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NÃO PODE FALTAR


DA INTERNET DAS COISAS

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Luiz Felipe Nobre Braga

seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.

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PRATICAR PARA APRENDER


Caro estudante, a partir de agora caminharemos juntos em mais um tema de
fundamental importância: a internet das coisas (Internet of Things – IoT).

A conexão que temos na sociedade digital ocorre por intermédio dos mecanismos
proporcionados por uma rede virtual, a internet. Este espaço é utilizado para várias
funcionalidades, como a comunicação, a difusão cultural, o lazer, o trabalho etc. 

De regra, nós acessamos a internet para navegar nos sites, nos aplicativos, nas
plataformas. São incontáveis as utilidades. Muito da nossa vida já está no horizonte
virtual. A conexão é intensa, constante e ininterrupta. 

Agora, imagine essa alta conectividade em tudo o que fazemos e usamos. Todos os
aparelhos da sua casa conectados em linha, comunicando-se entre si. E mais do
que isso: seu veículo, a iluminação da sua casa, as câmeras de segurança, os
eletrodomésticos. Tudo interagindo de maneira constante e em tempo real, para
proporcionar um desempenho mais dinâmico e inteligente. 

É basicamente isso que faz a internet das coisas: integra as coisas na internet. 

Trata-se de um estágio bastante avançado da tecnologia. A inovação caminha a


passos largos: cada nova ideia, uma nova aplicabilidade, uma interação diferente;
horizontes de mundo são expandidos em progressão geométrica. 

Assim, estudaremos a configuração da internet das coisas no mundo da tecnologia


e da inovação, de modo a compreender sua aplicabilidade em termos de
benefícios econômicos tanto estatais quanto empresariais. 

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Na constante evolução da internet, essa temática nos endereça, uma vez mais,
para a contemplação de um novo que, se outrora sonhado, já se tornou uma
realidade. 

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Uma empresária multimilionária do ramo de imóveis, residente na região
metropolitana da cidade de São Paulo, por recomendação de seu filho e visando

seõçatona reV
maior praticidade e conforto, decidiu ter uma casa autônoma.

Para a concretização dessa pretensão, ela procurou uma empresa do ramo de


tecnologia, especializada em internet das coisas. Ao pensar ter encontrado uma, a
empresária contatou a empresa e manifestou sua vontade de ter uma casa que
fosse integrada ao conceito de internet das coisas. 

A atendente informou que, para um orçamento mais preciso, era necessária uma
inspeção do técnico no domicílio da cliente. Alguns momentos depois, a
empresária e a atendente agendaram um dia para a devida avaliação. 

No dia da visita para avaliação, inicialmente o profissional indagou o que,


especificamente, era desejado que a casa tivesse ou mesmo fizesse. A empresária,
assim, propôs os itens a seguir.

Primeiro que, sozinha, a geladeira identificasse os produtos nela contidos e,


identificando a ausência de algum item, que acessasse o aplicativo do
supermercado e efetuasse a compra. Não obstante, a empresária gostaria que
durante esse processo fosse enviada uma mensagem por meio de um sensor
infravermelho no seu celular, notificando-a da hora aproximada da chegada dos
produtos, então comprados automaticamente. 

Além disso, a multimilionária desejava que a casa identificasse a temperatura


ambiente e, com base nessa percepção, ligasse e desligasse o aparelho de ar-
condicionado ou o aquecedor, para manter a casa sempre na temperatura de 25
°C (vinte e cinco graus Celsius), por intermédio de sensores a laser. 

Quando a empresária iria continuar a listar seus desejos, o técnico a interrompeu


para dizer ser incapaz de realizar tais serviços, afirmando que ele é capacitado
somente para a automação residencial e, ainda, que as tecnologias de
comunicação citadas não eram adequadas. 

Furiosa, a empresária alegou que a empresa estaria se negando a prestar serviços


para ela. Uma vez que a empresa executa o trabalho que anunciou e de acordo
com suas buscas na internet, tais tecnologias seriam as mais adequadas para
cumprir esses serviços, daí a sua frustração. 

A empresária, determinada em processar judicialmente a empresa, contata você,


especialista em Direito Cibernético, explicando o ocorrido, e uma reunião é
agendada. 

Assim, você deve elaborar um parecer que recomende à cliente alguma atitude a
ser tomada ou não, diante das circunstâncias apresentadas e de acordo com o
estado da técnica no que se refere à automação residencial, notadamente quanto
aos desafios tecnológicos de implantação dos sistemas de IoT. Neste sentido, você

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deverá responder se a tecnologia “infravermelho” é capaz de realizar o serviço


proposto, bem como se o “laser” é apropriado para distâncias curtas, podendo
propor outras soluções, caso possíveis. 

