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EXCELENTISSIMO(a) SR.(a) DR.

(a) JUIZ(íza) FEDERAL DA 3ª VARA DEAS EXECUÇÕES FISCAIS DA


SEÇÃO JUDICIÁRIA DE PORTO ALEGRE – RS.

Processo : 5004174-38.2012.404.7100/RS
OBJETO: APELAÇÃO

MINERADORA ITACOLOMI LTDA. nos autos dos


EMBARGOS A EXECUÇÃO, que move contra O CONSELHO
REGIONAL DE QUIMICA DA 5ª REGIÃO (CRQ/RS), processo em
epígrafe, não se conformando com a veneranda sentença de
primeira instância, no prazo legal, vem interpor:

RECURSO DE APELAÇÃO

que requer seja recebido, autuado e, atendidas as


formalidades de estilo, remetido ao exame do Egrégio Tribunal
Regional da 4ª região .

Nestes termos
Pede deferimento

Porto Alegre, 10 de maio de 2012.

Ernani José Penz Júnior


OAB/RS 82.974
RAZÕES DE APELAÇÃO

Apelante: MINERADORA ITACOLOMI LTDA.


Apelado: CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA DA 5ª REGIÃO
Origem: 3ª VARA FEDERAL DAS EXECUÇÕES FISCAIS DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE PORTO ALEGRE
Processo: 5004174-38.2012.404.7100/RS

Eméritos julgadores,

Data máxima vênia, é de ser reformada a veneranda sentença


de primeira instância vez que proferida de forma conflitante com as normas
vigentes que regem a matéria, os princípios processuais e a pacífica
jurisprudência dos tribunais.

Assim, pretende o Apelante buscar, pela via do duplo grau de


jurisdição, a decisão final que possa derramar justiça no deslinde da demanda
em tela. Para tanto, respeitosamente, vem expor suas razões,articuladamente,
como a seguir:

Breve relato processual:

1. A Mineradora Itacolomi Ltda, empresa privada sob


administração judicial decretada nos autos da ação
cautelar numero 015/1.09.0008980-0 que tramita na
Primeira Vara Civil da Comarca de Gravataí – RS, viu-se
executada por prestações relativas a divida tributária
referente a contribuição profissional conforme CDA´s
anexas a execução nº 5027372-75.2010.404.7100;
2. Inconformada, a apelante embarga a execução a fim de ver
o seu direito reconhecido;
3. Em decisão interlocutória (evento 3) foi determinado a
apresentação de:
a. Garantia idônea;
b. Cópia da documentação social;
c. Cópia integral do processo administrativo de
lançamento tributário.
4. O autor peticiona juntando contrato social da apelante e
pedindo a continuidade do processo independente da
garantia da execução fundada nos princípios
constitucionais da ampla defesa e do acesso à justiça ou
sucessivamente a determinação para atualização dos
valores e abertura de conta vinculada ao processo para
depósito integral de garantia;
5. O R. magistrado julgou extinto os embargos a execução
com fundamento no art. 267,IV do CPC c/c o Art. 16 §1º da
Lei 6.830/80;
6. São interpostos embargos declaratórios em razão da falta
de análise do pedido sucessivo de depósito;
7. Foram rejeitados os embargos declaratórios.

1. DA PRELIMINAR DE MÉRITO EM APELAÇÃO:

O recurso de Apelação tem por objetivo o enfrentamento da


sentença proferida. Como no caso em tela a sentença sequer adentrou o
mérito não caberia nesta apelação a analise deste.

Contudo Existem nulidades no titulo executivo. Estas nulidades


são consideradas MATÉRIAS DE ORDEM PÚBLICA e podem ser apreciadas em
qualquer momento processual e em qualquer grau de jurisdição. Assim, por
razão do abaixo exposto, esta preliminar de mérito em apelação visa denunciar
as NULIDADES do titulo executivo que possam ser reconhecidas nesta fase
processual:

1.1 DA EQUIVOCADA FUNDAMENTAÇÃO LEGAL da CDA.

É pacifica nesta casa como também no STJ o entendimento que


a fundamentação legal utilizada para lastrear a certidão de divida ativa esteja
em concordância com o fato gerador, e além, esta deve garantir ao
contribuinte a identificar o tributo em todos os seus aspectos. Inteligência dos
Arts. 202 e 203 do CTN e 2º , §§ 5º e 6.º da Lei n.º 6.830/80.

Contudo Eminente julgador, não basta existir a fundamentação


legal, ela tem que estar correta, isto é, ser capaz de criar no mundo físico a
ficção jurídica do Fato Gerador.

Vejamos, a certidão de divida ativa esta lastreada no Art. 25 da


Lei 2.800 de 1956.

L 2.800/56 Art. 25. O profissional da química, para o


exercício de sua profissão, é obrigado ao registro no Conselho
Regional de Química a cuja jurisdição estiver sujeito, ficando
obrigado ao pagamento de uma anuidade ao respectivo
Conselho Regional de Química, até o dia 31 de março de cada
ano, acrescida de 20% (vinte por cento) de mora, quando fora
dêste prazo. Nosso grifos

A definição de Profissional da Química esta cunhada no


mesmo diploma legal em seu Art. 20 in verbis:
L 2.800/56 Art. 20. Além dos profissionais relacionados no
decreto-lei n.º 5.452, de 1 de maio de 1943 - Consolidação das
Leis do Trabalho - são também profissionais da química os
bacharéis em química e os técnicos químicos.

      § 1º Aos bacharéis em química, após diplomados pelas


Faculdades de Filosofia, oficiais ou oficializadas após registro
de seus diplomas nos Conselhos Regionais de Química, para
que possam gozar dos direitos decorrentes do decreto-lei n.º
1.190, de 4 de abril de 1939, fica assegurada a competência
para realizar análises e pesquisas químicas em geral.

