Você está na página 1de 6

XXV Exame de Ordem Unificado

(2018.1) - Peça prático-profissional


da 2ª fase de Direito Civil
BAIXAR
COPIAR MODELO

Publicado por Arthur Sales


ano passado
6.956 visualizações

Em uma determinada ação indenizatória que tramita na


capital do Rio de Janeiro, o promitente comprador de um
imóvel, Serafim, pleiteia da promitente vendedora,
Incorporadora X, sua condenação ao pagamento de quantias
indenizatórias a título de (i) lucros cessantes em razão da
demora exacerbada na entrega da unidade imobiliária e (ii)
danos morais. Todas as provas pertinentes e relevantes dos
fatos constitutivos do direito do autor foram carreadas nos
autos. Na contestação, a ré suscitou preliminar de
ilegitimidade passiva, apontando como devedora de eventual
indenização a sociedade Construtora Y contratada para a
execução da obra. Alegou, no mérito, o descabimento de
danos morais por mero inadimplemento contratual e, ainda,
aduziu que a situação casuística não demonstrou a
ocorrência dos lucros cessantes alegados pelo autor. O juízo
de primeira instância, transcorridos regularmente os atos
processuais sob o rito comum, acolheu a preliminar de
ilegitimidade passiva. Da sentença proferida já à luz da
vigência do CPC/15, o autor interpôs recurso de apelação,
mas o acórdão no Tribunal de Justiça correspondente
manteve integralmente a decisão pelos seus próprios
fundamentos, sem motivar específica e casuisticamente a
decisão. O autor, diante disso, opôs embargos de declaração
por entender que havia omissão no Acórdão, para
préquestionar a violação de norma federal aplicável ao caso
em tela. No julgamento dos embargos declaratórios, embora
tenha enfrentado os dispositivos legais aplicáveis à espécie, o
Tribunal negou provimento ao recurso e também aplicou a
multa prevista na lei para a hipótese de embargos
meramente protelatórios.

Na qualidade de advogado (a) de Serafim, indique o meio


processual adequado para a tutela integral do seu direito em
face do acórdão do Tribunal, elaborando a peça processual
cabível no caso, excluindo-se a hipótese de novos embargos de
declaração, indicando os seus requisitos e fundamentos nos
termos da legislação vigente. (Valor: 5,00)

Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito


que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A
simples menção ou transcrição do dispositivo legal não
confere pontuação.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR


DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO
Processo nº xxxxxxxxxx

SERAFIM, devidamente qualificado nos presentes autos desta


ação que move em face de INCORPORADORA X, através de
seu advogado signatário, vem respeitosamente e
tempestivamente à presença de Vossa Excelência, interpor o
presente
RECURSO ESPECIAL
com fulcro no art. 1029 do CPC, visando a anulação do
respeitável acórdão proferido nestes autos, conforme razões de
fato e de direito expostas doravante.
Outrossim, requer-se que seja o recorrido intimado para,
querendo, oferecer contrarrazões e, ato contínuo, sejam os
autos juntamente com as razões anexas, remetidos ao Egrégio
Superior Tribunal de Justiça.

Termos que,

Pede deferimento.

Local, data.

(Advogado)

OAB/UF xxx.xxx

RAZÕES RECURSAIS
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO
PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Processo nº xxxxxxxxxxx

Recorrente: SERAFIM

Recorrido: INCORPORADORA X

Origem: Processo nºxxxxxxxx, Vara cível, Comarca/RJ

Colenda turma,

Nobres julgadores.

I - BREVE HISTÓRICO PROCESSUAL


O recorrente promoveu a ação visando à condenação do
recorrido ao pagamento de quantias indenizatórias a titulo de
lucros cessantes em razão da demora exacerbada na entrega da
unidade imobiliária e danos morais.
O recorrido, por sua vez, suscitou preliminar de ilegitimidade
passiva, indicando como devedora de eventual indenização a
Sociedade Construtora Y, contratada, para execução da obra.

O juízo de primeira instância acolheu a preliminar de


ilegitimidade passiva. O recorrente, por sua vez, interpôs o
recurso de Apelação, mas o acórdão do r. Tribunal de Justiça
manteve a decisão por seus próprios fundamentos, sem
motivar específica e casuisticamente a decisão.

Para sanar a omissão, o recorrente opôs embargos


declaratórios, que foram negados pelo Tribunal, além de ter
sido aplicada multa por ser considerado meramente
protelatório.

Todavia, conforme restará comprovado, não merece prosperar


a decisão roferida, devendo ser anulado o respeitável acórdão,
pelas razões abaixo indicadas.

II - DO CABIMENTO
O presente recurso visa à anulação do acórdão, portanto, em
conformidade com o art. 105, III, a, da Constituição Federal,
bem como configura-se tempestivo nos termos do art. 1003, §
5º, do Código de Processo Civil, com guias judiciais
devidamente preparadas.

III - DAS RAZÕES DO PEDIDO DE ANULAÇAO


A priori, há de se observar que, no referido caso, houve uma
afronta ao disposto do art. 489, § 1º, do CPC, uma vez que o
acórdão não fora fundamentado, devendo ser anulado.
Ademais, caso essa Nobre Corte entenda que a invalidação seja
excessivamente prejudicial ao recorrente, requer-se a reforma
integral do julgado, com fulcro no art. 282, § 2º, do CPC.

Diante da omissão do acórdão, o recorrente utilizou-se dos


embargos declaratórios com o intuito de prequestionar
violação a norma federal aplicável ao caso em tela. Entretanto,
o r. Tribunal inadmitiu-o, bem como aplicou multa por
considerá-lo meramente protelatório.

Nesse caso, houve violação ao disposto no art. 1025 do CPC,


uma vez que deveriam ser incluídos no acórdão os elementos
suscitados pelo recorrente, ainda que os embargos sejam
inadmitidos ou rejeitados, caso o Tribunal Superior considere
presente o erro, omissão, contradição ou obscuridade.

Assim, contatou-se que a aplicação da multa ocorreu de forma


indevida, uma vez que os embargos declaratórios possuem a
finalidade de prequestionamento, o que resulta na
inaplicabilidade do art. 1026, § 2º, do CPC. A própria Súmula
98 do STJ destaca que os embargos com notório propósito de
prequestionamento não tem caráter protelatório.

A INCORPORADORA X é responsável solidária pelos danos


causados, conforme explicita o art. 942 do CC, uma vez que
quando houver mais de um autor responsável pela ofensa ou
violação do direito de terceiros, todos responderão
solidariamente.

Ocorreu também a prática de ilícito contratual, tendo em vista


que o imóvel não fora entregue tempestivamente, conforme
previa o contrato, havendo uma demora exacerbada para a
entrega da unidade imobiliária. Assim, inclina-se para que
sejam reconhecidos os lucros cessantes e os danos morais
causados ao recorrente.

Em síntese, o acórdão proferido pelo r. Tribunal deverá ser


anulado.

IV- DO PEDIDO DE ANULAÇÃO E NOVA DECISÃO


Ante ao exposto, requer-se à Vossa Excelência que o presente
RECURSO ESPECIAL seja CONHECIDO e TOTALMENTE
PROVIDO no sentido de que ANULE o r. acórdão proferido
pelo r. Tribunal local, conforme fundamentação alegada e,
eventualmente, que seja reformada a decisão recorrida, bem
como afastada a aplicação da multa.

Termos que,

Pede deferimento.

Local, data.

(Advogado)

OAB/UF XXX.XXX

Você também pode gostar