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FACULDADE PRINCESA DO OESTE

CURSO DE DIREITO
PRÁTICA JURÍDICA II (CIVIL)
ÍTALO REIS GONÇALVES

AVALIAÇÃO ESCRITA (AP III)

Instruções para a avaliação escrita:


1. A avaliação escrita, tanto para os alunos em sistema presencial, quanto para em
sistema híbrido, será ser entregue no dia 22/06 de 2022, na qual compreenderá
toda a matéria abordada entre os dias 11/05-15/06 de 2022.
2. Serão aplicadas duas provas equivalentes: uma para os alunos do sistema
presencial; outra para os alunos do sistema híbrido. Contudo, a matéria abordada
em ambas será a mesma.
3. A avaliação escrita será composta por um caso prático que demandará a
elaboração de recurso processual cabível, totalizando sete pontos atribuídos à
prova.
4. Serão permitidas consultas por qualquer meio para a realização da avaliação
escrita.

PEÇA PROCESSUAL. Em determinada ação indenizatória que tramita na capital do


Rio de Janeiro, o promitente comprador de imóvel, Serafim, pleiteia da promitente
vendedora, Incorporadora X, sua condenação ao pagamento de quantias indenizatórias a
título de (i) lucros cessantes em razão da demora exacerbada na entrega da unidade
imobiliária e (ii) danos morais. Todas as provas pertinentes e relevantes dos fatos
constitutivos do direito do autor foram carreadas nos autos.

Na contestação, a ré alegou, no mérito, o descabimento de danos morais por mero


inadimplemento contratual e ainda aduziu que a situação casuística não demonstrou a
ocorrência dos lucros cessantes alegados pelo autor. O juízo de primeira instância,
transcorridos regularmente os atos processuais sob o rito comum, acolheu a defesa da
parte ré. Da sentença proferida já à luz da vigência do CPC/2015 o autor interpôs
recurso de apelação, mas o acórdão no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
manteve integralmente a decisão pelos seus próprios fundamentos, sem motivar
específica e casuisticamente a decisão.

O autor, diante disso, opôs embargos de declaração por entender que havia omissão no
Acórdão, para prequestionar a violação de norma federal (Código Civil e Código de
Defesa do Consumidor) aplicável ao caso em tela. No julgamento dos embargos
declaratórios, embora tenha enfrentado os dispositivos legais aplicáveis à espécie, o
Tribunal negou provimento ao recurso e também aplicou a multa prevista na lei para a
hipótese de embargos meramente protelatórios.

Na qualidade de advogado(a) de Serafim, indique o meio processual adequado para a


tutela integral do seu direito em face do acórdão do Tribunal que contrariou dispositivos
de leis federais, elaborando a peça processual cabível no caso, excluindo-se a hipótese
de novos embargos de declaração, indicando os seus requisitos e fundamentos nos
termos da legislação vigente. Considere que a decisão judicial combatida foi publicada
na imprensa oficial no dia 08 de junho de 2022 e interponha o recurso cabível no último
dia do prazo recursal. (7,0 pontos)
EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO/RJ

PROCESSO Nº XXX
RECORRENTE: SERAFIM
RECORRIDO: INCORPORADORA X

SERAFIM, nacionalidade..., estado civil.., profissão..., portador do CPF


de nº ...., portador do RG de nº..., e-mail..., residente e domiciliado na Rua...,
nº..., bairro..., Cidade/UF, CEP..., por intermédio de seu advogado..., inscrito na
OAB/UF sob n º...., e-mail..., com endereço profissional localizado na Rua.., nº...,
bairro..., Cidade/UF, CEP..., conforme procuração anexa, , vem,
respeitosamente, perante Vossa Excelência, interpor, RECURSO ESPECIAL
com fulcro no artigo 105, III, a, da Constituição Federal de 1988 c/c artigo 1.029 e
seguintes do Código de Processo Civil de 2015, em face do acórdão proferido
pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro que decidiu pela
manutenção da decisão que acolheu indevidamente a defesa apresentada pelo
recorrido, a qual viola manifestamente lei federal, conforme será demonstrado.
Na oportunidade, requer que seja a recorrida, Incorporadora X, intimada para,
querendo, apresentar contrarrazões e, após o exame de admissibilidade, seja o
presente, juntamente com as razões recursais anexas, remetido ao Superior
Tribunal de Justiça para análise e julgamento.

