de estar o juiz
presente, essas buscas são 177º/5 e 6, consultório e escritório de advogados, pois
guardam muitos segredos de pacientes ou clientes.

Medidas cautelares e de polícia

Medidas de coação
Medidas garantia patrimonial

27/04/2023

Art. 178º e ss. - Apreensões: as apreensões estão inseridas na parte do CPP referente aos
meios de obtenção da prova, mas na realidade, as apreensões tanto servem a prova como
servem para garantir a decisão da perda de bens que venha a ser tomada no nal (pode
ser aplicada conjuntamente com uma pena ou uma medida de segurança).
Se eu falsi car moeda sou condenada a uma pena e a moeda que falsi quei é um produto
perdido a favor do Estado; crime de corrupção, a vantagem que recebi é declarada perdida
a favor do Estado.
Esta ideia de produtos ou vantagens perdidas a favor do Estado é para que o crime não
compense.
Para evitar que o agente da pratica do crime oculte ou gaste os produtos ou vantagens
obtidos com a prática do crime, nós preventivamente podemos apreender produtos,
instrumentos ou vantagens. Garante-se a efetividade da perda no nal do processo e serve
também a prova.

A apreensão como meio de prova: quando se faz busca num domicilio (meio de obtenção
da prova), para obter um documento (meio de prova) apreendo-o.
De acordo com a nossa lei, a apreensão é uma garantia processual da perda de bens de
forma a tornar efetiva a decisão nal que venha a ser tomada em matéria da perda de
bens. Mas isto é alvo de critica, outros ordenamentos jurídicos fazem a divisão entre a
perda e a prova.
O que é facto é que quando há uma apreensão, põe-se em causa o direito de propriedade.
Se distinguíssemos a decisão que serve a prova e a que serve a perda estaríamos mais
corretos.
“A propriedade do direito de tutela é a propriedade lícita.” - Se apreendo bens para servir a
prova, entende-se que essa apreensão seja da competência do MP, a MJA não acha bem é
que o MP que com a perda das vantagens, deveria ser da competência do juiz de
instrução.

Os visados podem pedir ao juiz de instrução que revogue ou modi que a medida de
apreensão, mas o juiz de instrução tem a primeira palavra e não uma modi cação ou
validação posterior.

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No entanto, se estou a suspeitar que está a ocorrer um crime numa casa, não se espera
que o crime se consuma. Nestes casos pode haver atuação sem a autorização do juiz de
instrução.

Art. 34º da CRP prevê o direito à inviolabilidade da correspondência e nos termos deste
mesmo art. Nº4 a ingerência na correspondência está proibida exceto no âmbito do
processo criminal.
No art. 179º CPP prevê-se a apreensão de correspondência quando seja ainda em curso o
envio da correspondência.
Se se faz uma busca na casa de alguém e apreendo uma carta já não estamos no âmbito
destes dois artigos.

Escutas telefónicas art. 187º (meio de obtenção de prova), em Espanha o nome disto é
intersecções das comunicações.
Antes não era possível proceder a escutas ambientais (colocar um gravador numa sala).
Questão de TC - a inviolabilidade das comunicações art. 34º tem poder apenas com a
conversa que é intersectada e que só é permitida no processo criminal, ou se também é
proibido o acesso aos dados do tráfego. O CPP não o dizia expressamente, daí isto ter
sido debatido, no entanto temos a norma do art. 189º/3 que regula esta questão.
Uma escuta deixou de ser só aquilo que se ouve, é também os dados de tráfego. Este
meio de obtenção de prova é extremamente gravoso, viola a nossa vida privada e também
a de terceiros. O art. 187º prevê uma utilização subsidiária das escutas telefónicas por ser
tão gravoso do ponto de vista dos direitos fundamentais. Só se se concluir que naquele
caso é indispensável para a descoberta da verdade é que se recorre a este meio de
obtenção de prova. Tem de se fazer uma harmonização entre a descoberta da verdade eo
respeito pelos direitos fundamentais.
Quando falamos de escuta falamos sempre dos crimes do catálogo, consagrados no 187º/
1 do CPP. Por ex: é possível usar uma escuta se estiver em causa a devassa da vida
privada (alguém que liga para perturbar alguém a meio da noite). É matéria de reserva de
juiz a autorização das escutas.
Em relação a estas, quando o juiz intervém é apenas para carimbar a decisão do MP, ou
falamos de uma reserva material de juiz? Não deve ser possível ao juiz de instrução dizer
apenas que concorda, isto é fazer da reserva de juiz meramente formal, deve ser ele a
ordenar.

Princípio da legalidade da prova art. 125º CPP - valem todos os métodos de prova desde
que não estejam proibidos na lei. Não há um principio de taxatividade porque este art. Diz
que são admissíveis todos desde que não estejam proibidos por lei. Não podem haver
métodos de prova que violem a integridade física da pessoa (tortura para obter con ssão).

Meios de prova previstos no CPP

- Prova testemunhal art. 128º e ss. - A testemunha é inquirida sobre factos que possua
conhecimento direito e que constituam objeto da prova. Neste artigo não é possível em
processo penal o depoimento indireto ou “ouvi dizer”. Se ouvir a vizinha não posso
testemunhar, mas se ela falecer já se pode. Não é permitido o “achismo”, nem o diz-se por
aí. Não são relevantes as vozes publicas nem as convicções pessoais. Testemunha
abonatória - aquela que testemunha sobre a personalidade do arguido por ex., desde que
seja relevante.
O art. 131º prevê a capacidade de testemunhar (qualquer pessoa desde que tenha aptidão
mental). As pessoas têm o dever de testemunhar art. 132º - jurarem que falam com
verdade. No entanto, a testemunha também se pode recusar a depor em certas
circunstâncias art. 134º, nomeadamente relações familiares ou equiparadas. Também pode
haver a recusa de depoimento se ele colidir com o segredo pro ssional a que se esteja
vinculado art. 135º. Não se pode recusar a depor se isso depender da descoberta da
verdade, pois sobrepõe-se à reserva da vida privada.

