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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 1a VARA FEDERAL DE CASCAVEL -

ESTADO DO PARANÁ
AUTOS Nº
, devidamente qualificado nos autos de AÇÃ O DE CONCESSÃ O DE APOSENTADORIA POR
TEMPO DE CONTRIBUIÇÃ O/ESPECIAL que move em face do INSS - INSTITUTO NACIONAL
DO SEGURO SOCIAL , por seus procuradores, vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, requerer o recebimento do presente RECURSO INOMINADO e encaminhá -lo ao
E. Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da 4º Regiã o, com as razõ es que segue
em anexo.
Tendo em vista o deferimento dos benefícios da justiça gratuita, requer sua extensã o na
fase recursal, haja vista o preenchimento dos requisitos autorizadores para tanto,
suplicando assim, a aplicabilidade do artigo 9º da lei nº. 1.060/50 1 .
Termos em que,
Pede deferimento.
Londrina, 8 de julho de 2022.
Thais Takahashi

Wilson Y. Takahashi
Natchelly T. Saggin Nakagami

EGRÉ GIA TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS


ESPECIAIS FEDERAIS DA 4a REGIÃ O
COLENDA TURMA JULGADORA

1. DA REFORMA DA DECISÃO
Com o mais elevado respeito devido ao MM. sentenciador, o recorrente irresigna-se com a
r. sentença que extinguiu o processo sem resoluçã o do mérito, em razã o da falta de
interesse de agir, pois entendeu que o tempo especial no período de 01/09/1995 a
11/08/2006 e 09/04/2007 a 06/06/2011 nã o foi submetida à apreciaçã o do INSS, pois no
processo administrativo nã o foi apresentado qualquer prova documental para comprovar a
especialidade do trabalho e tampouco justificou que sua ex-empregadora nã o lhe forneceu
as referidas provas.
Ademais, negou a especialidade do período dos períodos de 01/08/2011 a 20/01/2019 e
01/02/2019 a 17/02/2020 haja vista que a exposiçã o da recorrente ao ruído e ao frio eram
intermitentes.
Essas, em breve e apertada síntese, sã o os fundamentos da decisã o recorrida.

