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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES


METROPOLITANASUNIDAS

FMU

ATIVIDADE DE PRÁTICA SUPERVISIONADA (APS)

Professora: Maíra Feltrin Alves

Aluna: Gabriela Afonso Sucar

Fernandes

RA: 6922930

Turma: 00320100A02

São Paulo

2021
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Resenha Jurídica

O filme americano “Erin Brockovich: uma mulher de talento”, dirigido por


Steven Soderbergh e estrelado por Julia Roberts, conta a historia real, de uma dona de
casa que está passando por diversas dificuldades para manter-se e cuidar de três filhos,
sozinha. No decorrer do longa, Erin consegue ser contratada por um escritório de
advocacia do qual o advogado que lhe representou em uma causa de danos morais é
dono.

De modo geral, no novo emprego a protagonista fica responsável por auxiliar


os advogados com a organização e análise dos processos. Dentre os processos, um caso
imobiliário aparentemente comum, que tratava da compra e venda de uma residência
em Hinkly na Califórnia por uma grande empresa, chama sua atenção por conter
resultados de testes toxicológicos dos moradores daquele local, anexado no processo. É
certo que mesmo não possuindo qualquer formação científica formal, Erin consegue
juntar várias provas com especialistas universitários, moradores da região e órgãos
governamentais comprovando que existia a contaminação do lençol freático de toda
aquela região por um composto altamente tóxico conhecido por cromo hexavalente.

Sendo que, tal composto era liberado pela empresa Pacific Gas and Electric
(PG&E), a qual colocou em risco a saúde de centenas de pessoas e causou um grande
impacto ambiental naquela região. Além disso, a empresa tentou destruir todos os
documentos que á incriminaria, e mascarar os resultados que comprovavam os níveis de
toxidade das águas da localidade. É inegável que o envolvimento de Erin Brockovich
neste caso fora de estrema importância e determinante para que a sentença do
julgamento fosse favorável aos 634 moradores, sendo uma das maiores indenizações já
paga na história estadunidense, com o valor de US$ 333 milhões.

Vale lembrar, que nos EUA, funciona o sistema common law e da figura da
class action, que em geral, mesmo as demandas de caráter coletivo são interpostas por
seus titulares, representados diretamente pelos procuradores ou por alguns dos
prejudicados. Não há, como regra, a
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substituição processual que se percebe no direito pátrio com a ação civil pública. No
entanto, imagine-se que, no Brasil, se constatasse caso idêntico de poluição d’água com
causa de prejuízos a certo número de pessoas que a tenham ingerido. A procedência da
Ação Civil Pública interposta pelo Ministério Público firmaria a ocorrência do dano e a
responsabilidade da empresa causadora, levando apenas aos prejudicados buscarem em
juízo a reparação material (gastos atinentes ao tratamento médico) e moral (em face de
eventuais sequelas, da dor e do sofrimento causados pela patologia). Pois, a poluição e o
nexo ente ela a empresa já teriam sido demonstrados na Ação Civil Pública, acobertada
pelo manto da coisa julgada. Não há, assim, como considerar os traços da coisa julgada
aplicável aos direitos individuais para as demandas de caráter coletivo, difuso ou
individual homogêneo, precipuamente quando se tutela o bem ambiental, cujas
características são dotadas de peculiaridade e abrigam o risco de prejuízos irreparáveis,
com efeito futuro e indeterminado.

Ao observamos através da esfera do Direito, a empresa respondeu pela


responsabilidade civil por danos ao meio ambiente, englobando o solo, água, animais e
humanos, enfatizando aqui a importância do principio da informação, o qual foi usado
para ajudar na construção da argumentação do caso, além de laudos médicos de todos os
tipos de doenças que os habitantes se encontravam como alergia, asma, vários tipos de
cânceres, deficiências imunológicas, mulheres não conseguindo finalizar a gestação,
chegando ao ponto de alguns dos querelantes terem a extração do útero e seio
consequência do câncer que foi induzido pelo cromo-6.