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Bons estudos!

seõçatona reV
CONCEITO-CHAVE
As coisas estão conectadas, e é com dessa premissa que devemos partir para
entender o significado dos avanços proporcionados pela internet das coisas
(Internet of Things, em inglês, ou IoT). 

A internet está nas coisas. Não é apenas a vida social que está compartilhada e
interconectada no mundo virtual. 

Os avanços da tecnologia da internet progrediram para dentro das nossas casas,


para os aparelhos que utilizamos, para os veículos que nos levam para o trabalho
ou para a faculdade. Tudo, literalmente tudo, passa a ter o potencial de estar
conectado à rede e, assim, funcionar em harmonia e sincronia com outros
aparelhos, bem como de ser controlado à distância, com apenas um clique ou de
modo automático, tendo em vista a integração.

Do ponto de vista conceitual, a internet das coisas “pode ser compreendida como
um avanço tecnológico pelo qual aparelhos de uso comum passam a ser
dispositivos eletrônicos que se comunicam entre si sem a necessidade de
manuseio humano” (TEIXEIRA, 2020, p. 82). 

Trata-se de fazer com que as coisas, em geral, tornem-se aparelhos inteiramente


conectados à rede mundial de computadores. São “coisas inteligentes, em razão de
seu agir mais dinâmico quando comparado às coisas não conectadas à rede”
(TEIXEIRA, 2020, p. 82). 

Revela-se, assim, um ambiente com alto potencial de unificação. Rompe-se de vez


a barreira entre o que é físico e o que é virtual. 

É notável o quanto a internet das coisas atua no sentido de favorecer o bem-estar


das pessoas e até mesmo das instituições. “Internet das Coisas é o momento na
história em que não há diferença distinguível entre a operação de dispositivos que
nos rodeiam e nossas ações” (LONGHI et al., 2020, p. 118). 

Os dispositivos conectam-se entre si porque estão integrados em uma rede


comum, de sorte que atuam de maneira concertada, harmônica, com a finalidade
de executar atividades e operações cotidianas, facilitando a vida e tornando mais
eficiente as rotinas, operações, trabalho, estudo, manutenção, vigilância etc. 

A intervenção humana passa a ficar cada vez mais reduzida, em virtude do alto
grau de autonomia tecnológica nos aparelhos conectados. A eletrônica substitui a
necessidade de as pessoas executarem operações mecânicas, que demandam
força física (BATISTA, 2014). A internet das coisas é, sobretudo, um grau de avanço
e inovação tecnológicos da era digital, que consiste na aplicação eficiente da
inteligência humana a serviço do ganho de produtividade em todos os níveis e
situações da vida, seja ela doméstica, laboral, empresarial ou estatal. 

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Neste sentido,


Cada vez mais há intervenção humana mínima para o funcionamento desses dispositivos. E cada dispositivo
“inteligente” dessa Internet das Coisas é conectado aos demais dispositivos, comunicando-se uns com os

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outros, transferindo dados, recuperando dados e respondendo de forma inteligente por meio de ações
específicas. 
— (LONGHI et al., 2020, p. 118)

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Note que a IoT consiste em uma verdadeira infraestrutura em rede, que interliga
objetos físicos e virtuais, “por meio da exploração de captura de dados e
capacidades de comunicação” (LONGHI et al., 2020, p. 119). É a evolução da
sociedade digital, a qual possibilita outro nível de interação e de operação
automatizada de aparelhos e equipamentos de todo gênero.

Em uma casa automatizada, conseguimos controlar remotamente diversos itens da casa, como, por exemplo: a
iluminação; a abertura de um portão; a abertura da porta principal ou das persianas […]. Essa tecnologia nos


ajuda a tornar o dia a dia mais simples, pois conseguimos, ao retornar do trabalho, encontrar a casa da forma
que desejamos. […] Em uma casa inteligente, uma central local ou na nuvem recebe previamente os parâmetros
desejados […]. O sistema também possibilita a operação remota, porém, a grande diferença está na autonomia
do sistema que, por si só, gerencia as diversas condições que os sensores devem considerar para que o
ambiente doméstico esteja da forma que foi programado. 
— (PECK, 2020, p. 153)

Como nós já tivemos a oportunidade de refletir, a tecnologia consiste basicamente


em objetos que são fabricados como ferramentas, com a finalidade de melhorar as
naturais capacidades humanas de interação e de transformação material. O ganho
de produtividade é imenso e facilmente perceptível. Do ponto de vista técnico,
quando as coisas passam a estar em rede, conectadas, chamam-se de hardwares
ou artefatos, os objetos com suporte tecnológico e, portanto, eletrônico, para uma
interatividade digital em tempo real (AKABANE, 2019).

