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PODER JUDICIÁRIO

/ SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTiÇA

Ministro
Oscar
Saraiva

EDIÇAD ESPECIAL
COMEMORATIVA DO CINQÜENTENÁRIO
DA BIBLIOTECA MINISTRO OSCAR SARAIVA
PODER JUDICIÁRIO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTiÇA

MINISTRO
OSCAR SARAIVA

V.24

COLETÂNEA DE JULGADOS
E MOMENTOS JURíDICOS
DOS MAGISTRADOS NO TFR E STJ

EDIÇÃO ESPECIA L
COMEMORATIVA DO ClNQÜENTf.NÁR/O
DA BIBLIOTECA MINISTRO OSCAR SA RA IVA

BRASíLIA
1998
Copyright © 1998 - Superior Tribunal de Justiça

ISBN 85-7248-429-3

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTiÇA


SECRETARIA DE DOCUMENTAÇÃO
EDITORAÇÃO CULTURAL
SETOR DE ADMINISTRAÇÃO FEDERAL SUL
QUADRA 06 - LOTE 01
CEP 70.095 - 900 - BRASluA - DF
FAX (061) 319-9316

Impresso no Brasil
SUMARIO

PREFACIO 7
ABREVIATURAS EMPREGADAS ....... ........ .... . 9
RETRATO .............. .... ................ .. 11
INTRODUçAo .......... 13
CURRICULUM VITAE 17

DECRETO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA NOMEANDO-O PARA O


CARGO DE MINISTRO DO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS .. 25

TERMO DE POSSE .... ...... ......... ..... .. 29

ATA DA SOLENIDADE DE POSSE ... .... .......... ... 33

DISCURSOS PROFERIDOS DURANTE A CERIMÔNIA DE SUA POS-


SE NA VICE-PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS
• Do Exmo , Sr. Ministro Hugo Auler "' 39
· Do Exmo. Sr. Dr. Oscar Corrêa Pina 43
• Do limo, Sr. Dr. Sérgio Gonzaga Dutra 47

DISCURSO PROFERIDO PELO EXMO . SR. MINISTRO OSCAR


SARAIVA NO ATO DE INSTALAÇÃO DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO
ESTADO DA GUANABARA .... .... .. .. 51

TERMO DE POSSE NO CARGO DE PRESIDENTE DO TRIBUNAL


FEDERAL DE RECURSOS .......... ....................... ......... .... 57

DISCURSOS PROFERIDOS DURANTE A CERIMÔNIA DE SUA POSSE


COMO PRESIDENTE DO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS
- 00 Exmo. Sr. Ministro AntOnio Neder ........ .. .. ......... ........ 63
- Do Exmo . Sr. Dr. Firmino Ferreira Paz ...... ...... ...... .... .. o.. 69
- 00 limo. Sr. Dr. Décio Miranda .... ........ .. ... 73
- Do limo. Sr. Dr. Alberto Peres ...... ...... 79
- 00 Exmo. Sr. Min istro Oscar Saraiva .. 85
DISCURSO PROFERIDO PELO EXMO. SR. MINISTRO OSCAR
SARAIVA NA INAUGURAÇÃO DO EDIFiCIO-5EDE DO TRIBUNAL
FEDERAL DE RECURSOS ... ..................................... ....... ............... 95

INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL DE ALGUNS JULGADOS


COMO MINISTRO RELATOR ........... .. .......... ...... ............ ........ .... ...... 103

DISCURSOS EM HOMENAGEM PÓSTUMA


- No Tribu nal Superior Eleitoral
- 00 Exmo. Sr. Ministro Eloy Rocha ....................... 137
- Do Exmo . Sr. Ministro Antônio Neder .. ....... ..... ........... " ..... 141
- Do Exmo. Sr. Dr. Oscar Corrêa Pina .............. .. ......... ... ..... 145

- No Tribunal Federal de Recursos


- Do Exmo . Sr. Ministro Amarílio Benjamin .. .... ........ .... 151
- Do Exmo. Sr. Ministro Arma ndo RoJlemberg .................. ". 157
- 0 0 Exmo. Sr. Dr. Firmino Ferreira Paz .. _. _ .................. 163
• Do Exmo. Sr. Dr. Otto Rocha ..... ........ ...................... ... ... . 167
- Do limo. Sr. Dr. Paulo Távora .... ...... ... ... ............... 171
- 0 0 Exmo. Sr. Ministro Godoy Ilha .... ............... ...... 175

DISCURSO PROFERIDO PELO EXMO. SR. MINISTRO LUIZ ROBERTO


DE REZENDE PUECH AO PATRONO DA CADEIRA 27 DA ACADEMIA
PAULISTA DE DIREITO .... .. 179

DISCURSO DO EXMO. SR. MINISTRO JORGE LAFAYETTE


GUIMARÃES NA INAUGURAÇÃO DA PLACA DA BIBLIOTECA
MINISTRO OSCAR SARAIVA .. ........ ..... ............. ................ .. ... 191

HISTÓRICO DA BIBLIOTECA MINISTRO OSCAR SARAIVA ............. 199

DOSSIÊ .. ........ ...... .. .. ....................... .. .. .... ....... .. ...... .... .. 209


PREFAcIO

Honra-me prefaciar esta Coletênea por tratar dos julgados do


saudoso Ministro Oscar Saraiva, que empresta o brilho do seu nome para
enobrecer a Biblioteca desta Casa de Justiça, instituiçllo que está
completando cinqüenta anos na digna tarefa de alimentar o presente com
as lições do passado , com vistas à construçao de um futuro melhor.
Nenhum talhe. talvez, amoldar-se-ia, com tal perfelçao, a
denominar um repositório do saber que o do ilustre magistrado, competente
advogado, entusiasmado consultor e dedicado professor Oscar Saraiva,
cujos atributos morais e Intelectuais, assim como os livros, são fonte na
qual as novas gerações vêm abeberar-se.
O leitor que se aventurar por estas páginas descobrirá. nos
julgados transcritos, o Invulgar saber jurídico do magistrado que os preferiu,
bem como verá, "com gostoM , como lembrou o Ministro Annando
Rollemberg em sua homenagem póstuma, "8 retkJ90 que Imprimia aos seus
pronunciamentos, a mtransigencia com que aplicava os principias que
informavam as leis, procurando interpretar estas com magnanimidade, mas
jamais deixando de dar-lhes fiel apllcaçao."
AJém disso, ser-lhe-á dado o privilégio de ir conhecendo,
traçado par aqueles que privaram da companhia desse notável homem
publico, o perfil de um incansável batalhador pela causa da Justiça, à qual
declara um amor profundo, única qualidade que, em verdade , julgava
possuir, conforme ele próprio disse, modestamente, em seu discurso de
posse como Presidente do Tribunal Federal de Recursos.
A leitura desta obra desvendara a nobreza de caráter desse
Ministro íntegro, a sua profunda compreensão dos problemas juridicos, a
sua relevante contribuiçAo ao aprimoramento do Direito. Acima de tudo,
ressaltaré a virtude que é essencial a todos os artfftces da Justiça: o
humanismo, qualidade que o fez registrar urna afirmaçlo de incontestável
atualidade: •... a crise do Direito tem, como causa principal; o seu
afastamento da personalidade humana, e esta, tanto no Direito Privado,
como no DIreito Público, deve ser 8 sua finalidade tJltima ...

MINISTRO ANTONIO DE PÁDUA RIBEIRO


Presidente do Superior Tribunal de Justiça

7
ABREVIATURAS EMPREGADAS

AC - Apelação Cível
ACR - Apelaçao Criminal
AGM5G - Agravo em Mandado de Segurança
AP - Agravo de Petição
APM5 - Agravo de Petição em Mandado de Segurança
AR - Ação Rescisória
CP - Carta Precatória
EAC - Embargos na Apelação Cível
HC - Habeas Corpus
MS - Mandado de Segurança
RHC - Recurso em Habeas Corpus
55 - Suspensão de Segurança

Obs.; Após a indexaçao da jurisprudência por assunto, vêm, entre


parênteses, a decisão prolatada e o órgão julgador.

TP Tribunal Pleno
T2 Segunda Tunna
T3 Terceira Turma

9
MINISTRO OSCAR SARANA
~ 3010511903
9 20108/1969

11
INTROOUÇÃO

A Secretaria de Documentação do Superior Tribunal de Justiça


vem, através da Editoração Cultural, dar prosseguimento, com a publicação
do vigésimo quarto volume. à Coletânea de Julgados e Momentos
JuriditoS dos Magistrados no TFR e 5TJ.
Esta Edição Especial tem por finalidade a Comemoração do
Cinqüentenário da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva.
O Ministro Oscar Saraiva dedicou toda sua vida ao estudo do
Dire ito como: Advogado, Procurador, Magistrado , Professor e Escritor.

Como Magistrado atuou no Tribunal Superior do Trabalho ,


Tribunal Federal de Recursos e Tribunal Superior Eleitoral.

Foi Professor de Direito Constitucional, Direito Administrativo ,


Direito Público Interno e Economia Política.

Aulor de inúmeros trabalhos publicados.

Valho-me de palavras do Ministro Jorge Larayette Guimadles


ao dizer: ~Compreensível . pois. que à sua Biblioteca haja o Tribunal Federal
de Recursos, em memória deste ilustre Magistrado. dado o nome do
Ministro Oscar Saraiva, e assim procedendo, em ato de feliz inspiração,
adotou para homenag eá~ lo , sem dúvida, a forma mais adequada".
Rendemos nossas homenagens à Biblioteca que, desde 1948
até aos dias atuais, com seus incansáveis trabalhos e sua presença
marcante no día-a-dia da vida do Tribllnal, tem prestado relevantes
serviços a esta Casa .
Os cumprimentos do Superior Tribunal de Justiça à Biblioteca
Ministro Oscar Saraiva, pela Comemoração do CinqUentenãrio de sua
Criação.

Editoraçio Cultural

13
CURRICULUM VITAE
OSCAR SARAIVA

Nasceu na cidade de 510 Paulo, Estado de 810 Paulo, em 30


de maio de 1903, filho do Desembargador Joaquim José Saraiva Júnior e
Henriqueta Saraiva. Casado com Mercedes de Castro Saraiva. Desse
consórcio nasceram os filhos: Oscar Sarsíva Júnior e SOn~ Saraiva
strauss.

FORMAÇÃO ESCOLAR

- Curso de Humanidades pelo Colégio Santo Ignjcio, Rio de


Janeiro, em 1919;
- Curso Universitário na Faculdade de Direito da Universidade
do Rio de Janeiro, onde se fOlmou em Ciências Jurtdicas, em 1924.
Laureado com o Prêmio ·Conselheiro Ctndido de Oliveira-, pois foi o
melhor aluno de sua tunna.

ATIVIDADES PROFISSIONAIS

Procurador-Geral do Conselho Nacional do Trabalho, do


Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. nomeado por Ato de
24/01/1928;
- Adjunto do Procurador do Conselho Nacional do Trabalho, a
partir de 01/01/1931;
- Adjunto do Patrono. nomeado por Decreto de 0910211931 ;
- Procurador do Conselho Nacional do Trabalho, nomeado por
Decreto de 2210311933;
- Organizador e primeiro Presidente do Instituto de
Aposentadoria e Pensões dos Bancários. em 1936;
- Procurador-Geral do Instituto de Aposentadoria e Pensões
dos Bancarios, em 1936;
- Delegado do Governo Brasileiro à Conferência da
OrganizaçAo Internacional do Trabalho. em Genebra. em 1938;
17
- Membro , Vice-Presidente e Presidente da Cêmara de Justiça
do Conselho Nacional do Trabalho, de 1939 a 1945;
- Consultor Jurídico da Coordenação da MobilizaçAo
EconOmica , de 1942 a 1945:
- Delegado do Governo Brasileiro à Conferência da
Organizaçao Internacional do Trabalho, em Montreal, em 19-43;
- Membro colaborador na elaboraçAo da Consolidação das Leis
do Trabalho, em 1943;
- Membro da ComissJo para a elaboração do Anteprojeto de
Lei que criaria as pri meiras Juntas de Conciliação e Julgamento;
Delegado do Governo Brasileiro à Conferência
Interamericana de Seguridade Social, no Rio de Janeiro, em 1947;
- Membro da Comissão de Eficiência do Ministério do
Trabalho, Indústria e Comércio ;
- Delegado do Governo Brasileiro à IV Conferência dos
Estados da América , em Montevtdéu, em 1949;
~ Presidente da ComissAo Pennanente do Trabalho, em 1950;
- Membro da ComissAo Organizadora do Instituto dos Serviços
Social! do Brasil;
- Consultor Jurídico do Ministério do Trabalho, Indústria e
Comércio, de 1950 8 1955;
- PtOcurador-Gera1 da Prefeitura do Distrito Federal. nomeado
por Decreto de Provimento nO 1.430/51, em 1951 e 1952;
- Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio (Interinamente);
- Ministro do Tóbunal Superior do Trabalho, nomeado por
Decreto de 1210111955, tendo tomado posse e entrado em exereleio em
19/01 /1955, de 1955 a 1960;
- Ministro do Tribunal Federal de Recursos, nomeado por
Decreto de 0710311960, tendo tomado posse e entrado em exercício em
04/04/1960, de 1960 a 1969;
- Ministro convocado do Supremo Tribunal Federal, em
substituiçAo ao Ministro Ary Franco, em t960;
- Membro suplente do Tribunal Superior Eleitoral para o biênio
1963/1965;
• Reeleito membro suplente do Tribunal Superior Eleitora' para
o biênio 1965/1967:
18
- Membro da Comissão de Peritos em Direito Social da
OrganizaçAo Internacional do Trabalho, em Genebra, em 1965;
- Vice-Presidente do Tribunal Federal de Recursos para o
biênio de 18/06/1965 a 18/0eJ1967;
- Presidente da ComissAo para elaboraçAo do Projeto da
OrganizaçAo da Justiça Federal de 1a lnstancia, em 1966;
- Membro efetivo do Tribunal Superior Eleitoral para o biênio
de 1966/1968;
- Vice-Presidente do Conselho da Justiça Federal, em 1966;
- Presidente do Tribunal Federal de Recursos para o biênio de
23/06/1967 a 23/06/1969;
- Presidente do Conselho da Justiça Federal para o biênio
1967/1969.

OUTRAS ATIVIDADES

M
- Redator Chefe da Revista "A Época ;

- Redator de ~A Noite";
- Membro do Instituto da Orelem dos Advogados do Brasil;
- Membro da Conferência Interamericana de Advogados.

MAGISTÉRIO SUPERIOR

- Professor de Direito Constitucional e Administrativo dos


Cursos do Ministério do Trabalho;
- Professor de Legislaçao do Trabalho dos Cursos de
Administraçlo dO Departamento Administrativo do Serviço Público;
- Professor de Economia Política do Curso de Doutorado da
Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil;
- Professor de Direito Público Interno da Escola Brasileira de
Administração da FundaçAo Getúlio Vargas;
-. Professor de Direito Administrativo e Ciências polnicas da
Universidade de Brasflia.

19
TRABALHOS PUBLICADOS E CONFERÊNCIAS REALIZADAS

- ~ Personalidade Jurídica dos Entes Autárquicos~ - Arquivo


Judiciário - Valo 36, pág. 71, out./dez. - 1935;
- ~As Autarquias no Direito Público Brasileiro" - Arquivo
Judiciário - VaI. 55, pág. 95, jul.lset. - 194Q; Revista Forense - Vol. 84,
pág. 771 , out./dez. - 1940;
- ·Seguros Sociais: IntroduçAo~ - Revista de Direito Social,
out.l1941 , Vol.l, n03, pág. 180;
- "Seguros Sociais: Seguro-Invalidez· - Revista de Direito
Social, jan.l1942, Vai. 11, nO 6, pág. 26;
- "Aspectos e Evoluçao da Previdência Social no Brasil" -
Conferência realizada em 31 de julho de 1942, no Instituto de Estudos
Brasileiros;
- "A Organização da Administração Delegada" - Publicada em
avulso pela imprensa Nacional, 1942;
- ·0 Seguro Social na Brasil: Sua evolução e seu
desenvolvimento futuro- - Revista do Trabalho, fev.l1944, pág. 3/6;
- -Novas Formas da Delegaçao Administrativa do Estado" -
Revista Forense - Vai. 100, pãg. 233 - out.ldez. -1944;
- ·Os Contratos de Empreitada e a aplicação da Cláusula
&Rebus S/c Stantibus" no Direito Administrativo· - Revista de Direito
Administrativo - Vol. 1, pãg. 32 - jan.l1945;
- ·00 Direito de poucos para o direito de todos" - Revista
Forense - VaI. 103, pág. 363;
- "Responsabilidade do Constru1or em face do art. 1.245 do
Código Civil- - Revista de Jurisprudência Brasileira - VaI. 67, pãg. 132-
Maio11945;
- ·0 Direito Social Brasileiro: Seus vérios Aspectos e Suas
Diretivas· - Revista Forense - Vai. 106, pég. 573 - Abr.ljun. -1946;
- ·A Humanizaçao do Direito· - Revista Forense - Vai. 109-
pág. 323 - jan./fev. -1947 - Vol. 110 - pág. 11 - mar./I947;
- "Reflexos do Pensamento Jurídico Norte-Americano no
Direito Brasileiro· - Arquivos do Ministério da Justiça e Negócios Interiores
- Vol. 5 - pág. 43 - jun/1947 - Revista Forense - VaI. 113 - pãg 325 -
out.l1947. (Conferência pronunciada no Instituto Brasil- Estados Unidos);
20
• "A Crise da Adminlstraçao'" - Revista do Serviço PubUco ,
marJabr. de 1948, pág. 5/14;
· "A ProteçAo ao Trabalhador na ConstituiçAo de 1946'" -
RevlSla de LegislaçAo SOCial e Jurisprudência do Trabalho, jan.ll949 - pág . 7;
- KA EvoluçAo da legislaçAo Trabalhista Brasileira" - Correio
da ManhA, ediçAo de 15/06/1951 ;
- MA AplicaçAo do Estatuto ao Pessoal AutárquiCO" - Revista de
Direito Administrativo - V~ . 35 - pég . 1/11, jan Jmar. -1954;
- "O Direito do Trabalho no Brasil'" - COnferência realizada em
junho de 1954, na Escola Superior de Guerra;
· ·ConstitucionalizaçAo da AdminístraçAo Pública" - Revista de
Direito da Procuradoria Geral da Prefeitura do Distrito Federal - nO 3 - pág.
1 -1956;
- "A ConcepçAo Atual da Seguridade Social e sua RepercussAo
na Teoria Geral do Direito· - Revista de Direito da Procuradoria Geral da
Prefeitura do Distrito Federal- nO 8 - pág . 60 - 1958;
- "Direito ao Sossego: Mau Uso da Propriedade" - Revista de
Direito Comerdal- pão. 24 - Gmfica 5auer - Rio de Janeiro;
- "A HumanizaçAo do Direito: Um Estudo de Direito do
Trabalho· - Borsoi - pég. 75 - 1948 - Rio de Janeiro. (Tese de Uvre
Docência da Universidade do Brasil);
- "A Previdência Sodal no Brasil" - Escola Superior de Guerra
- pég. 19 - 1960 - Rio de Janeiro;
- "Estudos de Direito Administrativo e de Direito Social" -
Ed~ora Melso - 275 pag . -1985 - Rio de Janeiro ;

CONDECORAÇÕES

- Cruzeiro do Sul ;
- GrA-Cruz da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho;
- O Tribunal Federal de Recursos, em sua homenagem, deu o
seu nome à Biblioteca ;
- Patrono da cadeira 27 da Academia Paulista de Direito;
- Faleceu, no exercicio elas atividades judlcaoles, em 2CI06I19G9.

21
DECRETO DO PRESIDENTE DA REPÚBUCA
NOMEANDO-O PARA O CARGO DE MINISTRO DO
TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS,
EM 07/03/1960.
DECRETO DE T DE MARÇO DE 1960

o Presidente da República resolve

NOMEAR

De acordo com o artigo 103 da ConstituiçAo Federal,

Oscar Saraiva, para exercer o cargo de Ministro do Tribunal


Federal de Recursos, na vaga decorrente da aposentadoria do Ministro
Nlsio Baptista de Oliveira .

Rio de Janeiro. 7 de abril de 1960.


1390 DA INDEPEN~NCIA E 72° DA REPÚBLICA.

JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA

25
TERMO DE POSSE NO CARGO DE MINISTRO
DO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS,
EM SESSÃO SOLENE DE 04J04l1960.
ATA DA SOLENIDADE DE SUA POSSE NO CARGO DE
MINISTRO DO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS.
EM SESSÃO ESPECIAL DE 04l04I1980.
As treze horas, com a presença dos Exmos. Srs. Ministros
Amando Sampaio Costa, José Thomaz da Cunha Vasconcellos Filho,
Vasco Henrique d'Ávila, Djalma Tavares da Cunha Mello, CAndido
Mesquita da Cunha LObo, Américo Godoy Ilha, João José de Queiroz e
Nelson Ribeiro Alves, foi aberta a sessAo. A seguir, o Exmo. Sr. Ministro
Presidente, após agradecer a presença de altas autoridades civis e
militares, do Poder legislativo, Executivo e do próprio Judiciário, declarou a
finalidade da sessão, que era dar posse ao novo Ministro, Exmo. Sr. Dr.
Oscar Saraiva. Designou, então, os Exmos. Srs. Ministros Sampaio Costa
e Cunha Vasconcellos Filho para conduzirem ao recinto da sessão o Exmo.
Sr. Dr. Oscar Saraiva, o qual assinou o respectivo termo de posse e
prestou o compromisso legal. O Exmo. Sr. Ministro Presidente, em seguida,
declarando encerrada a sessão, com as formalidades legais, convidou
todos os presentes a se dirigirem ao Salão Nobre, onde o Exmo. Sr.
Ministro recém-empossado recebeu os cumprimentos.

Rio de Janeiro, 4 de abril de 1960.

Afranio AntOnio da Costa


Presidente

Joio Aguiar Júnior


Secretário

33
DISCURSOS PROFERIDOS DURANTE A CERIMONIA
DE POSSE DO EXMO. SR. MINISTRO OSCAR SARAIVA
COMO VICE-PRESIDENTE DO TRIBUNAL FEDERAL DE
RECURSOS, EM SEssAo ESPECIAL DE 16/06/1965.
Do Exmo. Sr. Ministro Hugo Auler.
o EXMO. SR. MINISTRO HUGO AULER: Neste mome"lo,
encontrando--me, eventualmente, no exercício das funçOes de Ministro do
Egrégio Tribunal Federal de Recursos, por efeito de convocação legal. nAo
cumpro mais do que um dever ao expressar a solidariedade do Egrégio
Tribunal de Justiça do Distrito Federal às justas homenagens que sAo
prestadas a Vossas Excelências - eminentes Ministros Godoy Ilha e OScar
Saraiva, nesta solenidade de assunção de tAo dignos Juizes aos altos
cargos de Presidente e de Vice-Presidente desta Excelsa Corte de Justiça
Federal. E ao fazê-lo com rara unçao de espírito e de caraçao, pois aos
insignes Magistrados me vinculam a mais rara amizade e a mais alta
admiração, o que, todavia , nAo me priva de imparcialidade. devo confessar
que o Poder Judiciário se sente honrado em ter, na dlreçAo do Egrégio
Tribunal Federal de Recursos, dois Juízes, cujas vidas e vocaçOes têm
sido , dia~a-dia , aureoladas de alto espírito público, rara cultura jurídica e
exata noçao de justiça ideal, além dos dons naturais de dignidade e de
honradez pessoais.
NAo ignoramos nenhum de nós, Juízes e advogados, as altas
responsabilidades desta Excelsa Corte de Justiça Federal em sua missao
constitucional. E de Vossas Excelências - Senhores Min istros Godoy Ilha e
Oscar Saraiva, a exemplo dos demais Juízes que têm o heroísmo de
serem sós em seus Julgamentos, nao obstante a companhia do colegiado
na so!idAo da independência que caracteriza a alta funçAo de julgar, se há
de aplicar com toda propriedade esta equiparaçAo feita no elogio dos Juízes
escrito por um advogado. Em uma de suas páginas, o insigne autor nafTa
que, em uma certa cidade da Holanda, em ofICinas obscu ras, vivem os
laptdadores de pedras preciosas, os quais trabalham, de sol a sol, lapidando
e pesando em balanças de arta precisa0 gemas tio raras que uma só delas
os libertaria, para todo o sempre , da miséria . Mas, ao crepúsculo, após
haverem devolvido as pedras, fúlgidas pelo esmeril , aos seus legítimos
donos que as esperam ansiosamente, voltam para os mesmos bancos
sobre os quais pesaram os tesouros alheios,e, sem a menor inveja, com as
mesmas mãos que lapidaram os diamantes dos ricos, partem o pão de
cada dia de sua honesta pobreza . Também assim é 8 vida do Juiz - di~lo
Calamandrei. E também é assim a vida de Vossas Excelências que,
seguindo a !iça0 de Bergson , construíram o presente com o passado e com
o presente saberão construir o poIVir. toda dedicada a uma justiça ideal,
devotados, como devem ser e 510 as vidas de todos nós, juizes Que somos
por vocação espiritual , a árdua tarefa de lapidar e de pesar em uma

39
balança de alta precisA0 os direitos de terceiros e do Eslado, nos conflitos
submetklos ao controle jurisdicional.
Daí a razão de ser da garantia do espírito de justiça, de
legalidade e de imparcialidade 8, portanto, de subordinação de uma
hierarquia de valores da personalidade humana e das razOes do Estado,
que há de presidir todos os atos de Vossas Excelências, Senhores Ministros
Godoy Ilha e Oscar Saraiva, na Presidência e na Vice-Presidência do
Egrégio Tribunal Federal de Recursos. A Vossas Excelências devo, pois,
apresentar a mais alta homenagem dos Desembargadores do Egrégio
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e a segurança de nossa irrestrita
cooperaçAo, quando convocados para , no exercicio de idênticas funções
nesta Excelsa Corte de Justtça Federal , bem apficar as leis e a
ConstttulçAo, cuja interpretaçAo, consoante a /iça0 do clássico François
Geny, deverá sempre atender às exigências do bem comum representado
pelo momento político, econOmico e social, e, portanto, do direito
Institucional vigente à época da respectiva aplicaçao.
Que, nesta hora, desçam sobre Vossas Excelências todas as
bênçAos de Deus!

40
Do Exmo. Sr. Or. Oscar Corrêa Pina,
em nome do Ministério Público Federal.
o EXMO. SR. OR. OSCAR CORRÊA PINA
(SUBPROCURAOOR GERAL DA REPÚBLICA): Exmo. Sr. Ministro
Presidente do Tribunal Federal de Recursos. Exmos. 8rs. Ministros do
Supremo Tribunal Federal. Exmo. Sr. Df. Procurador-Geral da República.
Exmos. Srs. Ministros do Tribunal Federal de Recursos. Exmo. Sr. Dr.
Consultor-Geral da República. Dignas autoridades, senhores advogados,
senhoras e senhores.
Neste momento, Sr. Presidente, em que o Tribunal Federal de
Recursos, festivamente dá posse aos seus novos Presidente e Vice-
Presidente, recentemente eleitos, não podia faltar a palavra de
solidariedade do Ministério Público Federal, que participa de suas
deliberações, como advogado do Estado e fiscal da fiel aplicação da
Constituição e das leis federais.
Godoy Ilha e Oscar Saraiva, juízes dos mais dignos e
eminentes, foram os escolhidos para tão elevada investidura, que, pelas
suas virtudes morais e intelectuais, exercerêo, certamente, no sentido do
prestígio sempre maior do Poder Judiciário, em harmonia e colaboração
com os outros Poderes do Estado. Desnecessário, porque de todos
conhecido, estender-me na apreciação do mérito de cada um.

Oscar Saraiva, em sua vida profissional, tem desenvolvido


atividade multifonne, como professor, advogado e servidor público
categorizado. Paulista, completou o curso de Humanidades no Colégio
Santo Ignácio, no Rio, em 1919, tendo se bacharelado em ciências jurídicas
e sociais, em 1924, pela Faculdade de Direito da Universidade do Rio de
Janeiro, atualmente Universidade do Brasil. Aluno laureado de sua turma,
fez jus ao prêmio ~Conselheiro Cândido de Oliveira Diplomou-se, em
ft
,

1954, pela Escola Superior de Guerra, adicionando mais um titulo


expressivo a numerosos outros que já possuía. Desenvolveu intensa
atividade no magistério, tendo sido professor de Direito Constitucional e
Administrativo dos cursos do Ministério do Trabalho (1938), professor dos
cursos de Administraçêo do Departamento Administrativo do Serviço
Público, na cadeira de Legislação do Trabalho, professor contratado de
Economia Política do Curso de Doutorado da Faculdade Nacional de Direito
da Universidade do Brasil e professor de Direito Público Interno da Escola
Brasileira de Administração da FundaçAo Getúlio Vargas. No setor das
atividades jurídico-administrativas, Oscar Saraiva tem, entre muitos outros,
43
estes expressivos títulos: Procurador do Departamento Nacional do
Trabalho , em 1934, Consultor Jurídico do Ministério do Trabalho, Indústria e
Comércio, no periado de 1940 a 1955. Presidente da ComissAo
Permanente de Legislaçao do Trabalho, hoje, Comissllo Permanente de
Direito Social. Deleg ado do Governo do Brasil à Conferência Internacional
do Trabalho em 1938 e 1939, em Genebra, à Conferência Interamericana
do Trabalho, em 1949, em Montevidéu, Procurador-Geral da Prefeitura do
ant igo Distrito Federal , em 1951/2, e Ministro do Tribunal Superior do
Trabalho no período de 1955/60. Também como advogado, membro do
Instituto da Ordem dos Advogados do Brasil e da Conferência
Interamerlcana de Advogados, Oscar Saraiva teve imensa atividade
jurídico-forense, até 1955, quando foi nomeado Ministro do Tribunal
Superior do Trabalho . Exercia Oscar Saraiva este último cargo, quando,
em 1960, o Presidente da Repúbtica o distinguiu nomeando-o Ministro do
Tribunal Federal de Recul'5Os, na vaga decorrente da aposentadoria do
eminente Ministro Nisio Baptista de Oliveira.
Godoy Ilha e Oscar Saraiva têm exercido, corretamente,
dedicadamente, as árduas funções de magistrado. funções nobres, mas
difíceis no seu desempenho, pois o juiz deve dar a cada um aquilo o que é
seu, impondo-se, por isso, à admiraçao e ao respeito dos seus colegas e
dos seus jurisdicionados, dos membros do Ministério Público Federal e da
nobre classe dos advogados.
Eis porque, Sr. Presidente, o Ministério Público Federal quer
congratular-se, e o faz, neste momento, por meu intennédio, com o Egrégio
Tribunal Federal de Recursos, pela feliz escolha de seus novos dirigentes,
com os eminentes MInistros Godoy Ilha e Oscar Saraiva, pela elevada e
merecida distinção recebida, assegurando-Ihes, desde logo, a sua
colaboração em prol dos superiores interesses da Justiça, pelos quais se
nortearão, bem como congratular-se, ainda. com os eminentes MinisUos
Cunha Vasconcellos e Henrique o 'Ávila, pela digna, elevada e criteriosa
maneira como se conduziram no exercício do mandato presidencial hoje
encerrado.