2. INTERESSE DE AGIR CONFIGURADO - ANULAÇÃO DA SENTENÇA -


TEMA 350/STF - PRECEDENTE ESPECÍFICO DA TURMA RECURSAL
Ilma. Turma Recursal, em 17/02/2020 o Recorrente realizou o requerimento
administrativo visando a concessã o do benefício de aposentadoria por tempo de
contribuiçã o, entretanto, o mesmo foi indeferido, por falta de tempo de contribuiçã o , veja:
Diante da negativa o recorrente ajuizou a açã o objetivando a concessã o da aposentadoria
por tempo de contribuiçã o/especial, pleiteando a conversã o dos períodos laborados sob
condiçõ es especiais, bem como a concessã o da aposentadoria especial/por tempo de
contribuiçã o, requerendo, caso necessá rio a realizaçã o da perícia técnica.
Ocorre que o Magistrado, extinguiu o processo sem resoluçã o do mérito em razã o da falta
de interesse de agir, porque sob seu ponto de vista competia ao recorrente a exibiçã o de
documentos que comprovassem a especialidade do trabalho no período requerido,
fundamentando sua extinçã o no Tema 350/STF.
No entanto, o entendimento do juízo monocrá tico nã o está em conformidade com o
referido tema indicado.
Ora, o Egrégio Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE nº
firmou o entendimento do Tema 350/STF, no sentido de que: "a exigência
de prévio requerimento nã o se confunde com o exaurimento das vias administrativas" , o
que por si só seria suficiente para afastar a
alegaçã o da falta de interesse de agir.
Ademais, no mesmo julgado (Recurso Extraordiná rio nº ) o Ministro Luís Roberto Barroso,
na pá gina 15, ao tratar do interesse de agir e do prévio requerimento administrativo
delineou o seguinte:
E quanto ao prévio requerimento e o exaurimento das vias administrativas deixa claro que
o requisito do prévio requerimento é preenchido com a MERA POSTULAÇÃ O
ADMINISTRATIVA DO BENEFÍCIO:
De acordo com as liçõ es de Câ ndido Dinamarco, "o interesse processual está representado,
esquematicamente, pelo binô mio necessidade-adequaçã o; necessidade concreta da
atividade jurisdicional e adequaçã o de provimento e procedimento desejados" (Execuçã o
Civil. 1987, p. 299).
O cristalino o contido no julgado: é essencial a realizaçã o do requerimento administrativo
para a concessã o do benefício, e no caso dos autos houve o requerimento para concessã o
da aposentadoria por tempo de contribuiçã o (42/) e o indeferimento do pedido por falta de
tempo de contribuiçã o também presente.
Ministro ainda faz a seguinte abordagem:
Que é o caso dos autos, resta comprovado que o recorrente levou a pretensã o (concessã o
do benefício de aposentadoria por tempo de contribuiçã o) e nã o obteve a resposta desejada
(indeferimento por parte do INSS pois entendeu pela falta de tempo de contribuiçã o
necessá rio).
No Tema 350/STF o entendimento é de que, por se tratar de pedido que visa a concessã o
de benefício, se faz necessá rio o prévio requerimento administrativo.
No caso dos autos, houve o requerimento administrativo para concessã o da aposentadoria
por tempo de contribuiçã o e houve a negativa da autarquia previdenciá ria.
Da leitura do inteiro teor dos julgados que embasaram a ediçã o do Temas 350/STF nã o há
a limitaçã o que o juízo singular impô s. Repita-se, nenhum.
Assim, considerando que houve a comprovaçã o de que o recorrente postulou
administrativamente a concessã o do benefício pleiteado e que houve o indeferimento total
do pedido, ou seja, a nã o concessã o do benefício, resta configurado o interesse de agir,
conforme o entendimento e interpretaçã o firmada pelo STF e STJ.
Desta forma, partindo da premissa que nã o se exige o esgotamento da fase administrativa
para o reconhecimento do interesse de agir, consoante entendimento fixado pelo STF,
requer que seja dado provimento ao presente recurso, a fim de anular a sentença proferida
e determinar a realizaçã o da instruçã o processual.
3. DA ATIVIDADE ESPECIAL - PERÍODO DE 01/08/2011 a 20/01/2019 e 01/02/2019 a
17/02/2020 - EXPOSIÇÃ O AO AGENTE INSALUBRE RUÍDO E FRIO - ATIVIDADE DE
AÇOGUEIRA - DESNECESSIDADE EXPOSIÇÃ O CONTÍNUA - PRECEDENTES
Ilmo. Julgador, o Magistrado nã o reconheceu a especialidade dos períodos de 01/08/2011
a 20/01/2019 e 01/02/2019 a 17/02/2020 , por entender que a indicaçã o no LTCAT que a
exposiçã o do recorrente ao ruído e ao frio eram intermitentes, no entanto, sem razã o,
conforme adiante se vê:
O fato de a exposiçã o do recorrente aos agentes ruído e frio nã o serem contínuas nã o pode
prejudicar a constataçã o das condiçõ es especiais as quais estava exposto, até mesmo
porque, a "habitualidade e permanência do tempo de trabalho em condiçõ es especiais
prejudiciais à saú de ou à integridade física (referidas no artigo 57, § 3º, da Lei nº 8.213/91)
nã o pressupõ em a exposiçã o contínua ao agente nocivo durante toda a jornada de
trabalho . Tal exposiçã o deve ser ínsita ao desenvolvimento das atividades cometidas ao
trabalhador, integrada à sua rotina de trabalho, e nã o de ocorrência eventual ou ocasional.
Exegese diversa levaria à inutilidade da norma protetiva, pois em raras atividades a
sujeiçã o direta ao agente nocivo se dá durante toda a jornada de trabalho, e em muitas
delas a exposiçã o em tal intensidade seria absolutamente impossível" (EINF n.º 0003929-
54.2008.404.7003, TRF/4a Regiã o, 3a Seçã o, Rel. Des. Federal Rogério Favreto, D.E. 24-10-
2011; EINF n.º 2007.71., TRF/4a Regiã o, 3a Seçã o, Rel.
Des. Federal Celso Kipper, D.E. 7-11-2011) TRF4, AC 5009155-77.2016.4.04.7001, TURMA
REGIONAL SUPLEMENTAR DO PR, Relator MARCELO MALUCELLI, juntado aos autos em
05/02/2020).
Inclusive a 5a Turma Recursal de Sã o Paulo, em 30/01/2020, ao proferir o julgamento do
recurso inominado nº 0003177-06.2018.4.03.6342, assim expô s:
- Segundo a dicção legal, o trabalho especial é aquele permanente, não ocasional, nem intermitente em condições
prejudiciais à saúde ou à integridade física ("Art. 57. [...] Parágrafo 3º. A concessão da aposentadoria especial
dependerá de comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, do tempo de
trabalho permanente, não ocasional, nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física, durante o período mínimo fixado), sendo necessário distinguir, portanto, as situações"trabalho
permanente"(tal como exigido pela lei) e"exposição permanente"à agente nocivo, para concluir que é o trabalho
que deve ocorrer de modo permanente, assim entendido aquele prestado de forma não ocasional nem
intermitente, no qual a exposição do segurado a agentes nocivos seja indissociável ao desenvolvimento das
atividades, dentro do contexto das suas atribuições, funções e tarefas. Isto porque a lei não pressupõe a exposição
contínua ao agente nocivo durante toda a jornada de trabalho, devendo ser interpretada no sentido de que tal
exposição deve ser ínsita à atividade do trabalhador .