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Só há um segredo inviolável - o que dizemos ao padre, segredo religioso. A MJA não
percebe esta norma do CPP, porque até somos um estado laico. Art. 135º
A testemunha não é obrigada a responder a perguntas que possam incriminá-la, direito à
não auto incriminação.
- Declarações do arguido art. 140º, o arguido é um sujeito do processo art. 60º, mas pode
ser também objeto de diligencias probatórias (ser interrogado relativamente aos factos que
lhe são imputáveis). O arguido presta declarações quando lhe são perguntadas coisas
sobre a sua identidade; sobre os seus antecedentes criminais; sobre os factos que lhe são
imputados. Quando lhe são feitas perguntas sobre a identidade art. 141º/3, art. 342º/1 - ele
é obrigado a responder com verdade sobre pena de incorrer em responsabilidade penal.
Punição se não falar verdade art. 359º CP.
Pode o arguido recusar-se a falar na audiência de julgamento, tendo o advogado alegado
que a voz nas escutas não era do arguido. Pode ele recusar-se a falar sendo que tem de
falar relativamente a questões relacionadas com a identidade?

Relativamente aos antecedentes criminais, houve uma evolução do processo penal


português, noa anterior código o arguido era obrigado a responder a perguntas sobre os
seus antecedentes criminais e a não resposta ou resposta falsa incorre em
responsabilidade criminal, entretanto esta questão foi ao TC que julgou inconstitucional por
violar as garantias de defesa.

O CPP atual vai no sentido de os arguidos não serem obrigados a responder relativamente
aos seus antecedentes criminais.

Perguntar sobre os antecedentes criminais contaminava o juízo do juiz? O juiz tem acesso
ao registo criminal, pode consultar sempre que queira, e a doutora nunca viu ninguém ser
condenado por haverem antecedentes criminais.
O comportamento anterior do arguido é um fator da medida da pena art. 71º, reincidência e
pena relativamente indeterminada necessitam de conhecimento dos antecedentes. Daí a
dra. concordar que as perguntas sobre o registo criminal se deve equiparar às perguntas
sobre os factos que lhe são imputados.

Quando o arguido é perguntado pelos factos que lhe são imputados - 1. o arguido pode
negar a imputação daqueles factos, ao negar a imputação tanto pode falar verdade como
mentir. O arguido não é, porém, responsabilizado criminalmente se faltar à verdade. Não
impende sobre o arguido o dever de colaborar com a administração da justiça penal. 2. O
arguido confessa os factos que lhe são imputados, até 1987, não se podia ser condenado
com fundamento apenas na con ssão, invocavam-se aqui 2 razões fundamentais (há que
evitar as auto incriminações falsas; e evitar os métodos proibidos de prova). Em 1987,
passámos a admitir a con ssão desacompanhada de qualquer meio de prova art. 344º
CPP. Como se justi ca isto? De facto, pode-se ser condenado apenas com fundamento na
con ssão, mas para assim ser, a con ssão tem de ser livre e quem vai avaliar a liberdade
da con ssão é o juiz, deste modo contornam-se as con ssões falsas. Acautela-se o risco
de ter auto incriminações falsas. A utilização dos métodos proibidos de prova estão sobre
o controlo das autoridades judiciárias, o que nos permite acreditar que esta direção diminui
a possibilidade da ocorrência de métodos proibidos de prova. 3. O arguido pode remeter-
se ao silêncio, art. 61º/1/d), 343º, o silêncio não o pode desfavorecer, em processos penal
“quem cala não consente”. Portanto arguido que se remeta ao silencia não pode ver
exercido contra ele nada que o prive desse direito.

Declarações do assistente, partes civis, bem como do ofendido (não são propriamente
testemunhas)
Provas de acusação Art. 147º
Prova de reconhecimento de pessoas e objetos - não é reconhecimento o que se faz nos
nossos tribunais que é perguntar à testemunha se é o arguido aquela pessoa que viu.
Reconstituição do facto (caso em que se dizia que um carro descaiu numa subida e matou
uma pessoa e alegava-se que o carro tinha uma so sticação qualquer que não o deixava

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descair e daí não ser homicídio doloso, mas sim negligente e pode levar-se um carro igual
para comprovar a so sticação)
Prova pericial - art. 151º, esta prova em Portugal, no processo penal segue o modelo de
perícia o cial e não contraditória. Perícia o cial - não há peritos do tribunal e outro do
arguido, o tribunal é que nomeia o perito. Art. 155º consultor técnico.

Prova documental art. 164º.

Medidas cautelares e de polícia

São um meio processual de que nos servimos no decurso do processo. Os OPC são meros
participantes processuais, atuam sobre a direção e dependência funcional dos órgãos
judiciais.
Art. 249º do CPP
São as medidas que podem ser da competência dos OPC e que servem para nos
assegurar os meios de prova.

Identi cação de suspeito e pedido de informações - art. 250º/1 identi car a pessoa se
recaírem sobre ela indícios da prática de um crime.

Detenção - não se confunde com prisão preventiva, é uma medida cautelar.

04/05/2023

Instituto da detenção, medidas de coação e garantia patrimonial

Detenção, quando falamos disto em processo penal, falamos de um ato material de


captura que, se distingue da prisão preventiva que é outro meio processual, mas que
implica a privação da liberdade das pessoas.
Poderemos ter vários intervenientes processuais, mas só podemos prender
preventivamente um arguido, enquanto que a detenção pode ser de um arguido, de um
suspeito, um consultor técnico, etc.
A detenção tem traços curtos de duração art. 28º (duração máxima de 48 horas), a prisão
preventiva pode ir até vários anos.
Em relação à detenção, faz sentido distinguir detenção em agrante delito ou fora de
agrante delito. A prisão preventiva ocorre sempre fora de agrante delito. A detenção está
prevista na CRP, nos termos do art. 27º o legislador constituinte elencou os casos em que
pode haver privação da liberdade art. 27º/3 b) f) g). Art. 254º CPP detenção, detemos
alguém que pode ser arguido ou apenas suspeito e detemos para ser apresentado em
processo sumário; para ser interrogado em 1º momento; para lhe aplicarmos ou
executarmos uma medida de coação. Na al. a) “quem pode ser detido é o suspeito ou o
arguido, na b) podemos deter qualquer pessoa para assegurar a presença imediata (…)”,
neste caso podemos deter uma testemunha, um perito, um consultor técnico, alguém que
tenha de estar presente no ato processual.
254º podem haver detenção para efeitos de identi cação da pessoa e nos termos do art.
250º CPP, só pode ter no máximo 6 horas.
Art. 28 da CRP delimita temporalmente o tempo da detenção.
Nos processos publicitados pela comunicação social, presenciamos que nos processos
mediáticos, o que sucede é que temos detenções além de 48 horas. (Arguido detido à
sexta feira e cam o m de semana inteiro detidos.) Esta questão já foi a TC, quando
falamos do prazo máximo de 48 horas, que signi ca isto? É o prazo máximo que a pessoa
tem para ser apresentado ao juiz? Signi ca que no prazo de 48 horas tem de ser iniciado o
interrogatório judiciário, sem que tenha de acabar? O TC entendeu que da norma decorre o
prazo máximo administrativo que não pode exceder 48 horas, deve-se iniciar, dentro deste
prazo o interrogatório sem que tenha de terminar até às 48 horas. A MJA discorda disto,
diz que devemos ter uma lei que preveja esta privação da liberdade. MJA diz que era

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preferível deter alguém, aplicar a prisão preventiva por ser necessária e depois, passado
pouco tempo, revendo a prisão preventiva, revogar a aplicação da mesma.