De acordo com o artigo 270: Envenenar água potável, de uso comum ou


particular, ou substância alimentícia ou medicinal destinada a consumo: Pena - reclusão,
de dez a quinze anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

Ademais, se tivesse ocorrido morte comprovada pelo cromo-6 a empresa


responderia também no âmbito penal pelo crime de envenenamento com culpa. De
acordo com a lei 9.605/98 a responsabilidade penal da pessoa jurídica pode incluir
medidas restritivas de direitos especificas para a empresa, como a suspensão de suas
atividades, a proibição de contratar com o Poder
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Judiciário ou dele receber incentivos ficais ou qualquer outro beneficio, vale ressaltar
que a responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras,
co-autores ou participes no fato.

Como já fora mencionado, vale enfatizar que á ação cabível no ordenamento


brasileiro seria a Ação Civil Pública regulamentada pela Lei de nº 7347/1985. Sendo
que, referente à legitimidade da Ação Civil Pública, existe um rol disposto no art. 5° da
lei hora indicada com o intuito de facilitar o andamento do processo. Além disso, no
caso em epigrafe a coisa julgada ocorre de acordo com o artigo 16, possuindo assim
efeito erga omnes, ou seja, abrangera todos os envolvidos, observando os limites da
competência do órgãoprolator.

Por iguais razões, vale lembrar que este tipo de ação é fundamental para que o
judiciário não fique sobrecarregado com milhares de processos sobre um mesmo tema,
tendo uma decisão imediata e uniforme. Por fim, faz-se necessário dispormos sobre o
entendimento atual da jurisprudência brasileira, bem como vem sendo os seus
posicionamentos quando se trata deste assunto, sendo que através desta ementa, entende-
se que é possível cumular obrigação de fazer, não fazer e indenização visando reparar o
dano ambiental, comprovando que sua degradação não compensa financeiramente e
nem socialmente. Segue:

Ementa. ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL


PÚBLICA. POLUIÇÃO. RECURSOS
HÍDRICOS.LANÇAMENTODEEFLUENTES
INDUSTRIAIS,SEMTRATAMENTO,NOCURSO D'ÁGUA E
NO SOLO. PRINCÍPIODAREPARAÇÃOININTEGRUM.
ARTS.4º, VII, E 14, § 1º, DA LEI 6.938/1981 E ART.
3º DA LEI 7.347/1985. ART. 5º DA LEI DE
INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL.
INTERPRETAÇÃOINDUBIOPRO NATURA DA NORMA
AMBIENTAL.
1. Os autos cuidam de Ação Civil Pública proposta com o fito
de obter responsabilização por danos ambientais causados pelo
lançamento de efluentes industriais, sem tratamento, em curso
d'água e no solo. O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul
considerou provado o dano ambiental; porém julgou
improcedente o pedido indenizatório pelo dano ecológico
pretérito e residual.
2. A jurisprudência do STJ está firmada no sentido da
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viabilidade, no âmbito da Lei 7.347/1985 e da Lei 6.938/1981,


de cumulação de

obrigações de fazer, de não fazer e de


indenizar.
3. Adotado pelo Direito Ambiental brasileiro (arts. 4°,
inciso VII, e 14, § 1°, da Lei 6.938/1981), o princípio da
reparação in integrum deságua na exigência da compreensão a
mais ampla possível da responsabilidade civil, possibilitando a
cumulação do dever de recuperar o bem atingido ao seu estado
natural anterior (= prestação in natura) com o dever de indenizar
prejuízos, inclusive o moral coletivo (= prestação pecuniária),
mesmo que por estimativa. Reparação integral também
pressupõe observar com atenção a função punitiva e inibitória da
responsabilidade civil, de modo a afastar
perigosa impressão, real ou imaginária, de que a degradação
ambiental compensa, social e financeiramente.
4. Recurso Especial parcialmente provido.

Referências Bibliográficas:

Ação Civil Pública. Lei n. 7.347, Brasília, em 24 de julho de 1985; 164º da


Independência e 97º da República. Site: <
WWW.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7347orig.htm> acesso: 05.04.2021.

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Site: <


WWW.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> acesso em:07.04.2021.

Filme: “Erin Brockovich: uma mulher de talento”. Direção: Steven


Soderbergh. Ano: 2000.

Lei de crimes hediondos. Brasília, 25 de julho de 1990; 169º da Independência e


102º da República, site: Lei 8072/1990 site: <
WWW.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8072.htm>, acessado: 05.04.2021.

Site: Jornal Contábil. < https://www.jornalcontabil.com.br > acessado:


06.04.2021.

Vade mecum. 21º Ed.São Paulo: Editora Saraiva, 2019.


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