Portanto, o fato de exposiçã o do recorrente ser intermitente nã o é impedimento para


reconhecimento da especialidade dos períodos de 01/08/2011 a 20/01/2019 e
01/02/2019 a 17/02/2020.
3.1. RUÍDO - DESNECESSIDADE EXPOSIÇÃ O CONTÍNUA - ESPECIALIDADE
O PPP e LTCAT apresentados demonstram que a exposiçã o do recorrente ao agente ruído é
de 89dB (A) para exposiçã o diá ria de 08 horas:
A conclusã o do LTCAT, inclusive, indica que devem ser adotadas medidas preventivas e
corretivas visando à reduçã o da dose diá ria, vejamos:
Conforme demonstrado que a legislaçã o previdenciá ria reconhece como especial a
atividade insalubre, perigosa ou penosa, que sã o encontradas na legislaçã o trabalhista , nos
termos do art. 58, § 1º da lei 8.213/91 com alteraçã o dada pela lei 9.732/98 e art. 68, § 7º
do Decreto 3.048/99 nas redaçõ es vigentes no momento do fato gerador, in verbis:
Art. 58. (...)
§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na
forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com
base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de
segurança do trabalho nos TERMOS DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98)
Art. 68. (...)
§ 7º O Ministério da Previdência e Assistência Social Baixará instruções definindo parâmetros com base na Norma
Regulamentadora nº 6 (Equipamento de Proteção Individual), Norma
Regulamentadora nº 7 (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional), Norma Regulamentadora nº 9
(Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) e na Norma Regulamentadora nº 15 (Atividades e Operações
Insalubres), aprovadas pela Portaria/MTb nº 3.214, de 8 de junho de 1978, para fins de aceitação do laudo técnico
de que tratam os §§ 2º e 3º.
§ 7º O laudo técnico de que tratam os §§ 2º e 3º deverá ser elaborado com observância das Normas Reguladoras
editadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego e demais orientações expedidas pelo Ministério da Previdência e
Assistência Social.(Redação dada pelo Decreto nº 4.032, de 2001).
A Turma Nacional de Uniformizaçã o, no julgamento do Tema 174, fixou a tese de que para
aferiçã o do agente nocivo ruído é obrigató ria a utilizaçã o das metodologias contidas na
NHO-01 da FUNDACENTRO ou na NR-15 do Ministério do Trabalho, vejamos:
Tema 174, TNU:" A partir de 19 de novembro de 2003, para a aferição de ruído contínuo ou intermitente, é
obrigatória a utilização das metodologias contidas na NHO-01 da FUNDACENTRO ou na NR-15, que reflitam a
medição de exposição durante toda a jornada de trabalho, vedada a medição pontual, devendo constar do Perfil
Profissiográfico Previdenciário (PPP) a técnica utilizada e a respectiva norma"; (b)"Em caso de omissão ou dúvida
quanto à indicação da metodologia empregada para aferição da exposição nociva ao agente ruído, o PPP não deve
ser admitido como prova da especialidade, devendo ser apresentado o respectivo laudo técnico (LTCAT), para fins
de demonstrar a técnica utilizada na medição, bem como a respectiva norma".