ASSIMILE


Internet das Coisas consiste no emprego de tecnologias com a finalidade de
conectar objetos de uso rotineiro, sejam eles eletrodomésticos, veículos,
brinquedos ou mesmo acessórios acoplados ao corpo – os chamados wearables –
que, por meio de sensores e da coleta massiva de dados, podem oferecer as mais
variadas funcionalidades aos seres humanos. 

— (LIMA, 2021, p. 151)

No contexto da criação de soluções inteligentes, é imprescindível que as inovações


deem suporte às ideias de produtividade e maior utilidade, notadamente no
campo da internet das coisas. A comunicação de dados em escala universal, como
se pretende, fez surgir as tecnologias WiMAX e 5G, por exemplo. 

A tecnologia WiMAX, em particular, foi pensada para cobrir um espaço de 6 a 9 km,


com altíssima taxa de transferência de dados. Com o passar do tempo, no entanto,
ela acabou substituída pela 4G LTE, por questões econômicas e pela
compatibilidade com o sistema de telefonia celular GSM. 

Quanto às redes 5G, o ganho é a conectividade sem fios, de modo universal, pois
seu desenvolvimento se deu com a finalidade de ser algo flexível, “podendo
suportar os gigabits das conexões pessoais e até empresariais e, ao mesmo tempo,
servir de transporte para aplicações que demandem pouca banda, baixa latência e
alta confiabilidade.” (PECK, 2020, p. 154).

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Também é possível mencionar a tecnologia bluetooth como forma de substituição


do uso de cabeamentos. 

Nesse sentido,

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Os pontos fortes da atual tecnologia Bluetooth são a sua capacidade de trafegar simultaneamente dados e voz,

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o que oferece ao usuário uma grande variedade de soluções inovadoras, como fones de ouvido que deixam as
mãos livres em chamadas de voz, a capacidade de fax e impressão sem fio, e a sincronização entre PCs e
celulares.
—  (JURGEN, 2018, p. 128)

Perceba que existem três tipos de redes sem fio. Aquelas que são baseadas em
infravermelho; as baseadas em radiofrequência (como o wi-fi e o bluetooth); e as
baseadas em laser.

As redes wireless (sem fio) em infravermelho têm como característica a


dispensabilidade de licença para sua operação, pois consistem em equipamentos
de baixo custo, que utilizam os sistemas de controle remoto, em que há uma baixa
incidência de erros. 

É o que se chama de solução indoor, isto é, servem mais para uso interno,
porquanto suas faixas de frequência não têm a capacidade de ultrapassar paredes
(o alcance vai de cinco a trinta metros), embora possa também ser utilizada em
ambientes externos (outdoor). 

Já o sistema de radiofrequência utiliza micro-ondas que transmitem o sinal pelo ar,


por intermédio de faixas de frequências, conhecidas como (ISM – Industrial
Scientific Medical ou Industrial, Científico e Médico), as quais “são abertas porque
não existe a necessidade de autorização para transmitir sinais nessas frequências”
(MORAES, 2010, p. 21). 

Já os sistemas baseados na tecnologia de laser são aqueles que utilizam a luz como
meio de transmissão do sinal digital (com um alcance, em média, de dez
quilômetros). Também não precisam de outorga ou autorização para uso. Esse tipo
de tecnologia é afetado por condições atmosféricas, que podem, além de
atrapalhar a transmissão, interrompê-la enquanto persistirem as condições
desfavoráveis. 

Com efeito, “uma das maiores vantagens dessa tecnologia é a segurança, uma vez
que o sinal de laser é praticamente impossível de ser interceptado […] Essa
tecnologia ainda é muito pouco utilizada, principalmente devido aos altos custos
dos dispositivos (lasers) e à sua manutenção.” (MORAES, 2010, p. 24).

EXEMPLIFICANDO

Atualmente, é comum conseguir acessar a internet por intermédio de wi-fi


público, em uma praça ao ar livre e outros espaços. É uma medida, aliás,
que democratiza o acesso à internet, como parte do direito fundamental à
comunicação, à cultura e ao lazer. Desde que o serviço disponibilizado seja
gratuito, temos aqui um bom exemplo de aplicação social da tecnologia.