      § 2º Aos técnicos químicos, diplomados pelos Cursos


Técnicos de Química Industrial, oficiais ou oficializados, após
registro de seus diplomas nos Conselhos Regionais de
Química, fica assegurada a competência para:

      a) análises químicas aplicadas à indústria;

      b) aplicação de processos de tecnologia química na


fabricação de produtos, subprodutos e derivados, observada a
especialização do respectivo diploma;

      c) responsabilidade técnica, em virtude de necessidades


locais e a critérios do Conselho Regional de Química da
jurisdição, de fábrica de pequena capacidade que se enquadre
dentro da respectiva competência e especialização.

      § 3º O Conselho Federal de Química poderá ampliar o


limite de competência conferida nos parágrafos precedentes,
conforme o currículo escolar ou mediante prova de
conhecimento complementar de tecnologia ou especialização,
prestado em escola oficial.

Assim fica nítido que os profissionais da química são PESSOAS


FÍSICAS qualificadas para o exercício da profissão (engenheiro ou técnico).

A errônea fundamentação utilizada para constituir o crédito


fiscal macula com o VICIO DA NULIDADE a CDA. Sabendo que a CDA é extraída
do auto de lançamento, este por via reflexa se configura NULO também.

Assim ciente que isso é facilmente detectável com os


documentos acostado na execução fiscal e que estes encontram-se
conflitantes com o dispositivo legal visto sendo que a Mineradora Itacolomi
Ltda. é uma empresa de mineração que se dedica exclusivamente a extração e
envasamento de água mineral (produto em natura), acondicionada em
garrafões de 20l. É IMPOSSÍVEL SER CARACTERIZADA COMO PROFISSIONAL
DA QUÍMICA.
2. DAS RAZÕES PARA MODIFICAÇÃO DA SENTENÇA “A QUO”:

1) Do princípio da celeridade processual.

Talvez o maior anseio popular da contemporaneidade e de


tornar a justiça (judiciário), uma instituição mais célere, tornando-a assim mais
eficaz. Contudo isso deve ser realizado sem afrontar o devido processo legal, o
contraditório e a ampla defesa, institutos que visam garantir aos cidadãos não
somente o acesso ao poder judiciário, mas, principalmente, a JUSTIÇA.

A carência social, como um todo, é a “pax societatis” no


intuito de proporcionar a segurança jurídica lastreada no princípio da
legalidade.

Visto a importância da celeridade processual, temos que a


sentença tem que ter uma característica de eficiência e eficácia, isto é ela tem
que ser útil.

No caso em tela, extinguir os embargos à execução na forma


com o que foi proposto não se mostra formalmente eficiente ou mesmo eficaz,
uma vez que não existe óbice à nova propositura dos embargos.

Neste ponto não seria mais eficaz simplesmente ter


determinado a correção dos valores para integral garantia da divida como
proposto pela empresa apelante?

2) Da inconstitucionalidade do art. 16 § 1º da Lei 6830/80 (LEF)

O Artigo 16 § 1º da Lei 6830/80, no caso em concreto, é


inconstitucional uma vez que afronta de forma direta o Art. 5º, XXXV que
preceitua que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito” desta forma, condicionar o processamento dos embargos a
garantia da execução afasta o Poder Judiciário do cidadão.

Emérito julgador, não é a intenção da parte apelante que o


reconhecimento da prevalência da norma do Art. 736 do CPC em relação ao
Art. 16 § 1º da LEF. Tal situação é amplamente rechaçada por este tribunal
devido ao princípio da especialidade.

O que se pleiteia é o Controle Difuso de Constitucionalidade


do Art. 16 § 1 º da Lei 6830/80 pois, este fere o Direito Fundamental do acesso
a justiça esculpido no Art. 5º, XXXV da Constituição Federal de 1988 a “Carta
Cidadã”

Assim a garantia da execução como condição “sine qua non”


para o processamento dos embargos de devedor na execução fiscal
demonstra-se desproporcional e irrazoável, pois afasta do judiciário a Parte,
que testemunha de “mãos atadas” a injustiça na expropriação de seu
patrimônio.
Entendimento este em paralelo com a Sumula Vinculante nº 28
do Supremo Tribunal Federal. in verbis:

“É inconstitucional a exigência de depósito prévio como


requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a
exigibilidade de crédito tributário.”

Assim sendo a respeitável sentença do juiz “a quo” quando do


seu dispositivo in verbis :

“Ante o exposto, julgo EXTINTOS, sem julgamento de mérito,


por falta de garantia à execução, os embargos opostos por
MINERADORA ITACOLOMI LTDA. contra a execução fiscal nº
50273727520104047100, movida pela UNIÃO, com
fundamento no art. 267, IV, do CPC c/c o art. 16, §1º da Lei nº
6.830/80.”

Notadamente em contraposição ao Direito e a Justiça.


Necessitando ser modificada.

Ante ao exposto requer:

3) DO PEDIDO

Que a presente apelação seja recebida, processada e julgada


procedente para reconhecer a nulidade da certidão da divida ativa (CDA) que
lastreia a execução, pela incorreta descriminação do dispositivo legal pela
inteligência do Art. 203 do CTN e com isso determinar a extinção do processo
de execução fiscal 5027372-75.2010.404.7100/RS ou sucessivamente
declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto do art. 16 parágrafo
1º da Lei de Execuções fiscais o determinando o retorno ao juízo “ a quo” a fim
de que sejam processado os embargos a execução fiscal, proporcionando
assim o contraditório e a ampla defesa do executado.

Nestes termos
Roga-se por JUSTIÇA
Pede deferimento

Porto Alegre, 11 de maio de 2012.

Ernani José Penz Júnior


OAB RS 82.974

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