A NR 15, Anexo 1, apresenta uma tabela com os níveis de ruído que sã o considerados
insalubres e delimita o tempo de hora de exposiçã o do trabalhador, como forma de
prevençã o a sua saú de, in verbis:
NÍVEL DE RUÍDO MÁ XIMA EXPOSIÇÃ O DIÁ RIA
DB (A) PERMISSÍVEL
85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas 89 4 horas e 30 minutos 90 4 horas 91 3 horas e 30 minutos 92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos 94 2 horas e 15 minutos 95 2 horas 96 1 hora e 45 minutos 98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora 102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10
minutos 114 8 minutos 115 7 minutos

Como já dito a legislaçã o trabalhista é a ú nica legislaçã o que pode elencar os agentes
nocivos à saú de do trabalhador, sendo que a legislaçã o previdenciá ria se utiliza da primeira
para esta averiguaçã o, citando inclusive que os parâ metros utilizados sã o os elencados nas
NORMAS REGULAMENTADORAS DO MINISTÉ RIO DO TRABALHO E EMPREGO.
Desta forma Excelência, veja que a sentença monocrá tica nã o se mostrou em consonâ ncia
com o entendimento sedimentado por este Egrégio Tribunal e à s cortes superiores, ao
passo que de acordo com a metodologia contida na NR-15, a exposiçã o diá ria ao nível de
ruído em 89dB (A) acima do limite de 4 horas e 30 minutos , se
CEP - 10
mostra prejudicial à saú de do trabalhador.
Assim, entende-se que a exposiçã o de 89 dB (A) é nociva - insalubre a saú de do trabalhador
que exerce jornada normal de 08hs diá rias, conforme o quadro acima anexo. Portanto, já
que o Anexo 1 da NR 15 é claro em afirmar que o nível de 85 dB (A) é insalubre , deve ser
aplicado este nível para o reconhecimento da atividade especial.
3.1.1. USO DE EPI - NÃ O DESCARACTERIZA ESPECIALIDADE
Importante destacar que conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento
do Tema nº 555, a utilizaçã o de EPI nã o é capaz de neutralizar a nocividade da exposiçã o ao
ruído, vejamos:
Tema 555 STF:" I - O direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente
nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade não haverá respaldo
constitucional à aposentadoria especial; II - Na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites
legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no
sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual EPI, não descaracteriza o tempo de serviço especial
para aposentadoria."
Neste mesmo sentido, se mantém o entendimento do TRF4º:
PREVIDENCIÁRIO. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. TEMA 555 DO STF. EPI EFICAZ. RUÍDO. MANUTENÇÃO DO JULGADO.
Manutenção do julgado, em juízo de retratação, na medida em que, conforme tese firmada pelo STF no Tema 555,
a informação de EPI eficaz, contida no PPP, não afasta o reconhecimento da especialidade pela exposição ao
agente físico ruído acima dos limites de tolerância . (TRF4 5004019- 96.2012.4.04.7112, QUINTA TURMA, Relator
ALTAIR ANTONIO GREGÓRIO, juntado aos autos em 30/07/2020)