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Toda designação de IoT tem algo em comum: leva-se em conta o fato de que os
computadores, sensores e objetos “interagem uns com os outros e processam
informações/dados em um contexto de hiperconectividade” (LIMA, 2021, p. 151). 

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Por outro lado – deve-se dizer –, a internet das coisas traz, a reboque, desafios que
muito interessam ao Direito Cibernético, especificamente quanto à segurança dos

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dados que transitam por meio dos aparelhos conectados. Toda implementação de
sistemas relacionados à internet das coisas deve estar acompanhada de um
conjunto de ferramentas de privacidade e segurança, de modo a garantir o
controle e a proteção dos usuários. 

A segurança, por conseguinte, é parâmetro fundamental para que se possa confiar


nos sistemas de IoT, bem como para que se tenha segurança contra invasores e
possíveis usos perniciosos ou ilícitos dos dados ou informações obtidos (PECK,
2020). 

É uma característica natural, que decorre da própria necessidade de regulação,


pelo Estado e pelo Direito, dos fenômenos digitais. 

REFLITA

Uma vez que as coisas estão conectadas e operando em harmonia, que


implicações você poderia refletir quanto aos direitos do consumidor e
quanto à proteção de dados domésticos ou laborais, que estão
potencialmente em risco nos sistemas de IoT?

Mas, para entender melhor os desafios do Direito Cibernético e, principalmente, a


sua necessidade diante dos fenômenos da inovação tecnológica, é interessante
saber quais são as fases evolutivas da internet. 

A primeira fase é aquela da internet como rede de computadores. Esse momento


se inicia


[…] não com o surgimento dos computadores, mas sim como tais computadores se tornam economicamente
populares e, por conseguinte, estão presentes nos lares e em pequenas empresas, fazendo parte do dia a dia
das pessoas.
—  (LIMA, 2021, p. 18)

Depois vem a fase na qual a internet passa a ser um local, em rede, de interação
entre pessoas. A segunda fase “ocorre com a popularização do maior meio de
comunicação de todos os tempos, a internet, a qual, por intermédio das redes
sociais e aplicativos de comunicação instantânea, deixa as pessoas cada vez mais
próximas, bem como torna-as dependentes de tal ferramenta.” (LIMA, 2021, p. 18). 

Nos dias atuais vivemos a terceira fase, justamente com a internet das coisas
(MONK, 2018). 

Neste sentido,

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O terceiro e atual momento se dá com o surgimento da primeira tecnologia da internet que não pode ser
copiada, alterada ou excluída, o Bitcoin, e o protocolo que permite sua existência, a Blockchain. Além disso,
vive-se uma época em que vários termos surgem todos os dias e, de certa forma, todos estão interligados,
como a Computação Cognitiva, a Inteligência Artificial, a Internet das Coisas, Big Data, Mineração de Dados,
entre outros. 
— (LIMA, 2021, p. 18)

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Por outro lado, pode-se considerar a IoT não propriamente uma revolução
tecnológica, senão como um verdadeiro avanço. A IoT, por conseguinte,


[…] é uma decorrência (aprimoramento) do processo de automação que vem se desenvolvendo nos últimos
séculos, e, sobretudo, a partir do final da década de 1960 com o desenvolvimento inicial do que hoje
conhecemos como internet. 
— (TEIXEIRA, 2020, p. 82)

Desse modo, seria natural prever que as coisas da vida estariam cada vez mais
interligadas. Faz parte do processo ininterrupto de descobrimento de usos e
aplicações da tecnologia. 

A infraestrutura da IoT pode ser entendida, por outro ângulo, como um “ambiente
de objetos físicos interconectados com a internet por meio de sensores pequenos
e embutidos, criando um ecossistema de computação onipresente (ubíqua)”
(TEIXEIRA, 2021, p. 151), que introduz e aperfeiçoa constantemente processos
rotineiros. 

Por fim, precisamos refletir a respeito dos benefícios econômicos da implantação


dos sistemas de internet das coisas nos planos estatal e empresarial. 

É verdade que os benefícios vão muito além do interesse econômico, embora este
seja um aspecto que não pode ser desprezado em absoluto. A ideia é perceber que
a conexão dos objetos do cotidiano tem o alto potencial de favorecer aplicações
inovadoras no campo, por exemplo, das atividades estatais. 