Nos termos do art. 254º “eu só posso deter para acelerar a presença imediata (…)”, só
posso deter alguém se concluir previamente que a detenção é necessária para assegurar a
presença da pessoa. A detenção deve ser usada quando é necessária.

Detenção em agrante delito art. 255º e 256º - todo o crime que se está a cometer,
qualquer pessoa pode deter se não estiver por perto uma autoridade judiciária

Detenção fora de agrante delito art. 257º - aqui, a regra é que este é um ato da
competência do juiz, ordem de detenção dada pelo MP (excecionalmente) e ainda mais
excecional (policia).

Como está aqui em causa uma privação da liberdade, há aqui uma série de condições e
deveres a cumprir art. 259º CPP.
Se uma pessoa estiver doente, ou nem sequer for ela a culpada tem de ser apresentada ao
juiz no prazo de 48 horas, daí a norma acima indicada.

Medidas de coação e Medidas de garantia patrimonial (prisão preventiva, caução,


proibição de contactos, etc.) - art. 60º sujeito do processo penal também está sujeito a
deveres. Art. 61º/6 d) reitera isso falando dos deveres do arguido de sujeição a medidas de
coação e de garantia patrimonial. Aqui, a nalidade da descoberta da verdade e realização
da justiça chora com os direitos fundamentais do arguido, o direito à liberdade. Art. 32º/1
todos os arguidos têm direito à defesa e 32º/2 arguidos presumem-se inocentes até ao
transito em julgado. Privamos a liberdade a alguém que se presume inocente, então temos
de ter sempre presente que só são aplicáveis ao arguido medidas de coação que ainda se
mostrem comunitariamente admissíveis face a estarem a ser aplicadas a um inocente.

Quando falamos de medidas de coação, falamos de medidas processuais de natureza


cautelar. Quando falamos de penas, falamos de necessidades de punição. Isto são coisas
diferentes. A prisão preventiva excessiva tem um efeito de ser um tempo que depois é
descontado da pena. Por uma questão de justiça vamos fazer este desconto e em
situações limites camos sem pena para cumprir, e aí não podemos falar de programas de
ressocialização.

Há que harmonizar as duas nalidade, as medidas de coação estão sujeitas a vários


princípios.

- Art. 191º medidas de coação e garantia patrimonial, 1º principio - principio da legalidade


enquanto principio de aplicação das medidas de coação. Este princípio signi ca que só
posso aplicar as medidas de coação previstas na lei.

Medidas de coação:

• Art. 196º - termo de identidade e residência está entre as medidas de coação, mas, em
bom rigor, não é uma medida de coação. É claro que é uma medida de coação, mas
distingue-se das demais, o que nos faz duvidar da natureza desta medida de coação. Art.
61º/6 d) dever do arguido de prestar termo de identidade e residência. Diferentemente de
todas as medidas de coação 196º, 268º 184º, o termo de identidade e residência não tem
de ser aplicado por um juiz e até pode ser aplicado por um orgão de OPC. Nos termos da
lei, 194º, não é necessário fundamentar a aplicação do termo de identidade e residência,
pois todas as pessoas constituídas arguidas prestam termo de identidade e residência. O
termo de identidade e residência só se extingue se o arguido for condenado e se
extinguir a pena. Então, esta medida de coação não é propriamente uma medida de
coação como as outras. O termo de identidade e residência assumiu, em 1998 uma outra
gura. Ex: arguidos faltavam à audiência de julgamento porque não se deixavam noti car.

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Em 1998, houve uma alteração, admitiu-se a noti cação por via postal simples, foi
preciso fazer do termo de identidade e residência, algo que permitisse a noti cação via
postal simples. No termo de identidade e residência, a pessoa identi ca-se, dá a morada
para as noti cações e quem presta este termo tem o dever de comunicar nova
residência, sempre que haja alteração da mesma, no prazo máximo de 5 dias.
• Caução - o valor da caução é apurada em razão da minha situação nanceira. Se a
caução for determinada como deve ser, o arguido sabe que o incumprimento de deveres
processuais o faz perder a caução. Art. 197º
• Obrigação de apresentação periódica art. 198º - para a pessoa não se ausentar.
• Suspensão do exercício de pro ssão, de função, de atividade e de direitos art. 199º (um
pai que abusa do lho e é professor, suspende-se a função parental e o exercício da
pro ssão de professor.
• Art. 200º proibição e imposição de condutas, por ex, pode impor-se à pessoa que não se
ausente sem autorização; não contactar com outro arguido, etc.
• Obrigação de permanência na habitação art. 201º - hoje conhecemos a pena de prisão
que é executada na habitação, a permanência na habitação é uma forma de execução da
pena, mas em 1997 esta gura de obrigação de permanência na habitação apareceu
como medida de de coação. Esta obrigação, quando foi prevista no código, teve logo o
problema de como se cumpre a permanência na habitação, então a solução foi colocar
policia à porta, mas brevemente se considerou que era inviável controlar assim o
cumprimento desta medida, daí ter sido implementada a pulseira eletrónica.
• Prisão preventiva art. 202º.

O princípio da legalidade do art. 191º diz que só são admissíveis as medidas de coação
previstas na lei, estas acima referidas.