Termos em que, pede deferimento.

Local , 30/06/2022

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ADVOGADO OAB/UF Nº...
AO EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PROCESSO Nº XXX
Origem: Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
Recorrente: SERAFIM
Recorrido: Incorporadora X

DAS RAZÕES RECURSAIS

Cumpre esclarecer que em virtude da inconformidade do recorrente


para com a decisão do juízo a quo, vem este apresentar o presente recurso de
modo a pleitear a reforma da decisão ora atacada.

1 CABIMENTO

Considerando que a decisão ora atacada adveio de Tribunal de


Justiça, bem como se trata de decisão proferida em última instância, resta
cabível o presente recurso.

Ademais, é manifesta a existência de violação a dispositivo de lei


federal, conforme será demonstrado a seguir, restando, dessa maneira,
demonstrado o cabimento do presente recurso, com fulcro no Art. 105, inciso III,
alínea a, da CRFB/88 e Art. 1029 do CPC/15.

2 PREPARO

Insta salientar ainda a devida comprovação do recolhimento do


preparo recursal, conforme Art. 1007, CPC/15.

3. TEMPESTIVIDADE

Oportuno mencionar ainda que resta o presente recurso devidamente


tempestivo, uma vez que a decisão ora atacada fora publicada na imprensa
oficial no dia 08 de junho de 2022, de modo que, com fulcro no Art. 1.003, § 5,
CPC/15, tem-se 15 dias para interposição deste, restando o mesmo tempestivo.

4. BREVE RESUMO FÁTICO


Cumpre esclarecer que o recorrente, na qualidade de promitente
comprador de um imóvel, ajuizou ação judicial em face da recorrida, promitente
vendedora, visando a sua condenação a título de lucros cessantes em razão da
demora exacerbada na entrega da unidade imobiliária recorrida e danos morais.
Tendo sido todas as provas pertinentes e relevantes dos fatos constitutivos do
direito do autor carreadas nos autos

Ocorre que em sede de contestação a ré alegou, no mérito, o


descabimento de danos morais por mero inadimplemento contratual e ainda
aduziu que a situação casuística não demonstrou a ocorrência dos lucros
cessantes alegados pelo autor.

Dessa maneira, o juízo de primeira instância, transcorridos


regularmente os atos processuais sob o rito comum, acolheu a defesa da parte
ré.

Então, da sentença proferida já à luz da vigência do CPC/2015 o autor


interpôs recurso de apelação, mas o acórdão no Tribunal de Justiça do Estado do
Rio de Janeiro, manteve integralmente a decisão pelos seus próprios
fundamentos, sem motivar específica e casuisticamente a decisão.

O recorrente, diante disso, opôs embargos de declaração por entender


que havia omissão no Acórdão, para prequestionar a violação de norma federal
qual seja, o Código Civil e Código de Defesa do Consumidor, aplicáveis ao caso
em tela.

No julgamento dos embargos declaratórios, embora tenha enfrentado


os dispositivos legais aplicáveis à espécie, o Tribunal negou provimento ao
recurso e também aplicou a multa prevista na lei para a hipótese de embargos
meramente protelatórios.

Ocorre que a decisão proferida pelo Tribunal a quo deve ser


reformada, eis que violou o artigo 25, § 1º da Lei 8.078/90 e o artigo 942 do
Código Civil, bem como a multa aplicada ser afastada, conforme será
demonstrado.

5. DO MÉRITO RECURSAL

5.1 Da admissibilidade do Recurso


Importante mencionar que para que seja a presente modalidade
recursal admitida, se faz imprescindível o cumprimento de certos requisitos,
dentre os quais se pode citar o recolhimento das custas referentes ao preparo,
sendo que estas já foram recolhidas, conforme demonstram as guias e
comprovantes anexos, e amplamente discutido em tópico adequado.

Ademais, é preciso ainda que a matéria discutida no recurso tenha


sido prequestionada, o que de fato houve in casu, uma vez que no julgamento
dos embargos de declaração, o competente Tribunal manifestou-se sobre a
matéria, enfrentando-a.

De todo modo, o Art. 1.025 do CPC/15, entende estarem presentes no


acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-
questionamento, mesmo que estes tenham sido inadmitidos ou rejeitados, caso
o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou
obscuridade.