44
Do limo. Sr. Dr. Sérgio Gonzaga Dutra, em nome da Ordem
dos Advogados do Brasil (Seção do Distrito Federal).
o ILMO. SR OR. SÉRGIO GONZAGA DUTRA (EM NOME DA
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL): Exmo. Sr. Presidente da
Câmara dos Deputados. Exmos. 81'S. Ministros de Estado. Exmo. Sr. Dr.
Subprocurador-Geral da República. Demais autoridades. Minhas Senhoras.
Meus Senhores. Eminentes Ministros Godoy Ilha e Oscar Saraiva.
Indicado que fui pelo Presidente da Ordem dos Advogados do
Brasil, Seção do Distrito Federal, para representar o Conselho e meus
colegas nesta Sessão memorável de hoje, confesso que primeiro indaguei a
mim mesmo a razão e o motivo desta escolha. Não podia eu, advogado dos
mais novos, dos mais humildes que compõem o Conselho Seccional do
Distrito Federal, encontrar a razão desta escolha, mas aceitei o encargo
porque percebi que os meus colegas quiseram, com esta indicação,
homenagear o próprio Egrégio Tribunal Federal de Recursos, pois quem
aqui comparece, neste dia de hoje, para fazer esta saudaçao, é advogado,
tao somente advogado.

Também a minha indicação me honra, sobremaneira, porque


dirijo 8 palavra a V. EX8. Ministro Oscar Saraiva, também antigo colega,
que brilhou em todas as suas atividades, como Consultor Jurfdico do
Ministério do Trabalho, talvez dos maiores que lá passaram. V. Exa.
também por sua atividade e competência como advogado, segundo bem
lembrou o eminente Subprocurador Geral da República, foi elevado ao
Egrégio Tribunal Superior do Trabalho, e de lá foi tirado para vir compor
este Tribunal. Tivemos, também, eminente Ministro Oscar Saraiva, a
grande satisfação de ver que um antigo colega dignificou o nome do Brasil
quando foi escolhido, recentemente, para compor a Comissão de Peritos da
Organização Internacional do Trabalho, posto para o qual é requisito
indispensável, sabemos nós nao apenas o valor, a cultura jurídica, o
renome do eleito, mas, sim, a absoluta isenção e esta é, talvez, uma das
principais características de V. Exa.
Sabemos n6s, eminentes Ministros, que a Presidência e a
Vice-Presidência desta Casa estarao seguras porque o Eminente Ministro
Godoy Ilha, na Presk1éncia, terá um trabalho árduo e espinhoso, como já
afirmou o Sr. Ministro Armando Rollemberg, mas do qual saberá
desincumbir~se, com a colaboraçao do Eminente Ministro Oscar Saraiva,
com a ajuda de seus eminentes pares, com a colaboraçao deste magnffico
quadro de funcionários que compOem o Egrégio Tribunal e com a
colaboração, também sincera e certa de nós todos, os advogados.
47
DISCURSO PROFERIDO PELO EXMO. SR. MINISTRO
OSCAR SARAIVA NO ATO DE INSTALAÇÃO DA SEÇÃO
JUDICIÁRIA DO ESTADO DA GUANABARA, EM 28/05/1967.
o EXMO. SR. MINISTRO OSCAR SARAIVA: E com o
sentimento vivo e profundo de estarmos, neste momento, participando de
um ato marcante da História Constitucional Brasileira, que, como delegado
do Conselho da Justiça Federal, do Tribunal Federal de Recursos, e nos
termos da lei, declaro instalada a Justiça Federal de Primeira InstAncia na
Seçêo Judiciária do Estado da Guanabara.
Não se trata, contudo, de ato inovador em nosso Direito
Constitucional, mas de ato que vem restabelecer, no campo judiciário,
práticas e tradições federativas, interrompidas pela Carta de 1937.
Em verdade, ao se estabelecer, pela primeira vez em nosso
mundo ocidental, um regime federativo e presidencialista, nos moldes que
Montesquieu, à época preconizara da nítida separaçao dos Poderes da
Soberania, em Legislativo, Executivo e Judiciário, tal como estatuído na
Constituição norte-americana de 1787, cuidou esse diploma - fonte
primacial de nossas ordenações constitucionais - de instituir um Poder
Judiciário para o Governo Federal que adotara, e atribuiu-o a uma Corte
Suprema e a tantas magistraturas federais inferiores quantas a lei viesse a
criar, com jurisdição sobre toda a matéria declarada de Ambito federal.
Entre n6s, logo que proclamada a República, o Eminente
Campos Salles, entAo Ministro da Justiça do Governo Provisório, tomou a
iniciativa de instituir desde logo, mesmo antes de votada a nova
Constituição, uma Justiça Federal, que foi criada pelo Decreto 848, de 11
de outubro de 1890. Observara o insigne estadista, justificando essa
providência: ~que nao há Governo Federal sem poder judiciário
independente das justiças dos Estados, para manter os direitos da União,
guardar a Constituição e as leis federais."
E nos seus clássicos Comentários à Constituição de 1891,
João Barbalho, por seu turno, ensinou que: "O sistema republicano-federal
é, de sua essência, dualista. Há a competência federal e a competência
estadual. E na prática elas podem colidir. Ora, as controvérsias daí
resultantes precisam ser dirimidas, para o regular funcionamento do regime.
Mas por quem? Por autoridade estadual é visto que nao, pois esta tem sua
jurisdição circunscrita aos llmites e interesses do Estado respectivo. E
assim, não obrigando aos outros a solução dada pela justiça de um deles, a
conseqüência seria reinar nas decisões variedade e desacordo,

51
incompatlveis com a índole do direito federal, o qual deve ser uno e reger
superior e igualmente, sem distinção, todos os Estados. De necessidade,
pois há de a SOlUça0 ser dada por autoridade federal. E é lógico que o seja
pela judiciária.-
E quando se escrever entre nós a história de nossas
instituições judiciárias, há de ser necessariamente salientado o papel
relevante dos Juízes Federais da Primeira Instância, no resguardo das
novas instituições republicanas e federativas, como guardiães do poder civil
federal, na extensao do território nacional e, não raro, como seus únicos
representantes e defensores.
Veio, porém, a Carta Política de 1937 alterar, a nosso ver sem
razões fundadas, a não ser as de um declínio da própria autonomia
estadual, essa estrutura judiciária, e delegar aos Juízes estaduais de
Primeira Instência o encargo de exercerem, nesse plano, a Magistratura
federal. Tal prática se manteve com a Constituição de 1946, que contudo
passou para o Tribunal Federal de Recursos, então criado, a competência
recursal de órgAo de Segunda Instância nas causas em que a UniDo fosse
parte ou interessada. Mas, pelo própria alento que retomava a autonomia
estadual, com o restabelecimento dos princípios cardeais da ordem
federativa que a Constituição de 1946 voltou a adotar, reaproximando-se do
paradigma constitucional norte-americano de 1787, já os inconvenientes se
fizeram sentir, e com tal intensidade em certos aspectos, que os constantes
tropeço sofridos pela Administração Federal levaram o Tribunal Federal de
Recursos - órgão que, como Segunda Instência de todas as causas do
interesse da União, melhor do que qualquer outro poderia conhecer desses
efeitos, a propor, na reorganização constitucional que vinha sendo estudada
em 1965, e a submeter à apreciação do então Ministro da Justiça, o ilustre
Senador Mílton Campos, o restabelecimento da Justiça Federal em sua
Primeira Instênda, e a retomada da tradição judiciária federativa
interrompida em 1937.
O Ato Institucional nO 2, de 27 de outubro de 1965, veio
determinar esse restabelecimento, ao dar nova redaçDo ao art. 94 da
Constituição de 1946, e assim também o fez a Emenda Constitucional nO
16, de 1965. Tais mandamentos foram adotados pelo Diploma
Constitucional de 24 de janeiro de 1967, cujOS arts. 107, nO 11, 118 e 119
prevêem e dispõem sobre O exercício da Magistratura de Primeira Instância
por Juízes Federais e declaram sua competência e atribuições.
Para cumprimento dos textos referidos foram expedidOS a Lei
5.010, de 30 de maio de 1966, e o Decreto-lei 253, de 28 de fevereiro de
1967 e para a execução desses diplomas é que estamos reunidos, a fim de

52
instalannos a Magistratura Federal de Primeira Instância na Seção do
Estado da Guanabara.
Desobrigando-me da incumbência de proceder a esta
instalação, saúdo os novos Juízes, titulares e substitutos, que irão
representar o Poder Judiciário Federal como seus primeiros delegados no
seio do povo deste Estado. Acentuo que receberam esses ilustres
Magistrados sua investidura por honrosa escolha do entAo e eminente
Presidente da República, cujo ato foi confinnado pelo Senado Federal, e
este fala em nome do povo brasileiro, como seu representante direto. Só
isso bastaria para justificar a confiança que nesses ilustres Magistrados
depositamos.
Sabemos, sem dúvida, posto que participamos dos trabalhos
desta instalação, quão árduos estes se apresentam, pela manifesta
carência de meios materiais e pelas notórias dificuldades de ordem diversa
que se oferecem à sua boa execução. Não se repetiu , infelizmente, o
milagre da bela fábula mitológica, de Palias saindo completa e armada da
cabeça de Zeus. As armas com que esta Magistratura ora sai em campo
SoA0 as da Constituição e as leis do País, e seu perfeito funcionamento
resultará do esforço, do espírito de iniciativa e da dedicação à causa
pública, de seus Ilustres integrantes. E cumprirá lembrar, nestes íngremes
trabalhos iniciais, o dito britânico de que o difícil de fazer é o impossivel.
Muitas impossibilidades precisamo ser vencidas ainda, para que esta
Justiça venha a ser distribuída de forma perfeita, tal como é de ser
desejado. De cada um de seus Juízes Federais, e de seus Juízes
Substitutos, muito há que exigir, mas muito há que esperar. Confiamos,
porém, que sejam todos dignos do relevante encargo que lhes foi cometido,
e que o Judiciário Federal da Primeira Instância, nesta Seção da
Guanabara, auxiliado e prestigiado pelos nobres advogados que aqui
militam, possa preencher, em sua plenitude, os anseios dos que buscam a
Justiça da União.
Disse Rui Barbosa que "o esplrito do estadista constrói as
garantias; mas, se nAo houver homens no meneio da máquina, quem
garantirá as garantias?- Que as garantias do Direito Federal sejam bem
asseguradas ao povo do Estado da Guanabara, pela nova Magistratura que
ora se instala, são os valos que fazemos, rogando à Divina Providência,
sede de toda a Justiça, que sobre ela faça descer suas luzes, sua
inspiração e suas bênçAos.
Cumpro ainda o dever de agradecer aos Eminentes
Desembargadores Presidente e Corregedor do Tribunal de Justiça do
Estado da Guanabara e ao ilustre Presidente do Tribunal de Alçada, de cuja
sede ora nos valemos, o inestimável auxílio que prestaram e continuaram a

53
prestar aos trabalhos de instalação da nova Justiça, e a alta e generosa
cooperaçao dada aos seus Juizes.
Declaro instalada, na Seção Judicltnia do Estado de
Guanabara. a JustIça Federal de Primeira InstAncta, e cometo aos seus
Juizes, em sua P'enltude, as atribuiçOes e os poderes que a ConstituiçAo e
as leis federais lhes conferem .

54
TERMO DE POSSE NO CARGO DE PRESIDENTE
DO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS,
EM SESSÃO ESPECIAL DE 23/06/1967.
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57
DISCURSOS PROFERIDOS DURANTE A CERIMONIA DE
POSSE DO EXMO. SR. MINISTRO OSCAR SARAIVA COMO
PRESIDENTE DO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS,
EM SESSÃO ESPECIAL DE 23/0611967.
Do Exmo. Sr. Ministro Antônio Neder,
em nome do Tribunal Federal de Recursos.
o EXMO. SR. MINISTRO ANTÔNIO NEDER (EM NOME DO
TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS): Exmo. Sr. Ministro Oscar
Saraiva.
Tio abundantes e tio nobres são os atributos de V. Exa., e tal
é a constAncia com que sAo efes vividos em todos os seus atos, que nos
parece difícil destacar um só desses predicados para nos inspirar neste
momento em que lhe tributamos esta merecida homenagem.
t certo que pOderlamos realçar alguns traços mais fortes do
excelente jurista que é V. Exa ., fonnado sob influxo das idéias e ideais do
seu tempo; do liberal à Inglesa, que só admite a intervenção estatal para
compor Interesses em prol do bem comum; do professor, que procura
ensinar o Direito como ciência da liberdade e da libertação, temperando
suas lições com generoso e humano entendimento; do autor, ainda que
bissexto, que expressa a venlade com dareza , tomaOdo-a acessível aos
menos dotados; do administrador avisado. que sabe prever e prover.
compor interesses. escolher sotuções e assegurar o predomínio da regra
moral de conduta .
Sob vários tngulos poderíamos falar da sua distinta
personalidade; e é certo que, sob qualquer deles, o estudo seria rico e
abundante.
Preferimos, contudo, realçar o excelso Juiz que tem sido V.
Exa .. Estamos em que, assim preferindo, destacaremos aquilo que na sua
pessoa condiz melhor com o seu sentimento; e, doutro lado, combinaremos
o assunto e a ocasião, o que para a Justiça é proveitoso.
Parece-nos que se confundiram em V. Exa. a magistratura e a
sua vocação. Filho de Desembargador e sobrinho de Min istro do Supremo
Tribunal, dotado, pois, de nobre ancestralidade, dir·se~ la que v. Exa. teve
sua fonnaçAo plasmada pera Justiça, donde o servi·la com o coração, tanto
quanto o faz com a Inteligência e cultura, que na verdade lhe sobram.
Convenhamos, todavia, Sr. Ministro, que em V. Exa. é sua
reconhecida vocação de julgar Que o completa como juiz. Eis a grande
força de sua magistratura. SAo Paulo avisou aos Coríntios: ' Cada um
pennaneça no estado em que foi chamado·. Com essa advertência, editou
norma ética, sempre atual.

63
NAo basta trabalhar o trabalho ou Investir-se no cargo.
Necessário é trabalhar com engenho e arte ou investir-se no cargo por força
da competência . É o princípio da boa-fé no obrigar-se . Se assim deve ser
em tudo, grande ou pequena seja a tarefa , como nAo há de ser na de
julgar? sem dúvida, nAo basta investir-se no cargo de juiz. Algo mais é
necessllrio para qualificar-se como tal. É a vocaçêo de julgar que faz do
funcionário um juiz.
Se ao investir-se na funçAo de judicisr, o homem permanece
-no estado em que foi chamada", como na advertência de São Paulo, então
é ele um Juiz, legitimado pela vocação, que Deus Inspira, donde a
autenticidade da investidura, pré-sancionada pela aceitação e confiança
dos postulantes. Quando, porém, o funcionário se investe no cargo sem
"permanecer no estado em que foi chamado-, vale diZer -sem vocação·,
entAo nAo se trata de um Juiz, senAo , talvez, de um bom moço, prestadlo e
C8rreirista, faliseu ou mundano, que se dispõe a fazer o papel de juiz no
teatro da vida. Será espinhoso o trabalho de V. Exs., Sr. Minlstro-
Presidente.
Basta lembrar-lhe o problema da instalaçAo e funcionamento
da Justiça Federal da 1- InstAncia e o da anunciada criaçAo de mais dois
Tribunais Federais de Recursos.
A primeira não se concretiza porque o Tesouro não displie de
recursos para custear suas despesas; não obstante, sAo projetados os
outros, que por certo exigirão do Tesouro pesadíssima receita.
De outro lado , a primeira é necessária; os outros 510
notoriamente supérfluos. A desperto da seriedade do assunto e da
austeridade deste recinto, somos tentados a glosar o fato com algumas
palavras de John Wu, cognominado o Chesterton chinês, que assim
diferencia a busca da felicidade pelos Chineses e pelos Ocidentais: "Os
Chineses e os Ocidentais procuram ambos a felicidade. Mas os seus
métodos são fundamentalmente diferentes. Enquanto nós (Chineses), de
modo geral, tentamos refrear os desejos, os Ocidentais tentam ampliar os
meios para satisfazê-Ios.·
Ora , dado que somos ocidentais, consola-nos, pelo menos, a
virtude de sennos fiéis à nossa estranha vocaçAo de' lutannos pelo
supérfluo, quandO nem sequer temos o necessário; e, de outro lado, a
certeza de uma vitória, expressiva por sua retumbancia ... no campo das
aberrações.
Como é dificil. na prática . a arte de vivert Só agora
compreendemos o amargo registro do nosso já citado autor: "A arte de

64
viver é mais dfticil do Que a nataçAo, o equilibtio no arame, o boxe, a
aviaçAo; mais dificil que a escultura , 8 pintura . 8 poesia ou a música, e, no
entanto, toda 8 gente pensa que pode praticar arte tao difícil sem
autOdisciplina e sem cultura própria , É por isso que encontramos na vida
tantos amadores inabeis·.
A inda bem , Sr. Ministro, que V. Exa . é dotado de autodisciplina
e cultura própria. Com esses instrumentos poderá lançar-se ao mar. Seu
barco. é certo, enfrentará tempestades, e seu timoneiro terá que mobilizar
todas as suas virtualidades ao sofrer a maldade. 8 maledicência , talvez a
injúria, no mar sempre encapelado dos interesses contrariados. Contudo, no
auge da tormenta, e quando a SUB fúria o ameaçar, por certo há de lhe
socorrer e animar a lembrança daquela advertência do nosso Machado de
Assis: -As tempestades só aterram os fracos; os fortes enrijam-se contra
elas e frtam o trovAo",
Assim procedendo, V. Exa. chegará ao porto do destino; e a
ele chegará tranqüilo e vitorioso, qual ocorreria se velejasse em manso lago
azUl; sobretudo animado da certeza de nAo haver obUdo uma vitótia ... no
campo das aberrações.
Esses os nossos votos, que nascem do coração: e nossa
certeza , que vem da confiança.

65
Do Exmo. Sr. Or. Firmino Ferreira Paz,
em nome do Ministério Público Federal.
o EXMO. SR. OR. FIRMINO FERREIRA PAZ
(SUBPROCURADOR-GERAL DA REPUBLlCA): Exmo. Sr. Vice-
Presidente da República . Exmo. Sr. Ministro Oscar Saraiva. ~xmo . Sr.
Ministro Amarmo Benjamin. Exmo. Sr. Dr. Procurador-Geral da República.
Altas Autoridades Civis, Militares e Edesiásticas. Meus Senhores. Minhas
Senhoras.
No plano das sociedades humanas, ou mesmo, dos grupos
sociais, todos os homens ocupam posição hierárquica, ao simples instante
em que se aproximam uns dos outros. As inter·relaçOes humanas provocam
e fazem viva a escala hierárquica de valores. É fenômeno social que
desperta , em cada um, o entusiasmo, a admiração e o respeito por aqueles
que souberam, pela cultura, pela inteligência, pela honradez de atitudes,
pela bravura moral , pelos predicados mais nobres, dignificar a própria vida
e a do gnJPO social 8 que pertencem.
Essa homenagem, Srs. Ministros Oscar Saraiva e Amarílio
Benjamin , bem demonstra o que Vossas Excelências foram e são, dentro
da familia de juristas e magistrados brasileiros: expoentes méximos que
honram as letras juridicas do País.
A convivência cotidiana , Que vimos tendo, perante esse
Colendo Tribunal Federal de Recursos. com Vossas Excelências, tem~ nos
servido de estimulo e faz crescente a admiração Que votamos à marcante
personalidade de Vossas Excelências.
A serenidade nos julgamentos, a compreensão profunda dos
problemas juridicos que se apresentam . a solução segura e justa que
Vossas Excelências dão às questões jurídicas. tudo isso credenciou Vossas
Excelências, perante seus Ilustres e dignos pares. para o alto exercício das
árduas e nobilitantes funções de Presidente e Vice-Presidente do Colendo
Tribunal Federal de Recursos.
Dessas razões, o Ministério Público Federal, junto ao Colendo
Tribunal Federal de Recursos. tem a honra de saudar 05 dois eminentes
juristas brasileiros e lhes desejar felicidades.

69
Do limo. Sr. Dr. Décio Miranda, em nome da Ordem
dos Advogados do Brasil (Seção do Distrito Federal).
o ILMO. SR. DR. DÉCIO MIRANDA tEM NOME DA ORDEM
DOS ADVOGADOS DO BRASIL): 5rs. Presidente e Vice~Presidente do
Egrégio Supremo Tribunal Federal. Sr. Vice-Presidente da República. Srs.
Presidente e Vice-Presidente do Tribunal Federal de Recursos. Senhoras.
Senhores.
Na festa do vizinho e do amigo, não se fala da que celebramos
em nossa casa.
Mas, para justificar 8 minha presença nesta tribuna quando
nela apareceria, em nome dos advogados, o nosso Presidente, Professor
Francisco Ferreira de Castro, devo dizer que também a Ordem dos
Advogados. Seção do Distrito Federal, terá este dia marcado nos seus
fastos, com a aquisição do terreno em que será construída a nossa sede.
Presente S. Exa. a esse alo que se praticará com solenidade,
tendes. aqui, o substituto e o mau orador que designou, confiando
demasiadamente na vossa benevolência.
Esta mesma tarde, em que celebrais a comemoração de 20
anos da instalaçao deste Tribunal, escolhestes para a posse dos novos
Presidente e Vice-Presidente, Srs. Ministros Oscar Saraiva e Amarmo
Benjamin.
Nestes vintes anos, Srs. Ministros, nAo deixastes um s6
momento de atender aos apelos dos que confiaram no vosso auxílio e nas
promessas da vossa sabedoria.
E vossos esforços redobram, à medida que se acentuam os
acréscimos da presença do poder do Estado na vida dos cidadãos, fazendo
atual, para o mundo moderno, a referência de Ovidio aos dias nefastos em
que nao se podiam ouvir as três palavras sacramentais da Justiça - tria
verba silentur.
Sobrevivendo a instituição às duas décadas que envelheceram
o quadro constitucional em que surgiu, e reaparecendo fortificada na Carta
de 1967, crescem as responsabilidades. Mas confiamos em que vossos
cuidados e vigilancia nAo desfalecerAo.

73
Aos pJ1melros passos de vossa afinnaçao no quadro das
instituiçôes da República , soube acudir um grupo iniciai de grandes Juízes,
dos quais continuam honrando esta Casa os Srs. Ministros Cunha
Vasconcellos, Henlique O'Ávila e Djalma da Cunha Mello, três expoentes
da diversidade de temperamentos que vivifica um tribunal, impedindo
aquela ~ invencible unanlmité grise" que vi referida em alguma antiga
leitura. Um exalta a liberdade pela liberdade; este , a liberdade através da
disciplina; outro , a disciplina pela liberdade .
Entre os mais novos Juizes, que também se hannonizam no
sentimento de justiça através dos mesmos diversos timbres e ressonAncias,
e os respeiléveis iniciadores das tradições desta Casa, situam-se o
Presidente que termina o mandato e os Presidente e Vice-Presidente que a
ele sucedem.
O Sr. Ministro Godoy Ilha volta à sua cadeira de juiz após
atuaçao profícua, em. que nenhum dos delicados aspectos da administração
desta Casa foi descurado, antes enfrentados com absOlvente dedlcaçAo.
Aumentado o quadro dos juízes com dois insignes magistrados e dois
notáveis de nossa classe de advogados, aceleraram-se os trabalhos.
multiplicaram-se as sessões e os julgamentos, tudo a repercutir em deveres
da Presidência. As prerrogativas do Tribunal como órgão superior da
Justiça Federal de 2- instAncia foram salientadas e esclarecidas contra as
incompreensões.
Os advogados aqui encontraram, sempre, livre ambiente para
o seu ministério, desejado como co/aboraçlo imprescindível e nlo apenas
admitido como garantia dos litigantes. E adiantaram-se substancialmente,
na sua gestAo, as obras da futura sede, a ponto de podennos prever para o
período presidencial que se inicia a mudança dos serviços do prédio que
hoie os angustia e constrange.
A custa de intenso labor, que lhe aniscou a saUde rija fonnada
nos ares fortes do Sul, O Sr. Ministro Godoy Ilha acrescenta, no rol de seus
serviços ao País, que começaram pelos postos eletivos no Municfpio e se
ampliaram aos do Leglstativo estadual e federal, o prestigio da
administraçAo que concluem nesta data.
O Sr. Ministro Oscar S.... iva, que hoje assume a Presidência,
está debitado por uma pesada carga de confiança de seus eminentes pares,
de esperança dos advogados e de responsabilidades perante o Pais.
No preciso momento em que começam a ter exercrcio os
quadros da Justiça Federal de primeira instAncia, tem particutar significaçAo
a circunstAncia de entregar o Tribunal Federal de Recursos a sua direçAo a

74
antigo Juiz do Tribunal Superior do Trabalho, versado no conhecimento dos
problemas organizativos de serviços judiciários presentes em todo o País.
Até há pouco, o Tribunal Federal de Recursos tinha jurisdiçAo contenciosa
de segundo grau, nAo a correspectíva jurisdição administrativa e disciplinar.
Para a tarefa, além dessa experiência, excelem os dotes
intelectuais e morais do novo Presidente. antigo advogado, Procurador
Geral, Consubor Jurídico dos mais abas escalões da Administração, juiz
desse Direito ainda jovem e inovador que é o do Trabalho, professor, cultor
festejado do Direito Administrativo e do Direito Constitucional.
Acima de tudo, é o Juiz que não s6 afirma em consciência,
mas reitera na ação prática, o postulado de que a Justiça não existe para os
Juízes, advogados e servidores, senão para os jurisdicionados. E isto tanto
no plano operacional como no plano conceitual." A crise do Direito, afirmou
S. Exa., tem, como causa principal, o seu afastamento da personalidade
humana, e esta, tanto no Direito Privado, como no Direito Público, deve ser
a sua finalidade última" (Estudos de Direito Administrativo e de Direito
Social, p. 6.).
Basta esse norte, esse roteiro, com todos os seus
desenvolvimentos e conseqüências, para que a sua atuação seja sábia e
eficaz.

A Ordem dos Advogados, pela sua SeçAo do Distrito Federal,


congratula·se convosco, Srs. Ministros, pelas perspectivas que nesta
solenidade se entremostram à confirmação dos augúrios de uma nova
administração enraizada nas tradições desta Casa, florescendo, porém, na
inovação e no aprimoramento.

75
00 limo. Sr. Or. Alberto Peres, em nome da
Associaçlo dos Procuradores AutArquicos Federais.
o ILMO. SR. DR. ALBERTO PERES (EM NOME DA
ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES AUTÁRQUICOS FEDERAIS):
Expressar - difícil verbo que minha'lma aterra! Traduzir - missão
relevantíssirna que me outorgaram! Saudar - mister sublime que me apraz
cumprir!
Em nome da APAF - Associação dos Procuradores
Autárquicos Federais, tentarei expressar os sentimentos de todos,
traduzindo, numa saudaçAo cordial, o regozijo de nossa classe.
Diante da responsabilidade tão gratamente assumida, busquei
conhecer o ~currtculum vitae" do novo Presidente do TFR. Edificante curso
de equilfbrio! Notável jornadasr da personalidade bem formada! Soberba
continuidade de uma frondosa e fecunda árvore genealógica!
No hercúleo tronco tAo antigo e tAo ilustre, está inoculada a
seiva imorredoura de uma vocação jurídica. Sim, Senhor Ministro, o avO
matemo de V. Exa. - Rodrigo Lobalo Marcondes Machado - 100 anos atrás
recebia o grau de bacharel em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade
de Direito de São Paulo. Há um século já se afirmavam os sulcos nobres na
seara brilhante que marcaria a trajetória de V. Exa .. O advogado prestigioso
que foi o avô materno de V. Exa., Senhor Ministro Oscar Saraiva, instalou
sua banca profissional em Taubaté, "tornando-se logo conhecido em todo o
norte da Província como notável advogado·. Sua atuação fulgurante e sua
liderança de fiel prócer do Partido Liberal valeram-lhe, em 1879, a
nomeação para Presidente do Rio Grande do Norte.
KOS selViços que o Sr. Rodrigo Lobato prestou àquela
província foram inúmeros: basta que se diga que o Govemo anterior
despendia cerca de mil contos por mês com as vitimas da seca e o
benemérito presidente reduziu essas despesas pela metade!· Para se dar
valor à profícua e valorosa administração do ilustre paulista, sejam
lembrados alguns conceitos que o Jornal do Comércio, em 29 de fevereiro
de 1880, publicava: gQ seu mais assinalado empenho tem sido economizar
os dinheiros públicos, regularizar as despesas com o socorro aos retirantes,
executar a lei e distribuir a justiça a todos·.