- Princípio da necessidade - só se aplicam medidas de coação em função de exigências


processuais de natureza cautelar. Remissão do 191º para o 204º CPP. Exceto o termo,
nenhuma outra medida pode ser aplicada, segundo o art, 204º e depois temos, com a
análise do art. as situações em que podem ser aplicadas as outras medidas de coação.
Eu posso estar perante alguém que foi apanhado em agrante delito a matar outra
pessoa e posso não aplicar nenhuma medida de coação, se não se justi car.
- Principio da adequação - as medidas de coação devem ser adequadas às exigências
cautelares. Uma caução, apesar de tudo pode ser adequada a evitar um perigo de fuga,
pois se for de acordo com a situação real do arguido, ele não se vai sujeitar a perder o
valor da caução. Art. 193º adequação
- Principio da proporcionalidade - respeito por este principio. Art. 193º, as medidas de
coação tem de ser proporcionais à gravidade do crime e às sanções que venham a ser
aplicadas. Art. 27º d) só pode haver prisão preventiva quando houver fortes indícios de
crime doloso (…). O termo de identidade e residência aplica-se a todo e qualquer crime,
independentemente da sua gravidade e dos seus indícios, mas a caução já só é
aplicável se o crime for punível com pena de prisão, se o crime for punido com pena de
multa autónoma só se pode aplicar o termo de identidade e residência. A obrigação de
apresentação periódica depende que estejamos perante um crime punível com pena d
prisão superior a 6 meses. As 3 medidas de coação mais gravosas 200º, 201º e 202º
dependem de haver fortes indícios da prática do crime. Os fortes indícios não têm a ver
com indícios su cientes. Temos fortes indícios da pratica de um crime, na fase de
inquérito teremos se face aos indícios que tenho é mais provável acusar, na fase de
instrução, em face dos indícios existentes teremos o despacho de pronuncia e, em fase
de julgamento, temos fortes indícios se for mais provável o arguido ser condenado.
Exige-se que o crime tenha uma certa gravidade, que seja doloso. Quanto à prisão
preventiva temos de ter fortes indícios, o crime ser doloso e ser punível com uma pena
superior a 5 anos, ou em certos casos 3.
- Principio da slubsidariedade das duas medidas mais gravosas - art. 193º/2, 200º e 202º
só aplico a prisão preventiva se além das outras todas se a obrigação permanência na
habitação não corresponder às exigências processuais cautelares. A medida mais
gravosa, eu só aplico se as outras todas não corresponderem às exigências processuais

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de natureza cautelar. Nas medidas de coação, só se chega à prisão se nenhuma das
outras for su ciente e adequada e não como substituição, como acontece nas penas -
art. 28º CRP.

Ac. Da relação de Lisboa, a CRP e a lei não permitem que eu substitua uma medida de
coação por uma mais gravosa, o nosso regime é chegar à mais gravosa se as outras forem
inadequadas.

- Principio da precariedade - medidas de coação cessam se cessarem as exigências


processuais de natureza cautelar. Está consagrado no art. 212º quando se diz que as
medidas de coação são imediatamente irrevogáveis quando deixarem de se veri ca as
exigências processuais de natureza cautelar que as justi caram. O art. 213º, porque está
em causa a privação da liberdade, prevê que as medidas de coação de obrigação de
permanência na habitação e prisão preventiva sejam reexaminadas de 3 em 3 meses.
Art. 214º diz-nos quando se extinguem as medidas de coação. Art. 215º CPP - prazos
máximos de duração.

Além dos princípios, vamos ver as condições de aplicação das medidas de coação.
- Condição de arguido - art. 192º só posso aplicar medida de coação a quem seja
arguido. Em regra, a pessoa é constituída arguida com a dedução da acusação, mas tem
várias exceções art. 58º.
- Ninguém pode ser sujeito a medida de coação se não for ouvido 194º/4, é admissível a
detenção. Apesar de ter de haver sempre uma noti cação prévia.
- Aplicação apenas por um juiz art. 194º 268º e 17º. O art. 194º deve ser lido que na fase
de inquérito é o juiz de instrução a requerimento do MP porque na fase de inquérito
quem é competente para dirigir o inquérito é o MP, portanto não se justi ca a atuação do
juiz. Na fase de instrução pelo juiz de instrução o ciosamente ou requerimento, na fase
de julgamento pelo juiz de julgamento o ciosamente ou requerimento do MP.

Questão problemática - deve ou não o juiz de instrução aplicar uma medida de coação
diferente da requerida pelo MP? A MJA diz que não. O juiz quando aplica a medida de
coação está apenas para veri car se a medida de coação está de acordo com os critérios
de nidos na lei e na CRP, não lhe cabendo decidir por uma medida diferente da requerida
pelo MP. Primazia pelo princípio do pedido do MP. Quem conhece os processos é o MP,
então deve respeitar-se os requerimentos do MP.
A regra é que o juiz pode aplicar uma medida de coação diversa, ainda que mais grave se
estiverem em causa as al. a) e c) do 204º, diferentemente da al. b). Art. 40º o juiz que tiver
aplicado uma medida de coação ca impedido de proceder ao julgamento.
Al. a) a Dra. discorda dela.

- Também é condição que haja um despacho e que este seja fundamentado, sob pena de
nulidade art. 194º/6 CPP. Art. 97º

Quais os meios previstos na lei para impugnar a aplicação de uma medida de coação? Se
for a prisão preventiva, a nossa lei prevê a providencia de habeas corpus que está previsto
na CRP e no CPP, que é uma forma de que predispõem os cidadão de fazer face a prisão
ilegais art. 22º. Embora a nossa jurisprudência seja algo restritiva, não pode haver habeas
corpus que puder fazer face à medida de coação com um recurso.

Em relação ao recurso normal art. 219º, quando o recurso é interposto pelo arguido ou pelo
MP de decisões que aplicam a medida de coação tem de ser aplicada no prazo máximo de
30 dias. Se a decisão for de não aplicação, pode-se recorrer da decisão de aplicação, sem
prazo.

Vantagens do habeas corpus:


- Fazer face a uma detenção ilegal (aqui não nos interessa isto);

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- Mas para fazer face a prisões ilegais art. 31º CRP, tem de ser decidido no prazo máximo
de 8 dias e pode ser interposto ainda que a pessoa não tenha legitimidade processual.
30 dias para decidir o recurso, mas o que acontece em Portugal? No caso EDP, os
arguidos Mexia e outro, em determinado momento, os arguidos foram suspensos do
exercício da sua atividade, por decisão do juiz em aplicação de uma medida de coação.
Essa medida de coação era ilegal, segundo MJA, Mexia foi ilegalmente suspenso das suas
funções na EDP (presidente). Posteriormente foi interposto recurso para o tribunal da
relação de Lisboa e os 30 dias nunca foram cumpridos, passaram 6 meses e só aí é que a
medida foi declarada extinta. Se acontecer isto, a aplicação de uma medida de coação
aplicada ilegalmente pode resultar num pedido de indemnização ao Estado, art. 225º CPP.