Por tais razõ es, inexistindo pressupostos legais de que a exposiçã o ao agente nocivo de ser
contínua para caracterizar sua especialidade, restando demonstrada a exposiçã o do
recorrente ao agente ruído em níveis de 89 dB (A), por tempo acima do limite má ximo de
exposiçã o permitido, requer o recorrente a reforma do julgado com o reconhecimento da
especialidade do período de 01/08/2011 a 20/01/2019 e 01/02/2019 a 17/02/2020 .
3.1. AGENTE NOCIVO - FRIO - AÇOGUEIRO - CÂ MARA FRIA - TEMPERATURA 10ºC -
ATIVIDADE ESPECIAL
O frio esteve classificado como agente insalubre nos Decretos n. 53.831/64 (Có digo 1.1.2) e
83.080/79 (Có digo 1.1.2), até o advento do Decreto n. 2.172/97. Pelo disposto no Decreto
n. 53.831/64, a exposiçã o ao frio só seria caracterizada como atividade especial nos casos
de operadores de câ maras frigoríficas e outros, se a temperatura fosse inferior a 12º
centígrados. Já no Decreto n. 83.080/79, a exposiçã o ao frio só seria classificado como
atividade especial nos casos de trabalhadores de câ maras frigoríficas e fabricaçã o de gelo.
No entanto, a ausência da previsã o da especialidade do labor para o agente nocivo frio nã o
deixa a desamparado o segurado, pois a Sú mula nº 198 do extinto TFR prevê o
reconhecimento do trabalho em condiçõ es especiais em caso de manifesto prejuízo à saú de
do segurado. A NR15, do MTE, em seus Anexos 9 e 10, reconhece a insalubridade das
atividades ou operaçõ es executadas no interior de câ maras frigoríficas ou em locais que
apresentem condiçõ es similares, que exponham os trabalhadores ao frio, sem a proteçã o
adequada.
Em relaçã o à habitualidade e tempo de exposiçã o em relaçã o ao agente físico frio, deve-se
avaliar a frequência da entrada e saída do segurado da câ mara fria durante a jornada de
trabalho e nã o exigir para configurar a insalubridade a permanência ininterrupta do
trabalhador na câ mara frigorífica, conforme entendimento sedimentado pelo TRF4:
DIREITO PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO/CONTRIBUIÇÃO. AVERBAÇÃO DE TEMPO DE
SERVIÇO ESPECIAL. HABITUALIDADE. EPI. RUÍDO. FRIO. IMPLANTAÇÃO DO BENEFÍCIO. CONSECTÁRIOS LEGAIS. 1.
(...) 6. Considera-se habitual e permanente a exposição ao agente nocivo frio nas atividades em que o segurado
trabalha entrando e saindo de câmaras frias, não