79
Foi Deputado Provincial por dez anos, em São Paulo,
Catedrático da Faculdade de sao Paulo, constituinte e incumbido, pelo
Senado Estadual, de ser um dos dois redatores do projeto de reforma
judiciário estadual. Firrnava-se assim uma tradição de cultura e de bem
servir, que na árvore genealógica de V. Exa. iria encontrar ressonAncia e
confirmação pelo lado paterno, no ilustre e respeitável nome do
Desembargador Dr. J. J. Saraiva Júnior, progenitor de V. Exa., casado com
a nobre dama Da. Henriqueta Lobato, dileta filha do Dr. Rodrigo Lobato
Marcondes Machado e dileta Mae de V. Exa .. Foi muito fácil descobrir
porque V. Exa. está atingindo as culminâncias desta Alta Corte de Justiça.
Constituiu um prazer verificar que o Ministro Oscar saraiva ergueu com
desvelo o monumento de sua vida, firmado em sólidas bases, que vem
honrando e ilustrando.
Nao seria necessário lembrar que o passado do novo
Presidente do TFR foi um ascender constante para este posto, numa
gloriosa escalada de posiçOes. Adjunto do Procurador Geral do Conselho
Nacional do Trabalho, em 1928, Procurador do Departamento Nacional do
Trabalho, em 1934, organizador e 111 Presidente do IAPB, em 1936 e
Procurador Geral do IAPC, no mesmo ano.
A enumeraçAo de alguns desses brilhantes lances de sua
nobililanle existência justificam a decisão da APAF de se fazer representar
nesta magna sessão solene, da qual fez questlio de participar oficialmente.
É com justificado orgulho que os procuradores autárquicos se associam a
uma homenagem de elevado padrão cultural e juridico na consagraçDo da
Honra ao Mérito.
Nós reconhecemos e nos rejubUamos de proclamar que nossa
classe participa das glórias que cercam a personalidade do Ministro Oscar
Saraíva, que ocupou na Previdência Social os mais elevados cargos, com
mérito e nobreza.
De 1955 a 1960. S. Exa .. foi Ministro do Tribunal Superior do
Trabalho e, em 1960, Ministro do TFR. Consagrado hoje Presidente, V.
Exa. Senhor Ministro Oscar Saraiva, olhando do alto dessa posiçAo tão
elevada, há de enxergar o caminho percorrido, com a tranqüilidade dos
triunfadores. No fundo do coração, ali onde ninguém penetra, muitos hinos
de glória devem ser entoados, muitos repiques festivos de sinos matinais
hão de ouvir-se, muitas flores Mo de colorir e de perfumar! No recesso de
cada ser existe um tribunal, irrecorrivel e irretocável. No caso de V. Exa.,
reunido o Tribunal Pleno, houve por bem decidir que é justa esta
investidura. É unénime a decisão, consagrador o acórdAo. Não há votos

80
dissidentes! Nenhuma jurisprudência conflitante! r:: sentença final, é glória
perene, é alegria sem lermo!
Em 19 de novembro de 1964, a estas mesmas horas,
presentes os Exmos. Srs. Ministros Henrique D'Ávila, Djalma da Cunha
Mello, CAndido Lobo , Godoy Ilha, Oscar Saraiva. Amarilio Benjamin,
Armando Rollemberg e AntOnio Neder, o Sr. Ministro Cunha Vasconcellos.
Presidente, declarava aberta a sessão solene, especial, para as deSpedidas
do Sr. Ministro Candido Lobo.
Peço vênia para relembrar aquela memorável sessAo, em que
o Presidente Cunha Vasconcellos dizia: "NAo tenho palavras que possam
traduzir, com facilidade, o nosso sentimento comum. Estou certo,
entretanto, de que este nao deixará de ser dito, porque há um orador
destacado para falar em nome do Tribunal, nome assaz conhecido pela sua
cuttura, pela beleza da forma de seus discursos e pela autenticidade de que
se reveste como representante mais lídimo da expressa0 do Tribunal: é o
Sr. Ministro Oscar Saraiva. Foi muito fácU seguir o roteiro da história e
deter-me nos comovedores momentos daquela inesquecivel sessAo de
despedida. AChei murto COmoda a tarefa de sintetizar o juJg.amento que de
V. Exa. fazem todos, procurando relembrar os conceitos que V. Exa.
aplicou, naquela hora. É a conceituaçao do ideal de um Juiz, é o protótipo
das qualidades que V. Exa. declarava serem ideais em um magistrado.
Assim dizia V. Exa.: "Nao se encontra ali um Juiz aferrado ti
COmada atitude de querer tudo resolver dentro dos quadros jurfdicos
romanísticos, mas uma consciência voltada para a realidade do mundo
contemporâneo e desapegada das sebentas de um direito anacrOnico, para
integrar-se no momento presente, estudando e meditando longamente em
tomo dos múltiplos e intrincados problemas que oferece. Não se limita a
aplicar as leis novas, invocando sumariamente a escravização do Juiz ao
seu texto: penetra-Ihe 8 ratio, descobre-lhes a lógica e o acerto, e
patenteia-Ihes 8 justiça recfamada pelo bem de todos, que é o fim úttímo do
direito.
Excelência: Esse é o Magistrado que os Senhores Ministros do
TFR elegeram seu Presidente . É o julgamento de seus pares, que nós
vimos aplaudir e comemorar! Ê a voz insuspeita de mestres e cultores do
Direito, que consagram em V. Exa. as qualidades do Magistrado e as
virtudes do homem íntegro e emérito prolator de sentenças. É o vir probus
., c/kondi pwttus.
Na figura simpática do Inclito Magistrado tundiram-se todas as
suas múltiplas atividades - o jornalista, o advogado. o consultor e o
professor. Sua liderança começou 80 bacharelar-se, laureado que foi com o

81
prêmio ~Conselheiro Cândido de Oliveira". Quarenta e três anos depois,
nesta hora, confirma-se em apoteose a sublime vocação e 8 invulgar
personalidade. Nós, os Procuradores Autárquicos, nos associamos a estas
honras magníficas. Juntamos nossa voz, num preito de justiça, ao coro
monumental com que o mundo jurídico brasileiro consagra a glória de um
Juiz, o mérito de um Jurista. Na Capital da Esperança, que se orgulha dos
magistrados que recebeu, V. Exa., Senhor Ministro Oscar Saraiva, brilha
em generosos horizontes, circundando, no firmamento glorioso do Planalto,
o nome de V. EX8. como um dos ilustres Presidentes do Tribunal Federal
de Recursos. Na galeria dos Presidentes mais um sol vai brilhar por suas
nobilitantes origens, por seu invulgar saber juridico e por suas ilibadas
virtudes de Juiz e de cidadAo.

82
Do Exmo. Sr. Ministro Oscar Saraiva,
em agradecimento.
o EXMO. SR. MINISTRO OSCAR SARAIVA (PRESIDENTE):
Nesta data de 23 de junho, precisamente há vinte anos, e em cumprimento
à lei n° 33, de 14 de maio de 1947, instalava-se na cidade do Rio de
Janeiro, enUlo CapHal da República, o Tribunal Federal de Recursos, sob a
presidência do saudoso Ministro Armando da Silva Prado, presente, como
Subprocurador-Geral da República, o então Procurador e alual Presidente
do Supremo Tribunal Federal, o eminente Ministro Luiz Gallotti, e com 8
inestimável colaboração do entAo Presidente da República, o eminente
Marechal Eurico Gaspar Dutra. Cumpriam-se, assim. os preceitos dos
artigos 94, li, e 103, da Constituição de 1946, que vieram dar sábio
desfecho 80S debates que se prolongavam desde a promulgação da
Constituição de 1891, sobre a conveniência da criação de outros tribunais
federais no Pais, além do Supremo Tribunal Federal.
Em verdade, o nosso primeiro diploma constitucional
repubticano, na tradução quase literal do texto da Constituição norte
americana de 1787, declarara, em seu art. 55, que:
·0 Poder Judiciário da União terá por órgãos um
Supremo Tribunal Federal, com sede na Capital
da RepúbUca, e tantos juízes e Tribunais Federais
distribufdos pelo País, quantos o Congresso
crear".
E. como é sabido dos conhecedores de nossa história
constitucional judiciária, essa nonna, traduzida da regra que os constituintes
de Filadélfia haviam adotado para o seu Pais, ensejou, entre n6s, e como
observou o insigne Pedro Lessa, -notáveis divergências·, expressa0
enfática com que exprimiu 8S dúvidas ocorrentes:
·Para uns a expressão - juizes e tribunais federais
- quer dizer - juizes singulares de primeira
instância e tribunais coletivos de segunda. Para
outros os vocábulos - juizes e tribunais - são
equivalentes a tribunais singulares e coletivos de
primeira instAneia, residindo no Supremo Tribunal
Federal a segunda e última instAncis-.

85
Em 1921 , a Lei 4 .381, de 5 de dezembro desse ano, veio
dirimir a controvérsia em favor do primeiro entendimento, prevendo a
criaçAo de tribunais regionais federais, respectivamente na Capital Federal
em Recife e em SAo Paulo . Mas a veemente oposição do Supremo
Tribunal Federal à idéia da plural~ de Tribunais F_rais de 2'
InstAncia, concretizada em emenda regimental, na qual afirmou, no art. 16,
§ lO, do seu Regimento, que essa Alta Corte era o único Tribunal de
recursos da justiça federal, velo tomar letra morta a lei referida,
continuando a judicatura a ser exercida na primeira instaneia, pelos Juizes
seccionais e, na segunda Inslancla, pelo Supremo Tribunal.
A ConstituiçAo de 1934 previu a criaçAo de um tribunal federal
Intermédio, mas seu texto, de curta vída , nAo recebeu execuçAo.
Somente a ConstituiçAo de 1946 é que veio dar ensejo a que
se criasse um tribunal federal de segunda instancia, como 6rgAo recursal
especializado, nas causas do interesse da UniAo, tal como estatuíu em seus
artigos 94 e 103, embora, e paradoxalmente, nAo houvesse restabelecido a
Justiça Federal na primeira instAncia, que fora suprimida pela C.arta de
1937. Criou-se. pois, o atual Tribunal Federal de Recursos.
Dos bons resultados dessa criaçAo seriamos suspeitos para
dlzê~ Io,
mas folgo em invocar o testemunho de Pontes de Miranda , um dos
mais autorizados e eminentes mestres do nosso Direito Constitucional, e
sabidamente parco em adjudicar louvores, quando nos seus Comentjrios à
ConstituiçAo de 1946, diz, a propósito do artigo 94, que -em tão poucos
anos de atividade, os serviços que ao país tem prestado o Tribunal Federal
de Recursos sAo enormes'"(vol. 11. pág. -446).
Em 1960, cumprindo preceito constitucional , e seguindo o
Supremo Tribunal Federal, translsdou-se o Tribunal Federal de Recursos
para a nova sede da República, instalando-se em Brasma, onde realizou
sua primeira sessAo ordinária a 20 de junho desse ano, com o que acaba o
Tribunal de complelar, trasanteontem , sete anos de funcionamento no
Planalto Central brasileiro, como penhor e reafirmaçlo viva de sua própria
condk;Ao federativa, 8 demonstrando, 90S aiticos, cépUcos 8 descrentes,
com a assiduidade de seus membros, e o volume do trabalho realizado, a
sua plena capacidade para atender, em Brasília, aos encargos da segunda
instância da Justiça da UniAo.
surge, porém , nesta hora, precisamente quando o rendimento
dos trabalhos do Tribunal j~ superou, de muito, como adiante veremos, o
número dos processos e recursos que recebe para decidir, a intentada
criação de mais dois Tribunais Federais de Recursos, franqueada ao Poder

86
Legislativo pela redação que veio a prevalecer no texto do Diploma
Constitucional de 24 de janeiro de 1967.
E, a esse respeito, tenho como de meu dever - o primeiro que
me cabe cumprir jé na presidência do Tribunal - o de salientar perante a
Nação, e para a plena informação dos Poderes legislativo e Executivo, os
graves inconvenientes que essa divisA0 ocasionará, nAo somente à unidade
da AdministraçAo Federal, como à própria segurança nacional e à ordem
política interna.
E, ao propósito, permito-me uma breve digressão histórica
para salientar que o Brasil, mercê da boa Providência que o protege, e
graças à clarividência de seus governantes coloniais, imperiais e
republicanos, somente teve bipartida sua unidade administrativa no plano
mais amplo, tanto na ColOnia, como no Império e na República, em duas
épocas remotas, em 1572, com a divisa0 do nosso País em dois governos-
gerais, e em 1621, com a criação do Estado do Maranhão. E essas duas
longfnquas experiências resultaram em assinalados malogros, e não
tiveram duraçAo e continuidade.
Nem a implantaçAo da Federação, com a República, veio
trazer qualquer repartição regional à administração monocêntrica da União
Federal, sem embargo das autonomias reconhecidas aos Estados e
Municípios. A esfera de açAo federal permaneceu integra, sem divisões
subordinadas a critérios geogréficos, pois as autoridades administrativas da
União, nos Estados, sAo meros delegados e atuam apenas em plano restrito
local.
E a essa continuidade unitária da administraçAo é que
devemos, por certo, o verdadeiro milagre da unidade nacional, não
obstante a vastidão de nosso território, o que nossos irmãos hispano-
americanos nao conseguiram, nem mesmo em grande escala, embora,
como nós, e quando de sua independência, tivessem em favor da unidade
a comunidade de língua, de costumes e de religião. Faltou-lhes, porém, a
unidade administrativa e judiciária.
Fragmentar a unidade jurídico-administrativa federal, a nosso
ver, é introduzir no bloco monolítico da união nacional suas primeiras
frestas, e abrir caminho para divisões mais profundas. Dir-se-á, contudo,
que nao é o Executivo que se intenta fragmentar, mas o Judiciário Federal.
O argumento valeré apenas em sua aparência. Quando o Poder Executivo
aplica a lei, o contraste do valor desta, a declaração de seu alcance e o seu
exato entendimento, acham-se cometidos pela Constituição ao Poder
Judiciário, cabendo às cortes de segunda instAncia o pronunciamento mais

87
pronto e Imediato sobre as divergências que possam ocorrer nos órgAos de
primeira instancia.
Ora , no AmbHo da administração federal, conhecemos todos
nós, que temos a experiência da vida judiciólria, como são freqüentes as
dúvidas que se opõem às leis de alcance administrativo, especialmente em
matéria tributária, quando de sua expedição. SOmente após reiterados
pronunciamentos judiciais é que o cumprimento das leis se toma pacifico,
tranqUito e unifonne em seu entendimento e aplicaçAo, na extensAo
nacional. Como, pois, pretender dividir o Brasil em regi6es distintas, tencf(r
se em vista apenas cfitétios geográficos de IaUtude, com a possibilidade de
pronunciamentos diversos de vários tribunal! de segunda InslAncia?
O Direito Administrativo, o Direito Tributário e o Direito
Maritimo e Aéreo, estes últimos cometidos hoje à jurtsdlçAo federal, iriam
ter várias interpretações autorizadas, em passiveis pronunciamentos
antagOnlcos. E, mais grave ainda, os crimes políticos, entregues também à
jurlsdlçAo federal pelo novo Diploma Constitucional, ficariam passiveis de
entendimentos e definições diversas, com a mais funda repercussão na
ordem pública e social vigentes. O norte, o centro e o sul do País estariam
praticamente sujeitos a normas jurfdicas diversas, pelo menos enquanto o
Egrégio Supremo Tribunat Federal nAo viesse a reun j..las, em novo e
hercúleo labor, que se lançaria sobre o pretória excelso. mas que
perduraria, em seus efettos maléftcos, enquanto as declsOes divergentes
pendessem de seu pronunciamento.
Em nome da aparente facilitaçao dos julgamentos de segunda
instAncia, agravar-se-ia, irremediavelmente, o acúmulo de feitos no
Supremo Tribunal, voltando-se a reincidir no erro que os legisladores
constituintes têm procurado corrigir, na tendência louvável de cometer a
essa Suprema Corte, de preferência os altos problemas constitucionais da
NaçAo, ou a matéria relevante nas divergências dos Tribunais estaduais.
E dissemos .pa~e f8cil~8ç1l0 porque o Tribunal fedel1ll de
Recursos. depois dos retardamentos intciais motivados pela sua mudança
para Brasítia, e esped almente após a majoraçAo do número de seus
membros de nove para treze, tem superado, nos seus julgamentos, o
número dos processos que recebe.
Assim é que no ano de 1965 foram dlstribuldos 6.300
processos, e julgados 6.949. Já em 1966 foram distribuídos 5.926 e
julgados 8.993 processos, números expressivos que evidenciam nAo s6 o
decréscimo de causas, decorrentes da legislaçlo restritiva de facilidades
em mandado de segurança, mas em aaéscimo manifesto de produtividade.

88
Note-se que o número dos julgamentos nesses dois útlimos
anos mencionados se emparelha, com acentuada aproximaçAo, ao dos
julgamentos do Egrégio Supremo Tribunal Federal, que em 1965 julgou
6.241 processos, e em 1966, 9.175, com uma diferença para menos, no
primeiro penodo, de 708 processos, e para mais, no útlimo ano, de 182
processos, evidenciando-se, especialmente no ano findo de 1966, o
equilfbrio nos serviços dos dois Tribunais. Esse simples cotejo de números
demonstra que, pelo critério material do serviço a atender, o volume dos
encargos dos dois Tribunais é praticamente equivalente, pelo que também
desnecessália a pretendida tripartição da jurisdição federal de segunda
instância, além dos graves e manifestos inconvenientes que a iniciativa
trará aos atlos interesses nacionais, confonne já apontamos.
No momento atual - e agora falo como Presidente do
Conselho da Justiça Federal- o que urge é acelerar, por todos os meios
disponiveis, a implantaçAo dessa Justiça em sua primeira instância, como é
da maior necessidade para a boa ordem dos negócios da UnlAo e para a
melhor garantia dos seus ckladAos.
Nesse particular, contamos com a indispensável colaboração
do Poder Executivo, que, aliás, já a vem prestando, por intennédio da
valiosa cooperação do eminente Ministro da Justiça, o Exmo. Professor
Luís AntOnio da Gama e Silva, o qual, pelo seu interesse e pelo apoio
emprestado na SOlUça0 das ingentes dificuldades que se nos deparam, tem
dado vida e realidade ao principio da harmonia dos Poderes do Estado.
No campo judiciário da Constituição, esta é a obra que no
momento se impOe à atençAo desses Poderes, e que carece de ser levada
8 termo com rapidez e sem esmorecimentos, para que a Justiça Federal
possa, em ambas as suas instâncias, atender às suas finalidades de tAo
grande relevância para a NaçAo. Devo declarar que conto, para alcançar
tais fins, e para o êxito dos esforços que seria necessários, em relaçAo a
ambas as instâncias, isto é, a implantaçAo da Justiça Federal e o
aperfeiçoamento do funcionamento deste Tribunal, com a colaboração dos
meus ilustres colegas, os Exmos. Ministros que o integram. Pequeno é o
alcance dos esforços do homem isolado, e se maiores demandas recaem
sobre aquele a quem cabe, em certo período, exercer o encargo da
presidência, nem por isso poderá ele dispensar a ajuda de seus pares, cujo
conselho e critica 810 imprescindíveis ao êxito de sua missAo.
Conto, também, com a assistência dos ilustres advogados que
no Tribunal militam, e do Ministério Público, que junto a ele funciona, cujas
sugestOes e advertências desde já declaro receber a melhor atençAo.

89
Estou certo de que terei a dedicada e necessária cooperaçAo
dos funcionários desta Casa, dos mais graduados aos mais modestos,
esses soldados desconhecidos, mas indispensáveis à eficiência de qualquer
aparelhamento judiciário. Rogo, enfim, o amparo e a proteçAo da
Provktência Divina . Sem esta, e na bela imagem do Livro de Jó, o homem
é mera ·folha arrebatada pelo vento·.
Com essa colaboração, e sob esse amparo, espero poder
cumprir, no pertodo de meu mandato, com justiça e com diligência, os
deveres do aHo cargo de Presidente do Tribunal Federal de Recursos, que
neste ato solene assumo, e que me 510 transmitidos pelo meu eminente
colega e muito caro amigo, o Exmo. Sr. Ministro Godoy Ilha, o qual com a
nobreza de seu caráter e a honradez do grande juiz que é, soube, de sua
parte, bem se desobrigar desses deveres.
Meus senhores, tenninada a primeira parte do meu discurso,
que para resguardo das emoções de uma hQ(a tio sensibifizadora, porque a
emoçAo nos perturba . trouxe escrito. cumpre~me agora dirigir os
agradecimentos aos louvores Imeredd05 que recebi do meu eminente e
prezado amigo, &. Ministro Antonio Necler, do Hustre Subpmcurador·Geral
da República, Dr. Firmino Ferreira Paz. do meu amigo, colega do Tribunal
Superior Eleitoral, Or. Décio Miranda, e do btilhante Procurador Autárquico.
or. Alberto Perez.
Devo dizer que os elogios passaram da minha medida. Fui
jutgado com ben;gntdade excessiva, dlvetgindo, nesse partJCUlar, daq~a
rotina habituai do nosso Tribunal, no que respeita ao eminente Ministro
AntOnio Nader, que. neste ensejo, foi muito benigno para comigo. Apenas
devo contessar que esses elogios aWoroçaram, como é natur&'. minha
vaidade humana. e trouxeram·me maiores estimulaS para que possa bem
cumprir meus deveres.
Consigno uma particldar mençlo de agradecimento ao Sr.
Procurador, Or. Alberto Perez, pela referência que fez à minha famflia,
especialmente a meu avO Rodrigues lobato Mat COlideS Machado. que foi.
realmente, advogado nOh1lvel, a, digo mais, para OIguJho meu, um homem
dtgno e tio firme nas suas convlcçOes, que foi sepultado envolto na
Bandeira Imperial porque se reçusara 8 aderir ao novo regime. É profundo
meu agradecimento ê referênda a meu pai, o Desembargador Joaquim
José Saraiva Júnior, de quem herdei 8 única qualidade que julgo em
von!ade possuir: esse amor profundo • Justiça e o exemplo da sua vida de
grande Magistrado. Sou grato a essa mençlo porque • InvocaçAo dos
antepassados, radicada na tradlçAo romana do culto aos deuses-Iares, faz
com que procuremos reviver em nossa vida suas qualidades.

90
Que a Provklência me ajude neste momento. e em todos os
momentos de minha vida. a seguir os exemplos que me foram apontados!
Antes de encerrar 8 sessAo agradeço a presença de tantas e
eminentes autoridades do Poder Juclici4:rio, do Poder Executivo, do Poder
Legislativo, e pennilo-me uma referência especial, com a devida vênia , à
presença do Ministro Presk:Jente do Egrégio Supremo Tribunal Federal, o
Sr. Ministro Luiz Galtottl, porque S. Exa. sacrifICOU uma de suas caras
tradiçOes familiares para estar presente nesta eerimOnla . Nós, que
conhecemos o grau de devotamento familiar do Sr. Ministro Gal/ottl, somos
extremamenta gratos a S. Exa. por ter compareddo, não apenas para
homenagear seu velho amtgo e veterano colega da Facukfade de Oirerto do
Rio de Janeiro, mas também para homenagear o Tribunal Federal de
Recursos.
Ao Sr. Vice-Presidente da República , e 8 todas as attas
autoridades presentes, Ministros de Estado, membros do Judiclario, a todas
as demais autoridades. confesso-me, em nome do Tribunal. sumamente
grato. E agradeço nlo apenas em meu nome como em nome também do
Sr. Ministro Amarflio Benjamin, a quem tio justos louvores foram dirigidos,
e que. por uma questAo de protocolo, guarda o seu silêncio discreto. Os
elogios devidos a S . Exa. foram e 510 inteiramente merecidos.

91
DISCURSO DO EXMO. SR. MINISTRO OSCAR SARAIVA
PROFERIDO NA INAUGURAÇÃO DO EDIFlcIO·SEDE DO
TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS, EM 18/06/1969.
o EXMO. SR. MINISTRO OSCAR SARAIVA (PRESIDENTE':
Os estudiosos das ciências sodais assinalam , desde os periodos mais
remotos, como uma das principais razões da existência do estadO, surgida
dentre 8S populaçOes primitivas, e à medida que estas evolufam para as
primeiras cktades, 8 necessidade da existência de magistrados, que
dirimlssem os IillgJos ocorrentes dentre seus membros, e para a imposiçAo
de penas aos transgressores de suas leis e de seus costumes.
E tAo sagradas eram essas funçOes exercidas em nome da
divindade, que juízes e sacerdotes se confundiam. É o que lemos, aliás, no
Velho Testamento, no Livro dos Jurzes, também Sumos Sacerdotes.
Somente com o correr dos tempos é que 8S funç6es se
diferenci8f1ilm, e, em Roma, da qual recebemos nossas instituições Jurfdieas
bésicas, vemos surgir 85 primeiras magistraturas civis e singulares, na
fIgUra do pretor, incumbido de aplicar 8 lei, e Investido de honras e
prerrogativas consulares.
Mas, pelo fato de ser coletiva, na Grécia. a imposiçAo da lei,
fazia-se a judicatura na praça pUblica, e a céu aberto - na Agora - corno
também em Roma, no Fotum, embora neste ttvessem os Pretores seus
pavilhOes, em que distribufam justiça. Por isso, das duas grandes
civlllzaçOes _ a i s . rooobemos. como legados arqunel/lnicos, seus
templos, mas nenhum pretório. Da Idade Média, dominada pela sua
profunda fé cristA, foram·nos legadas maravilhosas catedrais góticas: mas,
no tocante di Justiça, restou-nos apenas a tradiçAo comovente do bom 510
Luis, Rei de França, distribullld()..a a seus SÚditos. sombra de um carvalho.
someme 00 S6<:u1O XIX. com a vitOria do coostitu<:ionalismo
formal. nascido nos fins do S6<:u1o XVIII na jovem naçAo norte-americana. a
na França Revolucionária. 6 que a idéia da separaçAo dos Poderes veio
trazer corno conseqÜência a edlficaçlo de Palácios da Justiça, dos quais
podemos apontar. como exemplos, os de Paris e o de Bruxelas, aquele
vizinhando com a Notre Dame. na Ilha de 510 Luis, em pleno coraçIo da
velha metrópole. e este dominando toda • cicIade. Também em
Washinglon. o ~ da COrte Suprema dos EOCaMs Unidos deslaca se
numa das principais artérias, com sua beta colunata grega.