Por fim, nos termos do Art. 105, III, a, da CF/88 e Art. 1.029 do
CPC/15, é cabível o recurso especial como meio de alcançar o fim pretendido,
sendo este, a reforma do acórdão para que o recurso de apelação seja provido e
a sentença monocrática, anulada, bem como para afastar a incidência da multa
prevista no artigo 1.026, § 2º, do CPC/15, ou ainda, subsidiariamente, que seja o
acórdão recorrido anulado por falta de fundamentação.

5.2 Das razões para reforma do acórdão

Ora, é perceptível que o acórdão proferido pelo Tribunal merece ser


reformado, a começar pelo fato de que a referida decisão sequer fora
devidamente fundamentada, uma vez que o juízo a quo apenas manteve
integralmente a decisão pelos seus próprios fundamentos, sem motivação
específica e casuística da decisão, o que viola manifestamente o Art. 489, §1,
CPC/15.

Ademais, conforme disposto nos Art. 43, II, e 30 da Lei 4.591/64 é


demonstrado de maneira expressa a responsabilidade do incorporador pela
entrega injustificada do produto. Tal previsão legal de responsabilidade civil
contratual constitui-se como exigência da ordem jurídica, haja vista não ser
possível ao promitente comprador ingressar contra o construtor no judiciário
alegando violação de dispositivo de acordo bilateral entre as partes uma vez que
o comprador não fechou contrato com esse, mas sim com o incorporador.

Desse modo, ocorrendo atraso na entrega do imóvel, a responsabilidade


recai sobre o incorporador, o qual, como ressalta a lei, poderá exigir o quantum
indenizatório do construtor, via ação regressa, caso seja dele a culpa.

É perceptível dessa maneira que houve considerável prática de ilícito


contratual por parte da recorrida. Ora, é inegável que o recorrente sofreu diversos
danos pelo atraso exacerbado na entrega do imóvel o que constitui devidamente
a reparação a titulo de lucros cessantes por parte da recorrida, de modo que este
se dá pelo inadimplemento contratual da incorporadora, quanto à isso o Art. 389
do CC dispõe que não cumprida a obrigação responde o devedor por perdas e
danos, bem como lucros cessantes.

Ademais, é perceptível que todo esse transtorno, bem como a perda de


tempo útil para resolver o conflito, gerou consideráveis problemas ao recorrente,
sendo manifestamente devido a reparação a titulo de danos morais a ser
realizada para com o recorrente pela recorrida.

5.3 DA INAPLICABILIDADE DA MULTA ATRIBUIDA AO RECORRENTE

Oportuno mencionar ainda que o acórdão recorrido ainda condenou o


recorrente ao pagamento de multa, sob alegativa de que os Embargos opostos
foram meramente protelatórios.

Ocorre que, a condenação não merece ser mantida, uma vez que fora
o meio processual adequado para o prequestionamento dos artigos das leis
federais objeto do presente Recurso Especial.

Desse modo, é perceptível que era cabível a oposição de Embargos


para suprir a omissão no acórdão, não sendo, desse modo, protelatórios, mas,
sim, necessários para fins de prosseguimento do feito, com fulcro na súmula 211,
STJ, não sendo possível in casu, a aplicação do Art. 1.026, §2, CPC/15.

6. PEDIDOS

Pelo exposto requer-se que seja o presente recurso admitido e


provido, com fulcro no Art. 105, inciso III, alínea a, da CRFB/88 e Art. 1029 do
CPC/15, objetivando a reforma do acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do
Estado do Rio de Janeiro, acolhendo a tese de violação de lei federal ora
apresentada, com o devido afastamento deste entendimento do juízo a quo,
determinado, consequentemente, a anulação da sentença proferida pelo juízo de
primeiro grau, bem como, requer que seja a multa prevista no art. 1.026, § 2º, do
CPC/15 e imposta ao recorrente totalmente rechaçada por esta Colenda Corte,
pois inaplicável à espécie.

Ademais, caso não entenda o respeitável Tribunal Superior pela


reforma da decisão, requer que o acórdão recorrido seja anulado por falta de
fundamentação especifica.

Termos em que, pede deferimento.

Local , 30/06/2022

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ADVOGADO OAB/UF Nº...

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