CEP - 12
sendo razoável exigir que a atividade seja desempenhada integralmente em temperaturas abaixo de 12ºC. 7. (...)
(TRF4 5007616- 57.2013.4.04.7009, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DO PR, Relator LUIZ FERNANDO WOWK
PENTEADO, juntado aos autos em 10/07/2018)
Em relaçã o à temperatura, a jurisprudência do TRF4º é pacífica no sentido de reconhecer
como especial a atividade em que houver exposiçã o a menos de 12 ºC, o que é o caso dos
presentes autos:
Vejamos os precedentes:
PREVIDENCIÁRIO. AGENTE NOCIVO FRIO. HABITUALIDADE E PERMANÊNCIA. CORREÇÃO MONETÁRIA. . A exposição
a frio, com temperaturas inferiores a 12ºC, enseja o reconhecimento do tempo de serviço como especial. A
permanência, em relação ao agente físico frio, deve ser considerada em razão da constante entrada e saída do
empregado da câmara fria durante a jornada de trabalho e não como a permanência do segurado na câmara
frigorífica, não sendo razoável exigir que a atividade seja desempenhada integralmente em temperaturas abaixo
de 12ºC. . A habitualidade e permanência do tempo de trabalho em condições especiais prejudiciais à saúde ou à
integridade física referidas no artigo 57, § 3º, da Lei 8.213/91 não pressupõem a submissão contínua ao agente
nocivo durante toda a jornada de trabalho. Não se interpreta como ocasional, eventual ou intermitente a
exposição ínsita ao desenvolvimento das atividades cometidas ao trabalhador, integrada à sua rotina de trabalho.
Precedentes desta Corte. . Diferimento, para a fase de execução, da fixação dos índices de correção monetária
aplicáveis a partir de 30/06/2009. (TRF4, AC 5037090-18.2018.4.04.7100, QUINTA TURMA, Relatora GISELE LEMKE,
juntado aos autos em 18/12/2019) PREVIDENCIÁRIO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. REQUISITOS
PREENCHIDOS. 1. Comprovado o exercício de atividade especial por mais de 25 anos, a parte autora faz jus à
concessão da aposentadoria especial. 2. Embora o frio não esteja contemplado no elenco dos Decretos nºs
2.172/97 e 3.048/99 como agente nocivo a ensejar a concessão de aposentadoria especial, o enquadramento da
atividade dar-se-á pela verificação da especialidade no caso concreto, através de perícia técnica confirmatória da
condição insalutífera, por força da Súmula nº 198 do extinto Tribunal Federal de Recursos. 3. A exposição a frio,
com temperaturas inferiores a 12ºC, enseja o reconhecimento do tempo de serviço como especial. A permanência,
em relação ao agente físico frio, deve ser considerada em razão da constante entrada e saída do empregado da
câmara fria durante a jornada de trabalho e não como a permanência do segurado na câmara frigorífica, não
sendo razoável exigir que a atividade seja desempenhada integralmente em temperaturas abaixo de 12ºC. (TRF4,
AC 5030412-20.2018.4.04.9999, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DE SC, Relator PAULO AFONSO BRUM VAZ,
juntado aos autos em 13/12/2019)
EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. REQUISITOS. ATIVIDADE ESPECIAL. AGENTE NOCIVO FRIO
INFERIOR A 12ºC. USO DE EPI. 1. O reconhecimento da especialidade da atividade exercida sob condições nocivas é
disciplinado pela lei em vigor à época em que efetivamente exercido, passando a integrar, como direito adquirido,
o patrimônio jurídico do trabalhador (STJ, Recurso Especial Repetitivo n. 1.310.034). 2. Até 28- 04-1995 é
admissível o reconhecimento da especialidade por categoria profissional ou por sujeição a agentes nocivos,
aceitando-se qualquer meio de prova (exceto para ruído, calor e frio); a partir de 29-04-1995 não mais é possível o
enquadramento por categoria profissional, devendo existir comprovação da sujeição a agentes nocivos por