95
No Brasil, prodamada a República, cuidou o Governo Federal
de dar sede condigna ao Supremo Tribunal que a Constituição de 1891
colocara na cúpula do Poder Judiciério, dedicando-.lhe o ediflcio de linhas
nobres que ainda hoje embeleza a Avenida Rio Branco, na antiga Capital
Federal, e onde se acha agora instalada a Justiça Federal de la InstAncia
da Seção do Estado da Guanabara. A seu turno, o Tribunal Federal de
Recursos, criado em cumprimento aos preceitos da Constituição de 1946,
foi condignamente instalado, no belo edificio do anttgo Pavilhao Britânico,
da ExposiçAo Internacional comemorativa do Centenário de nossa
Independência, e que fora doado ao Brasil pelo Governo de Sua Majestade.
E foi patrono de sua instalaçAo e da inauguração dessa imponente sede,
realizada na Administraçlo de seu primeiro presidente, o ilustre Ministro
Afranio AntOnio da Costa, o eminente Presidente da República, o Sr.
Marechal Eurico Gaspar Dutra, que, por motivos de saúde, nAo pode
comparecer a essa cerimOnia, mas que está presente em nossa grata
lembrança e no bronze que ornamenta este salAo.
Desse nobre edifício, viemos como pioneiros da primeira hora
para a Nova Capital, e, neste mês de junho de 1960, realizou o Tribunal
Federal de Recursos, sob a segunda presidência do Ministro Afranio
AntOnio da Costa, sua primeira Sessão na sede provisória, que ainda
ocupamos, e da qual nos deveremos mudar para este edificio, sua sede
definitiva, logo que inicie o recesso das férias judiciárias dos Tribunais
Superiores, no próXimo mês de julho.
Mas agora, que tal mudança tem inicio simbolicamente, com
este ato inaugural, é o momento de agradecermos aos Poderes Executivo e
Legislativo, cujos altos representantes nos honram com a sua presença; ao
Sr. Prefeito do Distrito Federal e ao Sr. Superintendente da Novacap, toda
a atenção, todo o prestígio e toda a colaboração que deram ao Tribunal e
que tomou possível sua inauguração, a primeira dentre a dos ediffcios que
participam do conjunto monumental desta Capital incomparável que é
Brasilia, e que traduz, na prática e na realidade arquitetOnica, o respeito
que merecem os altos tribunais da República. E ocorre a esse propósito
uma circunstância fmpar que desejo assinalar, como prova evidente e
tangfvel de nossas instituições politico-democráticas. Assim é que no
delineio da nova Capital, seus ilustres planejadores e arquitetos observaram
à risca a teoria de Montesquieu, e colocaram, na Praça apropriadamente
denominada -Dos Três Pod....s·, lado a lado, os edifícios-sede dos Três
Poderes da República, os do Legislativo, o do Executivo e o do Judiciário,
este representado pela Corte Suprema da Federação, o Supremo Tribunal
Federal. E para completar a instalação do Judiciário Federal, foi reservada
esta Praça, a -Praça dos Tribunais Superiores·, onde terão sede as

96
úttimas Instâncias da Justiça Federal, da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral
e da Justiça 'do Trabalho.
Reunir~se~Ao, em um só local , todas as sedes da Justiça da
União e das manifestaçOes dessa Justiça, em seus aspedos c[vico, militar,
político e social.
No que conceme ao Tribunal Federal de Recursos, ao qual,
pro brevitate, limito minhas referencias, direi que nele se realiza, em toda
sua exatidão, a observação de Burke, a de que ~a judicatura é algo de
exterior do próprio Estado· . Em seu Pretório, a UniAo, sob seus aspedos da
Administraçao Federal, iguala~se ao homem comum, e a ambos, sem
distingui~los, o Tribunal procura fazer Justiça, ao mesmo tempo que
resguarda a unidade da interpretação e da aplicação do Direito Federal.
Acentue~se que, já agora, este Direito - aplicado, em primeira Instência,
pela Magistratura Federal, e que dentre as tarefas do Tribunal
compreendem-se aquelas que, no regime judiciário anterior a 1946, cabiam
ao Supremo Tribunal, as de ser o órgão de segunda Instância dessa
Magistratura, o fIScal de seu fiel exercício, e o unificador de sua
jurisprudência. Ao Tribunal Federal de Recursos foi cometido e por ele
cumprido o árduo, mas honroso encargo de instalar, em todo o território
brasileiro, essa nova Magistratura Federal. E aqui vemos, com satisfação,
vários dentre seus ilustres titulares a prestigiarem esta cerimônia. Sob esse
aspecto, saliento que o Tribunal Federal de Recursos, no campo Judiciário,
se constitui em uma das mais seguras garantias da unidade nacional. E
nesta inauguração de sua nova sede, coincidente com o momento em que
a Revoluçao reexamina a estrutura política da Nação, para melhor adaptá-
la às realidades brasileiras, devemos ver, no simbolismo desse ato, a
necessidade indeclinável da modernização do aparelhamento judiciário do
Pais, para expungi-Io dos arcaísmos de que ainda padece.
Pennitam-me agora, os ilustres convidados e ouvintes, que eu
diga algumas palavras sobre o ediffcio que inauguramos. Seu planejamento
se fez sob a presidência de nosso ilustre colega, Ministro Amando Sampaio
Costa, e o lançamento de sua pedra fundamental na do colega eminente
que nos dá o prazer de sua presença, o ilustre Ministro José Thomaz da
Cunha Vasconcellos Filho.
As obras de edificaçAo tiveram início e grande impulso sob a
presidência do meu caro e eminente colega Ministro Godoy Ilha, cabendo-
me encargo de atender ao seu ténnino e a satisfação de presidir esta
inauguração, embora ainda restem certos serviços finais de conclusão e os
de sua mudança, que ficam aos cuidados de meu eminente sucessor já
eleito, o Ministro Amarflio Benjamin. Trata-se, pois, de trabalho coletivo

97
como soem ser bons trabalhos humanos, dos créditos de sua realizaçlo
devemos todos participar, juntamente com alguns funcionários dedicados
do Tribunal, sobre cujos ombros pesou a parte mais gravosa desses
encargos.
À Novacap, esse eficiente órglo de execuçlo urbanística de
Brasília, incumbiram os encargos de administraçAo das obras, realizadas
em duas etapas pelas empresas Construtora Rabelto S.A. e Ribeiro Franco
SA. Ao arquiteto Hennano Montenegro devemos a parte arquitetônica e
artfstica deste belo edifício. Dele direi Que não obstante suas linhas
modernas, que se destinam ao século futuro, ele sugere em sua solidez
retangular um antigo templo greco-romano, cujas colunas severas se
substituem pelas IAminas de concreto, em sua elegante sobriedade. Dirijo
meu agradecimento aos engenheiros e arquitetos, quer os das empresas
construtoras, quer os da Novacap, a cuja dedicada colaboração devemos a
execuçAo desta grande obra. E estendo ainda, esses agradecimentos, aos
trabalhadores que, por um quatriênio, aqui mourejaram, esses criadores
anônimos da grandeza de Brasília, oriundos, em sua maior parte, do
Nordeste, do Norte e do Centro de nossa Pátria, e cujo Animo de trabalho
constante e devotado, por si só serve de desmentido aos presságios
pessimistas de futurologistas mal infonnados, que nAo conhecem esta Terra
e sua brava gente.
Agradeço ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República
seu comparecimento por intermédio de tão ilustre representante, o Senhor
Ministro Rondon Pacheco. Nosso colega em letras jurídicas e, desde sua
juventude, dedicado às atividades par1amentares, em brilhante carreira
legislativa estadual e federal, traz S. Exa. as mais altas credenciais para
representar o Eminente Marechal Arthur da Costa e Silva nesta cerimônia
inaugural.
Também particulannente grata a todos nós, deste Tribunal, é a
presença amiga do eminente Ministro da Justiça, o Exmo. Sr. Professor
Luís AntOnio da Gama e Silva, cujo nome Ilustre temos a honra de ver
inscrito, ao nosso lado, nos dizeres comemorativos deste ato gravados no
limiar deste Pretória. Melhor testemunho não poderíamos dar a S. Exa. de
nossa estima, da alta conta em que o temos pelos serviços que tem
prestado à Justiça, e especialmente, no que nos toca, para o sucesso da
implantação da Justiça Federal de Primeira InstAncia.
Penhorado agradeço a presença do eminente Ministro
Presidente do Supremo Tribunal Federal e dos ilustres Juizes dessa
Excelsa Corte. Para nós, que exercemos a judicatura, esse Alto Pretória,
além de ser a cúpula do Poder Judiciário, é o nosso paradigma, e o espelho

98
onde todos buscamos um reflexo pelo saber de sua jurisprudência e pelas
virtudes exemplares de seus eminentes Juízes.
Aos Presidentes e Juízes tanto dos Tribunais Superiores como
os da Segunda e da Primeira InstAncia, por igual, os nossos
agradecimentos. Do mesmo modo ao Exmo. Sr. Prefeito do Distrito redaral
e às altas autoridades civis e militares que, neste ato inaugural, conosco
confraternizam e demonstram a unidade do Governo da República. Ao
eminente Procurador~Geral da República, Dr. Décio Miranda, aos ilustrados
membros do Ministério Público, e aos nossos colaboradores dedicados, os
51'S. Advogados, os mesmos agradecimentos.
Ao Exmo. Revmo. Sr. Arcebispo, nAo somente agradeço sua
bondosa presença, como peço vênia para, com humildade, lembrar suas
palavras de benediçAo, rogando à Divina Providência - que é a sede da
própria Justiça - que seu Santo Espírito seja o guia dos Juízes deste
Tribunal, quer os da hora presente, quer daqueles que, de futuro, venham a
integrá~lo.

99
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL DE ALGUNS
JULGADOS COMO MINISTRO RELATOR.
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO IdentW. Datai


Julg.

Ação de Anulaçl.o de Débito Fiscal -


Reclamação contra os lançamentos da Delegacia
Regional de Imposto de Renda ao tributar
reservas e lucros em suspenso -Inocorrência de
imunidade fiscal - Os lucros de banco que
pennanecem indivisos na posse deste, não se
beneficiam da imunidade tributária a que se
refere o art. 31, V, a, da Constituição Federal,
ainda que um dos seus acionistas seja Estado da AC
Federaçllo (Provimento) (T2) (TFR) 18.488-MG 28/06166

Ação de Indenização - Prejuízos sofridos pelo


abalroamento de auto de carga por veículo do
Ministélio da Guerra ao qual o autor atribui a
culpa do evento danoso - Indenização por dano
causado por preposto da UniAo, eis que provada AC
ficou 8 culpa do mesmo (provimento) (T3) (TFR) 12.323-DF 31/01/62

Ação Penal - Denúncia - Crime de concussAo -


Parlamentar - Pedido de licença ao Congresso
Nacional - Denúncia carecedora de elementos
indiciários - Extinção da punibilidade pela
sobrevivência da prescrição da ação - Aplicação
do art. 41 do Código de Processo Penal HC
(Concessão) (TP) (TFR) 1.515-DF 08/09/66

Açlo Reivindicatória - Provaram a propriedade


legitima sobre o imóvel ocupado pela UniAo, com
a documentação Que ofereceram da sua
transcrição no Registro Imobiliário e com a
vistoria realizada no curso do processo, na qual
ficou demonstrado conter-se o terreno ocupado
pela UniAo na área maior de propriedade dos AC
apelados (Provimento) (T3) (TFR) 11.284-GB 12/12/61

103
INFORMATIVO JURISPRUDENCIA~

ASSUNTO IlkIntW. Datai


Jula.

Açlo Rescisória - Declarando jacente a herança


de bens que decretou a sua arrecadaçAo a fim de
""""" enIregues ã UnlAo. COOlO de falo fOf1l:l1 - O
prazo pera a propo6itura da açAo rescisóóa é de de-
cadência e nao de presaiçAo (Pn"'"dência) (TP) AR
(TFR) 158-CE 05106167

Acidente Ferroviãrio - Indenização por danos -


A pensA0 deve ser paga ê vluva da vítima e aos
herdeiros - O seguro social nao deve ser
descontado no cálculo da condenaçao AC
(Provimento parcial) (T3) (TFR) S.864-DF 12/01/62

Acidente Ferrovillrio - Pingência - Quando do


movimento, a pingência nAo caracleóza culpa do
passageiro - A indeniza~o deve ter por base o
salirio da vítima ê época do evento -
Responsabilidade da Estrada de FeITO Central do
Brasil e conseqüente dever de prestar
indenização 80 pai do menor vitimado (Rejeiçao AC
- Emba'lJos) (TP) (TFR) 9.85SoGB 25/01/62
Acktente Ferroviário - Responsabilidade civil -
Choque de sua composfçAo com veículos
estranhos, ocorrido em virtude de falta de
cance~ em passagem de n/vai de movimento
Intenso -Indenização - Reclproddade de culpa- EAC
Custas proporcionais (Rej.içAo parcial)(TP)(TFR) 18.948-SC 14/11/67
Acidente de TraMito - Abalroamento de
automóvel com caminhA0 do Ministério da
Agricultura - IndenizaçAo - Responsabilidade da
UnlAo Federal pela reparaçio de dano causado por
mololista do 6fgAo federal na dIreçIo imprudente de AC
veiculo (Oesp"ovimento) (T3) (TFR) 6.64G-MG 13I09I60

104
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO ldentif. DaW


Julg.

Admínístraçlo Sindical - Não pode subsistir,


ainda que homologado pelo Ministro, ato
emanado de vontade particular de pessoas ou
grupos que, por si só, não têm poder
representativo, nem podem dlspor ou transigir em
matéria que somente autoridade púbUca
competente pode validamente decldir MS
(ConcessAo) (TP) (TFR) 31 .776-DF 03/06/63

Aposentadoria por Invalidez - Definitividade -


Vigência - Após cinco anos de vigência, a
aposentadoria por invalklez se converte em
definitiva - Apllcaçllo do Decrel<>-l.ei 8.769/46 AC
(Desprovimento) (T3) (TFR) 12.344-MG 16101162

Ato de Com6rclo - Exercício - Nilo cabe vedar


o acesso de contribuinte dado como faltoso
perante a Fazenda Nacional às repartições
flSC8is, mas dele cobrar o que for devKto pelas
vias judie/Mas p<úpnas - Incompatibilidade das AGMSG
regras de leglslaçllo (Desprovimenlo) (T2) (TFR) 43.213-SP 05111165

Censura Cinematognifica - Situa-.se a matéria


no âmbito da competência federal, quer no que
toca à atividade legislativa, quer no que conceme
à atividade adminêslrativ8, de vez que estio em
causa galllflias assegunldas pela COOSIituiçIIo AGMSG
Federal, 1111. 141, § 5· (Desprovimento) (T2) (TFR) 31 .719-SP 26/08/64

Competência - Recurso de declslo fundada no


Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATI)
convencionado pelo Brasil e outras Nações -
Incompetência do Tribunal Federal de Recursos APMS
(Desprovimento) (T2) (TFR) 32.493-SP 12f(l6163

105
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Datai


Julg.

Compra de Imóvel - Aquisição por segurado a


instituição de previdência social - Uma vez pago
integralmente o preço e satisfeitas as demais
exigências contratuais, deveria ser outorgada a
escritura definitiva do imóvel objeto do contrato,
livre e desembaraçado de todo e qualquer ônus -
A restrição de que o imóvel não poderá ser
alienado sem autorização do IAPB é ilegal, por
entender que estes textos não podem ser
aplicados retroativamente para alcançar
situações jurídicas constituídas antes de sua AGMSG
expedição (Desprovimento) (T2) (TFR) 43.568-SP 18/03/66

Concurso Público - Inscreveram·se em


paridade de condições em concurso para a
carreira de fiscal - Apurada a classificação
verificou-se que os autores obtiveram lugares
melhores situados do que o funcionário do
Instituto de Aposentadoria e Pensões dos
Industriérios - A investidura, no cargo inicial da
carreira de fiscal se fez em razão de situação
própria, originária de direitos diversos que lhe
assistiam, pois sendo, já antes do concurso,
funcionário do IAP1, assistia-lhe direito de pleitear
e obter sua investidura na carreira em questão AC
(Desprovimenlo) (T2) (TFR) 13.800-SP 28/09/62

Conselho de Política Aduaneira - Caso em que


não se configura a delegação de poderes que
esse preceito veda - Não é possível ao Poder
Legislativo, estatuindo sobre providências de
ordem econômica, descer a minudências e
alcançar fenõmenos mutáveis por sua própria
natureza - Constitucionalidade do art. 30 da Lei AGMSG
3.244/57 (Provimenlo) (T2) (TFR) 44.438-GB 24/05/66

106
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Datai


Julo.

Conselho Regional de Engenharia e


Arquitetura - Exercício da profissão de arquiteto
por construtor licenciado - Condições desse
exercício, nos termos do art. 3°, do Decreto
23.569/33 - Não encontra apoio no texto legal, o
restabelecimento da licença prévia para também
exercer a profissão, licença que obtivera mas que
fora cassada em razão de faftas apuradas nesse AC
exercício (Desprovimento) (T2) (TFR) 9.720·SP 14/12/62

Conselho Regional de Engenharia e


Arquitetura - Livre exercício de profissAo - O
exercício da profissão de avaliador não exige
habilitação especial sujeita a CREA, 8 não ser
nos casos em que essa avaliação visar a fins
oficiais, judiciais ou administrativos, casos em
que a habilitação e o registro sAo exigíveis EAC
(Recebimento) (TP) (TFR) 16.833·SP 18/10/66

Contribuições Previdenciârias - Empreitada -


O empreiteiro responde solidariamente com o
sUb-empreiteiro, relativamente às obrigações
decorrentes da legislação social - Só prova
inequívoca ilide a presunção de liquidez e
certeza que milita a favor da dívida regularmente AC
inscrita (Desprovimento) (T3) (TFR) 7.912·DF 26/01/62

Crime de Desobediência - Manifestada no


cumprimento das decisões judiciais - Denúncia
instruída com inquérito policial - Embora mantida
a condenaçao, concede-se a suspensao
condicional da pena, deferindo-se ao Juízo da
Primeira Instência fixar as condições em que ACR
aplicável (Provimento) (T2) (TFR) 1.261·SP 06/061ll7

107
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Dato!


Julg.

Desapropriação - Centrais Elétricas de Furnas


S.A. - Homologação de desistências - Adotados
os valores dos laudos dos peritos oficiais quanto
aos remanescentes - Confinnando a sentença,
tanto nas indenizações Quanto nos honorários
advocatícios fixados em 5% sobre as diferenças
apuradas - Correção monetária que se aplica
desde a data da avaliação oficial, ou exclusão
dos honorários de advogados neste cálculo AC
(Provimenlo) (T2) (TFR) 21.062·MG 07/03/69

Desapropr~ção - Centrais Elétricas de Fumas


S.A. - Indenização - Os laudos de avaliação não
vinculam o Juiz - Confirma-se a sentença, em
que justificados os valores estabelecidos, sobre
os quais se aplica a correção monetária -
Redução de honorários de advogado (Provimento AC
parcial) (T2) (TFR) 19.569-MG 09/06/67

Desapropriação - Desistência em parte - Ao


poder público é Ifcito desistir da desapropriação,
mesmo depois de intentada a ação -
Arbitramento da indenização que se mantém -
Redução dos honorários de advogado -
Aplicação da Lei 4.686165 - Custas proporcionais AC
(Provimento) (T2) (TFR) 21.532·MG 23/05/67

108
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO ldentif. Dotol


Julg.

Dasapropriaçao - Justo preço - Sua fixaçao


com base no laudo do assistente da expropriante,
prevalecendo. no mais, os valores arbitrados pelo
perito oficial - O pequeno tamanho do
remanescente é falor 8 ser considerado na
Indenlzaçao - Pagamento dos honorários dos
assistentes pelo expropriado - Aplicação da
correção monetária sobre os valores da
IndenizaçAo nos termos da Lei 4.686/65 AC
(Provimento) (T2) (TfR) 19.173-MG 02106167

Desapropriaçao - Para que a Petrobrás seja


compelKfa a pagar o valor de uma tIrea de 20
tarefas de terra que vem ocupando
irregularmente, pagamento que deverá ser
acrescido das importAnclas correspondentes a
perdas e danos - A correçAo da majoraçao
corresponde aos índices de depreciação
monetária, como indicada pela Fundaçao Getúlio
Vargas, no período que vai da dala de notificaçao
ilI data de avaliaçAo que, pela lei deve prevalecer
- Juros compensatórios conlados da data da AC
açllo (Provimento parciaQ (T2) (TFR) 18.327· BA 031G4164

Oesapropriaçlo - Remuneraçao dos assistentes


técnicos do perito oficial - Em processo
expropriatório, devem as custas ser proporcio-
nais, no caso em que o expropriado exige maior EAC
soma e é verdade (Rejeiçlo) (TP) (TfR) 18.108·MG 14/11/67

109
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Idemit. Datai


Julg.

Embargos Infringentes - O acórdão de


apelaçao, nAo ensejando embargos Infringentes,
continua na mesma posição. não obstante a
Intercorrência de embargos de dedaraçAo, Que o
interpretaram , por maioria - Esta clrcunstAncla,
de forma alguma, proporciona embargos AC
(Desconhecimento) (l'P) (l'FR) 17.961-RJ 21/06186

Ensino Superior - Ato da direção de Escola de


Direito mantida por Instituição particular, mas Que
exerce no ensino que ministra. funçao delegada
de Estado é susceptível de mandado de
segurança - A lei geral do ensino nAo prejudica
disposiçAo regimental da Faculdade , no tocante à
exigência. da nota mínima para aprovaçao no APMS
final do ano (Desprovimento) (1'3) (l'FR) 21 .173-SP 06/1 2161

Equiparaçlo salarial - NAo se confundem com


os médicos os biologistas, dai porque nAo podem
estes pretender que se lhes reconheça a
remuneraçao assegurada aos médicos - ApIicaçAo AC
da Lei 488148 (Oesprovimento) (1'3) (TFR) 6.145-SP 24/f)1161

Estelionato - Grosseira execução da tentativa


de adull.raçllo de cédula monelélia - Réu
incurso no art. 290 do Códtgo Penal (Provimento ACR
parcial) (1'2) (TFR) 971-RJ 25/06/62

Execuçlo Fiscal - Cobrança de contribuições


pelo IAPC - Empresa privada - Sócios solidários
- A falta de mençAo da integralização das Quotas
do capital de cada sócio importa a subsistência
da presunçllo de Ilquidez e certeza da divida AP
(Desprovimento) (1'3) (l'FR) 13.326-SP 12/09/61

110
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Datai


Julo.

Execução Fiscal - Nulidade - Fiscalização


cabível - A ação própria para anular a sentença
final ou o despacho que decide logo o mérito,
dada à revelia do réu, é ação rescisória - Tal
procedimento, porém , pertence à Segunda AC
Instância (Rejeição - Embargos) (TP) (TFR) 16.15~GB 03/12/62

Execuçlo Fiscal - Recebimento do Serviço de


Alimentação da Previdência Social da
importância proveniente de imposto de
transmissão inter vivos, taxas e multas -
Impossibilidade de Estado federado arrecadar
tributos do SAPS, instituição de previdência
social e serviço descentralizado da União, sob
pena de violar, não só o texto de lei federal
apontada, como ainda expressa vedação do art.
34, V, a, da Constituição, Que estabelece a
imunidade tributéria recíproca entre a UniAo,
Estados e Municípios, no que conceme a seus
bens, rendas e serviços (Desprovimento) (T2) AC
(TFR) 18.160-GB 18/07/63

Execução de Julgado - Mandado de Segurança


- Dúvidas, posteriores, relegadas às vias
ordinárias - Restituição de prazo - Desde que da
publicação não consta o nome do advogado dos
interessados constituidos em um novo
instrumento, deve-Ihe ser restituido prazo AGMSG
recursal (Denegação) (TP) (TFR) 11.902-GB 07/05/68

111
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO IdenlW. Datai


Jula.

Execução de Sentença - liquidação por mero


cálculo e não por artigos ou arbitramento -
Inaplicável em tal caso o art. 3° da lei 2.770/56,
mantém·se o despacho da Presidência admitindo
apenas como cabível o recurso na Primeira
Instância e negando cabimento de recurso de CP
ofício (Rejeição - Embargos) (TP) (TFR) 2.631-GB 24/06/68

Execução de Sentença - liquidação por mero


cálculo - Não cabe recurso de ofício, mas
simples recurso voluntário, não interposto no CP
caso (Rejeição - Embargos) (TP) (TFR) 2.502-GB 27/02169

Funcionário Público - Aposentadoria - Pedido


simultâneo de dois beneficios previstos no
Estatuto - Cabe ao funcionário favorecido optar
pelo que mais lhe convenha - O que nAo é
possfvel é pretender, concomitantemente,
receber a um só tempo as vantagens dos dois AGMSG
textos (Provimento) (T2) (TFR) 35.815oGB 26/11/65

Funcionário Público - Demissão - Exame dos


motivos - O Poder Judiciário não transborda de
suas funções especificas quando confere a
veracidade e a qualificação legal dos motivos do
ato administrativo - Apurado que os motivos nAo
existem ou não se ajustam à lei, o ato nAo pode
subsistir - Não pode ser considerado de má
conduta o selVidor sem nota desabonadora no
seu prontuário e que obteve licença prêmio e AC
suI5/s (Desprovimento) (TP) (TFR) 14.693-GB 23/10/61

112
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO ldentif. Datai


JulO.

Funcionário Publico - A equiparaçAo que nela


se declara dos extranumerários aos funcionarlos
efettvos, deve-se entender como referente aos
favores temporais de lei, sem que em razão dela,
se tenham criado cargos ou fixados vencimentos AC
(Desprovimento) (T2) (TFR) 9.938-0F 05/10/62

Funcionário Público - Possibilidade da


acumulaçao de cargo público com a condição de
aposentado da UniAo Federal - A proibição
constitucional somente alcança os exercentes de
cargos públicos, e como tal não se compreende a
condlçao de Inativo, que é desligado do Serviço
Público e passa à condiçAo de seu pensionista ,
poiS a tanto equivale a percepçAo dos proventos AGMSG
de aposentadoria (provimento) (T2) (TFR) 46.3t t-RS 28/tl6166

H.beas COIJ1US - Concessão por falta de justa


causa para o processo criminal, eis que nAo
configurada a prática de estelionato, pela
inocorrência de prejuízo alheio que caraderizarla HC
o iIIeito penal (ConcessAo) (TP) (TFR) t .369-PR 09/06/65

1MbNs Cotpus - Clime de contrabando -


PrisAo preventiva - Ocorrência de justa causa
para o processo criminal, tendo em vista os fatos
articulados contra o paciente e os indicias
constantes da denúncia - Fundamentos da prisAo HC
preventiva (Denegaçao) (TP) (TFR) 1.33S-CE 28/05165

Habeas Corpus - Denúncia - Crime de peCUlato


- Ordem que se concede , por impropriedade de
denúncia e sem prejuízo de novo procedimento HC
criminal (ConcessAo) (TP) (TFR) 1.347-GB 02/09165

113
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO ldentif. DataI


Jula.

Habeas Corpus - PrisAo disciplinar - servidor


público - Crime contra a administração pública -
Pedido de habeas corpus de Que se conhece
por partir de alegada coaçAo de autoridade civil
fedeml - Entenclimento do art. 214 do EFPCU -
R~ento da legitimidade da prisao.
decretada diena dos indícios veementes de lesA0 RHC
ao PatJilTlOnío Nacional (Denegaçlo) (TP) (TFR) 1.253·SP 26110/64

Importaçlo - Indevida a liberação ou entrega de


bens importados sem que haja prévia prestação
de fiança idOnea ou garantia real , porque assim
estalia o JuIzo garantido, sem necessidade de
qualquer pagamento prévio (Desprovimento) (TP) S5
(TFR) 4.669·SP 14/11/66

Imposto sobre Aumento de Capital -


Reavaliação do ativo imobilizado e da incor-
poração das reservas acumuladas foi feito medi-
ante 8 emissAo de ações ordinárias distribuídas
entre os seus próprios 8cWnislas e em proposiçao
das que enUio lhe pertenciam - Instituição de
beneficência nAo está sujeita a qualquer imposto,
em face. do disposto no art. 31 , V, b, da AC
Const~uição Federal (Provimento) (T3) (TFR) 12.994-SP 21/11/61

Imposto de Consumo - Importação de


automóvel - Tributos devidos - Imposto de
consumo nAo alcança bens ja usados no exterior
- Para efeitos fiscais, considera-se o peso real e
nao o fictfcio - O célculo dos tributos deve seguir
o câmbio do dia em Que o bem foi posto a
despacho - Aplicação do art. 66 da Lei 3.244/57 AGMSG
(Provimento) (T2) (TFR) 33.249-SP 25106/65

114
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO IdentW. Datai


Julo.

Imposto de Consumo - Isenção - Cobrança


sobre automóvel usado trazido do exterior - O
fato gerador da tributação tanto ocorre
relativamente entre os bens novos e usados AGMSG
(Provimenlo) (TI) (TFR) 21.484-GB 07/07/61

Imposto de Consumo - Não é devido, por


trazer automóvel usado do exterior - Taxa de
armazenagem - Se permanece o bem
armazenado por fato da autoridade aduaneira,
cabe à própria União Federal o custeio do
período em Que tal ocorre (Desprovimento) (T2) AGMSG
(TFR) 27.365·GB 22/03/63

Imposto de Consumo - Tanto é livre do


imposto de consumo o automóvel usado, como é
indevida a taxa de armazenagem pela demora
imputável às próprias autoridades administrativas APMS
(Desprovimenlo) (T2) (TFR) 25.160-GB 18/07/52

Imposto de Importaçio - NAo pagamento da


alíquota, sob o fundamento de
inconstitucionalidade da legislação, que permitiu
a variação dessas alfquotas dentro de níveis
determinados - Caso em que nao se configura a
delegação de poderes que esse preceito veda -
Não é possível ao Poder Legislativo, estatuindo
sobre providências de ordem econômicas, descer
a minudências e alcançar fenômenos mutáveis
por sua própria natureza - Constitucionalidade do AGMSG
art. 3°, da Lei 3.244/57 (Provimento) (T2) (TFR) 20.705·SP 25/06/52

115
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Datai


Julg.

Imposto de ImportaçAo - Pedido de não


pagamento da alíquota, sob fundamento de
inconstituciOnalidade do texto da lei - Caso em
que não se configura a delegação de poderes,
que esse preceito veda - Não é possível ao
Poder Legislativo, estatuindo sobre providências
de ordem econômica, descer a minudências e
alcançar fenômenos mutáveis por sua própria
natureza - Constitucionalidade do art. 3°, da Lei
3.244/57 - Procedência pagamento do imposto APMS
(Provimento) (T2) (TFR) 19.842-SP 25/07/62

Imposto sobre Lucro Imobiliário - Incidência


sobre transação de imóvel havido por doaçao -
O Imposto sobre Lucro Imobiliário recai na venda
de imóvel havido a título gratuito, se realizada a
operaçao já na vigência da Lei 3.470/58 AGMSG
(Provimento) (T3) (TFR) 22.753·PR 06/12/61

Imposto sobre Lucro Imobiliário - Incidência


sobre venda de imóvel- É devido em se tratando
de alienação de imóvel, mesmo se havido por
herança ou doação posterionnente à vigência da APMS
Lei 3.470/58 (Provimento) (T3) (TFR) 20.587·GB 11/11/60
Imposto de Renda - Invemista - Como ganho
de renda, isto é, gado que produz rendimento,
para os fins do par. 1°, do art. 57, do
Regulamento à época vigente, há de ser, sem
dúvida, considerado aquele que, por excelência,
se destina ao mero rendimento proporcionado
pela diferença entre o valor de sua aquisição e da
sua venda, e que é resultado da operação de
engorda, a que se dedicam os invemistas AP
(Provimento) (T2) (TFR) 23.248·SP 19/08/64

116
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO ldentif. DaW


Julo.

Imposto de Renda - O erro de fato, justificado


no pedido de repetição e exoneração, ficou
demonstrado na prova pericial , concorde,
realizada em juizo, pelo que improcedem as
razões da Fazenda em pretender a reforma da AC
sentença (Desprovimento) (T2) (TFR) 7.012-DF 04/05162

Imposto de Renda - Incidência - Lucro


imobiliário - Seu valor segue o da data fixada à
época da transaçAo originá';a (Desprovimento) APMS
(T3) (TFR) 24 .572-GB 06/12/61

Imposto do Saio - Oescabimento de pagamento


em contrato de que participa Instituto de
Previdência - A autarquia, como emanação do
Estado, goza das isenções que lhe sao próprias APMS
(Despruvimento) (T3) (TFR) 23.289-SP 19/01162

Imposto do Selo - IsençAo - Conforme


legisl&çao. é devkfo o tributo pelo contribuinte
sempre que ocorra aumento de capital como
resunado de reavaliação do ativo imobiliário AC
(Rejeiçllo) (TP) (TFR) 5.607-SP 21/07/61

Imposto do Sek> - Não incide sobfe contratos


avençados entre particulares e autarquias - A
Constituição Federal , art. 15, § 5°, concedendo
isenção do selo aos atos em que forem partes a
União, Estados e Municípios, estende-se aos
entes autárquicos criados por qualquer dessas AGMSG
entidades públicas (Desprovimento) (T2) (TFR) 25.647-SP 13/06/62

117
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Datai


Jula.