11/05/2023

Garantia Patrimonial art. 227º (caução económica) art. 228º (arresto preventivo). Caução é
uma medida de coação, caução económica é uma medida de garantia patrimonial.
Quando falamos de arresto preventivo é diferente de falar de arresto regressivo, quando
houver a declaração de contumácia.

As medidas de coação servem para satisfazer exigências processuais de natureza cautelar.

Nas medidas de garantia patrimonial o que está em casa é o perigo de o arguido


condenado não satisfazer o pagamento de determinadas quantias. Ex: arguido é
condenado pelo crime de fraude scal e ainda é condenado a pagar os impostos em divida
e há o risco de não satisfazer essas obrigações patrimoniais.
A perda de bens pode ser uma perda pelo valor correspondente ou em espécime.

Para assegurar o pagamento de quantias, para assegurar que no nal o lesado possa ver
satisfeita a decisão no que toca à sua indemnização (processo de adesão), socorremo-nos
ou da caução económica, ou do arresto preventivo.

A caução económica consiste na prestação d uma determinada quantia (arguido entrega


ao estado o valor necessário para satisfazer as obrigações)

O arresto preventivo - Arrestar bens para depois se pagarem as quantias a que o arguido
for condenado.

Estas duas medidas de garantia patrimonial são autónomas, o tribunal pode desde logo, à
partida, impor o arresto preventivo. O arresto é, apesar de tudo, uma medida subsidiária
em relação à caução económica.

Nos termos da lei, também nestas vale o princípio da legalidade, apenas as medidas de
garantia patrimonial consagradas na lei; principio da necessidade (aplicar apenas a
necessária); princípio da adequação (adequada); principio da proporcionalidade (respeitar a
gravidade do crime); princípio de subsidariedade.

As medidas de garantia patrimonial dependem da prévia constituição de arguido, art. 58º/1


b) e art. 192º/2 CPP. Está aqui em causa a tendência que há relativamente a estas medidas
seguirem as regras previstas no CC. É o juiz de instrução que aplica estas medidas de
garantia patrimonial (MP requere no inquérito), na instrução, requerimento pelo MP ou
o ciosamente pelo juiz de instrução.
Os lesados também podem requerer a aplicação das medidas de garantia patrimonial,
contrariamente às medidas de coação.

Julgamento

A partir do julgamentos os caos são tramitados d uma forma um pouco distinta.

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Na fase de julgamento, devemos distinguir o tribunal singular (1 juiz), do tribunal coletivo (3
juízes) e tribunal de júri (3 juizes do tribunal coletivo, 4 jurados).
A competência destes tribunais distingue-se em função da gravidade do crime, natureza e
da maior ou menor valoração da prova.
O tribunal singular, atendendo à gravidade dos crimes, julga os crimes punidos com pena
de prisão até 5 anos art. 16º.
Mas há crimes que são puníveis com penas superior a 5 anos, mas não se justi ca que
seja julgado por um tribunal coletivo (crimes contra autoridade pública).
Art. 16º/1 tem uma competência residual, para todos os crimes que não sejam puníveis
com pena de prisão, quando a pena é de multa autónoma, também nesses casos é
competente o tribunal singular.
Os tribunais coletivos julgam crimes puníveis com penas superiores a 5 anos e inferior a 8
(art. 14º)
Se for superior a 8 anos a competência é do tribunal coletivo ou do de juri, sendo critério,
art. 13º, o tribunal de júri é competente por crimes mais graves , inclusive superior a 8
anos, mas este só intervém se a sua intervenção for requerida pelo assistente, pelo arguido
ou pelo MP. Só em casso excecionais é que se requere o tribunal de júri.
O tribunal de júri intervém relativamente a crimes contra a identidade cultural, segurança do
estado, violação do direito internacional humanitário.
Art. 207º exclui da competência do tribunal de júri os crimes de terrorismo e a
criminalidade altamente organizada. (Evitar vinganças por parte de terroristas contra
cidadãos comuns que julgam).

O art. 16º, em matéria de competência, o tribunal singular julga crime puníveis com pena
de prisão até 5 anos, o 16º/3 vem permitir que o tribunal singular possa julgar crimes que
sejam puníveis com penas maiores que 5 anos, desde que o MP conclua que no caso
concreto a pena não exceda os 5 anos. (Evitar que se ocupe desnecessariamente o
tribunal coletivo; o juiz singular, mesmo que queira, não pode aplicar pena superior a 5
anos, se acontecer esta situação de imposição do MP).

Art. 14/2 b) por via de concurso de crimes, se ultrapassar os 5 anos, não obstante a pena
de cada um dos crimes seja inferior a 5 anos, a competência é do TColetivo.

Haver mais do que 1 júri é melhor para o nível de apreciação. Nos tribunais devem estar 3 a
apreciar a prova (colegialidade).

3 momentos essenciais

Fase preliminar - Art. 311º, o juiz recebe 1. Acusação; 2. Despacho de pronuncia do juiz de
instrução; 3. Acusação e despacho de pronúncia. Nos caso em que não tenha havido
instrução, este saneamento do processo é muito importante porque o juiz pode recusar a
acusação se a considerar manifestamente infundada art. 311º/2 b). Uma acusação
particular manifestamente infundada, pode ser rejeitada pelo juiz de julgamento. Nesta fase
é que as pessoas são noti cadas para apresentarem contestação, e art. 312º e 313º
noti ca do despacho que designa o dia do julgamento.

Fase de audiência

Fase de elaboração da sentença

O CPP, até ao julgamento fala sempre de sentença (opção do código), no entanto também
pode ser um acórdão, art. 97º. Sentença - 1 juiz; acordão - coletivo de juizes (3).

Os princípios gerais de PP pertinentes nesta fase do julgamento são:

Princípios da prossecução processual: 1. Princípio da investigação: tem um sentido muito


especí co; neste caso é o principio subsidiário da investigação (art. 340º/1 CPP). No direito

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português, os juizes, tanto de instrução como de julgamento, têm o poder-dever de
ordenar os meios de prova que entendam necessários para a boa decisão da causa, no DP
como a estrutura acusatória não é pura, os juizes não têm que se bastar pelas provas
apresentadas pela acusação e pela defesa. Esta é uma forma de harmonizar as nalidades
con itantes de processo penal. Temos uma estrutura acusatória em nome da proteção dos
direitos, e em nome da descoberta da verdade e realização da justiça, temos o princípio da
investigação (art. 154º prova pericial).