qualquer meio de prova até 05-03-1997; a partir de então, por meio de formulário embasado em laudo técnico, ou
por meio de perícia técnica; e, a partir de 01-01-2004, passou a ser necessária a apresentação do Perfil
Profissiográfico Previdenciário (PPP), que substituiu os formulários SB-40, DSS 8030 e DIRBEN 8030, sendo este
suficiente para a comprovação da especialidade desde que devidamente preenchido com base em laudo técnico e
contendo a indicação dos responsáveis técnicos legalmente habilitados, por período, pelos registros ambientais e
resultados de monitoração biológica, eximindo a parte da apresentação do laudo técnico em juízo. 3. A exposição a
frio, com temperaturas inferiores a 12ºC, enseja o reconhecimento do tempo de serviço como especial. 4. Na
hipótese em apreço, considerando as conclusões dos laudos técnicos e o parecer da expert no sentido de que o
fornecimento de EPI's não elide a insalubridade do agente por conta da nocividade do choque térmico provocado
pela entrada e saída das câmaras frias, é devido o reconhecimento pretendido. 5. Comprovado o labor sob
condições especiais por mais de 25 anos e implementada a carência mínima, é devida a aposentadoria especial, a
contar da data do requerimento administrativo, nos termos do § 2º do art. 57 c/c art. 49, II, da Lei n. 8.213/91.
(TRF4, AC 5008567-29.2018.4.04.9999, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DE SC, Relator CELSO KIPPER, juntado
aos autos em 20/10/2020)
EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE ESPECIAL.
AÇOUGUEIRO. FRIO. UMIDADE . PROVA. RECONHECIMENTO. POSSIBILIDADE. CONVERSÃO. CONCESSÃO.
IMPLANTAÇÃO DO BENEFÍCIO . A lei em vigor quando da prestação dos serviços define a configuração do tempo
como especial ou comum, o qual passa a integrar o patrimônio jurídico do trabalhador, como direito adquirido. Até
28.4.1995 é admissível o reconhecimento da especialidade do trabalho por categoria profissional; a partir de
29.4.1995 é necessária a demonstração da efetiva exposição, de forma não ocasional nem intermitente, a agentes
prejudiciais à saúde, por qualquer meio de prova; a contar de 06.5.1997 a comprovação deve ser feita por
formulário-padrão embasado em laudo técnico ou por perícia técnica. Considerados diversos julgados da Corte - é
notório (sem a garantia do reconhecimento da especialidade por enquadramento da atividade profissional) que a
atividade de açougueiro, com a específica atribuição de adentrar em câmaras frias, expõe o trabalhador ao agente
físico frio . O enquadramento da atividade especial pela exposição do trabalhador ao frio, em temperaturas
inferiores a 12ºC, provenientes de fontes artificiais, é possível mediante a comprovação da especialidade no caso
concreto , através de PPP embasado em laudo técnico, ou mediante prova pericial nos termos da Súmula nº 198
do extinto TFR. Cabe o reconhecimento da especialidade do labor como açougueiro, em face da demonstração da
sujeição do segurado ao agente nocivo umidade. Demonstrado o preenchimento dos requisitos, o segurado tem
direito à concessão da aposentadoria por tempo de contribuição integral, a partir da data do requerimento
administrativo. Determinada a imediata implantação do benefício, valendo-se da tutela específica da obrigação de
fazer prevista no artigo 461 do Código de Processo Civil de 1973, bem como nos artigos 497, 536 e parágrafos e
537, do Código de Processo Civil de 2015, independentemente de requerimento expresso por parte do segurado
ou beneficiário. (TRF4, AC 5009965-06.2021.4.04.9999, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DO PR, Relator MÁRCIO
ANTÔNIO ROCHA, juntado aos autos em 22/02/2022)