Imposto do Selo - NAo indde sobre os contratos


fimados com o Departamento Nacional, ou
Estadual. de Estradas de Rodagem. de vez que,
sendo este um departamento autORamo da
própria administraçao PÚblica. os atos jurídicos
em que figura como parte estio ao abrigo da
imunidade tributária prevista no art. 15, § 5°, da
Constituiçao Federal - Manutenção da segurança AGMSG
concedida (Desprovimenlo) (T2) (TFR) 28.009·PR 05/10/62

Imposto do Selo - Reavallaçao do ativo - ~


perfeitamente legal o imposto do ~o sobre a ata
que documenta a atteraçAo do capital. mediante
resvsliaçAo do ativo imobiliário da sociedade AC
(provimento) (T3) (TFR) 89.795-SP 30101/82

Intervençlo no Dominlo Econômico -


Mandado de segurança - Ato do Delegado
Regional do Instituto do Açúcar e do Álcool que
suspendeu as operações de créditos, por atraso
no pagamento das canas recebidas de
fornecedores - A Constituição, em seu art. 146,
autoriza o Estado a intervir no domrnio
ecoOOmico e com suporte nesse preceito é de se
reconhecer a compatibilidade do regime
estaturdo pera Decretc>-Lei 3.855/41, que dispôs AGMSG
sobre o Estatuto da Lavoura Can8vieira 23.774-RJ 17/10/61
(Provimento) (T3) (TFR)

118
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Ido "ti!. Datai


Jul •.

Jogos de Azar - Alvará de licença - O exercício,


pela autoridade local, dos poderes de polícia
judiciária que, nos termos do regime
consttlucional vigente , cabem aos Pl"Ópcios
Estados Federados. que os exercem por seus
prepostos, nao caracteriza interesses da UniAo,
nem traz a matéria para o seu foro especial AGMSG
(Provimento) (T2) (TFR) 36.168-MG 10/09/65

Locaçlo - Despejo - Retomada para uso próprio


- Imóvel residencial - Retomada de imóvel para
uso prOprio que se admite - Despejo decretado.
assinando o prazo de trinla dias para 8 sua AC
desocupaçAo (Desprovimenlo) (T3) (TFR) 9.285-DF 13/10/61

Lucro Imobiliário - NAo é devido em se


tratando de alienação de Imóvel, anteriormente à
vigência da Lei 3.470/58, se havido a título APMS
gracioso, por herança ou doaçAo (Provimento) 19.120-DF 19/01162
(T3) (TFR)

Magistério Militar - Promoção a Coronef -


Ausência de direito porque, antes de alcançada a
data em que as promoções dos autores teriam
lugar, foi ampliado para 30 anos o tempo de
efetivo exercício na funçAo - Aplicação da Lei AC
4.448/64 (Provimento parcial) (T2) (TFR) 22.947-GB 09/06/67

119
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Datai


Julg.

Mandado de Segurança - Ato da autoridade


polidal - Indeferimento do pedido de alvará de
licença para realização de Jogos de Cartas lícitos
- O exercício , pela autoridade local, dos poderes
de polícia judiciária que, nos tennos do regime
constitucional vigente, cabem aos próprios
Estados Federados, que os exercem por seus
prepostos, não caracteriza interesse da União,
nem traz a matéria para seu foro especial AGMSG
(Desprovimento) (T2) (TFR) 37.276-SP 10/09/65

Mandado de Segurança - Ato de Delegado


Fiscal do Tesouro Nacional - Membro do
Ministério Público da União tem direito líquido e
certo a percepção cumulativas - Com relação ao
periodo em atraso, devem ser reclamados
administrativamente ou pela via judicial própria AGMSG
(Desprovimento) (T2) (TFR) 3-4.510-RS 05/11/65

Mandado de Segurança - Ato do Diretor da


Faculdade de Direito da Universidade do Ceará -
Pena disciplinar aplicada aos professores
catedráticos - Situaçao ímpar desses
funcionários, face ao art. 187 da Constituição -
Vícios que inquinam de nulidade a pena aplicada
- Segurança concedida para cassaçao do ato AGMSG
pun~ivo (Provimento) (T2) (TFR) 48.074-CE 08/10/65

120
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. DataI


Julg.

Mandado de segurança - Ato do Diretor da


Faculdade de Odontologia - Indicação do nome a
preenchimento da vaga de Professor Catedrático
da 1- Cadeira de Clínica Odontológica da referida
Faculdade .... Observância do Decreto 47.618/60-
Não exorbita o texto desse decreto, dos limites
traçados pela Lei 2.938/56 (Denegação) (T2) AGMSG
(TFR) 40.294·GB 28/08/64

Mandado de Segurança - Ato do Ministro da


Justiça - ProibiçAo da circulação do livro "A
Guerra de Guerrilhas", de autoria de Che
Guevara, no território nacional - Não ofende a
liberdade de publicaçAo de livros assegurada
pelo art. 141, § 5°, da Constituição Federal, a
proibição, pelo Ministro da Justiça, da circulação
e venda de livro em que se ministram ensina-
mentos práticos sobre guenilhas, como fonna de MS
tomada violenta do poder (Denegação) (TP) (TFR) 27.859·DF 02106/62

Mandado de Segurança - Ato da Primeira


Tunna do Tribunal, com a pretensão nAo só de
concessAo de medida liminar, mas a concessão
definitiva de segurança, decretando-se a nulidade
de todos os atos praticados depois do respeitável
despacho saneador - NAo cabe mandado de
segurança de decisão tenninativB do feito,
proferida por este Tribunal, e da qual caiba
Recurso ExtraordináriO, já deferido e
encaminhado ao Supremo Tribunal (Provimento) MS
(TP) (TFR) 35.789-DF 11/11/63

121
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO ldentif. Datai


Julg.

Mandado de Segurança - Declaração da


ilegalidade da entrega do dinheiro recebido pe4a
AlfAndega 80 Sindicato dos Despachantes
Aduaneiros de Santos, e por este ao Sindicato
dos Ajudantes de Despachante para o rateio
impugnado - Ao invés de entregar as
importAnclas questionadas ao Sindicato dos
Ajudantes de Despachantes, faça essa entrega
direta aos próprios despachantes - Chamamento
a Juizo - Legítimo tal chamamento para correçAo
de ato de sua responsabilidade (Provimento) (T2) AGMSG
(TFR) 36.396-SP 091()9J66

Mandado de Segurança - A medida liminar no


mandado de segurança é, por sua natureza,
provisória . e segue a sorte da sentença final -
Subsistirá se for concebkia afinal a segurança e
perderá a eficácia se denegado o writ MS
(Denegação) (TP) (TFR) 31.493-DF 29/04/63

Mandado de Segurança - Não deve , nem pode ,


a autoridade adminlsirat iva , incompetente para 8
prática de ato determinado, responder em
mandado de segurança por alegada omissão em
praticá-lo - Incompetêncla do Juiz de Primeira
InstAncia para deferir segurança contra texto
expresso de lei federal vigente . que somente pela
via otdinália própria pode ser dedarado
inconstitucional ou incompatlvel com a
Constitulçao - Não ofende a norma da isonomia
a atribuiçAo de vencimentos diversos a
funcioné rias sediados em regi6es diferentes,
embora sejam idênticas as suas atribuições AGMSG
(provimento) (T2) (TFR) 32.576-GB 27/05/64

122
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Datai


Julg.

Mandado de Segurança - Para percepção de


vencimentos segundo o padrão ~O~ ou referência
31, para haver as diferenças salariais resultantes
desse reconhecimento, a partir da vigência da lei
2.745/56, juros e custas - Argüição tardia de
nulidade face saneador irrecorrido - Julgado que
resulta dos tennos expressos de outro anterior do
Tribunal em mandado de segurança AC
(Desprovimento) (T3) (TFR) 14.994-G8 28/07/61

Medida Cautelar - Recurso - Efeito suspensivo


- A medida cautelar prevista em lei (arts. 333 do
Código Civil e 85 do Código de Propriedade
Industrial) cessa com a sentença de Primeira
Instancia que julga improcedente a ação de
nulidade de patente, nem pode atingi~la,
revalidando-a o efeito suspensivo do recurso MS
para a instância superior (Denegação) (TP) (TFR) 54.049·G8 23/02167

Militar - Não faz jus ao favor da Lei 1.267/50 o


militar Que não provou haver combatido os
insurretos, nem participado de missões
diretamente ligada à repressão do movimento AC
sedicioso de 1935 (Desprovimento) (T2) (TFR) 12.86O-DF 05/10/62

Militar - O oficial transferido para a reserva, a


serviço do magistério militar, tem direito à
promoção devida Quando da passagem para a
inatividade, por serviço de guerra (Rejeição - AC
Embaryos) (TP) (TFR) 9.855-G8 25/01/62

123
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO lde"tif. Datai


Julg.

Militar - Percebia dois vencimentos como militar


e professor - O princípio de irredutibilidade dos
vencimentos é restrito, pela ConstituiçAo, aos
Juizes - Em relação a quakluer outro servkior
pú~ico civil ou militar, a lei pode reduzir
vencimentos, desde que o faça de modo geral e
sem discriminação e ofensa ao princípio da APMS
Igualdade (DesprovimentO) (T3) (TFR) 24.453-GB 12112/61

Militar - Promoção - Segurança que se concede,


a fim de que siga o processo à apreciação do
Presidente da República, única autoridade
competente para decretar promoçAo de milrtar -
Trata-se de ato pfivativo do Presidente da
Repúbiica , mesmo no regime partamentar, qual
seja a promoção de oficiafs-generais do Exército MS
(Conhecimento) (TP) (TFR) 31 .328-OF 10/06/63

Polícia Militar - Vantagens atribuidas ao pessoal


das Forças Armadas - NAo hé como incluir a
Policia Militar do antigo Distrito Federal entre as
Forças Armadas da Nação, e somente nas
condlçOes do art. 183, da ConstituiçAo, poderia
essa corporaçAo militar gozar das vantagens
atl'ibuidas ao pessoal do Exército AC
(Desprovimento) (T3) (TFR) 10.038-DF 20109/60

PtevidAncia Social - Cobrança de contribuições


atrasadas - As manobras destinadas à evasão de
responsabilidades, praticadas pelo devedor, não
56 podem constituir em fontes seguras dessa
evasao, cumprindo atender à regra do art. 104 do
Código Civil sobre a inoperância dos atos de AP
simulação (Provimento) (T3) (TFR) 18.803·MG 12112/61

124
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Id.nt~. Datai


Julo.

Previdência Social - Débitos de empresas de


mineração - Parcelamento - Direito que se lhes
reconhece de liquida-los parceladamente, nos
termos do Decreto 639/69 (Desprovimento) (T2) AP
(TFR) 27.140-RS 20/06/67

Previdência Social - Incidência sobre o décimo-


terceiro salário - Os descontos que sobre esses
incidem, devem abselVar, em seus quantitativos,
os limites da Lei 3.807160 (Provimento) (T2) AGMSG
(TFR) 43.401-GB 15/04/66

Prisão em Flagrante - Furto - Apropriação de


alimentos para alimentar-se - Estado de
necessidade - CircunstAncias que repelem a
caracterização do delito, como praticado em
estado de necessidade (Desprovimento) (T2) ACR
(TFR) 9630GB 06/07/62

Professores - Escola de Marinha Mercante -


Vantagens de seus professores - A Escola de
Marinha Mercante é escola técnica profissional e
é mantida por disponibilidade de fundo especial,
cabendo assim aos seus professores o regime da MS
Lei 3.410/58 (Rejeição) (TP) (TFR) 22.511-DF 15/05/61

Propriedade Industrial - Uso exclusivo, como


marca, do nome Philips, em relação a certas
mercadorias - Se esse uso já foi reconhecido em
decisão judicial, abusivo é o ato administrativo MS
que o defere a lereeiro (Concessão) (TP) (TFR) 31.891-DF 20/04/64

125
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Datai


JuIG.

Reajustamento Pecuário - Beneficios da Lei


1.002149 - Cassação dos benefiCios concedidos
com desatenção a requisito &ssenaal exigido
pelo Banco do Brasil SA (Provimenlo) (T3) AP
(TFR) 18.275-BA 12/01/62

Reajustamento Pecuário - Concessão de


beneficios - Necessidade do recurso de ofício -
Embora não sejam susceptlveis de recurso de
oficio as sentenças proferidas em processo de
reajustamento pecuário , posteriormente à Lei
2.804156 , devem ser objeto de revisAD, de ofício ,
aquelas de data anterior a esse diploma legal,
referente a benefícios divel'SOS (Provimento AP
parci.~ (T2) (TFR) 20.557·PE 09105/62

Seguro - SASSE - São necessariamente seus


segurados os funcionários da Caixa Econômica
Federal - Prevalecem em matéria de limites de
idade, para o reconhecimento dessa condição, as
normas gerais da Previdência Social AGMSG
(Provimento) (T2) (TFR) 36 .082·GB 10/12/83

Servidor Autérquico - DemlssAo - Ilegalidade -


Reintegração - Titular de cargo isolado -
Garantias - Estabilidade - Sendo o cargo isolado
de provimento efetivo, o titular nAo pode ser
dispensado livremente - ReintegraçAo ao Cargo
para que foi nomeado, com os direitos e
vantagens correspondentes. em face da
manifesta ilegalidade de sua demissão AGMSG
(Provimento) (T3) (TFR) 28.642-OF 19/01/62

126
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Datai


Jula.

Servidor Público - Demissão - Batalhão de


Engenharia - Serviço Público Federal -
Reintegração - Nulo, ab initio o processo - O
órgão citado não tem personificação jurídica
própria e autônoma para responder aos termos AP
da ação (Provimento) (T2) (TFR) 25.364-RN 01/08/67

Sociedade por Quotas de Responsabilidade


Limitada - Arquivamento do contrato dos aios de
aumento de capital e alteração do contrato social
da firma em que são sócios marido e mulher -
Manutenção de um registro que existe, e que foi
efetuado nas condições em que se pretende
renovar, com pequenas diferenças (Despro· AGM5G
vimento) (T2) (TFR) 34.904-GB 01/04/68

Superintendência Nacional do Abastecimento


- Distribuição de quotas de trigo - Revisão das
quotas existentes, e dessa revisão resultou
restrição das antigas quotas de várias empresas
- Deferimento da medida de segurança, no
sentido de garantir as quotas reclamadas, mas
antes mandou que se fizesse uma vistoria para
verificar a exatidão da questão de fato - Merece
reforma o despacho da Presidência suspendendo 55
os efeitos da sentença (Provimento) (TP) (TFR) 4.841-DF 21/11/68

Taxa - Isenção - Desembarque de mercadorias


estrangeiras em tenitório nacional - Produtos
farmacêuticos - Descabimento da cobrança de
taxas e comissões previstas na Tabela ~C·, do AGM5G
art. 29. da Lei 4.069/62 (Provimento) (T2) (TFR) 33.031-PE 20/08/65

127
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Datai


Julo.

Taxa de Despacho Aduaneiro - Pedido de nAo


pagamento da taxa sobre bens que estão isentos
de impostos em razão da própria natureza - Não
é devida, face à Circular 59 do Ministério da APMS
Fazenda (Desprovimenlo) (T2) (TFR) 23.038·SP 18/07/62

Taxa Suplementar - Ilegalidade - Taxa de 1%


destinada ao SelViço de Assistência Médica
(SAM) do Instituto de Aposentadoria e Pensões
dos Comerciários (IAPC) - Ilegalidade de sua APMS
cobrança (Desprovimento) (T2) (TFR) 25.822·PR 13/06/62

Terrenos de Marinha - Ocupantes ilegais do


terreno - Bens da União, em relação aos quais
nAo é admissivel usucapião - Os terrenos de
marinha se integram no domínio da União -
Imprescritibilidade dos bens públicos AC
(Desprovimento) (T2) (TFR) 17.570·BA 04/12/64

Trabalho Marítimo - I"aplicabilidade do art. 285,


da CLT, ao Porto de Santos - O privilégio da
movimentação de mercadoria fora da faixa
portuária, é ofensivo às normas do art. 141, § 100
e 14, do Diploma de 1946 (Desprovimento) (T2) APMS
(TFR) 25.060·SP 01106/62

Transporte Marítimo - A ação do segurador


sulrrogado nos direitos do segurado prescreve
em um ano, a partir do início da descarga da
mercadoria - A responsabilidade da
transportadora é de porto a porto, e desde que
constatada a falta da mercadoria, conforme
consta nos laudos respectivos, surge a obrigação AC
de indenizar (Provimento) (T2) (TFR) 22.303·SP 07/03/69

128
INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Ide.tif. Datai


Julg.

Transporte Maritimo - A afinnativa de


ocorrência de causa fortuita nAo deve prevalecer
em matéria de transporte marítimo, pois é
precípuo dever do transportador manter a
mercadoria a salvo da água do mar, e se não o
faz, nAo pode invocar a ocorrência como causa
fortuita, mesmo porque trata-se de transporte
feito em navios, nos quais a carga é depositada
em seus pornes, e deve ficar ao resguardo de
danos resultantes de mares encape lados ou de
outros semelhantes que atingem as mercadorias AC
(Provimento) (T2) (TFR) 23.224-GB 07/03169

Tribunal Marítimo - Competência para o


provimento do cargo de Diretor-Geral desse
Tribunal - Os cargos em comissão de Diretor-
Geral e Diretor de DivisA0 serão providos pelo
Presidente da República, mediante proposta do
Tribunal Marítimo encaminhada pelo Ministro da AGMSG
Marinha (Provimento) (T3) (TFR) 24.53t·GB 24/10/61

129
DISCURSOS EM HOMENAGEM POSTUMA
AO EXMO. SR. MINISTRO OSCAR SARAIVA.
No Tribunal Superior Eleitoral,
am Saulo Ordinária de 21/0811969.
Do Exmo. Sr. Ministro Eloy da Rocha (Presidente).
o EXMO. SR. MINISTRO ELOY DA ROCHA (PRESIDENTE):
Tem conhecimento o Tribunal do falecimento, ontem , do MInistro Oscar
Saraiva, que, para honra desta Corte, foi seu j uiz no pertOdo de 1966 a
1968. A minha admiração ~o jurista extinto vem dos tempos de sua
marcante atfvidade no Conselho Nacional do Trabalho e depoes em
diferentes setores do Ministério do Trabalho. Indústria e Comércio. Foi,
entAo, um dos pioneiros no estudo das questOes do Trabalho e na
elaboraçao ou aplicaçAo da legislação do trabalho e de previdência social.
Culminou essa atividade com a investidura como Ministro do Tribunal
Superior do Trabalho, cargo que deixou para assumir o de Ministro do
Tribunal Federal de Recursos. Na Presidência desse Tribunal, teve
oportun idade de presidir a instalação da Justiça Federal de primeira
instancta e de assistir à últfma fase da construção do novo prédio_ Em todas
as suas funções, irradiou. sempre, acentuado espirito pút>'ico , profunda
compreensAo humana e os ensinamentos colhidos na sua rica experiência
e nas investigações, nos mais variados campos da cultura. Foi professor.
Faz pouco, pude ouvir, de aluno seu, o testemunho de seus méritos de
professor, na regência da disciplina Ciência Polftlca, na Universidade de
BrasUia. A Presidência providenciou para que o Tribunal Superior Eleitoral
estivesse representado nas cerimOnias de sepultamento do magistrado que
exauriu a sua vida, até os últimos dias, na realizaçAo fiel e exemplar de sua
alta vocação. Não quero deixar de manifestar, com o sentimento de pesar
pelo desaparecimento do Ministro Oscar saralvl, a minha homenagem
pessoal à sua memória , ao mesmo tempo em que. para falar em nome do
Tribunal, dou 8 palavra ao Senhor Ministro AntOnio Neder.

137
Do Exmo. Sr. Ministro Antônio Neder,
11m nomll do Tribunal Supllrior Eleitoral.
o EXMO. SR. MINISTRO ANTONIO NEDER (EM NOME DO
TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL): Sr. Presidente. Sr.;. Ministros:
Faleceu ontem no Rio de Janeiro o eminente Magistrado Oscar Saraiva,
que compunha o Tribunal Federal de Recursos, e que, faz pouco tempo,
judicou também no Tribunal Superior Eleitoral. Todos os que ptivamos de
SUB convivência sabemos que era e~ um homem superior. jurista de raras
virtudes, e, notadamente. excelente magistrado. Descendente de ilustre
família de SAo Paulo, onde nasceu, radicou·se , entretanto, no Rio de
Janeiro, porque seu ilustre pai , também juiz, integrando a Justiça da entAo
Capital, acolá se fixara. Advogado no início das suas atividades, Ingressou,
em seguida, no serviço do MinistérIo do TrabalhO. ao qual prestou relevante
concurso, tanto na insta/sOlo da Justiça Trabalhista, quanto no afto cargo
de Consuttor Jurldico, como em outros. Procurador-Geral da Prefeitura do
Rio de Janeiro, dai se afastou para ingressar na Magistratura como Juiz do
Tribunal Superior do Trabalho, donde saiu para integrar o Tribunal Federal
de Recursos. Nesses cargos, como nos demais, foi de constante
proficiência. NAo é difícil elogiar um morto, notadamente um que seja
ilustre; difícil é elogiá-lo sem cometer a injustiça de só lhe ressaltar o lado
positivo da personalidade e esquecer de suas desvirtudes. No caso de
Oscar Saraiva, porém, nAo se tem como cometer essa injustiça, porque. na
verdade. 010 Unha ele seoAo virtudes, que cultivava de maneira esmerada,
como bem demonstram seus titulas conquistados a partir da IAurea
acadêmica, na Faculdade de Direito da entAo Universidade do Rio de
Janeiro, até que, na culrninAncla, serviu no Tribunal Superior Eleitoral,
presidiu o Tribunal Federal de Recursos e se viu incluído na Ordem
Nacional do Mérito. Como cultor do Direito, seu espírito conciliador
procurava sempre , nas controvérsias, a composição das kiélas ou das
soluções divergentes; sem ser franco, nAo era contudo das posições
radicais magnênimo ou generoso, nAo era todavia de julgar pelo coração ou
presentear com julgamento; aplicador da nonna jurídica às condutas
humanas, nAo se esquecia de, antes do mais, verificar os motivos dessas
condutas para julgA-Ias humanamente , como queria Goethe, quer tive~e
que absolver, quer tivesse de condenar. Neste Tribunal. como no Tribunal
Federal de Recursos, sua presença fez-se sentir pela cuttura, inteltgêncla e
nobres sentimentos que a animavam; se nAo teve ressonAncia, aqui ou ali,
a sua palavra, sempre autorizada em ambas essas Casas, é porque a

141
indiferença brasileira pelos assuntos da cultura jurídica nao permitIu que ela
ressoasse a todos os ouvidos. Inquieto por temperamento, sua inquietação
refletia-se em seu espírito, que, por isso. era igualmente dinAmico e
atuante: assim, nao se confonnava com as fórmulas vetustas que
encontrava, por vezes, no campo jurfdlco, e, de logo, procurava atualizá-Ias .
ou revogá-Ias; disso resultava sua tendência para julgar certos casos acima
ou fora da norma. Devotado estudioso do Direito do Trabalho, de tal modo
se identificou com a sua doutrina tutelar e conclllante, que, repeUdamente,
buscava nessa disdpUna juridica Inspiração para julgar casos de outra
natureza; e defendia, com veemência, sua tese de que Direito do Trabalho,
concebido para compor interesses de empregados e empregadores, deveria
influenciar o Direito Privado, ao invés de buscar neste, por analogia, alguns
fundamentos de sua doutrina; e assim fazendo, tanto vivia a tendência
conciliativa dc seu espírito, quanto externava convk:çao científica que
formou em sua experiência nas atividades judiciárias. OScar Saraiva era,
em tudo, ·um liberal à inglesa, para quem o Direito é a ciência da liberdade
e da libertaçao", como lhe dissemos nós na saudaçAo que lhe dirigimos ao
ensejo de sua posse na Presidência do Tribunal Federal de Recursos, ao
qual serviu com afincado esforço e generoso idealismo. Sua presença há
de permanecer nesta Casa como vivo exemplo. Oxalá tenhamos força para
segui-lo.
Temos dito.

142
Do Exmo. Sr. Or. Oscar Corrêa Pina,
em nome do Ministério Público Federal.
o EXMO. SR. DR. OSCAR CORR~A PINA (PROCURADOR-
GERAL): Senhor Presidente. Senhores Ministros. Ainda sob o impacto
emocional que nos caUSOu a notícia do faletimento, ontem, no Rio, de um
dos nossos mais estimados companheiros das lides judlciérias, o saudoso
Ministro Oscar Saraiva , este Egrégio Tribunal Superior Eleitoral presta
merecida homenagem à sua memória. O eminente Senhor Ministro Antônio
Nader, interpretando os sentimentos dos seus eminentes pares, realçou os
nobres atributos morais intelectuais do insigne magistrado falecklo. Tive
oportunidade de trabalhar com Oscar Saraiva, quando, como primeiro
Subprocurador-Geral da República, estive em exercício no Tribunal Federal
de Recursos. Tive, entAo, oportunidade de apreciar as suas altas virtudes
civicas e morais, o atto sentimento ele justtça, aprimorada formaçao jurídica
e humanística e elevado espirito público que sempre demonstrou quando
chamado a decidir Questões, as mais complexas, submetidas à apreciação
daquele ilustre Tribunal. Dedicando-se desde logo ao estudo dos problemas
da prevk1ência social, em Que se especializou, Oscar saraiva Ingressou
nos quadros do Ministério do Trabalho, ao Ql,lal prestou os mais relevantes
serviços, tendo colaborado na organização da Justiça do Trabalho e na
elaboração das leis trabalhistas. Procurador-Geral de Autarquia , Consultor
Juódico do Ministério do Trabalho, Ministro do Tribunal Superior do
Trabalho, representante do Brasil em Congressos Internacionais, Ministro
do Tribunal Federal de Recursos, cuja Presidência.'8xerceu com brilho e
dedicação, e Ministro do Tribunal Superior Eleitoral, Oscar Saraiva, no
exercício de sua comp'exa atividade funcional. prestou os mais relevantes
serviços ao País, imponclo--se à estima e ao respeito dos seus patrfcios.
Lamentando o falecimento de Olear Saraiva, associo-me, em meu nome
pessoal e pelo Ministério Público Federal, à homenagem ora tributada a sua
memória.

145
No Tribunal Federal de Recursos,
em Sessão Especial de 26/08/1969.
Do Exmo. Sr. Ministro Amarilio Benjamin (Presidente).
o EXMO. SR. MINISTRO AMARiLIO BENJAMIN
(PRESIDENTE): Srs. Ministros. Meus Senhores: deliberou o Tribunal
Federal de Recursos que a SessAo de hoje fosse consagrada à memória do
senhor Ministro Oscar Saraiva, cujo falecimento, hé bem pouco, encheu
de pesar 8 todos nós.
Creio que o Tribunal Federal de Recursos, com as
homenagens Que está prestando a S. Exa. , interpreta realmente o pesar
nacional, tantas foram 8S manifestações que se fizeram sentir e chegaram
até nós, 8 começar pelo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal,
que em pessoa veio trazer a05 colegas desta Casa a sua solidariedade.
Registro também que o Sr. Presidente da Rep(lbllca se fez presente ao
diricil momento que o destino nos impOs. com telegrama que nos envoo
nos seguinte termos:
"Em nome do Governo e no meu próprio venho
expressar a Vossa Excelência e aos dignos
membros desse Egrégio Tribunal sentidas
condolências pelo desaparecimento do Ilustre
Ministro Oscar saraiva. cujo saber jurídico e
elevado espirtto pUblico tanto enalteceram a
Justiça do nosso Pais. A. da Costa e Silva.
Presidente da República.·
A ata de nossos trabalhos, no dia de hoje, documentará todas
estas manifestaçOes, inclusive as notícias publicadas nos diversos .tornais,
os artigos, as crtanicas e entre elas, como mOdelo de delicadeza e de
veracidade na traduçAo do que em vida foi o nosso eminente colega
Ministro Oscar Saflliva, aquela que escreveu , com muita supenoridade e
incontido afeto, o Sr. Ministro Moreira Rabello:
·Oscar Saraiva, que deiXamos a donnir o seu
sono derradeiro no cemitério da cidade onde ele
viveu os dias melhores e mais altos de sua
carreira. era uma dessas figuras, que raro
aparecem e transitam no tablado ingrato da vida.
Adquilira, na Inglaterra, e nos Colégios por onde
andara, na mocidade, o corte britAnico do esplrito.