Princípio da prova: 1. Princípio da legalidade da prova - (art. 125º CPP) são admissíveis as
provas que não forem proibidas por lei. Aqui o principio da legalidade signi ca que são
admissíveis todas as que não são proibidas na lei. O art. 32º/8 da CRP (provas proibidas,
sanção nulidade), art. 126º do CPP elenca os métodos proibidos de prova.
A utilização de provas proibidas gera a nulidade e a proibição da valoração da prova. Só é
nulo o que o legislador disser que é nulo art. 118º CPP.
Esta nulidade e proibição de valoração vale só para as provas principais ou também para
as consequenciais? Questão dogmática, A MJA diz que depende dos tempos, se forem
tempos de terrorismo, de insegurança ou de tempos de paz. Figueiredo Dias diz que em
caso algum devemos abrir brechas quando estiver em causa uma prova proveniente de
tortura ou nula, mas de há uns tempos para cá tem-se discutido se em situações
excecionais se pode valorar (casos em que se tortura não para saber se alguém cometeu o
crime, mas para saber onde está a vítima, por exemplo).

2. Principio da livre apreciação da prova, as autoridades judiciárias, perante a prova que é


produzida apreciam-na de acordo com a livre convicção da entidade competente art. 127º;
ou então um sistema de prova legal, é o legislador que pré-determina o valor da prova.
O principio que vale entre nós é o da livre apreciação da prova, não há critérios legais da
apreciação de prova art. 127º, é feita segundo a livre convicção da entidade competente.
Quando dizemos isto, não estamos a dizer que há um subjetivismo na apreciação da
prova, não é porque um juiz acha que sim simplesmente, ele tem de demonstrar porque dá
determinado facto como provado.
O art. 374º CPP, já na fase de julgamento, demonstra quais são os requisitos da sentença.
Segundo o art. 379º a sentença é nula se não cumprir o art. 374º/2.

Em relação a alguns meios de prova, obviamente que a prova testemunhal é um meio de


prova por excelência, aqui vale o principio da livre valoração da prova, sem prejuízo de não
valorar o depoimento indireto.

As declarações do arguido seja sobre os antecedentes criminais, seja pelos factos que lhe
sejam imitados, os arguidos podem car calados, ou prestar declarações e negar os
factos. Se negar os factos, obviamente que o juiz pode valorar livremente se é verdade ou
mentira.

Art. 344º Con ssão - no que se refere ao principio da livre apreciação da prova, se um
arguido confessar um crime punível com pena de prisão superior a 5 anos, o juiz aprecia
essa con ssão e vê se não é necessário mobilizar outros meios de prova. Se o crime não
for punível com pena de prisão superior a 5 anos, se a con ssão não for integral e sem
reservas - vale o princípio da livre apreciação da prova, se for integral e sem reservas e
livre, o juiz por força da lei dá os factos como provados.

Art. 343º/1 e 345º/1 - limitação à livre apreciação da prova, um juiz não pode apreciar
livremente o silêncio de um arguido. “Quem cale não consente”.

Em matéria de prova pericial também há um critério de livre apreciação da prova (art. 151º).
Nestas situações se o tribunal chama alguém que tem os necessários conhecimentos
porque o juiz não os tem compreende-se o que está nos art. 163º.
Juízo técnico cientí co artístico é do perito, o juiz, em principio não tem competência,
exceto se o juiz for perito naquela matéria.

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Juízo jurídico - juiz

Juízo técnico cientí co artístico - perito

Juiz pode por em causa as bases de facto de que parte o juízo do perito.

Isto era assim até 1987, a regra antes era a de que o juiz poder contrariar tudo.
Até na prova documental vale a livre apreciação da prova.

Não há nenhum fundamento legal que consagre o principio de in dubio pro reu, o
fundamento deste princípio é o da presunção da inocência, mas não se confundem. Na
duvida, a decisão deve ser favorável para o arguido. Na fase de julgamento, a prova é
produzida e o juiz pode encontra-se numa de três situações: 1. O juiz conclui que aquela
pessoa foi o agente da prática do crime; 2. A prova produziu-se o juiz chega à conclusão
que não houve crime; 3. Em face da prova produzida, o juiz ca aquém da dúvida razoável,
o juiz não sabe por exemplo, se houve ou não legítima defesa.

Nestas situações o juiz deve dar como provados os factos favoráveis ao arguido. Este
principio de in dubio pro reu cria tensão entre a descoberta da verdade e da realização da
justiça e a proteção dos direitos.

Este princípio não leva sempre à absolvição; e este princípio só vale para matéria de facto,
não vale para questões de direito, quando o juiz tem duvidas quanto à interpretação
jurídica e criminal de uma norma, não há nada que imponha ao juiz que ele interprete de
maneira mais favorável ao arguido. O STJ é uma instância de recurso que conhece apenas
matéria de direito, o recurso é sempre de revista, mas pode acontecer da violação do
principio da matéria de direito, apesar de valer apenas para matéria de facto.

Principios da forma do processo

1. Publicidade - auxilio por parte do art. 86º/6 este contrapõe-se ao secretismo do


processo. A CRP diz que o PP deve ser público na audiência do julgamento. O que
justi ca a publicidade do PP é o facto de nós, povo, que temos a competência primaria
para administrar a justiça penal, vamos poder controlar a forma como os tribunais estão
a administrar a justiça em nosso nome. (Rea rmação da validade da norma violada com
a pratica do crime). Desde 2007 o processo penal é público. Acabou o secretismo
porque era uma farsa, violações em direto do segredo de justiça, sem condenação. Art.
87º e 88º ver artigos.
2. Mediação

18/05/2023

Principio da oralidade - os atos processuais devem processar-se de forma legal e não, por
contraposição de forma escrita. Por existir este principio é que o juiz interroga testemunhas
e a as ouve; e da imediação - tem a ver com a relação de proximidade comunicante que se
estabelece entre os participantes e sujeitos processuais e tribunal. Ouvindo a testemunha e
não lendo o que ela escreveu, estabelece-se uma relação imediata, de proximidade
comunicante com a testemunha. Muitas vezes não interessa apenas, aquilo que é dito,
importa a forma como o diz, para a formação da convicção do juiz (hesitação, convicção
etc.). Art. 96º CPP; 298º instrução; 355º julgamento (só valem para. Formação da
convicção do juiz as provas que forem produzidas e examinadas na audiência de
julgamento. Quando o juiz examina um documento, há aqui uma proximidade entre o juiz e
o meio de prova que ele está a utilizar. Pode haver imediação, sem haver oralidade, através
da prova documental.
No entanto há situações 356º e 357º, em que na audiência de julgamento sejam lideres
declarações prestadas em momentos anteriores. A testemunha não vai à audiência de
julgamento, pois já foram prestadas declarações para memória futura.

