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Decreto 6.514/08
Art. 43. Destruir ou danificar florestas ou demais formas de vegetação natural ou utilizá-
las com infringência das normas de proteção em área considerada de preservação
permanente, sem autorização do órgão competente, quando exigível, ou em desacordo
com a obtida:
Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), por hectare ou
fração.
Interposto recurso administrativo, reiterou-se que a obra foi erigida à luz das
normas ambientais e municipais, com aprovação de projeto e expedição do competente alvará de
construção.
II— FUNDAMENTAÇÃO
10. Desta forma, nos termos do art. 125, parágrafo único, do Decreto nº 6.514, de 2008,
concordo com os fundamentos apresentados pelo Parecer Jurídico da Procuradoria
Especializada e homologo as informações prestadas pela área técnica e fiscal desta
Autarquia Federal, fazendo-os parte integrante deste ato decisório.
Ora! Não poderiam essas autoridades julgadoras concordar com pareceres que
não apreciaram as provas, documentos e argumentos levantados pela Autora/autuada, limitando-se a
rechaçar a defesa de forma genérica e vazia, sem combater as teses ali apresentadas.
Ora. Não se pode considerar como motivado um ato administrativo que não
combate a defesa prévia e recurso administrativo apresentados pelo administrado, limitando-se a
decisões genéricas, vazias e padronizadas.
A conclusão extraída disso, é que houve expressa violação ao art. 20, da Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei 4.657/42); aos art. 1º, art. 5º, LIV e LV, art.
37, caput, e art. 93, inciso IX, da Constituição Federal de 1988; art. 2º e art. 50 da Lei Federal nº
9.784/99; e, art. 95 do Decreto 6.514/08, assim descritos:
Não se desconhece que a autoridade julgadora poderia ter motivado sua decisão
na declaração de concordância com fundamento no Parecer e demais informações, como o fez.
Por fim, DI PIETRO2 assevera no que tange a teoria dos fatos determinantes:
Entendemos que a motivação é, em regra, necessária, seja para os atos vinculados, seja
para os atos discricionários, pois constitui garantia de legalidade, que tanto diz respeito ao
interessado como à própria Administração Pública; a motivação é que permite a
verificação, a qualquer momento, da legalidade do ato, até mesmo pelos demais Poderes
do Estado.... Ainda relacionada com o motivo, há a teoria dos motivos determinantes, em
consonância com a qual a validade do ato se vincula aos motivos indicados como seu
fundamento, de tal modo que, se inexistentes ou falsos, implicam a sua nulidade. Por
outras palavras, quando a Administração motiva o ato, mesmo que a lei não exija a
motivação, ele só será válido se os motivos forem verdadeiros. [...].
A motivação não pode limitar-se a indicar a norma legal em que se fundamenta o ato. É
necessário que na motivação se contenham os elementos indispensáveis para controle da
legalidade do ato, inclusive no que diz respeito aos limites da discricionariedade. É pela
motivação que se verifica se o ato está ou não em consonância com a lei e com os
princípios a que se submete a Administração Pública. Verificada essa conformidade, a
escolha feita pela Administração insere-se no campo do mérito. A exigência de motivação,
hoje considerada imprescindível em qualquer tipo de ato, foi provavelmente uma das
maiores conquistas em termos de garantia de legalidade dos atos administrativos.
[...] a declaração escrita do motivo que determinou a prática do ato. É a demonstração, por
escrito, de que os pressupostos autorizadores da prática do ato realmente estão
presentes, isto é, de que determinado fato aconteceu e de que esse fato se enquadra em
uma norma jurídica que impõe ou autoriza a edição do ato administrativo que foi praticado.
[...] Em regra, a motivação, quando obrigatória, deve ser prévia ou contemporânea à
expedição do ato, sob pena de nulidade deste. [...]”
Por decisão, não se deve entender, porém, qualquer ato administrativo ou judiciário
que apenas contenha um mandamento, senão aquele cujo comando aplique uma solução a litígios,
controvérsias e dúvidas, conhecendo, acolhendo ou denegando pretensões, através das adequadas
vias processuais, ainda que atuando de ofício.
2
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 30ª ed. Rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017. P. 225-230.
3
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado. 25ª ed. rev. e atual. - Rio de Janeiro: Forense;
São Paulo: MÉTODO, 2017. p. 592.
administrados, não podendo os fazer com base em pareceres jurídicos padronizados, genéricos e
omissos às alegações do administrado em sede de defesa.
À propósito, embora não haja regra formal no ordenamento jurídico brasileiro que
apresente cominação expressa de sanção em razão do descumprimento da obrigação de motivar os
atos administrativos, pode-se afirmar, com fundamento no princípio da legalidade administrativa, que
o ato administrativo sem fundamentação, com motivação obscura ou incongruente padece de vício
que, em princípio, pode acarretar sua invalidade7.
6
Curso de direito administrativo: parte introdutória, parte geral e parte especial / Diogo de Figueiredo Moreira Neto. – 16. ed. rev. e
atual. – Rio de Janeiro : Forense, 2014, p.153-154.
7
MORAES, Germana de Oliveira - 1997/1998/1999, p. 13.
ser anulado, sob pena de se criar um processo administrativo de nítido cunho inquisitório, daí que
procedente a ação declaratória de nulidade de ato administrativo de multa ambiental.
Pede deferimento.
ADVOGADO
OAB/SC
Petição assinada digitalmente
(Lei 11.419/2006, art. 1º, §2º, III, “a”)