151
Tudo nele era medida, serenidade,
compostura .
Herdeiro de uma tradição que emoldurava
sua vocação de magistrado, deu-lhe novas
dimensões, alargando o nome e legado com que
os homens da sua casa e de seu sangue
enriqueceram a cuttura jurídica do País. Sem elTO
ou excesso, pode-se lhe averbar, no campo do
direito trabalhista e previdenciário brasileiros, seja
nas especulações da doutrina, seja nas tarefas
disciplinares e legiferantes, uma contribuição
quase ímpar, mas, seguramente, jamais
uttrapassada por ninguém.
Conhecia-o de longo tempo, egressos do
mesmo colégio de advogados, de onde ele saíra
primeiro, no rumo do Tribunal Superior do
Trabalho, do qual se transferiu, posteriormente
seduzido pelos horizontes mais amplos de nossa
judicatura, para o Tribunal de Recursos. Mas, por
onde passou, advogado, consultor ou Juiz, foi
sempre o mesmo: um homem de uma só peça,
dominado pela constante do estudo da cultura nos
diferentes ramos do Direito, acrescentava aquelas
excelentes humanidades que são, hoje, a falha
sensivel dessas culturas de almanaque que por aí
andam, inspiradas, às vezes, na véspera, em
autores recém-adquiridos e mal digeridos. Saraiva
era um Juiz exemplar: seus votos imbuidos de
sólido conteúdo juridico tinham, nAo raro, o timbre
e o calor humano que situam o julgador moderno
no plano exato das realidades do áspero cotidiano
que vivemos.
Dava-os com limpidez e segurança. E só de
raro em raro trazia um adendo ou uma expUcaçAo
ao ente ou à postura mental que se fizera. Foram
dele as palavras que ouvi no pórtico da Casa de
Justiça que integro, no dia em que nela iniciei os
meus primeiros passos.
Quero trazer-lhe, por isso, agora que ele se
foi de vez, com louvor que lhe devemos todos os

152
que com ele tiveram o privilégio de privar, estas
palavras de saudade com a afirmação de que a
sua partida empobrece o Tribunal, que ele honrou
e fez crescer, e a paisagem jurídica do País. ~

o Tribunal Superior Eleitoral, em Sessão presidida pelo Exmo.


Sr. Ministro Eloy da Rocha, aderiu ao nosso programa de homenagens. A
sessão ordinária de 21/08/1969 foi inteiramente dedicada à memória do ex~
Presidente do Tribunal Federal de Recursos, tendo na ocasií!io feito uso da
palavra o Exmo. Sr. Ministro Antônio Neder e o Procurador da República, o
Exmo. Sr. Or. Oscar Corrêa Pina, enaltecendo o Ministro falecido e suas
atividades em benefício da cultura jurídica do País.

153
Do Exmo. Sr. Ministro Armando Rollemberg,
em nome do Tribunal Federal de Recursos
e do Conselho da Justiça Federal.
o EXMO. SR. MINISTRO ARMANDO ROLLEMBERG (EM
NOME DO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS E DO CONSELHO DA
JUSTiÇA FEDERAL): Ao receber a incumbência de falar neste instante
homenageando o grande colega que desapareceu, apesar da tristeza do
momento, senti-me satisfeito, pois me era dado relembrar um homem ao
qual estava ligado por sólida amizade e profunda admiração.
Ao meditar sobre o que deveria dizer, porém, verifiquei quão
difícil seria fazê-lo retratando com exatidAo a figura do homenageado. O
seu convivio diário era ainda muito recente para permitir que se pudesse
separar de forma nítida o homem que Oscar Saraiva era, com virtudes e
fraquezas, do grande cidadão que foi, cuja vida pública deverá ser
lembrada sempre com orgulho por todos quantos, como ele, dediquem a
sua existência ao serviço do nosso País.
De outro lado, como dimensionar com exatidão o vulto
excepcional que era ,se o sentimentalismo brasileiro tende a nivelar a todos
após a morte, igualando-os em elogios, que, por isso mesmo, nAo se
revestem de significação maior?
Finalmente, pensei, quão difícil é ressaltar a vida de um
magistrado brasileiro ao qual se impõe a renúncia ao brilho, o sentimento
cotidiano de frustração intelectual pela impossibilidade de dar, no estudo de
cada matéria, toda a medida de sua capacidade, obrigado a restringir·se ao
exame do caso concreto e à aplicação de Justiça!
Ao analisar este último aspecto, aliás, verifiquei que
exatamente nesta luta entre o desejo de afirmação e expansão do espírito,
de um lado, e a limitação da possibilidade de fazê·lo como Juiz, de outro,
está a característica principal da vida de Oscar Saraiva.
Aluno brilhante, laureado com o prêmio ·Conselheiro Cândido
Oliveira-, tão logo diplomou·se, encaminhou a sua atenção para o Direito
do Trabalho e da Previdência Social, disciplina cuja expansão constituía,
nos idos de 1930, um desafio aos juristas brasileiros e que atraía,
especialmente, os espíritos jovens da época.
Com o ardor Que dedicava sempre a todas as tarefas que lhe
eram cometidas, entregou·se não somente ao estudo da disciplina, mas
também à ímplantação de suas regras e, já em 1936, aparecia como o

157
organizador e primeiro presidente do Instituto de Aposentadoria e Pensões
dos Bancârios.
Esse gosto pelo novo direito não o abandonaria jamais. Estou
a vê-Io no julgamento de causas relativas à Previdência Social , defendendo
os principias que infonnam 8 legislação, apontando a origem dos
dispositivos e sua exala interpretação com o cuidado com que são tratadas
as coisas estimadas. E qual dos colegas não terá tido a oportunidade de
ouvi-Ia falar com entusiasmo sobre os quinze anos em que exerceu o cargo
de Consultor Jurídico do Min istério do Trabalho, os pareceres que então
ofereceu , os projetos que sugeriu aos titulares da Pasta?
Nao lhe bastava isso, porém. Levado talvez pelo exemplo
paterno que relembrava sempre com veneração, a sua ambiçao maior era
aplicar a lei como magistrado e ei-Io Ministro do Tribunal Superior do
Trabalho . Atingira o ponto mais alto almejado pelos que se dedicam ao
Direito Social no Brasil. O seu espírito irrequieto, contudo, nAo lhe permitiu
acomodar-se na posição de Juiz do mais alto tribunal trabalhista do Pais.
Se a organização judiciária do trabalho se encontrava implantada e em
eficiente funcionamento, se as regras de legislação trabalhista , que as
condlçOes sociais do Pais entAo permitiam fossem aplicadas, estavam
sendo obedecidas, pareceu-lhe que era chegado o momento de colocar a
sua inteligência a servtço do desenvorvimento do Direito Admlnistratívo, tao
pouco cuidado em nosso melo, e do estudo e aprimoramento das
Instituições constitucionais.
Esse terá sido, tudo Indica, o motivo que o levou a trocar o
Tribunal Superior do Trabalho por este Tribunal Federal de Recursos.
Aqui vim a conhecê-Io, pessoalmente, em 1963, quando
ingressei nesta Corte e, tAo logo empossei-me no cargo de Ministro , pude
verificar que se tratava de uma criatura boa , de um homem superior. Bom,
revelou-se ele desde o primeIro momento. pelo carinho com que me
acolheu. colocando--se ã minha disposição para ajudar-me, para olieotar-
me. Superior, mostrou-se logo pela sinceridade e despreocupação com que
me fornecia os elementos para que pudesse vencer as dificuldades de
adaptação à nova carreira que eu havia escolhido, demonstrando, em todos
os Instantes, a segurança dos que, autenticamente capazes. nAo buscam
nas fraquezas alheias a forma de fazer aparecer o próprio valor.
Tantas e tantas foram as vezes que dele anUlo me vali,
buscando a ajUda de seu saber a experiência, que o seu contínuo Hilário,
revelando na expressão a estima do selVidor humilde pelo chefe benquisto ,
sempre que me via passar pela porta do seu gabinete dizia-me ·0 velho
está ai",

158
A personalidade de Oscar Saraiva, porém, era forte demais
para prender apenas pelo sentimento de gratidão, pois impunha-se ele à
admiração de todos quantos o observavam no exercício da função de Juiz.
Quer na 2" Turma onde era seu revisor, quer no Tribunal Pleno, quando me
assentava ao seu lado, fazia gosto ver a retidão que imprimia aos seus
pronunciamentos, a intran~ência com que aplicava os principios que
informavam as leis, procurando interpretar estas com magnanimidade, mas
jamais deixando de dar-lhes fiel aplicaçao. Estou a vê-lo a invocar
seguidamente a Declaração dos Direitos do Homem para defender a
liberdade do cidadão, que, repetia sempre, era, ao seu ver, o mais sagrado
dos direitos. Foi um bravo na defesa do direito à liberdade e, mais de uma
vez, vi aquele homem de compleiçao franzina, sempre tão educado,
transmudar-se e exaltar-se na sustentação da concessão de uma ordem de
habeas corpus.
No geral, entretanto, guardava a serenidade e brindava-nos
com demonstraçOes de cuhura excepcional, entremeando nos seus votos
ora uma frase de Anatole France, que fora o ídolo de sua juventude, ora um
dito inglês adequado à situação ou um pronunciamento de um Juiz da Corte
Suprema dos Estados Unidos.
Foi, aliás, a universalidade de sua cultura e a capacidade de
mantê-Ia atualizada que lhe permitiram continuasse pela vida afora
representando o Brasil em conferências internacionais e que alcançasse a
honra de ser escolhido, em 1965, para membro da Comissão de Peritos em
Convenções e Recomendações da Organizaçao Internacional do Trabalho.
Sem embargo de tudo isso, porém, Saraiva era um insatisfeito.
O Tríbunal de Recursos nAo lhe permitia deter-se, como desejava, no
exame das teses postas sob sua apreciação e dai o entusiasmo com que se
entregou ao ensino na Universidade de Brasília. As aulas, dizia-me ele,
possibilitavam o exame sistemático do Direito Público, sobre o qual, era
sua ambição, desejava escrever um dia obra doutrinária.
Essa vontade manifestou de forma expressa ao apresentar a
coletânea de trabalhos seus coligidos por Albino Pereira da Rosa e
publicados sob o título ~Estudos de Direito Administrativo e de Direito
Social", quando escreveu:
"Minha vida profissional, dedicada desde o
seu início à advocacia e ao serviço público, e
depois à judicatura, nAo me tem proporcionado
Jazeres que me permitissem consagrar tempo
bastante para a feitura de obras doutrinárias,
como sempre foi meu desejo. Espero ainda

159
realizá-Ia, entretanto , quando vier a ficar liberado
dos deveres cotidianos que absorvem, e cujo
pronto atendimento jamais me penniti adiar em
beneficio das tarefas mais agradáveis da
doutrinação".
No seu destino, contudo, não estavam previstos os lazeres.
Enquanto lecionava na Universidade foi escolhido para o Tribunal Superior
Eleitoral e passou a encarar a sua passagem ali como uma oportunidade
para aplicar alguns dos princípios que ensinava, contribuindo para o
aperfeiçoamento das instituições políticas, com o que lhe era retirada a
última possibilidade de estudo tranqüilo. Desincumbiu-se de sua missão
naquela Corte, entretanto, com a satisfação própria dos que acreditam na
superioridade do regime democrático de Governo.
Mas a vida lhe reservara uma outra misslio. Trabalhador
incansável, para quem os obstáculos constituíam desafio previamente
aceito, eleito Presidente do Tribunal, entregou-se de corpo e alma à
restauração e organização da Justiça Federal. Desde a elaboração da lei
até a total implantação da Justiça, era comovedor observar-se o
entusiasmo com que se dedicava à tarefa que entendia do mais alto
interesse público de dotar o País de uma Justiça especializada para as
causas da União e suas autarquias.
O esforço que enUío despendeu à frente do Conselho Federal
s6 encontraria paralelo no empenho com que, ao mesmo tempo,
providenciava a continuação e a complementação do prédio do Tribunal. A
inauguraçao deste veio a ser infelizmente a sua despedida real desta Corte.
A obra de uma grande vida linha tenno com o termo de uma grande obra.
Essa coincidência, aliás, se ao ser humano fosse dado escolher
com satisfação o momento de sua despedida do mundo dos vivos, seria para
ele motivo de contentamento, pois, paulista de nascimento, embora houvesse
vivido sempre fora do seu Estado natal, continuamente relembrava com orgulho
a sua origem e a capacidade de realização de seus coestaduanos.
Não mais o teremos em nossa convivência. Além de seus
lúcidos votos, porém, ficará neste Tribunal o exemplo de um grande Juiz, a
indicar-nos sempre que na aplicação da lei jamais se deverá esquecer que
a destinação desta é o bem públiCO e a garantia dos direitos dos cidadãos.
Falando neste instante em nome dos meus colegas, encerro
estas palavras reiterando à Da. Mercedes, companheira de todas as lutas, e
aos seus filhos, o nosso pesar pelo falecimento do grande morto, certo de
que a dor de agora será confortada pelo orgulho de terem tido como marido
e como pai um homem superior.

160
Do Exmo. Sr. Or. Firmino Ferreira Paz,
em nome do Ministério Público Federal.
o EXMO. SR. OR. FIRMINO FERREIRA PPZ
(SUBPROCURAOOR-GERAL OA REPÚBLICA): Exmo. Sr. Ministro
Presidente do COlendo Tribunal Federal de Recursos.
Exmos. Srs. Ministros.
Exmas. Senhoras.
Meus colegas.
Meus senhores:
Neste momento, no recinto do mesmo Tribunal em Que,
prudente e seguramente, ju~u . está sendO julgado, também, o grande
magistrado, juiz insigne. varão ilustre, que foi o eminente Ministro Oscar
Saraiva. Ele quis ser Julgado, julgando. Quem julga é 'julgado. Vieira, há
mais de três séculos lembrou: ~Nollte judle.r, ut non judlcemlnl: In que
enlm jucJiclo judicaverttls, judicabimin/. se nAo quereis que vos ju~uem,
nAo julgueis, porque com o mesmo juizo com que julgardes, sereis
julgados. Esta sentença de Cristo Senhor nosso .. ." - disse o maior orador
sacro da !rngus portuguesa.
As homenagens, ainda que póstumas, meus senhores, do
juizos, julgamentos, que se compõem nAo só de palavras senAo de fatos;
nAo só de fatos, senAo de verdades; nAo só de verdades, senAo de amor da
verdade. e: o Que, pessoalmente e em nome do Ministério Público Federal
junto ao Colendo Tribunal Federal de Recursos, tributamos ao inoividável
Ministro Oscar Ssraíva.
Homem e magistrado, o Ministro Oscar Saraiva foi grande, na
compreensAo da vida; prudente, na emisslo de juízos sobre os outros
homens; sábio, na dlstribuiçAo da Justtça. Honrou, sobremodo, a
magistratura de sua Pátria, e a exerceu com excepcional dignidade. Nesse
exercício, proferiu votos memoráveis, enriqueceu a literatura jurídica
nacional. A( estAc, nas revistas jurldicas eSpecializadas, as provas da
grandeza moral e intelectual desse homem a quem o Brasil deve
relevantíssimos serviços.

163
Ouso dizer, senhores, que o Ministro Oscar Saraiva nao
morreu. Está vivo nos atos da sua vida , na memória e saudade de seus
contemportmeos. nas páginas brilhantes dos seus trabalhos jurídicos e,
mais do que tudo isso, na eterna e profunda gratidão da p,étria. Vejo-.o na
minha imaginação e lembrança de passagens de nosso convivio, aqui, ao
lado, à minha esquerda, presidindo este Tribunal, com a dignidade que o
enobrecia, com a austeridade que a função exigia, com a sabedoria, que a
sua cultura humanística e jurídica agigantavam e com a consciência
tranquilissima de que, assim procedendo, estava cumprindo, pontualmente,
o seu dever funcional e honrando e nobilitando a Justiça Brasileira .
Na presidência desta Casa, se dirigia os trabalhos das sessões
plenárias, não faltava ao Ministro Oscar Saraiva , a par da firmeza e
segurança com que o fazia. o trato amável e respeitoso para com os seus
pares, para com os advogados e membros do Minmério Público. Ante o
menor equívoco que cometesse e que pudesse parecer indelicadeza, ele se
escusava . Explica-se. A humildade com que o fazia tinha a força de lhe
aumentar a autoridade presidencial, a admiração e o respeito de quantos o
cercavam.
Quem , de perto, conheceu o Ministro Oscar Saraiva sabe que
ele não entesourava, no coração, vingança ou ira. Tinha a divina virtude e a
nobreza heróica de perdoar: Fruto de compreensAo das fraquezas humanas
e expressão mbima da bondade pessoal. Era, aSSim , por isso, também,
nobre e forte.
A esse homem admirado e admirável por todos os titulos as
nossas homenagens de respeito reverencial e de imorredoura saudade.
Tenho dito.

164
Do Exmo. Sr. Dr. Oito Rocha,
em nome da Justiça Federal.
o EXMO. SR. DR. OTTO ROCHA (JUIZ FEDERAL DA 2'
VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL): A Justiça
Federal de Primeira lnstancia, neste momento em que o Tribunal Federal
de Recursos presta tão comovente homenagem à memória do saudoso
Presidente, Ministro Oscar Saraiva, não poderia deixar de estar presente,
associando~se a tão justa e merecedora consagraçao.
Assim é que, na qualidade de Diretor do Foro e Corregedor da
Justiça Federal - Seção do Distrito Federal, venho trazer, em nome da
Justiça Federal de lodo o Brasil e, principalmente, da Seção Judiciária de
Brasítia, a nossa palavra modesta mas sincera, para enaltecer a figura
ímpar do notável Juiz que por tantos anos pontificou nesta Augusta Casa.
Desnecessário seria, após ouvirmos os oradores que nos
precederam, fazer um retrospecto da vida e da obra de Oscar Saraiva.
Entretanto, nós, da Justiça Federal de Primeira InstAncia, temos uma dívida
de gratidão para com ele, pelo carinho e dedicação a todo instante
demonstrados no trato dos interesses da Justiça Federal. Justiça esta que
ele, num esforço sobre-humano, mas cheio de coragem e entusiasmo, tão
bem soube instalar e consolidar, numa verdadeira renovação da estrutura
Judiciária do País.
Esse carinho, essa preocupação já vinha desde os primeiros
dias da criação da Justiça Federal, quando o inesqueclvel Ministro alertava
em seu discurso de posse na Presidência deste Egrégio Tribunal: -No
momento atual - e agora falo como Presidente do Conselho da Justiça
Federal - o que urge é acelerar, por todos os meios disponíveis, a
implantação dessa Justiça em sua primeira instAncia, como é da maior
necessidade para a boa ordem dos negócios da União e para a melhor
garantia dos seus cidadãos·.
Sr. Presidente, meus senhores e minhas senhoras, ao telTTlinar
estas poucas palavras, eu vos asseguro: o nome do Presidente Oscar
Saraiva será por nós sempre lembrado, como nosso verdadeiro patrono, e
o seu exemplo de Juiz sábio, probo e imaculado, será o guia que há de nos
inspirar em nossas decisões.

167
Do limo. Sr. Dr. Paulo Távora, em nome da Ordem doa
Advogados do Brasil (Seção do Distrito Federal).
o ILMO. SR. DR. PAULO TÁVORA (EM NOME DA ORDEM
DOS ADVOGADOS DO BRASIL): A Ordem dos Advogados - Seção do
Distrito Federal, e este mandatário - vêm reverenciar na memória do
Ministro Oscar Saraiva, uma vida inteiramente consagrada ao Direito e à
Justiça.
Realizou este nobre apostolado com todas as veras do
coração, iluminado por uma inteligência de escol e servido de cultura
humanística e jurídica, meditada sobretudo nos estudos de Direito
Constitucional e Administrativo e nos temas de Legislação Social.
Sua vida é a realização de um predestinado para o Direito.
Filho de Juiz, herdou a vocação paterna, cultivando-a em brilhante curso
acadêmico, que lhe granjeou o bacharelado com láurea. Distinção que
havia de marcar, com nota constante, todas as atividades de seu ministério
jurídico.
Advogou nos pret6rios da antiga Capital da República, e os
contemporâneos de foro assinalam o estudioso das questões submetidas a
seu patrocínio e o zelo inexcedível nos deveres do mandato.
Mas, a alma criadora do jurista encontrou na sistematização
em curso das normas do Direito Social, no magistério de seus princípios
informadores e na estruturação dos vigamentos da Justiça do Trabalho - a
seara propícia à sua fecunda contribuição ao novo Direito.
Neste sulco, prega em tese com que se apresenta à livre
docência da cadeira de Direito Industrial, a responsabilidade do jurista no
ajustamento e formulação dos comandos legais aos fatos da dinâmica
social, para que as suas transformações se operem sob a égide do Direito,
enfatizando, nestas palavras, a missao do julisperito:
"O Jurista hoje, nao pode ser apenas um
compilador de usos ou um conhecedor de textos,
à felçao dos glosadores medievais, mas deve ter
imaginaçiio criadora e faculdade de observação e
de generalização dos fenômenos sociais, de modo
a poder acompanhá~los pari passu, e até mesmo
antecipar~se a sua evoluçao, traçando as normas

171
de seu desenvolvimento futuro, 8 fim de evitar a
revolta dos fatos contra os Códigos e impedir que
as transfonnaçOes sociais se operem pela via da
violência em vez da via jurldica-.
Ê sob a Inspiração desses propósitos que o jurfsta plasma sua
magistratura no Tribunal SUperior do Trabalho .
Juiz consagrado nesse foro de Justiça Social, vem integrar
este Recinto, que monopoliza na cena judiciária da segunda instAncla
federal o confronto de interesses do individuo e de seu meio político, entre
o Estado compromissado com a guarda do bem comum , e as garantias da
pessoa, penhor de suas liberdades e do destino da Nação.
Nesta fase coroada da judicatura do Ministro Oscar saraiva,
coube aos advogados de Brasllla o privilégio de sentir de perto as
qualidades de coraçao e os dotes de seu espírito. transfundidos em votos
de lavra paregnna , na pureza da afenção dos fatos é lei, na serenidade e
segurança de seus julgamentos.
Pelas excelsas virtudes de sua pessoa, pelo aprofundado
saber, a consciência do justo e a independência de vistas, choramos a
perda do grande juiz, que nos lega o exemplo e o ensinamento de uma vida
dedicada ao sacerdócio do Direito e da Justiça.

172
Do Exmo. Sr. Ministro Godoy Ilha.
o EXMO. SR. MINISTRO GODOY ILHA: Sr. Presidente, peço
a palavra pela ordem.
Apenas, para comunicar à Casa o desempenho do honroso
encargo a mim confiado por V. Exa. de representar o Tribunal nos funerais
do nosso saudoso colega, o Ministro Oscar Saraiva.
Na ocasiao, proferi , em nome dos Membros desta Corte, a
breve oração de despedida, que passo à Taquigrafia:
Saraiva. Meu inolvidável amigo.
Venço as emoções deste instante penoso e aqui estou à beira
do teu corpo inanimado, para trazer-te o adeus e as despedidas dos teus
colegas do Tribunal Federal de Recursos, que tanto engrandeceste por
quase um decênio de operosa e fulgente judicatura.
E ao teu velho companheiro da 2- Turma, cabe o pungente
encargo de, perante o túmulo que se abre, traduzir, na inteligência do seu
verbo, toda a extensao da nossa mágoa e da nossa dor diante do
inesperado da tua morte, que as surpreendentes resistências do teu
organismo nao deixavam entrever para tAo cedo.
As árduas tarefas da Presidência do Tribunal, que tive a
fortuna de passar às tuas mãos experientes, haviam de minar a tua saúde
e, ao expirar os últimos instantes do teu mandato, faltou-te ela para
transmiti-lo ao teu sucessor. Já a Parca rondava à tua porta e tombaste, ao
término da fecunda jornada, pela devoção do teu apurado espírito público e
pela extremada compenetração dos deveres funcionais.
A evocação do exemplo edificante da tua vida é o maior
legado que deixas aos pósteros.
Forrado de sólida cultura humanística, madrugaste para a vida
do Direito e já no alvorecer da tua mocidade os mais altos encargos
passaram às tuas mãos e acabaram por revelar o jurista consumado , cuja
atuação havia de transpor as fronteiras do Pais, em relevantes conclaves e
prestigiosos organismos internacionais.

175
Honraste a cátedra e enriqueceste as nossas letras jur1dicas
com trabalhos de realçado merecimento, mas havias de te sublimar na
funçao de juiz, que o foste por excelência, por uma invencível vocação
familiar. As tuas predileçOes pelo Direito Social, de cuja opulenta legis/açao
foste o grande artífice ao longo do largo períodO em que ocupaste a
Consuttorla Jurídica do Ministério do Trabalho, abriram-te os cancelos do
Tribunal Superior do Trabalho, onde , por mais de um lustro, pontificou o
jurlsperlto eximia.
Mas, sensível às seduçOes do Direito Público, ascendeste ao
Tribunal Federal de Recursos, onde haviam de fulgir os primores da tua
invejável cuhura jurídica, a par do equilíbrio, da ponderaçAo do verdadeiro
magistrado e da retidAo de um caráter sem jaça.
A dizer da tua passagem pela nossa Casa lá estao os traços
luminosos dos votos que proferiste, que engrandecem os nossos arestos e
enriqucem os anais judiciários.
Culminaste a tua carreira de magistrado alcançando a
PreSidência da Corte, a que deste invulgar relevo e deixaste, como marcos
indeléveis, a conclusAo da sua majestosa sede e a definitiva implantaçAo
da Justiça Federal de 1- InstAncia, de cuja criaçao foste tMgna-pat'S.
A tua austera postura de Juiz nao fanavam, todavia. os
acentos de um trato cordial e ameno que le fizeram admirado e estimado
por tOdos, que agora pranteiam a lua morte e hAo de reverenciar a tua jé
saudosa memória.
A lua estremecida e devotada companheira e 80s teus, que
conosco amargam a dor da despedida, deixamos aqui 8S sentidas
condolências dos juízes e servidores do Tribunal Federal de Recursos.

176
DISCURSO DE ELOGIO AO EXMO. SR. MINISTRO
OSCAR SARAIVA, PATRONO DA CADEIRA N° 27,
DA ACADEMIA PAULISTA DE DIREITO, PELO EXMO.
SR. MINISTRO LUIZ ROBERTO DE REZENDE PUECH,
ACADêMICO-TITULAR, PUBLICADO NA REVISTA DA
ACADEMIA PAULISTA DE DIREITO, N° 2 - ANO 2 -1973.
OSCAR SARAIVA

Desprendo~me de minha justificada modéstia ao chegar à


vossa presença neste momento, dominado que sou por imenso orgulho ao
assumir uma das Cadeiras deste Cenáculo das letras jurídicas, na qual se
fixou minha condição de titular.
Certo, porém, não me cega o orgulho, advertindo-me a
consciência e trazendo-me a plena certeza de que imerecida esta glória,
perdidos meus escritos no turbilhão de minha vida profissional, na
caminhada em busca do ~Direito Novo", no qual fui sempre e simplesmente
um noviço, e onde tantos, autodidatas como eu, perseguimos o mesmo
ideal.
Consta Que o irreverente Voltaire ao ser recebido na MLoja das
Nove Irmãs·, agradecendo a homenagem de que era alvo, proclamou haver
conhecido, pela primeira vez, a vaidade, mas, principalmente, o
reconhecimento.
Por certo hão compreendido os meus ilustres Confrades o
quanto - sem a irreverência cética do genial parisiense - prende-se ao
orgulho deste instante o meu reconhecimento - este, sim, por todo o
sempre e que mais uma vez reafinno - aos senhores fundadores desta
nossa Academia os quais, em Assembléia Geral, honraram-me com seus
votos e consagraram-me à imortalidade, oferecendo a mim a única das
vagas - dentre os 12 então em disputa e que na forma estatutária se
destinava à magistratura e quando nesta era eu recém-ingresso pois
completava apenas meu primeiro biênio.
Falar-vos-ei de Oscar Saraiva - e a apresentação é formal
desde que o jurista que nele se constituiu era merecidamente acatado,
notabilizado pela sua relevante contribuição em vários setores da ciência
do Direito, especialmente com a elaboração legislativa e exegética de
nosso Direito do Trabalho e da Previdência Social ou, ~tout court', do
Direito Social Brasileiro como a ambos definiu, em síntese feliz, nosso
eminente Presidente Professor Cesarino Júnior.