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Se uma testemunha tiver falecido, é obvio que se perde a imediação, mas não se perde a
declaração testemunhal.

Podem haver também declarações do arguido prestadas em fases anteriores do


julgamento art. 357º, o próprio arguido pode pedir para serem lidas declarações prestadas
por ele anteriormente. Imaginemos que um juiz nota que o arguido está a desdizer o que
havia dito no 1º interrogatório judicial, em caso de contradição de declarações, o tribunal
pode chamar as declarações que o arguido havia prestado anteriormente, mas a regra é a
do art. 355º CPP.

Podem haver a documentação das declarações orais, no termos da lei, art. 364º, as
declarações orais são sempre documentadas porque o pais hoje tem condições para
gravar a prova. O tribunal, no momento da decisão pode ouvir de novo as declarações
prestadas; em sede de recurso, pode haver recurso em matéria de facto ou para o TR
interpor recurso e o arguido pode dizer que a decisão do juiz não foi em conformidade com
as declarações prestadas.

Principio da concentração art. 328º - a prossecução processual deve ser unitária e


continuada, a audiência de julgamento deve decorrer de forma concentrada no espaço. A
este nível da concentração espacial poderíamos falar também da tipologia da sala de
audiências (tem quase sempre a mesma tipologia). Assim sabemos que tipo de processos
temos.

Concentração temporal, é muito importante para a boa formação da convicção do tribunal


que a audiência de julgamento decorra de forma concentrada, a memória das pessoas
também falha, então em processo penal quando a audiência de julgamento começa deve
decorrer de forma concentrada em nome da descoberta da verdade. Art. 328º permite que
haja interrupções e adiamentos, o art. 328º/2 diz que são admissíveis na mesma audiência
as interrupções estritamente necessárias (repouso e comida).

Alteração dos factos e alteração da quali cação jurídica dos factos - distinção entre
alteração dos factos de uma alteração da quali cação jurídica dos factos.

Alteração dos factos - tem a ver com o princípio da acusação, e tem a ver com o direito de
defesa do arguido. Ex: crime de homicídio simples art. 131º CP, suponhamos que na
audiência de julgamento, o juiz, relativamente aos factos que constam da acusação do MP
(delimita o objeto) determina que o homicídio não é simples, mas sim quali cado. Se o juiz
divergir com o MP, há uma questão de diferente quali cação jurídica dos factos.
Para estaremos perante uma alteração dos factos, MP acusa e não se apercebe que há
relação de parentesco entre o arguido e a vitima, pode o juiz de julgamento condenar por
homicídio quali cado porque deu como provado novos factos que não constavam na
acusação do MP? Neste caso estamos perante uma alteração dos factos.

A alteração dos factos é substancial ou não substancial. Alteração substancial - art. 1º f)


A alteração é substancial porque leva a imputação de um crime ao qual corresponde uma
pena mais grave.
Saber quando muda o objeto do processo, quando estamos perante crime diverso - não
saber. Imaginemos que há um indivíduo que é acusado na pratica de um crime continuado
e o juiz da como provado outros furtos daqueles que constam na acusação, pode
condenar-se por estes novos furtos? Se se podem prosseguir com a acusação, estamos a
admitir que o juiz investigue, acuse e julgue, sem haver a separação de entidades.

O arguido precisa de saber de que é acusado, para poder organizar a sua defesa e não ser
surpreendido por novos factos na audiência de julgamento.

Art. 284º, no nal do inquérito, nos crimes públicos e semi públicos quem decide na
submissão da causa a julgamento é o MP, no entanto o assistente pode juntar a sua

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acusação à do MP, no sentido de acompanhar toda, uma parte, ou até ser por factos que
não constem na acusação do MP, desde que não haja alteração substancial dos factos
descritos pelo MP.
A fase de instrução é relevante, chegamos a esta fase através do despacho de
arquivamento ou não acusação
A acusação é que delimita e xa os poderes de cognição do juiz, se o MP proferir um
despacho de arquivamento o que vai delimitar estes poderes é o requerimento para
abertura de instrução do assistente. Na fase de instrução, o juiz está limitado ou pela
acusação do MP ou pelo requerimento de abertura de instrução do assistente. Daí surgirem
os artigos 303º, no nal da instrução podemos ter uma alteração de factos ou uma mera
alteração jurídica dos factos, se se der esta segunda, então o art. 303º/5 do CPP, remete-
nos para o nº1 do mesmo artigo, se o arguido requerer o juiz de instrução tem de lhe dar
um prazo para o arguido se defender da nova quali cação jurídica dos factos. Se no nal
da instrução surgirem novos factos, ai o juiz de instrução tem de ver se a alteração é
substancial ou não substancial. Se for não substancial seguimos o regime da quali cação
jurídica.
Este art. 303º/3 é relevante para percebermos que a instrução é uma fase facultativa do
processo, apenas para o MP comprovar a decisão de arquivar ou acusar. Se
desrespeitarmos este artigo a decisão instrutória é nula.
Este art. 303º/5 diz que se na instrução houver uma alteração da quali cação jurídica dos
factos, o juiz de instrução dá ao arguido prazo para se defender. Isto não foi sempre assim,
na versão original do CPP, não se encontrava a expressão “alteração da quali cação
jurídica dos factos”, este código, seguiu o entendimento, no sentido de que em PP os
arguidos defendem-se dos factos e não da quali cação jurídica. O TC entendeu que isto
não era e nem devia ser assim, porque os arguidos defendem-se dos factos, mas também
têm direito a defenderem-se da quali cação jurídica. A MJA concorda, só não concorda
que aconteça na fase de instrução, diz que é um excesso do nosso direito dar esta
possibilidade ao arguido, pois ela diz que tem mais tempo para se defender na fase de
julgamento.

Art. 311º/2 b) consequência jurídica, rejeição

Na fase de julgamento art. 358º chegamos a julgamento apenas através do despacho de


acusação ou através do despacho de acusação e de pronuncia, ou apenas através do
despacho de pronuncia e por isso este art, fala em acusação ou pronúncia. O que está
neste artigo, é que o juiz de julgamento dá um prazo para o arguido se defender. Se a
alteração for substancial Art. 359º/3 - Ressalvam-se do disposto nos números anteriores os
casos em que o Ministério Público, o arguido e o assistente estiverem de acordo com a
continuação do julgamento pelos novos factos, se estes não determinarem a
incompetência do tribunal.