exposiçã o, ainda que de forma nã o permanente, em razã o das constantes entradas em


câ maras frias, vejamos:
PREVIDENCIÁRIO. TEMPO ESPECIAL. FRIO. HABITUALIDADE E PERMANÊNCIA. CONFIGURAÇÃO MEDIANTE
ENTRADA E SAÍDA DE CÂMARA FRIA DURANTE A JORNADA DE TRABALHO. PRECEDENTES DA TRU4. 1. "A constante
entrada e saída do trabalhador de câmaras frias, durante a sua jornada de trabalho, não descaracteriza a
permanência exigida para o enquadramento de atividade especial pelo frio , agente agressivo previsto no item
1.1.2 dos Decretos 53.831/64 e 83.080/79. (IUJEF nº 2007.70., Relatora Juíza Federal Luciane Merlin Cleve
Kravetz). 2. Incidente provido. (5016669-80.2013.404.7100, Turma Regional de Uniformização da 4a Região,
Relator p/ Acórdão Antonio Fernando Schenkel do Amaral e Silva, D.E. 07/10/2013)
DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RECONHECIMENTO DE TEMPO ESPECIAL. EXPOSIÇÃO AO AGENTE FRIO. NÃO-
PERMANÊNCIA. IRRELEVÂNCIA. ENTRADA E SAÍDA DE CÂMARAS FRIAS. COMPROVAÇÃO DA HABITUALIDADE.
INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO PROVIDO. 1. Na análise do pedido de reconhecimento de labor em condições
especiais com base na exposição do segurado ao agente frio, é suficiente a comprovação da habitualidade da
exposição, ou seja, que havia a entrada e a saída das câmaras frias todos os dias. Mostra-se irrelevante o fato de o
segurado não ficar exposto permanentemente ao referido agente, porque a alternância brusca de temperatura
ambiente causa tanto ou ainda mais mal à saúde do que a própria permanência em locais muito frios . 2.
Precedente da TRU: IUJEF 2007.70./PR, julgado em 13-2-2009, relatado pela Juíza Federal Luciane Merlin Clève
Kravetz. 3. Incidente de Uniformização provido. (INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO JEF Nº 0002713-
72.2008.404.7257/SC, Juíza Federal JOANE UNFER CALDERARO, D.E. 17/04/2012)
DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RECONHECIMENTO DE TEMPO ESPECIAL. EXPOSIÇÃO AO AGENTE FRIO. NÃO-
PERMANÊNCIA. IRRELEVÂNCIA. ENTRADA E SAÍDA DE CÂMARAS FRIAS. COMPROVAÇÃO DA HABITUALIDADE.
INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO PROVIDO. 1. Na análise do pedido de reconhecimento de labor em condições
especiais com base na exposição do segurado ao agente frio, é suficiente a comprovação da habitualidade da
exposição, ou seja, que havia a entrada e a saída das câmaras frias todos os dias. Mostra-se irrelevante o fato de o
segurado não ficar exposto permanentemente ao referido agente, porque a alternância brusca de temperatura
ambiente causa tanto ou ainda mais mal à saúde do que a própria permanência em locais muito frios. 2.
Precedente da TRU: IUJEF 2007.70./PR, julgado em 13-2- 2009, relatado pela Juíza Federal Luciane Merlin Clève
Kravetz. 3. Incidente de Uniformização provido (Turma Regional de Uniformização da 4a Região, IUJEF 0002713-
72.2008.404.7257, Relator Ana Cristina Monteiro de Andrade Silva, D.E. 16/04/2012).
Desta forma, conforme amplamente demonstrado é irrelevante o fato de a exposiçã o ao
agente frio nã o se dar de forma permanente para configuraçã o da especialidade do
trabalho, desde que comprovada a exposiçã o habitual. O PPP e LTCAT comprovam à
exposiçã o do recorrente de forma habitual a temperaturas abaixo de 12 ºC (na verdade 10
ºC), portanto, inexistindo pressuposto legal de que a exposiçã o ao agente nocivo seja
contínua, requer o recorrente a reforma do julgado com o reconhecimento da especialidade
do período de 01/08/2011 a 20/01/2019 e 01/02/2019 a 17/02/2020.

4. REQUERIMENTOS
Pelas razõ es expostas, confiando no elevado espírito de JUSTIÇA SOCIAL que norteia essa
Turma Recursal, espera pelo CONHECIMENTO e no mérito, PROVIMENTO do presente
Recurso, a fim de ver reformada a r. decisã o a quo , nos seguintes pedidos:
a) A anulaçã o da sentença proferida com o reconhecimento do interesse processual em
relaçã o aos períodos de 01/09/1995 a 11/08/2006 e 09/04/2007 a 06/06/2011 ,
determinando o retorno dos autos ao Tribunal de Origem para a reabertura da instruçã o
processual e julgamento do feito, com aná lise do mérito.
b) A reforma a sentença proferida, haja vista a inexistência do pressuposto legal de que a
exposiçã o ao agente nocivo seja contínua e a comprovada de exposiçã o do recorrente aos
agentes nocivos ruído e frio, de forma a lhe causar prejuízos e danos a sua vida e saú de,
requer o recorrente a reforma do julgado com o reconhecimento da especialidade do
período de 01/08/2011 a 20/01/2019 e 01/02/2019 a 17/02/2020.
c) Condenar o INSS em conceder o benefício de Aposentadoria por Tempo de Contribuiçã o
de contribuiçã o/aposentadoria especial a recorrente.
d) A condenaçã o do INSS em honorá rios advocatícios em 20% sobre o proveito econô mico
ou sobre o valor da condenaçã o até o trâ nsito em julgado.
CEP - 17
Termos em que,
Pede deferimento.
Londrina, 8 de julho de 2022.
Thais Takahashi
Wilson Y. Takahashi
Natchelly T. Saggin Nakagami

CEP - 18

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