179
Determinaram esta minha escolha diversas razões - e
havereis de compreendê·las no curso de minha exposição , conquanto as
sintetize desde logo: a primeira é a personalidade de Oscar Saraiva, a
merecer exaltados seus grandes méritos, escondidos sob sua modéstia mas
que afloravam a todo instante em sua vida profissional. Acresce que,
despretensioso, trazia em sua exemplar conduta constantes mensagens de
amizade fraterna, cativando a quantos tiveram a ventura de conhecê· lo;
ponderou , ainda , em favor de minha escolha, o haver ele nascido em São
Paulo, sede de nossa Academia, voltado - como voltado tem sido e será o
nosso Estado natal, e também a nossa Academia - para os supremos
interesses da ciência jurídica, a serviço do Brasil, na melhor das vocaçOes
nacionais; tive em vista, finalmente, sua atividade multifonne e complexa,
de natureza científica , e a maneira pela qual sentia o Direito Social, sob a
ponderação do interesse público, de forma a permitir·me situá·lo, com a
autoridade de sua argumentação, entre os juspublicistas - corrente
doutrinária de minha predileção na compreensão do Direito Social.
Feita a escolha e comunicada ao Exmo. Sr. Presidente da
Academia, duas circunstAncias vieram colori-Ia marcando coincidências
que referirei dentro em pouco.
1. O homem Oscar Saraiva
Nasceu Oscar Saraiva em São Paulo, à Alameda Glette,
sendo batizado na Igreja Santa Cecília. Descendia de ilustres juristas que
muito o inspiraram em sua vida de cultor do Direito: o pai, J. J. Saraiva
Júnior, magistrado que fez carreira no Rio de Janeiro, para onde iria Oscar
Saraiva em tenra idade e onde faria os estudos no Colégio Santo Ignácio,
diplomando-se em Direito pela Universidade do Brasil, laureado com o
"Prêmio Conselheiro CAndido de Oliveira-, pois foi o melhor aluno de sua
turma.
Talvez mais marcadamente influiria em sua vida a figura de
seu tio--avô, Canuto Saraiva, como seu pai nascido na cidade de Areias, às
margens do orgulhoso Rio Paraiba, - a privilegiada Areias que mais tarde
daria outro Ministro ao Excelso Pretório - o culto Ministro Raphael de
Barros Monteiro. Em artigo publicado em ·0 Estado de São Paulo~. edição
de 111/10/1941, disse Júlio César de Faria que, ao abrir-se vaga no Supremo
Tribunal Federal, pela morte do insigne Ministro Piza e Almeida, indicou
Pedro Lessa o nome de Canuto Saraiva, desincumbindo-se assim da
missão a ele atribuída pelo Presidente da República, Dr. Afonso Penna, o
qual tinha em Pedro Lessa constante conselheiro. E surge aqui a primeira
das coincidências a que agora me reporto, desde que era o Ministro Piza e

180
Almeida meu tio-avO, sucedido no Excelso Pretória pelo tio-avO de Oscar
Saraiva.
Pelo lado matemo - como SÓ há pouco fiquei sabendo - e é a
segunda coincidência - era Oscar Saraiva da família Marcondes Machado,
da qual descende por pai e mãe, tendo assim, ambos, o nobre patrono
como também eu, ascendência fincada na magnífica Pindamonhangaba, a
·Princesa Ovante" como foi denominada. Aliás, também ascendentes em
Pindamonhangaba tem o preclaro Presidente do Conselho Curador de
nossa Academia, Ministro Pedro Rodovalho Marcondes Chaves - Patrono
dos juízes - categoria em que se inscreve a vaga para a qual fu i eleito em
minha condiçao de magistrado. Do avO de Oscar Saraiva, Rodr-igo Lobato
Marcondes Machado, encontram-se as mais autorizadas referências,
definindo-o como expressão modelar de homem público, líder da bancada
liberal, membro da Comissão elaboradora da Constituiçao do Estado de
São Paulo e autor da reforma judiciária paulista de 1891. Nele teria Oscar
Saraiva as inspirações para o desprendimento e para a vocaçao com que
tanto e tão bem serviria o Pais.
De Rodrigo Lobato herdaria o neto, além da extraordinária
semelhança física, o temperamento tranqüilo, ressaltado pelas crônicas do
tempo e quando, em vésperas da implantação do regime republicano,
defendia suas convicções liberais sem deixar de compreender - talvez
mesmo por força da sinceridade na sua posiçao liberalista - a
Implacabilidade da República a aproximar-se. E assim soube sempre
manter-se, sereno em meio aos entrechoques do momento histórico.
Ocorrem-me, a propósito da serenidade do neto ilustre, os
debates que presenciei no Tribunal Superior do Trabalho por voha de 1955.
Ali me achava na condição de Procurador Regional do Trabalho, tentando
solucionar extensa greve que tumultuava a cidade de São Paulo e que
dependia da Presidência daquela Corte. Enquanto aguardava a audiência
que me seria concedida pelo então Presidente, Ministro Delfim Moreira
Júnior, fiquei assistindo aos debates, que se tornavam agitados. A certo
momento era Oscar Saraiva veementemente interpelado por um dos mais
combativos dentre seus eminentes companheiros. Foi necessário ao
Presidente suspender a sessão por alguns minutos para que amainasse os
ânimos, conturbados, como me fora possível observar, não por culpa de
Oscar Saraiva, ameno em meio à tempestade que se fonnara. Nem
mesmo se alterou Oscar Saraiva ao depois, na sala do café, para onde fui
convidado e me achava cerimoniosamente quando, de certa fonna, houve
tentativa de reabrir-se a discussão. Alheio às interpelações impertinentes a
ele dirigidas, e tirando-me do constrangimento que estas me causavam,
logo exclamou, dirigindo-se a mim: ~Meu caro Procurador, leve para a

181
nossa quelida 510 Paulo minha mensagem fraterna pois nAo se esqueça de
que sou seu conterrAneo , Apesar de sempre longe de SAo Paulo. mantenho
vivo o orgulho de ser paulista.·
2. A carreira
Ao encerrar seus
estudos jurídicos - com distlnçAo em todos
os anos do curso e tendo apenas 21 anos de idade - depois de passar pelo
jornalismo, iniciado nos bancos acadêmicos, foi Oscar Sal'l.iva ocupar, em
1928, o lugar de Adjunto de Procurador do Conselho Nacional do Trabalho,
órgAo entAo vivificado e destinado a preservar a ordem social. Fixava-se,
portanto, Oscar Saraiva como juslaboralista antes mesmo que a ciência
jurfdica correspondente surgisse no Brasil. Criado em 1923, segundo se
dizia em, cumprimento ao Tratado de Versailles, o Conselho Nacional do
Trabalho sofrera modiflcaç6es estruturais em 1928, quando passou a
integra-lo Oscar Saraiva, sob a chefia de Viveiros de Castro, o qual
proferira, anos antes, na Faculdade de Filosofia e Letras do Rio de Janeiro,
oito excelentes palestras sobre a QuestAo Social e que certamente
influiriam na criação daquele novo órgão em o qual Oscar Saraiva daria os
primeiros passos de sua brilhante carreira . Para que se tenha uma idéia da
projeçAo ' pol~ico-social do Conselho. basta registra-lhe a presença de
conselheiros ilustres, dentre os quais destaco as personalfdades
eminentissimas de Afranio Pelxoto, Afranio de Metia Franco, Ataulfo de
Palva, Francisco Monlevade, Cartas de Campos, Jüllo Prestes, Manoel
Pedro Vlllaboim. Ressalte-se, principalmente, o ato oficiai de 1928, do
saudoso e preclaro Presidente Washington Luiz adotando novas medidas
para que o Conselho Nacional do Trabalho ficasse apto às atribuições
executivas com as quais pudesse o seu governo atender às exigências das
legislaçOes previdenciária e acident.éria. Estas, ainda que incipientes,
figuravam, portanto, nas preocupações do governo deposto pela revolução
de 1930, e enUlo Oscar Saraiva passaria a ser aproveitado,
inspiradamente, como Adjunto de Procurador. Ascenderia, em seguida, a
Procurador do Departamento Nacional do Trabalho - órgAo resuttante da
lei nO 5.407 , de 1927, como pretendido pela mensagem do Presidente da
República . Passaria em seguida Oscar Saraiva a organizador e primeiro
presidente do Instituto dos Bancários, em 1936; Procurador-Geral do
Instituto dos Bancários, nesse mesmo ano; membro, Vice-Presidente e
Presidente da Câmara de Justiça, do Conselho Nacional do Trabalho, de
1939 a 1945; Consultor Jurfdlco da CoordenaçAo da MobilizaçAo
Econômica, de 1942 8 1945; Presidente da ComissAo Pennanente do
Trabalho , em 1950; Consultor Juridico do Ministério do Trabalho, de 1950 a
1955; Procurador-Geral da Prefeitura do Distrito Federal, em 1951 e 1952;
Mintstro do Tribunal Superior do Trabalho, de 1955 a 1960; Ministro do

182
Tribunal Federal de Recursos, desde 1960 até quando a morte o colheu em
plena atividade. Por duas vezes, ao tempo em que era Ministro do Trabalho
o Dr. Alexandre Marcondes Filho, Oscar Saraiva teve ocasião de ocupar
aquela pasta interinamente.
Nesta enumeração dos vários postos que ocupou -
acumulando-os tantas vezes e sempre sem ônus para os cofres públiCOS -
estava Oscar Saraiva a confirmar as duas poderosas influências Que
recebeu de seus dignos ascendentes - a formaçao juridica aprimorada e o
zeloso desempenho das funçOes administrativas,
3. As atividades legislativas e culturais em plano nacional
e internacional.
Os dotes a que nos refefimos evidenciaram-se ainda sob
aspectos, na atividade cultural e na legislativa , em que OScar Saraiva seria
persistente: no exercício das funcOes públicas era eficiente legislador,
quando, no sistema de governo da época, as funções legislativas eram
cumuladas pelo Executivo. Ao lado de seus insignes companheiros,
desincumblu-se de missões da maior significação, como por exemplo a de
elaborar o anteprojeto da ~ que criaria as primeiras Juntas de concillaçao
e Julgamento, tal como ainda funcionam em nosso Pais. Sua participação
na elaboraçAo da Consolidação das Leis do Trabalho também foi relevante
conquanto nao ostensiva. Contou-me Alexandre Marcondes Filho que, ao
promover a consolidaçAo da legislaçAo social, criou duas ComissOes: uma,
para a legislaçAo trabalhista, presidida pelo saudoso Luiz Augusto do Rego
Monteiro; outra, para a legislaçAo da previdência social, presidida por
oscar Sal1llva. Abandonada , logo em seguk.1a, oficialmente, a idéia de
consolidar as leis previdenciárias - ou previdenciais no adjetivo da
preferência de nosso caro Presidente Cesarlno Júnior - seguiu OScar
Saraiva a participar, voluntária e dedicadamente, dos trabalhos da outra
Comisslio. Por isso mesmo, explicou-me Marcondes FilhO, em
reconhecimento à sua valiosa colaboraçao, convldaram-no os demais
membros a também assinar o Relatório Geral que acompanha o
anteprojeto. Na verdade, no texto afinal consolidado, nota-se o -dedo- de
Oscar Saraiva , como diria a giria lusitana.
Em plano internacional, ainda e sempre sem Onus para os
cofres públiCOS, confirmando sua vocaçAo clentlfica e patriótica,
representou o Brasil em diversas conferencias, entre as qoals a
Conferência da Organização Internacional do Trabalho, em 1938 e em
1939, bem como a Conferência Interamericana de Segurança Soc~l, em
1947, no Rio de Janeiro, e a IV Conferência dos Estados da América, em
Montevidéu, em 19049.

183
Ao examinannos, nos cinco Congressos Intern~cionais, sua
participação, vemos que os assuntos tratados seriam por certo da
predileção do próprio Oscar Saraiva, quais sejam: as condições de trabalho
dos trabalhadores indfgenas e dos trabalhadores migrantes; 8S condições
de trabalho nas rodovias, isto é, dos denominados carreteiros; o seguro
social contra acidentes do trabalho e a respectiva estatística; os serviços de
emprego e o seguro-<tesemprego; a segurança social sob os ditames da
colaboração internacional.
Delegado do Brasil à KConsulta em Matéria de Seguridade
Social", no auge da Segunda Guerra Mundial, em julho de 1943 -
promovido o encontro pela Organização Internacional do Trabalho com
vistas à futura paz - participou de mes8 redonda em Montreal, irradiados os
R

debates para o mundo e tendo como co-partlcipantes alguns luminares da


especialidade, entre os quais o imortal William Beveridge, pela Grã-
Bretanha, e o célebre Leonard Marsh, canadense, também já então autor
de plano magistral de segurança social. A leitura dos diálogos que foram
travados, reencontramos novas confinnações da sua sobranceria em
defender a unificaçAo dos órgãos de previdência social e o sistema de
contribuição tríplice, ou seja, dos empregados, dos empregadores e do
governo.
Seus pareceres, estudos, votos e acórdãos marcaram pontos
fundamentais na instituição do Direito do Trabalho no Brasil.
Se algum dia for escrita a história do Judiciário Trabalhista
pátrio, há de ela basear-se fundamentalmente no quanto, ao lado de
eminentes companheiros - entre os quais Oliveira Viana, Rego Monteiro,
Bezerra de Freitas, Dorval Lacerda, para citar apenas dentre os falecidos -
para ela contribuiu Oscar Saraiva. Sucedendo a Oliveira Viana na
Consultoria Jurídica do Ministério do Trabalho, em 1940 - cargo que
ocupou durante os anos de mais intensa elaboração legislativa do Direito do
Trabalho e da Previdência Social - quando nAo de sua iniciativa os atos
legislativos nesses dois campos, era de sua autoria a exegese da Qual se
asseguravam os textos vigentes, ou estruturavam-se as linhas básicas,
doutrinárias, até hoje imperantes em nosso Direito Social. Com rigorosa
fidelidade aos princípios internacionais. mesmo universais, inspiradores do
Direito positivo dos países civilizados, assumia o Brasil condição pioneira,
modelar, fundada nos estudos dos ilustres assistentes técnicos do Ministério
do Trabalho, entre eles - suave e fraternal, porém sábio e autorizado - o
Patrono desta Cadeira.
Jamais detiveram-no as resistências. com que as elites
conservadoras procuravam conter aquela torrente legistatlva que Osc.

184
Saraiva preconizava , ou a que dava a devida forma . Ele bem sabia Que, ao
Invés de uma anna perigosa - como as apontavam aquelas resistências -
as iniciativas legislativas serviriam à Ordem e ao Progresso: o direito a
férias; o direito à estabilidade no emprego; as relaçOes coletivas de
trabalho; o direito à sindicalizaçAo; a proteçAo ao trabalhador nacional; a
!imilaçao da jornada de trabalho; o trabalho de mulheres e de menores; a
organização dos InsUtutos de Aposentadoria e PenSOes seguindo-se à das
Caixas, e do Instituto Único de Seguros Sociais como etapa necessária;
tudo isto se fez dentro da sistemática que o Patrono da Cadeira 27 havia
proposto e que seus escritos explicaram, justificaram, interpretaram e
consolidaram .
é fatil dizer·se hoje, por exempto, que nao prevalecem os
contratos entre as barbearias e seus empregados ou entre as padarias e
seus empregados, atribuindo-Ihes a condiçAo de autOnomos. Mas, ao tempo
dos primórdios, quando Oscar Saraiva em um dos mais válidos lutadores,
fazia-se necessário dizê-lo como ele sabia dizer, com clareza e precisA0
técnica. Cabe lembrar ainda, como exemplo, a distinçAo entre o contrato de
trabalho e O de empreitada , pois que sob o nome de empreitada,
procuraram muitos patrões evadir-se à incidências das leis sociais. As
demissOes de empregados estévels sem as formalidades legais, ,. luz da
Carta Constitucional de 1937; a garantia da contagem do tempo de serviço
do empregado, qualquer fosse a alteração na empresa; a integraçAo dos
abonos nos salários para as conseqOências legais, salvo ordem expressa
em contrário, eis outros exemplos das matérias em que Oscar Saraiva
interferiu decisivamente, cujas afirmações ninguém mais ousa contestar.
Em conferência sobre o Plano Beveódge. expticou o real
alcance da famosa programação destinada a suPlantar os -cinco g;gantes-,
capazes de conduzir as coletividades ao desamparo,. e ao desespero; o
estado de necessidade; 8 moléstia; a ignorência; o desasseio; a
desocupaçlo. aueria Oscar Saraiva que essa programação prevalecesse
universalmente para as refonnas profundas, conduoentes à vida para o
ap6s-guerra. Citava, por isso, o liberal btitanlco em sua frase famosa: -A
time for revolutions. note ror petching-. Na OrganizaçAo Intem8donal do
Trabalho, como membro do Conselho Técnico de 1964 8 1969, nlo fugiria
a essas suas diretrizes.
4. O administratlvlsta a o humanista
Sua vocaçAo peJo Direito do Trabalho e o da Previdência
Social nAo impediriam seus pef1dores pelo Dire~o Administrativo. Aliás.
certo é que 80 juslaboralista impOe-se o aprofundamento no Direito
Administrativo , principalmente quando colocado esteja sob as diretrizes

185
juspublicistas - e esta era, como já referi , a posiçlo de Oscar Saraiva,
identlficado por Cotrim Neto como um dos primeiros estudiosos da entidade
autárquica no Brasil.
A sociedade de economia mista , as fundaçOes, a empresa
pública, as autarquias, dele receberam especial atençio, nao apenas
quanto à contrataçao do pessoal, como também quanto às respectivas
estruturas jurídicas. Entao poucos, como eie , procuraram fixar as formas
através das quais o poder público ia descendo à atividade privada, nem
sempre com obediênc~ aos princlplos ortodoxos.
Emoora aceitasse a denominaçao -FundaçOes Públicas" - com
a contradlclo In termln/s denunciada pelo autorizado Hely Lopes Meirel1es
- nAo escapou a Oscar saraiva explicar, com precocidade, OS objetivos
que tem o Estado ao socorrer-se das instituições privadas. -Novas fonnas
constantemente surgiria, buscando sempre atender ao campo cada vez
mais dilatado de suas atribuições· , dizia ele há cerca de 20 anos, e o tempo
decorrido daria plena confirmação às suas palavras pioneiras.
Sua conferência, proferida nessa época, analisando a
expanslo das atividades estatais, referia a importancia da definiçao legal
do pessoal admitido pelo Estado. O regime seria estatutário nas atividades
específicas do poder público; todavia, se desmembradas e exercidas
autonomamente, ou se o ente autárquico estivesse destinado às atividades
industriais - quais sejam -8S que poderiam ser ou são também exercidas
por particulares e visam á criaçAo ou distribtJlçAo de utilidades ou à
prestaçAo de serviços- - os servidores seriam assalariados tiplcos.
Nos dias atuais, sob o sistema híbrido da Constituiçlo e das
leis atinentes, notamos ter-se afastado a organização nacional das
diretrizes básicas, recomendadas elementannente. confundindo o regime
do pessoal servidor do Estado. e até mesmo a competência dos órgãos
judicantes. longe estamos das criteriosas lIç6es de OScar SaraiVa,
desannonlzados os priVilégios em ralAo da matér1a com os priVilégios em
razAo das pessoas, surgindo situações práticas que desgarram da
indeclinével primazia do interesse público.
Evtdentemente. nAo é possivel desviar esse pendor
administrattvista de Oscar Saraiva da atitude que assumiu em 1960, 80
trocar seu posto no Tribunal Superior do Trabalho pelo de Ministro do
Tribunal Federal de Recursos. Por certo já dera ao Direito do Trabalho o
essencial . seguiu entAo a setor em que o Direito Administrativo vive com
mais intensidade. versando em seus pronunciamentos, em o novo Tríbunal,
teses e definições do mais transcendente interesse. Também não se
desviaria de sua velha especialidade na elaboraçAo legislativa. ~ de sua

186
autoria a Lei 5.010, de 1966, criando a Justiça Federal a que se denominou,
meritoriamente, "Lei Oscar Saraiva-. Veio instalar a nova Justiça em SAo
Paulo, a 29/08/1968, sancionada que fora a Lei a 29 de maio do ano
precedente, dia de seu aniversário, escolhido para tanto, em homenagem
ao emérito autor do anteprojeto.
Também nAo se afastou Oscar Saraiva de suas tendências
juspublicistas como Professor contratado da Cadeira de Economja PoHlica,
do Curso de Doutorado da Faculdade Nacional de Direito da Universidade
de Brasília, ou quando passou à condição de professor de Ciência Política
nesta mesma Universidade. Na cadeira de -Introduçao à Ciência Política-,
juntamente com os Professores Brandi Aleixo, Sulty Alves de Souza e
Abranches Viotti, desenvolveu plano modelar para suas aulas. Deixou-as,
inclusive, prontas para serem publicadas. Tive o texto em mãos, confiado
por sua filha que as conserva com zelo exemplar. Com a aprovação de
seus três eminentes companheiros de magistério, a respectiva publicação
muito poderá auxiliar aos estudiosos do Brasil.
Em nossa esplêndida Brasília, onde viveria os últimos anos de
sua vida profícua, soube Oscar Saraiva retemperar as tão costumeiras e
justificadas saudades do Rio de Janeiro - a cidade maravilhosa onde vivera
a maior parte de sua vida - com o bandeirismo que vivia em suas veias
pejo sangue de seus antepassados. Talvez esse bandeirismo também,
melhor explique a caminhada que fez pela doutrina do Direito do Trabalho,
da Previdência, do Direito Administrativo, e também da Ciência Política. O
adjetivo "social~ eslava sempre presente em seu pensamento e em sua
ação pelo caminho principal ou pelos atalhos de sua especialização. Queria
o atendimento, pelo Estado, das denominadas obrigações positivas da
administração pública.
De ressaltar-se, finalmente, o humanismo de Oscar Saraiva.
Em seu livro "Estudos de Direito Administrativo e de Direito Social-, no qual
reuniu seus pronunciamentos de maior significação, encontram-se
reiteradas afinnações que bem exprimem seu profundo humanismo. A
doutrina inaciana, e o juslaboralismo a partir de sua mocidade, inter1igar-se-
iam para dirigi-lo rumo à vida que soube viver.
Sob notável ênsia renovadora não cessariam, sentia ao seu
último suspiro, suas valiosas iniciativas, no estudo e na atividade no setor
público. Para tanto, lograva reunir as duas condiçOes essenciais a que se
referiu AlcAntara Machado em discurso proferido na Academia Brasileira de
Letras, e sem as quais nAo se completam os cultores do Direito: "a lucidez
do pensamento e a perfeição da forma". E ainda atento às advertências
daquele mesmo jurista e beletricista bandeirante, tinha Oscar Saraiva

187
presente a palavra de Von Ihering, para quem -a matéria juridica é
essencialmente poética no que entende com a defesa da personalidade-.
As Inspirações jesuftlcas de sua formação escolar, insisto,
sentimo-ras na maneira pela qual constantemente propugnava pelas
retonnas, atento aos direitos humanos. Queria promovê-ras, e as la
alcançando, com brandura, pela prática suaSÓria. Era também seu () lema
de Maxime Leroy ao procurar, para a sociedade, elementos estáveis de
reformismo permanente. Por isso mesmo, válidas lhe foram sempre as
palavras de IgnácJo de Loyola quando dizia não bastar ·seJa uma coisa bela
e boa em si mesma ; deve ser boa ainda em relaçlo às circunstAncias do
momento e nas suas conseqüências-.
Eis a figura do Patrono da Cadeira 27 desta nossa Academia,
como a relembro em rápida sintese. Na linguagem de seu século, falou
para o futuro. Revelou·se precursor, por suas idéias e por suas obras, em
busca do progresso social latu sensu, visando ao bem de seus
concidadãos, de sua pátria, e deixando a melhor demonstração válida para
sempre, de que não basta a semente do progresso, é preciso haja o solo
fértil da JusUça Soda/. Sobreviveria, para ele . sempre, a verdade suprema
que deixou escrita o Papa JoAo XXIII em sua monumental lIlIfe( et
MagJstta: -A prosperidade econOmica de um povo deve medir·se, nAo tanto
pela soma total de seus bens e riquezas, como pela justa repartição deles,
segundo os preceitos da justiça, para que todos os cidadãos possam
progredir e se aperfeiçoar".
Assim fIQue, pois, em preito merecido, nesta Casa e nesta
Cadeira 27, inscrito ad imortaln.tam, o nome de Oscar Saraiva.

188
DISCURSO DO EXMO. SR. MINISTRO JORGE LAFAVETTE
GUIMARÃES, NA INAUGURAÇÃO DA PLACA DA
BIBLIOTECA MINISTRO OSCAR SARAIVA, EM 15/06/1973.
o EXMO. SR. MINISTRO JORGE LAFAYETTE GUIMARÃES:
Com esta solenidade, que hoje realizamos, simples, mas dotada de
significação especial, ao ser inaugurada, na Biblioteca deste Tribunal, a
placa comemorativa da denominaçêo que lhe foi dada - Biblioteca
Ministro Oscar Saraiva - prestamos uma homenagem, justa e merecida, a
um dos mais ilustres e eminentes Juízes que já integraram o Tribunal
Federal de Recursos, ao Qual, durante 9 anos e da maneira mais completa,
dedicou sua inteligência e seu trabalho, sempre preocupado em manter, e
elevar cada vez mais, o conceito e o bom nome deste Colegiado, num zelo
inexcedível.
Magistrado de marcantes qualidades, intelectuais e morais,
pela sua serenidade e independência, sem ostentações, pelo seu
devotamento à causa da Justiça, pelo seu reconhecido esprrito público e
pela dedicação ao órgão a Que tão bem serviu, tomou-se o Ministro Oscar
Saraiva credor da nossa admiração e respeito, ao lado da estima, dos Que
com ele privaram, irradiada de sua personalidade simples e cativante, de
homem afável e de fina educação, atencioso, mas rigoroso no tocante ao
cumprimento dos deveres e à observância dos princípios éticos, que
orientavam a sua conduta de cidadão e julgador.
Designado para, nesta oportunidade, usar da palavra, como
intérprete do Tribunal, apesar de ser o mais moderno de seus Juízes,
nomeado já após o falecimento do Ministro Oscar Saraiva, somente posso
atribuir a distinção às minhas conhecidas vinculações com o homenageado,
fortemente estreitadas desde quando exerci o cargo de Juiz Federal,
havendo tido o prazer de aqui servir, por força de convocação e em caráter
interino, sob a sua esclarecida Presidência, constituindo a sua amizade,
com Que fui honrado, Indelevelmente gravada, motivo das mais gratas
recordações.
Desnecessário será dizer, neste Tribunal, Que tão bem o
conhece, quem foi o Ministro Oscar Saraiva, e descrever a sua trajetória na
vida pública, através dos diversos cargos ocupados, ao lado da advocacia,
que exerceu até o seu ingresso na magistratura, com destaque e êxito;
limito-me, pois, a mencionar os numerosos cargos por ele ocupados -
Procurador do Conselho Nacional do Trabalho, Procurador-Geral da

191
Prefeitura do ex-Dlstrito Federal, ConsuHor Jurídico do Ministério do
Trabalho, organizador, primeiro Presidente e a seguir Procurador-Geral do
Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários, Procurador-Geral do
Instituto de Aposentadoria e PensOes dos Comerciários, Presidente da
Camara de Justiça do Conselho Nacional do Trabalho , Consultor Jurídico
da Coordenação da MObilizaçao Econômica, Presidente da ComissAo
Pennanente do Trabalho, Membro da Comiss.ão Organizadora do Instituto
dos Serviços Sociais do Brasil , Delegado do Governo Brasileiro à
Conferência Internacional do Trabalho, Ministro do Trabalho, interino,
dentre muitos outros - destacando-se sempre pelo brilho com que os
desempenhou.
Atraído pelo magistério, lecionou Direito Administrativo e
Direito Constitucional , em cursos do Ministério do Trabalho, e Legislação do
Trabalho, no Curso de AdministraçAo, mantido pelo DAS?
Na Faculdade Nacional de Direito, da universidade do Brasil,
regeu 8 cadeira de Economia Polltlca, do Curso de Doutorado, e foi ainda
professor de Direito Público Interno, da Escola Brasileira de Administração,
da Fundação Getúlio Vargas, vindo a lecionar, na Universidade de Brasília,
Direito Administrativo, passando depois a professor de Ciência Polftica , na
mesma Universidade, cargo que desempenhou até o seu falecimento.
Ingressou na magistratura o Ministro OScar Saraiva em 1955,
nomeado para o Tribunal Superior do Trabalho, credenciado pelos seus
titulas e pela atividade que desenvolvera, relacionada ao campo do Direito
do Trabalho e da Previdência Social, desde 1928, antecipando-se mesmo à
prOpria criação do Ministério do Trabalho, com o qual veio a ser implantada,
a partir de 1930, a legislação trabalhista, colaborando, de fonna relevante,
com sua experiência , seus conhecimentos e sua cuHura , inclusive em
virtude dos cargos por ele ocupados, e que já foram mencionados,
tomando-se, sem dúvida, um dos seus artifices, aos quais devemos a
instauração da aludida legislaçAo, uma das mais avançadas, senão 8 mais
avançada, para a época, e que veto 8 se cnstalizar, ainda com a sua
roIaboraçAo. na COnsolidaçAo das Leis do Trabalho. em 1943. até hoje
vigente, em suas linhas fundamentais, nAo obstantes alterações impostas
pelo lempo.
Revelou-se, entAo, o conhecido jurista, publlcista e
administrador, numa nova faceta de sua personalidade, um juiz de raras
qualidades, pelo equilíbrio, pela acuidade com que focalizava e dlscemia as
questOes submetidas 8 julgamento, pela operosidade e pelo senso de
Justiça , 80 lado daqueles dotes, culturais e intetectuals, já demonstrados
em sua anterior vida profissional , mercê dos quais foi e~8do 80 mais alto

192
Tribunal da Justiça do Trabalho, e que passaram a ser utilizados na
elevada , dignificante e árdua funçao de dar aplicaçao às leis e distribuir
justiça, que fez com exatidão exemplar, seguindo o velho princípio do
direito romano, suum cuique trlbuere.
Pouco tempo, todavia , permaneceu o Ministro Oscar Saraiva
no Tribunal Superior do Trabalho. pois em 1960 foi nomeado Ministro do
Tribunal Federal de Recursos, onde, diante de um campo de atividade mais
amplo, reafirmou o seu conceito de Juiz, vindo a se destacar ainda mais,
como profundo conhecedor do Direito Administrativo e do Direito
Constitucional, dos quais era, reconhecidamente, um especialista,
revelando igual segurança em seus conhecimentos nos outros ramos de
direito comercial, no direito tributário etc.
Os votos que aqui proferiu, modelares na sua técnica e
linguagem, e perfeitos em seu conteúdo, constituem ainda hoje repositório
valioso, aos quais, com freqüência, recorrem Juízes e advogados, para
esclarecimento das questões mais difíceis e complexas, por ele abordadas,
no seu estilo sucinto, claro, sóbrio e escorreito, enfrentando, diretamente, o
cerne das controvérsias, com a segurança propiciada pela sua cultura
excepcional e sua acuidade no exame dos problemas submetidos ao seu
julgamento.
Nos debates travados no Tribunal, suas intervenções, sempre
precisas e oportunas, tinham o dom de clarear, de imediato, as questões,
mais obscuras e emaranhadas, permitindo o seu fácil deslinde.
Convocado para o exercício, em substituiçAo, no Supremo
Tribunal Federal, ali deixou também marcada a sua passagem, pelas suas
qualidades e pelo desempenho, elevado e eficiente, desta alta função.
Coube, ainda, ao Ministro Oscar Saraiva um papel
preponderante na restauração da Justiça Federal de 1- lnstancia, seja na
elaboraçao do projeto da respectiva legislaçao, do qual resu~ou a Lei n'
5.010, de 1966, e do Decreto-Lei n° 253, de 1967, seja na instalação efetiva
desta Justiça, removendo as dificuldades que surgiam a cada momento,
providenciando o necessário ao seu functonamento, baixando através do
Conselho da Justiça Federal os Provimentos imprescindíveis, e fornecendo
às diversas seções Judiciárias os meios para tanto, num estreito contato
com os respectivos Juizes, que nele encontraram sempre incentivo e apoio,
do que sou testemunha.
Compreensivel, pois, que à sua Biblioteca haja o Tribunal
Federal de Recursos, em memória deste ilustre Magistrado, dado o nome