É sabido que, pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (BRASIL,


1988), o Estado tem uma série de compromissos sociais para com a população,
consistentes na garantia de direitos como saúde, segurança, educação, moradia,
lazer, trabalho etc. Isso significa que o Estado deve cumprir e executar serviços
públicos correspondentes a estas áreas mencionadas, que dizem respeito à sua
titularidade. 

Logo, é inegável que os benefícios da IoT podem contribuir para que o Estado e
suas instituições consigam prestar serviços mais eficientes, inclusive no intuito de
fazer evoluir o sistema burocrático estatal para uma configuração cada vez mais
digital, com redução do tempo de resposta e maior capacidade de armazenamento
de informações, tratando-as de maneira centralizada. Com efeito, é imprescindível
se atentar para o fato de que o Poder Público deve garantir a total segurança das
informações e dados de que disponha, porque lida diretamente com questões
pessoais dos cidadãos brasileiros, bem como das suas próprias questões internas,
de natureza administrativa. 

A redução da burocracia estatal perpassa, ainda, pela compreensão do acesso à


informação, de acordo com o princípio constitucional da publicidade. A publicidade
está relacionada ao dever de informar à sociedade a respeito da prática dos atos

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administrativos, garantindo, dessa forma, uma atuação mais transparente por


parte do Poder Público. A Lei nº 12.527/2011 foi instituída com a finalidade de
regulamentar e ampliar o acesso às informações públicas. 

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Esta lei dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, com o fim de garantir o acesso a informações

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previsto no inciso XXXIII do art. 5.º, no inciso II do § 3.º do art. 37 e no § 2.º do art.
216 da Constituição Federal. Subordinam-se ao regime desta lei: os órgãos públicos
integrantes da administração direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo
as Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério Público, bem como as autarquias,
as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e
demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito
Federal e Municípios.

Os procedimentos previstos na Lei de Acesso à Informação destinam-se a


assegurar o direito fundamental de acesso à informação e devem ser executados
em conformidade com os princípios básicos da administração pública e com as
seguintes diretrizes (BRASIL, 2011, [s. p.]):


I – observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção; 

II – divulgação de informações de interesse público, independentemente de solicitações; 

III – utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da informação; 

IV – fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na administração pública; 

V – desenvolvimento do controle social da administração pública. O fim maior é ampliar a publicidade dos atos
até para se garantir uma maior efetividade no controle dos atos administrativos, pois quanto maior for o acesso
à informação maior também será a fiscalização.

Note que constituem condutas ilícitas que ensejam responsabilidade do agente


público ou militar, dentre outras: recusar-se a fornecer informação requerida nos
termos da Lei de Acesso à Informação; retardar deliberadamente o seu
fornecimento ou fornecê-la intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou
imprecisa; agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de acesso à
informação; impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou de terceiro,
ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido por si ou por outrem; destruir ou
subtrair, por qualquer meio, documentos concernentes a possíveis violações de
direitos humanos por parte de agentes do Estado. 

Tais agentes responderão do ponto de vista administrativo (como transgressão


para os militares e como falta disciplinar para os agentes públicos civis). Ademais,
os órgãos e entidades públicas respondem diretamente pelos danos causados em
decorrência da divulgação não autorizada ou utilização indevida de informações
sigilosas ou informações pessoais, cabendo a apuração de responsabilidade
funcional nos casos de dolo ou culpa, assegurado o respectivo direito de regresso. 

Disso extraímos que são muitos os desafios do Direito Cibernético na seara da


Administração Pública, concertando os interesses e deveres estatais com a
necessidade de um modelo mais tecnológico de tratamento das informações e, até
mesmo, como forma de se procurar certa automação nos processos
administrativos, com maior eficiência e celeridade. 

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No campo das atividades privadas – empresariais, notadamente – a aplicação da


IoT é de extrema importância, sobretudo pelos benefícios econômicos envolvidos.
Assim, 

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[…] compreender a IoT é muito importante para os gestores, pois, de acordo com a estimativa calculada pelo
estudo realizado pelo Mckinsey Global Institute, a IoT vai gerar entre 3,9 e 11,1 trilhões de dólares anuais em

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2025. 
— (PECK, 2020, p. 150)

Cada vez mais as tecnologias no contexto da IoT farão parte do cotidiano


empresarial, seja para a melhoria de suas operações, seja quanto ao
desenvolvimento de novos produtos e serviços. A automação residencial e
empresarial, por exemplo, já é uma realidade (PECK, 2020). 