Presença do arguido na audiência do julgamento art. 332º - a regra é a da presença do


arguido na audiência de julgamento. Partimos do pressuposto de que os arguido têm o
direito e o dever de estar presentes, para uma boa decisão da causa. Há situações em que
o arguido não está presente e nesses permitimos excepcionalmente que o arguido seja
julgado na sua ausência art. 333º e 334º pode ser julgado na ausência ainda que justi que
a falta para faltar à ausência de julgamento. Desde 1998, ainda que falte justi cçadamente
art. 117º pode ser julgado na ausência.
Quem pode ser julgado na ausência art. 312º e 313º - na fase de julgamento há um
momento em que o juiz noti ca o arguido da hora e do dia do julgamento e logo que ele
seja noti cado, pode ser julgado na ausência. Para ser regularmente noti cado, o arguido
que tenha prestado termo de identidade e residência pode ser noti cado por via postal
simples, desde 1998.
O arguido em processo penal, que tenha prestado termo de identidade e residência pode
ser noti cado por via postal simples e também pode ser noti cado do dia e da hora da
audiência de julgamento por via postal simples. Nos casos em que o arguido não preste
termo de identidade e residência, que nunca se deixam noti car pelos dia e hora da

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audiência de julgamento vale a declaração de contumácia art. 335º e 336º. Além é
declarado contumaz quando não se consegue noti car o arguido do dia e da hora da
audiência de julgamento, independentemente da via pelo qual façamos a noti cação.
Neste caso, este arguido não pode ser julgado na ausência. A declaração de contumácia é
uma morte civil do arguido (não pode inovar carta de cidadão, nem passaporte, não dá
para casar; arresto de bens). Faz-se isto para que o arguido se apresente à justiça.
Antigamente quem não aparecesse na audiência de julgamento a declaração de
contumácia não tinha efeitos nenhuns.

Depois da sentença podemos ter a fase, eventual, de recursos.

Podemos impugnar uma decisão judicial art. 87º reclamação ou recurso

Recurso de decisões judiciais - em matéria de recursos temos recursos ordinários e


extraordinários.

Recurso ordinário distingue-se do extraordinário - a circunstância de já ter havida ou não o


trânsito em julgado da decisão. Uma decisão transita em julgado quando já não é passível
de recurso ordinário.
Recursos extraordinários que temos no CPP - o recurso de revisão art. 449º CPP e o de
xação de jurisprudência, no domínio da mesma legislação relativamente á mesma questão
de direito tivermos decisões opostas de tribunais superiores art. 437º e ss. Vale apenas
para o processo onde foi interposto esse recurso. Ainda que a jurisprudência xada não
tenha força obrigatória geral, acaba por a ter, pois os outros tribunais seguem essa
jurisprudência.

Os recursos ordinários interpõe-se para os tribunais da relação ou para o supremo tribunal


de justiça. Em rega o STJ só reconhece matéria de direito; enquanto que o TR pode
reconhecer matéria de direito e matéria de facto.

Recurso de revisão é um recurso extraordinário.


Recurso de revista - é um recurso ordinário em que o tribunal de recurso vai reexaminar
exclusivamente a matéria de direito.

Apelações podem conhecer matéria de direito e de facto, é interposto para a relação, caso
em que a relação vai reexaminar a decisão em primeira instancia em matéria de facto e de
direito. O STJ só julga os casos em recurso, os mais graves (superior a 8 anos).
Art. 432º STJ Art. 427º TR

Art. 428º TR Art. 434º STJ

Há uma terceira situação art. 410º recurso de revista ampliada é um recurso de revista que
se alarga a certas questões de facto, aquelas que estão previstas no nº2 do 410º.

Recorribilidade das decisões judicias art. 399º

Princípio da proibição da reformatio in pejus art. 409º este consiste em não poder ser
modi cada para a pior sanção aplicada ao arguido quando o recurso seja interposto no
interessa da defesa. MP não é uma parte processual, é um sujeito processual. Sempre que
o recurso for interposto no interesse da defesa existe esta proibição de agravação.

Princípio de duplo grau de recurso - recorrer 2 vezes, recorrer para a relação e depois para
o STJ. Se houver duplo grau, há aqui um 3º grau de jurisdição. Em 1987, tínhamos um grau
único de recurso e não se faz pior justiça se não houver duplo grau de recurso. Art. 32º/1
CRP.

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Art. 310º - Art. 400º Não são recorríveis os acórdãos proferidos em recurso pelas relações
eu não conheçam, a nal, do objeto do processo. Se a decisão não conhecer a nal do
objeto do processo, então não se recorre para o STJ.
Se tivermos duas decisões absolutórias, uma dupla conforme absolutória não há recurso,
pois temos dois tribunais a decidir o mesmo. No entanto, se temos uma condenação em
pena de prisão superior a 5 anos e depois a relação absolveu. Se tivermos a 1º instancia a
aplicar o trabalho a favor da comunidade e a relação a absolver não há recurso. Se a 1º
instância aplicar uma pena superior a 5 anos e a relação absolver, é admissível o recurso.
Al. a) temos uma dupla conforme condenatória
E) não há recurso para o supremo quando a relação aplique pena não privativa da
liberdade ou pena de prisão não superior a 5 anos. Até 2021 o que importava era a decisão
da relação, ainda que o tribunal de 1º instancia tivesse absolvido, quando na relação
tivesse aplicado uma pena não privativa da liberdade ou não superior até 5 anos. O TC foi
no sentido de que era inconstitucional não admitir recurso para o supremo nos casos em
que o tribunal de 1º instancia havia absolvido. A MJA diz que não resolve nada porque o
direito de defessa do arguido se resolvia de outra forma, quando a relação condenasse
depois de uma absolvição em 1º instancia ele deveria voltar para a 1º instancia e depois
então recorreria para a relação.

Al f) se tivermos uma condenação em 1º instancia e condenação em relação não superior a


8 anos não há recurso. MJA diz que esta opção legislativa é errada, em 1º lugar, a vida
mostra-nos que não há penas de prisão na relação de 9 anos nem 10. E assim fazemos
com que a relação aplique penas de 8 anos para as tornar irrecorríveis para o STJ; As
pessoas coletivas são sancionadas ou com penas de multa ou com pena de dissolução e
não se permite que quando haja dissolução da pessoa coletiva não há recurso. MJA diz
que deveria ser pena abstrata.

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