193
do Ministro Oscar Saraiva, e assim procedendo, em ato de feliz inspiraçlo,
adotou para homenageá-lo, sem dúvida, a forma mais adequada,
De fato, se possuia o Ministro Oscar Saraiva as qualidades de
Juiz que o credenciam como figura de destaque na Magistratura Nacional,
merecedor da nossa admiraçao, do nosso respeito e reconhecimento, pelos
seus méritos de jurista e pela sua ininterrupta atividade no campo cultural,
nAo havia, realmente, homenagem mais apropriada.
Durante toda a sua vida, dedicando-se ao estudo, o Ministro
Oscar Saraiva, em pareceres e trabalhos doutrinários, publicados em
Revistas especializadas, abordou com maestria problemas os mais
diversos, colaborando, inclusive, como já mencionado, com a maior
relevância e eficiência, na criaçao e desenvolvimento da legislação do
trabalho. que a ele muito deve.
Mas, em outros campos do direito, com igual destaque, fez
sentir o Ministro Oscar Saraiva sua atuaçao, nao sendo possível, no
momento, relacionar os numerosos trabalhos por ele produzidos.
Limitar-me-ei, em conseqüência, a relacionar alguns deles,
dentre os mais recentes, recorrendo, apenas, ao meu fichário, e que
demonstram os seus méritos de jurista, mencionando os seguintes:
MDeclaração de inconstitucionalidade das leis - Empresas de seguros -
Acionistas estrangeiros·, "Sociedades por Ações-Fixação do número de
diretores·, -Sociedades de responsabilidade limitada - Subscriçao de cotas
por mulher casada-, Sociedades comerciais - Arquivamento de contrato·,
·Sindicalização - Atestado de ideologia - Prova de liberdade de
manifestação de pensamento - Declaração de inconstitucionalidade das
leis·, ·Seguros - Empresa estrangeira nacionalizada - Autorização para
funcionar no Pafs" e "Direito de Greve - Regulamentação do preceito
constitucional - Atividades privadas - Serviços públicos·.
Mas, é destacar a obra publicada em 1965, que nAo mais é
encontrada nas livrarias e da qual consegui, há anos, um exemplar,
intitulado -Estudos de Direito Administrativo e de Direito Social-, onde
reuniu uma coletiinea de trabalhos seus, elaborados a partir de 1935, sobre
estes dois ramos do Direito, e que nAo perderam sua atualidade, como ficou
com justeza acentuado pelo Ministro Saraiva, na MApresentaçAo· da
mencionada obra, quando, após manifestar o receio que tinha, de haver o
tempo tomado obsoletos ou peremptos os conceitos expostos nos aludidos
estudos, que datavam já de cerca de 3 decênios, acrescentou:
~Da leitura que fiz desse trabalho, em revisSo de
provas, vejo, porém, com certa ufania, que tais CÓIlceitos

194
e tais proposiç(jes, vanguardeiros em sua ~a, e
Influenciados pelo ambiente pal/tico e social do tempo,
nao sofreram, em maioria, o desmentido dos fatos
posteriores, e, ao revés, encontram, ainda hoje larga
justificativa e oportunidade na vida brasileira" .
O que demonstra que, abordando temas do momento, nestes
trabalhos, o Ministro Oscar Saraiva fazia um estudo em profundidade ,
mu ltas vezes como verdadeiro precursor de institutos que somente anos
após vieram a ter seus contornos delineados com precisA0, e projetando
para o futuro os seus conceitos. contribuindo para a evoluçAo dos mesmos
e do direito. numa verdadeira missao de jurista.
Dividida esla obra em duas partes, dedicada a primeira ao
Direito Administrativo, e a segunda ao Direito Social, naquela , em trabalhos
que datam de 1935, 1940 e 1942, efetuou o Ministro Oscar Saraiva
estudos sobre as autarquias, cujas características não estavam ainda bem
delineadas, sob os titulas "Personalidade jurídica dos entes autárquicos·,
·As autarquias no direito públiCO brasileiro", e "A organizaçiio da
administraçiio delegada",
No estudo sobre "Novas fonnas da delegaçAo administrativa
do Estado·, percebendo já entAo a insufICiência dos instrumentos entao
utilizados, deteve-se o Ministro Oscar saraiva no exame, ao lado das
autarquias, do conceito das Sociedades de Economia Mista, e inclusive das
"fundaçOes públicas·, que posteriormente vieram a ser empregadas em
larga escala traçando nftida distinção entre as mesmas.
De menc;;onar, também, os trabalhos inclurdos na obra citada,
sobre "A crise da administraçlo· e ·ConstitucionalizaçAo da Administração
Püblica", ambos igualmente atuais.
A parte relativa ao Direito SOCial abrange diversos trabalhos,
Inmulados "O Direito SOCial Brasileiro", "A pmteçAo do trabalhador na
COOSIHuiçAo de 1946", "A Evoluçio da LegislaçAo Trabalhista Brasileira", "O
Direito do Trabalho no BrasW, ·Seguros Sociais", "Aspectos e Evolução da
Previdência SOCial no Brasil", ·0 Seguro SOcial no Brasil" e "A concepçAo
atual da Seguridade Social e sua RepereussAo na Teoria Geral do Direito.·
Se nestes Já demonstrava o Ministro Oscar Saraiva
preocupação com estudos doutrinários que transcendiam o âmbito do
Direito do Trabalho, esta tendência fICOU ainda evidenciada em dois outros
trabalhos, também inciu fdos na aludida coletânea, sob os titulos: "A
HumanizaçAo do Direito· e "00 Direito de Poucos para o Direito de Todos·,

195
onde faz incursões pelo campo da Filosofia do Direito, demonstrando seus
conhecimentos neste setor.
No primeiro destes trabalhos, afirmou que a primazia na
consideração do homem, caracterfstica do Direito do Trabalho, deveria ser
alVorada em regra de aplicação geral a todo o corpo das normas jurídicas
do Estado Moderno, e concluiu, a seguir, numa tomada de posição que bem
revela a sua formação e seu pensamento, ao qual foi fiel como jurista e
como julgador, proclamando:
MSe 8 menfa/ídade dos juristas em geral se
capacitasse dos fins e dos métodos do Direito do
Trabalho, e de sua açao, em todos os ramos do Direito,
se dirigisse na conformidade desses fins e desses
métodos, seria passlveJ alcançar a justiça social através
da mais adequada das formas de transformaçSo pela via
do direito. As normas jurfdicas devem e podem conduzir
a evoJuçSo social. Basta que o direito saiba adaptar-se
ao sentido da vida atual, e possa dar forma hábíl aos
seus movimentos e às suas aspira~eS'.
Infelizmente, havendo o Ministro Oscar Saraiva, na já
mencionada "Apresentação", aos seus "Estudos de Direito Administrativo e
de Direito Saciar, prometido escrever obras organicas sobre estes dois
ramos do direito, a morte nao permitiu cumprisse a promessa, sofrendo, em
conseqüência, a cultura e a literatura jurídica nacional, considerável
prejuízo.
Este, em largos traços, o ilustre magistrado e insigne jurista,
escolhido para dar nome à nossa Biblioteca, numa homenagem sincera,
dos que tiveram a ventura de com ele privar, para que a sua lembrança não
permaneça apenas em nossos espíritos e corações, mas fique gravada no
Tribunal, ao qual pertenceu e que tanto honrou, como exemplo a nortear os
esforços e ideais dos que aqui selVem ou venham a selVir, no árduo
desempenho da magistratura.
Com estas palavras, tributando à memória do Ministro Oscar
Saraiva, aqui hoje representado pela sua digna viúva - a Exma .. Sra.
Mercedes Saraiva - companheira dedicada de toda a sua vida, as
homenagens que lhe sao devidas, trago ainda, em nome dos Juízes deste
Tribunal, a manifestaçao de nossa saudade e o preito da amizade, dos que
com ele conviveram, sentimento imperecível, que sobrevive à contingência
irreparável do seu desaparecimento.

196
HISTORICO DA BIBLIOTECA MINISTRO OSCAR SARAIVA.
HISTÓRICO DA BlBUOTECA MINISTRO OSCAR SARAIVA

1948 ~ Inauguração da Biblioteca do Tribunal Federal de Recursos, sob a


presidência do Exmo. Sr, Ministro AfrAnio AntOnio da Costa, em
28 de junho de 1946, no Rio de Janeiro. Vinculada ao Setor de
Jurisprudência .

1949· O acervo foi acrescido de 1.059 volumes, totalizando 3.950.

1950 - O acervo passa o contar com 4.576 obras. A Biblioteca começa a


ser organizada com o empenho da Diretora. D. Beatriz Oiniz
Spelch e com a colaboraçao da Ora . Leda Soechat Rodrigues,
com o objetivo de aperfeiçoar os trabalhos no sentido de tornar
imediata e eficiente a utillzaçao do acervo pelos Srs. Min istros.

1951 - O acervo apresenta um total de 6.189 volumes.

1952 - As dependências são ampliadas e o mobiliário aumentado .

1959 - Toma-se independente do Setor de Jurisprudência.

1960 - Transferência do Tribunal Federal de Recursos para Brasftia. Em


Sessão Administrativa, o Tribunal decide que, além de outros
setores, a Biblioteca continuará provisoriamente no Estado da
Guanabara.

1963 - A Biblioteca tem o seu acervo bibUográfico enriqueckJO com a


doação da Biblioteca particular do Exmo. Sr. Ministro José
Thomaz da Cunha Vasconcellos Filho, então Presidente do
Tribuna l.

1969 - Mudança da Biblioteca para o 311 andar do prédio do Tribunal


Federal de Recursos, na Praça dos Tribunais Superiores.

199
1970 - Início dos trabalhos de organização, com aplicaçAo de métodos de
catalogação , classificação , referência legislativa etc., sob a
orientação da bibllotectllia Dilke Maria B. Salgado Palhares.
Criação do Setor de Documentação, subordinado à Divisão
Judiciária.

1971 - Publicação, no Diário da Justiça, do Regulamento da Biblioteca .


Criação do Boletim Bibliogréfico, com a finalidade de divulgar o
acervo e os trabalhos técnicos desenvolvidos.

1973 - Recebe o nome de Biblioteca Ministro Oscar Saraiva, a fim de


flomenagear o Ministro responsllvel pela construçAo do Edifício-
Sede. Homenageados, também, os Exmos. Srs. Ministros
Cêndido lobo e Cunha Vasconcellos, por terem enriquecido o
acervo com obras jurldicas particulares.

1974 - A Secretaria do Tribunal , para atender aos principios da Reforma


Administrativa e do I>lano de Classificação de Cargos, sofre uma
reestruturação . A chefia da Biblioteca passa de Setor, filiado à
DivisA0 Judiciária, a Diretoria, com a denominação de
Subsecretaria de Informática e Oivu5gaç.Ao.

1975 - Passa a ter duas publicações sob sua responsabilidade: O


"Boletim Bibliográfico" e o -Boletim de Serviço·,

1977 - A SubsecretarIa de Informática e Divulgação passa a ter 2 Seções


e um Setor, com as seguintes denominações: Seção de
Referência legislativa, seçao de I>reparaçAo de Periódicos e
Setor de Publicação e Divulgação . Recebe do Conselho Regional
de Bibhoteconomla da 1- Região, o registro de nll 4, sendo uma
das primeiras Bibliotecas de órgao publico a receber o registro.

1978 - Recebe, como doação, a coleçlio jurfdica partiCUlar do Exmo. Sr.


Ministro Jorge Lafayette Guimarães. Recebe a 2- bibliotecária:
Miralda Cardoso RIbeiro.

1979 - Firma convênio com o PRODASEN e recebe um terminal de


computador para recuperação da jurisprudência dos Tribunais.

200
1980 - Transformação da SubsecretaJia de Informática e DivulgaçAo
(Biblioteca) em SubsecretaJia de Documentaçêo. Possui, nesta
época, 40.000 documentos, entre livros e peJi6dicos, justificando a
ampliação das instalações. Inauguração da Sala de Pesquisa
"Ministro Amarílio Benjamin".

1981 - Modificação da estrutura, que passa a ser composta da seguinte


foona (Ato nO 77/81):
- Seção de Legislação;
- Seção de livros, Folhetos e Periódicos;
- Setor de Livros;
- Setor de Folhetos e Periódicos;
- Seção de Acórdãos;
- Setor de Reprografia;
- Seção de Pesquisa e
- Setor de Terminal do PRODASEN.

1983 - Com a nova reestruturação da Subsecretaria de Documentação, a


Biblioteca ficou estruturada da seguinte foona (Resolução nO
19/83):

Divisão de Doutrina e Legislação


- Seção de Análise de Legislação;
- Seção de Análise de Doutrina;
- Seção de Indexação de Periódicos e
- Seção de Pesquisa.

1984 - Nova ampliação das instalações. Nomeação do Exmo. Sr.


Ministro Carlos Madeira como Coordenador da Biblioteca, onde
muito contribuiu para o enriquecimento do acervo.

1985 - Recebe, como doação, as obras jurídicas particulares do Exmo.


Sr. Ministro Moacir Catunda.

1987 - Nomeação do Exmo. Sr. Ministro Miguel Ferrante para exercer a


função de Coordenador. O quadro de bibliotecários perfaz um
total de 07 profissionais, estando na área apenas 05.

201
1988 • Negociação com a Subsecretaria de Biblioteca do Senado Federal
e com o PRODASEN para automação do acervo bibliográfico,
através ela alilTlOfltaçAo dos Bancos de Dados BlBR QivlOS) e PERI
(periódicos).

• Elaboração do Manual de Serviço da Bi~ioteca .

1989 · CriaçAo do Superior Tribunal de Justiça:

• Início da automaçao do acervo bibliográfico ;

• Criação do Informativo Juridlco da Biblioteca Ministro Olcar


Saraiva, em substituição ao antigo Boletim Bibliográfico.

• Criação das Comissões Permanentes, na f ORna regimental.


entre elas a ComissAo de DQcumentaçAo

1990· Transformação da Subsecretaria de Documentação em Secretaria


(Resolução ntl 12/90).

Aumento do quadro de bibliotecários para 20 vagas.

A Biblioteca passa a Subsecretaria com 2 Oivisões e 6 Seções:

DivisA0 de Doutrina e legislaçao:


• Seção de Processos Téalicos;
• SeçAo de Periódicos e
• Seção de Análise de Legislação.
Divido de Pesquisa:
• Seção de Atendimento ao Usuário;
• Seçao de Referência BibliográfICa e
- seçllo de Transcriçllo.

1991· Indicação dos membros que faria parte da Comissao de


DocumentaçAo (Ato n' 729/91).

1992 - Criaçllo das publicações 'Direno e Justiça" (semestral), "Novas


AquisiçOes· (mensa!) , -Artigos Jurídicos· (mensal), e -Boletim da
Biblioteca- (anual).

202
1993 - Criaçao da publicação anual "Atos Normativos do Superior
Tribunal de Justiça".

- Recadastramento do acervo bibliográfico junto à Divisão de


Patrimônio.

1994 - Criação da publicação quinzenal "Ementário de Atos Oficiais".

1995 - Transferência da Biblioteca para a nova sede do Supertor Tribunal


de Justiça.

- Criação e organização da Coleção de Obras Raras.

- Disponibilização do Sistema de Legislação, que alimenta normas


jurídicas selecionadas através do Diário da Justiça.

1996 - Aquisição da coleção particular do Prof. José Frederico Marques,


contendo 3.200 exemplares.

- Implantação do serviço automatizado de empréstimo de


publicações.

- Desenvolvimento de um projeto de ambientação para a


Biblioteca, com a finalidade de adquirir mobiliário adequado.

- Criação da publicação mensal "Alerta de Concursos Públicos".

1997 - Instalação do Sistema de Segurança para proteçAo do acervo


bibliográfico contra qualquer tentativa de furto de material;

- Contratação de um distribuidor exclusivo para fornecimento de


livros para a Biblioteca durante 1 ano, permitindo a constante
atualização do acervo bibliográfico;

- Assinatura de 12 títulos de periódicos estrangeiros para compor


o acervo.

203
A BIBLIOTECA HOJE

o acervo bibliográfico é composto de, aproximadamente,


80 .000 volumes, sendo:
- 30 mil volumes de livros;
- 450 títulos de periódicos;
- 45.050 volumes de per1ódicos;
- 1.815 folhetos e separatas;
- 230 teses;
- Coleção completa do Diário da Justiça, desde 1948;
- Coleção do Diário Oficial:
marl1948 a dez/1986 (encadernada);
jan/1960 a seU1993 (microfilmada) e
jan!1993 a out/1997 (CO-ROM) .

o acesso ao acervo é aberto ao público interno e externo e O


usuério pode solicitar os seguintes serviços:
- Fomedmento de cópias de doutrina. leg~açAo e jurispru-
dência , através da Seção de Atendimento ao Usuário, pelos
telefones: 319-9404, 319-9409 e 319-9054;

- Elaboração de pesquisas, através da Seçao de Referêncla


Bibliográfica, pelos telefones: 319-9402 e 319-9403.

o empréstimo de livros é facultado aos Senhores Ministros,


assessores e servidores de todas as Unidades Administrativas do Tribunal ,
bem como às Bibliotecas elou Centros de Documentação, através do
empréstimo entre bibliotecas.

o acervo está organizado de acordo com o Sistema de


ClassificaçAo Decimal Universal (COU) . O processo de busca é feito via
computador.

204
PUBLICAÇOES ELABORADAS PELA BIBLIOTECA

- Atos Normativos do Superior Tribunal de Justiça (divulga


as normas emanadas do Tribunal);
- Bibliografia Especializada (divulga bibliografia sobre
assunto selecionado da área jurldica) ;
BoJetim da Biblioteca (divulga o acervo bibliogJáfico
atualizado);
Direito e Justiça (divulga a referência bibliográfica dos
artigos jurídicos, publicados semanalmente no ·Caderno Direito e Justiça-,
do Correio Braziliense) ;
- Informativo Jurídico da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva
(divulga artigos dos Ministros do Tribunal, relaciona novas publicações
adquiridas e compila bibliografias específicas sobre temas da área jurídica) ;
- Alerta de Concursos Públicos (divulga ednais e avisos de
concursos publicos) ;
- Artigos Juridicos (divulga os artigos de periódicos contidos
nas revistas jurídicas recebidas pela Biblioteca);
- Ementãrio de Atos Oficiais (divulga os principais atos
emanados do Superior Tribunal de Justiça, Conselho da Justiça Federal,
demais Tribunais e dos Poderes Legislativo e Executívo);
- Novas Aquisições (divulga os livros recém-adquiridos para
compor o acervo bibliográfico) .

Endereço da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva:


SAFS - Quadra 6, Lote 1 - Bloco ~F~ - l ' andar
CEP: 70.095-900 - Brasília - DF
FAX: (061) 319-9554

205
DOSSIÊ
EXCELENTisSIMO SENHOR MINISTRO OSCAR SARAIVA

1960

ATA DA SESSÃO ESPECIAL, DE 04/0411960

- Posse no cargo de Ministro do Tribunal Federal de Recursos.

1961

ATA DA SESSÃO SOLENE, DE 03/04/1961

- Profere discurso em nome do Tribunal, nas posses dos Ministros


Sampaio Costa e Cunha Vasconcellos, empossados nos cargos de
Presidente e Vice-Presidente do Tribunal Federal de Recursos,
respectivamente.

ATA DA 5' SESSÃO ORDINÁRIA, DE 10/0411961

- Profere voto de pesar pelo falecimento do Desembargador Narcélio


Queirós.

ATA DA 23' SESSÃO ORDINÁRIA, DE 25/09/1961

- Profere voto de pesar pelo falecimento do Ministro Edgar Oliveira Lima


do Tribunal Superior do Trabalho.

209
1962

ATA DA 40' SESSÃO ORDINÁRIA, DE 1011211962

Eleito membro suplente do Tribunal Superior Eleitoral para o biênio de


196311965.

1963

ATA DA 37' SESSÃO ORDINÁRIA, DE 1111111963

Compôs a comissão para estudar e dar parecer no Projeto de Lei nD


849163, sobre alteração do Código de Processo Civil quanto a Mandado
de Segurança.

ATA DA 39" SESSÃO ORDINÁRIA, DE 2511111963

- Associa~seà homenagem póstuma prestada pelo Tribunal ao Presidente


dos Estados Unidos da América, John Kennedy.

1964

ATA DA I ' SESSÃO ORDINÁRIA, DE 0910311964

Profere palavras em homenagem ao Juiz João José de Queiroz,


promovido à função de Desembargador do Tribunal de Justiça do
Estado da Guanabara.

ATA DA 2' SESSÃO EXTRAORDINÁRIA, DE 0910411964

Profere palavras em homenagem ao Desembargador Márcio Ribeiro,


eleito Presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.

ATA DA 9' SESSÃO EXTRAORDINÁRIA, DE 3110711964

Palavras de agradecimento a seus pares, pela homenagem que lhe


prestaram quando de sua indicação para integrar comissão des1inada à
aplicação de convenções e recomendações internacionais trabalhistas.

210
ATA DA 11' SESSÃO EXTRAORDINÁRIA, DE 08/09/1964

Profere palavras em homenagem póstuma ao Jurista Francisco


Clementino San Thiago Dantas.

ATA DA 14' SESSÃO EXTRAORDINÁRIA, DE 27/10/1964

- Profere palavras em homenagem póstuma ao Ministro Delfim Moreira


Júnior, do Tribunal Superior do Trabalho.

ATA DA SESSÃO ESPECIAL, DE 19/11/1964

- Presta homenagem, em nome do Tribunal , ao Ministro Candido Lobo


que se aposenta compulsoriamente.

1965

ATA DA l ' SESSÃO ORDINÁRIA, DE 15/03/1965

Reeleito membro suplente do Tribunal Superior Eleitoral para o biênio


1965/1987.

ATA DA 4' SESSÃO ORDINÁRIA, DE 19/04/1965

- Agradece aos seus pares as manifestações no sentido de prestigiar e


aplaudir seu exercício na Comissão de Peritos em Direito Social, da
Organização Internacional do Trabalho, em Genebra.

ATA DA 11' SESSÃO ORDINÁRIA, DE 07/06/1965

- Eleito para o cargo de Vice·Presidente do Tribunal Federal de Recu~os


para o biênio de 196511967.

211
- Agradece aos Srs. Ministros pela escolha de seu nome para o cargo de
Vice-Presidente do Tribunal Federal de Recursos.

ATA DA SESSÃO ESPECIAL, DE 16/06/1965

Empossado no cargo de Vice-Preside:1te do Tribunal Federal de


Recursos para o biênio de 1965/1967.

ATA DA 241 SESSÃO ORDINÁRIA, DE 27109/1965

- Profere palavras em homenagem póstuma ao Ministro Alfredo Loureiro


Bernardes, do Tribunal Federal de Recursos.

ATA DA 30a SESSÃO ORDINÁRIA, DE 11/11/1965

- Convidado a representar o Tribunal Federal de Recursos na elaboração


do Projeto da Organização da Justiça Federal.

1966

ATA DA l' SESSÃO ORDINÁRIA, DE 03/0211966

- Profere voto de pesar por ocasião do falecimento do Desembargador


Sadi Cardoso de Gusmão, no Rio de Janeiro.

ATA DA 2' SESSÃO ORDINÁRIA, DE 10/0211966

Presta esclarecimentos, ao Tribunal, dos trabalhos da Comissão para a


Elaboração do Projeto de Organização da Justiça Federal. Menciona o
mérito do Tribunal Federal de Recursos, que foi o primeiro Tribunal a
reclamar o restabelecimento dessa Justiça.

ATA DA 6' SESSÃO ORDINÁRIA, DE 17/03/1966

- Agradece ao Tribunal a homenagem a ele prestada, pelo seu trabalho na


elaboração do Projeto de Organização da Justiça Federal.

212
ATA DA 19' SESSÃO ORDINÁRIA, DE 04/08/1966

Eleito membro efetivo do Tribunal Superior Eleitoral para o biênio


1966/1968.

ATA DA 104' SESSÃO, DE 14111/1966 - TSE

Profere palavras em homenagem ao Ministro Antônio Virias Boas, por


ocasião do ténnino de seu mandato como membro do Tribunal Superior
Eleitoral.

ATA DA 105' SESSÃO, DE 17/11/1966 - TSE

Profere palavras em homenagem ao Ministro Antônio Gonçalves de


Oliveira, por ocasião de sua eleição como Presidente do Tribunal
Superior Eleitoral.

1967

ATA DA SESSÃO ESPECIAL, DE 12/06/1967

Eleito para o cargo de Presidente do Tribunal Federal de Recursos para


o biênio de 1967/1969.

- Agradece em seu nome e em nome do Ministro Amarílio Benjamin as


suas escolhas para Presidente e Vice-Presidente do Tribunal Federal de
Recursos, respectivamente.

ATA DA 16' SESSÃO ORDINÁRIA, DE 15/06/1967

- Agradece ao Ministro Antônio Neder suas palavras de parabenização


pela eleição como Presidente do Tribunal, em seu nome e em nome do
Vice~Presidente, Ministro Amarílio Benjamin.

ATA DA 37' SESSÃO, DE 22/06/1967 - TSE

Profere palavras de saudação pela investidura do Ministro Evandro Lins


e Silva como membro do Tribunal Superior Eleitoral.

213
ATA DA SESSÃO ESEPECIAL, DE 23/06/1967

Posse no cargo de Presidente do Tribunal Federal de Recursos para o


bi ên io 1967/1969.

- Agradece as homenagens recebidas quando de sua posse como Ministro


Presidente do Tribunal Federa l de Recursos.

ATA DA 27' SESSÃO ORDINÁRIA, DE 05/10/1967

Profere palavras em homenagem ao Ministro Hahnemann Guimarães.


do Supremo Tribunal Federal, por ocasião de sua aposentadoria .

1968

ATA DA SESSÃO ORDINÁRIA, DE 08/01/1968 - TSE

- Profere palavras de congratulação ao Ministro Francisco Xavier de


Albuquerque , que toma posse como membro do Tribunal Superior
El eitoral.

ATA DA 18' SESSÃO, DE 16/04/1968 - TSE

- Profere palavras em homenagem à memória de Afonso Penna Júnior,


ex·Ministro da Justiça, por ocasião de seu falecimento.

1969

ATA DA 4' SESSÃO EXTRAORDINÁRIA, DE 2410311969

Profere voto de pesar pelo falecimento do Ministro Romeiro Netto, Vice~


Presidente do Superior Tribunal Militar.

ATA DA 14' SESSÃO ORDINÁRIA, DE 22/05/1969

- Profere voto de pesar pelo falecimento do Ministro Barros Barreto. ex~


Presidente do Supremo Tribunal Federal e Que presidiu a instalação do
Tribunal Federal de Recursos em Brasília.

214
ATA DA 16" SESSÃO ORDINÁRIA, DE 12/0611969

- Congratula-se com os Ministros Amaríllo Benjami n e Armando


Rollemberg por terem sido eleitos Presidente e Vice-Presidente do
Tribunal Federal de Recursos. respectivamente.

ATA DA 51" SESSÃO ORDINÁRIA, DE 21/08/1969 - TSE

- Recebe homenagem póstuma do Tribunal Superior Eleitoral.

ATA DA SESSÃO ESPECIAL, DE 26/08/1969

Recebe homenagem póstuma do Tribunal Federal de Recursos.

1984

ATA DA 20" SESSÃO ORDINÁRIA, DE 26106/1984

- O Tribunal Federal de Recursos registra a homenagem póstuma que o


Tribunal Superior do Trabalho presta ao Ministro Oscar Saraiva ,
admitindo-o nos quadros da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho. no
grau de Grã-Cruz.

215
Coletânea de Julgados e Momentos Jurídicos
dos Magistrados no TFR e STJ

Volumes publicados:

1 - Ministro Alfredo loureiro Bernardes


2 - Ministro Washington Bolivar de Brito
3 - Ministro Afrânio Antônio da Costa
4 - Ministro Carlos Augusto Thibau Guimarães
5 - Ministro Geraldo Barreto Sobral
6 - Ministro Edmundo de Macedo ludolf
7 - Ministro Amando Sampaio Costa
8 - Ministro Athos Gusmão Carneiro
9 - Ministro José Cândido de Carvalho Filho
10 - Ministro Álvaro Peçanha Martins
11 - Ministro Armando leite Rollemberg
12 - Ministro Cândido Mesquita da Cunha Lobo
13 - Ministro Francisco Dias Trindade
14 Ministro Pedro da Rocha Acioli
15 Ministro Miguel Jeronymo Ferrante
16 Ministro Márcio Ribeiro
17 Ministro Antônio Torreão Braz
18 Ministro Jesus Costa Lima
19 Ministro Francisco Cláudio de Almeida Santos
20 Ministro Francisco de Assis Toledo
21 Ministro Inácio Moacir Catunda Martins
22 Ministro José de Aguiar Dias
23 - Ministro José de Jesus Filho
Composto pela Seçlio de Editoração Cultural
da Secretaria de Documentação e
impresso pela Divisão Gráfica do
Conselho da Justiça Federal.
Brasília, 1998.

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