Por outro lado, “atualmente, as empresas dependem muito da inteligência humana


para interpretar, antecipar e intuir informações de maneira que as máquinas não
podem. Isso está prestes a mudar.” (AKABANE, 2019, p. 96).

Esse cenário, em transição, permitirá que as empresas perfaçam um melhor uso


das tecnologias de hiperconectividade, otimizando seus processos, bem como para
melhor compreender o comportamento dos consumidores e do mercado em geral,
circunstância que caminha lado a lado com as questões relativas ao Big Data,
conforme já tivemos a ocasião de refletir. 

Benefícios quanto à infraestrutura, sistemas de Tecnologia da Informação (TI),


controle de estoque, logística etc., são alguns dos exemplos de aplicabilidade de
IoT no campo empresarial, permitindo a superação progressiva da perda de
produtividade em função do manuseio físico de dados, na medida que a
virtualização operacional proporcionará o acompanhamento em tempo real dos
setores envolvidos, com análise simultânea, algo que, com certeza, melhora a
tomada de decisões assertivas, necessárias no contexto altamente dinâmico dos
mercados (REIS, 2008).

Com isso, finalizamos mais um bloco de estudo. Há ainda o que conhecer, porém
percorremos um caminho muito interessante até aqui. Vamos em frente! 

FAÇA VALER A PENA


Questão 1
Os avanços da tecnologia da internet progrediram para os mais diversos
ambientes; tudo passa a ter o potencial de estar conectado à rede e, assim,
funcionar em harmonia e sincronia com outros aparelhos, bem como de ser
controlado à distância, com um clique ou de modo automático.

Assinale a alternativa que conceitua corretamente a internet das coisas (IoT).

a.  Avanço tecnológico pelo qual aparelhos do cotidiano se comunicam entre si com a necessidade
obrigatória de manuseio humano.

b.  Consiste no desenvolvimento de técnicas para garantir o sigilo e/ou a autenticidade de informações.

c.  Uma rede que opera com blocos encadeados altamente seguros, que sempre carregam um conteúdo
junto com uma impressão digital.

d.  Infraestrutura em rede, que interliga objetos físicos e virtuais, por meio da exploração de captura de
dados e capacidades de comunicação.

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e.  Tecnologias digitais utilizadas para lidar com grandes e diversas quantidades de dados. 

Questão 2
Existem três tipos de comunicações sem fio. As que são baseadas em

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infravermelho, as baseadas em radiofrequência (como o wi-fi e o bluetooth) e as
baseadas em laser.

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Considerando as informações apresentadas, analise as afirmativas a seguir:

I. Infravermelho tem como característica a dispensabilidade de licença para sua


operação, consiste em aparelhos de alto custo e serve mais para uso externo.

II. O sistema de radiofrequência utiliza micro-ondas que propagam o sinal pelo ar,
por meio de faixas de frequências.

III. A tecnologia de laser utiliza-se da luz como meio de transmissão do sinal digital.
Por isso, condições atmosféricas e climáticas são incapazes de afetá-la ou
interrompê-la.

IV. Item 4

a.  II, apenas. 

b.  II e III, apenas.

c.  I, II e III, apenas. 

d.  I e II, apenas. 

e.  I, apenas.

Questão 3
A infraestrutura da IoT pode ser entendida, por outro ângulo, como um “ambiente
de objetos físicos interconectados com a internet por meio de sensores pequenos
e embutidos, criando um ecossistema de computação onipresente (ubíqua)"
(TEIXEIRA, 2020, p. 151).

É verdade que os benefícios da internet das coisas vão muito além do interesse
econômico, pois:

a.  Podem ser utilizados como um sistema de segurança, que criptografa a mensagem impedindo o acesso
ao conteúdo por invasores. 

b.  A conexão dos objetos do cotidiano tem o alto potencial de favorecer aplicações inovadoras no campo,
por exemplo, das atividades estatais e empresariais. 

c.  Esse aspecto pode ser desprezado em absoluto, tendo em vista que a sua criação está intimamente ligada
a esse escopo.

d.  É capaz de auxiliar nas atividades estatais, diminuindo a burocracia, mas também é capaz de auxiliar nas
empresas, melhorando a logística e o controle de estoque. 

e.  Tem chance de ser utilizada nas atividades empresariais, mas não nas estatais, sendo proibidas pela lei
de acesso à informação. 

REFERÊNCIAS
AKABANE, G. K.; POZO, H. Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade: Histórico,
Conceitos e Aplicações. São Paulo: Saraiva, 2019. Disponível na Biblioteca Virtual:
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